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…ou os trilhos dos contrabandistas, se poderia intitular esta Carta Dominical.

Pinharanda Gomes - Carta DominicalOcultas veredas, porque era sinal de sabedoria e de prudência, manter em segredo os caminhos e veredas que os contrabandistas calcurreavam para chegarem a bom porto, quer dizer, ao sítio onde poderiam dar por bem concluído um trabalho que era, em todos os casos, uma séria aventura.
Com a Europa livre, o conceito de contrabando alterou-se.
Hoje em dia, é contrabando o que, comprado e vendido nos países da Comunidade e dela originários, não tenham prova de pagamento do IVA. O contrabando era isso, porque as mercadorias não pagavam as taxas alfandegárias. De modo que, não sabemos se o contrabando, por falta de pagamento do IVA, terá aumentado ou não.
Quanto ao antigo, elogiamos a iniciativa dos Fóios, que vai revelar as ocultas veredas, entre o lado de cá e os pueblos de Valverde del Fresno e de Navasfrias.
Quem tiver pedalada, bem se pode entregar a um desporto de, através de trancos e barrancos, percorrer um mínimo de umas quase três léguas, a pé.
Agora, não a salto, nem temor dos fuscos, mas livres e encantados.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Os jornais que compramos, pagando, sujeitam a nossa mente a sádicas torturas, pela forma como os jornalistas escrevem o que sabem escrever.

Pinharanda Gomes - Carta DominicalFormas verbais incorrectas, confusão de verbos (raros distinguem entre ter e estar…), incapacidade de utilizar preposições (tão simples: preposições) como na forma «divorciar com» em vez de «divorciar de», ignorância de significados, atrevimentos na forma de tratar assuntos que lhes provocam dores de dentes, enfim, tudo isto se agrava nas televisões.
Locutores que não distinguem palavras homónimas, nem homófonas e legendaristas que dão pontapés fatais na gramática. Decerto porque erraram na vocação e foram para jornalistas, em vez de terem optado pela carreira de futebolistas.
Para melhor clarificação veja-se a revisteca de televisão do «Correio da Manhã», de 18 de Dezembro. O português está a ser assassinado.
Ainda temos um recurso: falar quadrazenho.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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É necessário um acto de desagravo à Senhora da Póvoa.

Pinharanda Gomes - Carta DominicalEstão frescas na nossa memória as notícias de dois graves sacrilégios: com uma serra de serrar rocha, alguém cortou e roubou as cruzes manuelinas (do século XVI) que desde há séculos estavam implantadas no adro da Matriz de Loures e nos Quatro Caminhos de Frielas. Inacreditável! Para que irão e para que servirão essas cruzes, emblemas do património nacional, acerca de cujo destino não vemos as autoridades em acção. É pedra… Se fossem notas!
Somos agora feridos com uma punhada no peito, quando soubemos que a veneranda e antiga imagem de Nossa Senhora da Póvoa de Vale de Lobo tinha sido roubada do seu santuário.
Nossa Senhora da Póvoa é, desde dos fins do século XVIII, o santuário mariano da Beira Baixa e de Ribacoa. Os mais novos não sabem, mas os da minha geração, jovens nos meados do século XX, ainda nos lembramos das filas de carros de tracção animal (bois, burros ou cavalos) enfeitados com festões e colchas de seda, transportando famílias inteiras, para a Senhora da Póvoa, logo na segunda-feira de Pentecostes. Romagem para dois dias, levava-se de comer o bastante e, à ida e à volta, era costume parar no sítio do Castanheiro das Merendas, já muito depois do Sabugal, para alimentar os animais e as pessoas.
Senhora da PóvoaRomaria de piedade, de promessas e também das folias que vinham de Monsanto e de Penamacor, com os seus estandartes, descantes e bombos; e, algumas vezes, toldados pelo vinho, moços que acabavam em lutas de vida e de morte. Leiam o «Maria Mim» de Nuno de Montemor e a «Celestina» de Joaquim Manuel Correia.
O ladrão deve ter-se arrependido, e abandonou a secular e sagrada imagem, debaixo de uma árvore, onde gente do povo a encontrou. Já devolvida à sua santa casa, falta agora que os povos da Beira-Côa e da Beira da Malcata e do Meimão, procedam a uma cerimónia de desagravo, na presença de todas as autoridades civis, militares e políticas da região. Não é possível que nada se faça como se nada tivesse acontecido:

«Nossa Senhora da Póvoa
Tem um galo no andor,
Cada vez que o galo canta
Acorda Nosso Senhor»

«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes
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Um Bispo do Futuro. Um rosto da Igreja em Portugal. É motivo de júbilo para o autor desta carta, a notícia de que o Prémio Pessoa, fora este ano atribuído pelo júri do semanário «Expresso» ao bom amigo e antigo Bispo titular de Pinhel, D. Manuel José Macário do Nascimento Clemente, que tive a honra de conhecer há bem uns trinta anos, e com quem mantive, por sua abertura de espírito, frequentes contactos.

Pinharanda Gomes - Carta DominicalAinda não há muito que tivera a gentileza de prefaciar a nossa Antologia Documental sobre a extinta Diocese de Pinhel, a par de outras gentilezas.
Um tanto alheado do mundo dos prémios, dizem-me que este Prémio Pessoa é de alto significado e que se destina a distinguir personalidades / obras de mérito humanístico e universal, sendo esta a primeira vez que cabe a um bispo e notável pensador.
Nascido em Torres Vedras (1948), ordenado prebístero (1979), nomeado bispo titular de Pinhel (1999) e bispo auxiliar de Lisboa (Janeiro 2000), é, desde 25 de Março de 2007, bispo do Porto, sucedendo a D. Armindo Lopes Coelho.
Muitos sentimos vê-lo colocado fora de Lisboa, onde sempre vivera e trabalhara, mas a missão obriga. Doutorado em teologia histórica (1992), tem desempenhado diversas funções no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, sobretudo como promotor da Comissão de Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais do Episcopado Português.
Foi vice-reitor dos Seminários dos Olivais e professor na Universidade Católica. Para além de tudo – e muito teve de trabalhar como bispo responsável pelo Oeste do Patriarcado, com todas as freguesias, desde Mafra a Alcobaça – ainda dispôs de ânimo para investigar e publicar, quer em publicações científicas (Boletim de Trabalhos Históricos, Laikos e Lusitânia Sacra, etc.) quer em livros.
Desde logo na sua tese intitulada «Nas Origens do Apostulado Contemporâneo em Portugal. A Sociedade Católica» (1843-1853), e, mais recentemente, dois voluminhos de ensaios e reflexões de história sagrada portuguesa (melhor: da religiosidade portuguesa) e do diálogo Igreja / Mundo: «Portugal e os Portugueses» (2008) e «1810-1910-2010» (2009).
Simplicidade peculiar aos sábios, o Prémio Pessoa honra-o e reflecte a luz na Igreja de que é pastor.
Parabéns, e votos de à maior glória de Deus.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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«Viagens na minha infância» poderia titular-se ainda «Nostalgia da Pequena Pátria». Assim interpretamos o significado das «lembranças romanescas» ordenadas no recente livro de Joaquim Tenreira Martins, natural da freguesia de Vale de Espinho, no concelho do Sabugal, junto ao ainda criança Rio Côa, mas residente na Bélgica há mais de 30 anos e onde constituiu família.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalTivemos o grato prazer de um primeiro encontro, há pouco tempo atrás, na freguesia de Fóios (Sabugal) onde o Centro Cultural levou a efeito um Encontro de Escritores das Terras do Côa. Na memória ficou-nos então o excelente estudo que ele apresentou acerca dos episódios das invasões francesas nas terras de Riba Côa, episódios esses que não foram menores, uma vez que, do ponto de vista militar, Almeida era o alvo e também Almeida se situa em Riba Côa.
A infância que define a temporalidade deste livro é decerto a que medeia entre 1950/1960, uma vez que o autor, nascido em 1945, desse ano e pouco mais seria difícil possuir uma clara memória, par além da circunstância familiar, em que avulta a personalidade de seu pai, que teve a profissão de alfaiate (mas que também praticava a venda nas feiras e mercados da raia cudana) e em cuja oficina se reuniam várias pessoas da aldeia, que transformavam a alfaiataria em «tertúlia do saber». Para a criança, que então era Joaquim, terão surgido os primeiros clarões acerca de uma realidade maior do que a da sua aldeia, mas não muito para além dela, definindo-se um território minúsculo, em que assumem significação social e geográfica, as aldeias circunvizinhas (Quadrazais, Soito, os «pueblos» para lá da Serra das Mesas, já Castela, a «ancha Castilla». E a Serra da Malcata, o acidente orográfico, mas ainda o espaço de trânsito (das aventuras dos contrabandistas) e de artesanato indústrial, qual a do fabrico de carvão de torga, desde o Alambar até aos redutos da Quinta do Major, ou Quinta dos Pinharandas. Estamos perante uma autobiografia, de modelo memorialístico, em que o escritor não se contempla a si mesmo, nem se torna centro de acção, mas se restringe a espectador convivencial, pois nas pequenas comunidades, todos e cada um acabam por ser comparsa dos acontecimentos, dos gostos e desgostos, e dos tempos e dos sítios.
Viagens da minha infânciaO autor ordena as lembranças em quatro partes. Na primeira, as memórias da infância de quanto ouvia de seu pai; na segunda, intitulada «Os Mitos e os Medos», espaço para fixar os sítios míticos, por vezes fantasmagóricos, as histórias de bruxas, as aventuras de povos móveis como os ciganos, os invernos e as histórias populares acerca dos lobos que desciam da serra; na terceira parte, uma evocação de árvores e de homens: o álamo, e, como árvores em pé, o mítico dr. Armando do Soito (acerca de quem se narravam as mais inverosíveis aventuras cirúrgicas, sem um mínimo de condições) ou do sr. Valente, que levava o seu circo às distantes terras da Raia.
As Memórias terminam com um registo dos usos e costumes e interesses de uma criança – as festividades, as capeias raianas, o pião de amieiro e, também sinal de crescimento, a descoberta do mundo além, a começar por Castela.
Autobiografia parcial quanto ao tempo, ela constitui um registo saboroso da vida quotidiana numa remota aldeia de Riba Côa, cujos usos e costumes permaneceram inalterados e impermeáveis às novidades de fora, incluindo a tradição linguística, pois, embora no quadro ribacudano existissem uma «fala» comum, esta não impedia as «falas» particulares. E, como o autor regista as memórias em conformidade com a fala, encerra o livro com um glossário. De certeza que, hoje em dia, mesmo em Vale de Espinho, as novas gerações necessitam deste glossário para entendimento do que lêem. Tudo muito belo, notamos, porém, a falta de uma ou duas páginas relativas à memória de Carlos Marques, o geógrafo do Côa, que passava as férias na sua aldeia natal e do Zé Margarido, caçador sem descanso.
Esperamos, agora, por um segundo volume, o das viagens à adolescência.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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A edição do romance Celestina, do etnógrafo Joaquim Manuel Correia, da Ruvina, entrelaçando a vida raiana da nossa região, sugere-nos uma breve meditação sobre o amor e a morte.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalCoisas do tempo, criando cenários propícios à ficção romanesca. Temos aí três óbvios exemplos das gestas de coragem e de ousadia entrelaçando com as saudades e as frustrações do amor. Por ordem cronológica: A Rosa da Montanha, o Celestina (se bem que longamente inédito) e o Maria Mim.
Em todos os romances as aventuras guerrilheiras (ao fim e ao cabo, a prática do contrabando era uma espécie de guerrilha…) e a procura da donzela, ao gosto romântico. Em A Rosa da Montanha, duas donzelas, Laura (a Rosa), a Florinda, a quadrazenha, que, ferida e mal ferida de amor, vem a ser a verdadeira heroína do romance; no texto de Joaquim Manuel Correia, Celestina e, no Maria Mim, a própria, morrendo de amor, ou sobre o amor frustrado adormecendo, cansada e destruida, num verde tapete de relva do arraial da Senhora da Póvoa.
Joaquim Manuel Correia aproveitou da sua informação etnográfica para construir um texto muito diferente dos de Carvalho e de Montemor. Com efeito, e conforme escreveu Fernando da Silva Coreia, «o romance é recheado de notas etnográficas e costumes já esquecidos, surpreendendo-se nele conversas, linguagem, cenas familiares e rurais, episódios políticos e religiosos… que o autor colheu com a máxima fidelidade». Dir-se-ia que Celestina foi um exercício pelo qual o autor ensaiou a transposição da colheita etnográfica para a obra de arte literária, repleta também, não apenas do pitoresco, mas da análise psico-social e da escultura do perfil das nossas gentes.
CelestinaO capítulo 55, único que ainda pudemos ler em texto impresso, resulta num admirável painel da religiosidade popular e do significado de Nossa Senhora da Póvoa para os povos da Raia, por isso também motivo no Maria Mim de Nuno de Montemor. O pitoresco, o colorido dos cortejos de carros de bois engalanados com colchas, transportando mães e filhas para a romaria, a animação profana e religiosa durante o tríduo festivo (Domingo, segunda e terças-feiras de Pentecostes) prende a nossa imaginação e sensibilidade. A Senhora da Póvoa foi o santuário mariano por excelência da região. O culto terá começado lá por fins do século XVIII, quando dois pastorinhos encontraram, escondida numas silvas, uma imagem de Nossa Senhora que o povo de Vale do Lobo moveu para a igreja onde pouco tempo esteve, pois se deu o fenómeno de a imagem ter voltado para o silvado. Do ponto de vista das «imagens milagrosas» (aparecidas) esta é apenas uma das dezenas com semelhantes histórias já contadas por Frei Agostinho de Santa Maria. Fosse como fosse, logo em 1802 foram erigidos os cruzeiros, assinalando um novo santuário, cuja capela foi construída em 1874. O sítio atraiu os fiéis, mas também os queixosos de doenças do fígado que se sentiam melhores bebendo água da fonte do santuário. Não sabemos se a imagem antiga ainda se conserva, mas o cancioneiro noticia a existência de duas, a velha e a nova, como se cantava no refrão das Loas poveiras: «Nossa Senhora da Póvoa / Viva a velha / Viva a nova!»
E com isto chegamos ao ponto em que seria lógico começar, indagando quem é a Celestina, que dá o nome ao romance de fundamentação histórica e geograficamente bem definida. No contexto dos episódios da última guerrilha carlo-miguelista, Celestina é uma bonita e educada jovem, filha oculta de um padre que, todavia, revelou a sua existência ao seu bispo. Celestina apaixonou-se por Benito, um carlista castelhano, que vivia oculto na região do Sabugal, e que os acidentes da vida não lhe consentiram dar a felicidade a Celestina, que veio a casar com outro, Alfredo chamado, que felicidade lhe não deu. No epílogo, Celestina e o marido têm ocasião de assistir a uma tourada, em Salamanca. Figura principal do cartaz era Benito, famoso toureiro. Foi este colhido, sem que Celestina o reconhecesse, mas o romancista conta que a última palavra pronunciada pelo toureiro, já no hospital, onde morreu, foi o seu nome: Celestina.
De novo as três infelizes donzelas de Riba Côa: Florinda, prometida a Tomás, mas que se apaixonou pelo estudante Eugénio, que amou sem ser amada, conforme ao entrecho de A Rosa da Montanha; Maria Mim, prometida ao Lareia e que deveio doente de paixão pelo alferes Marinho, que de todo a não merecia; e, agora, Celestina, doente de amor por Benito, e alfim casada com outro, e desfeita em lágrimas face à morte do amado intangido. O enquadramento histórico sustém a credibilidade dos factos e a verosimilhança das ficções, sempre úteis à arte do romance. Por saber fica se o retrato que idealizou da menina Celestina e que ilustra a capa da edição, corresponde apenas à imaginação do escritor. Pouco importa, todavia, para o caso.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Há pessoas que só acreditam que existem quando lêem o seu nome impresso.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalAcontece, porém, que existir depende de uma relação no mínimo a dois. Registamos um episódio, não por malquerer, mas por uma recta visão do valor de cada um, mesmo quando o nome desse um é badalado até à saturação pública.
Segundo o «Correio da Manhã», de 19 de Junho, na página 28, um jovem estudante, questionado sobre a forma como lhe correra a prova de Língua Portuguesa, e se escolhera o texto de Camões ou de Saramago, respondeu: «Saiu algum texto de Saramago?»
No mesmo jornal, na edição do dia anterior, na página 30, vem como que uma sentença de morte. Outro estudante, questionado sobre se escolhera o texto do «Memorial do Convento», confessou: «Tentei, mas não consegui, aquilo não é português» (sic). Para reflectir.
p.s. Durante algumas semanas suspendemos esta «Carta Dominical». Boas Férias.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Eis o nome de outro ilustre compatrício sabugalense: Mário de Almeida Gonçalves, nascido em Monte Novo de Pousafoles do Bispo, em 1925.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalFeita a escola primária, foi matriculado no Seminário Menor do Fundão, em 1938, tendo recebido ordens sacras em 1950. Celebrou missa nova, neste mesmo ano na sua terra natal.
Começou por paroquiar diversas freguesias (Sé, na Guarda, Guilheiro e Sebadelhe) tendo sido ainda assistente nacional da Obra de Santa Zita.
Em tempo eleito cónego capitular, assumiu por fim o difícil encargo de Vice-Reitor do Seminário do Fundão, e principal responsável pela formação escolar e espiritual de muitas gerações que frequentaram aquele estabelecimento, do qual saíram vocações que se concretizaram e outras que procuraram outro rumo.
Personalidade e interveniente na vida cívica e religiosa do Fundão, logo que terminou o vice-reitorado, recebeu uma solene homenagem, em que se realça a biografia que lhe dedicou o antigo aluno, eng.º José Pereira Folgado, e que veio a público em 2006.
Agora, o eng.º José Pereira Folgado reuniu em volume toda a documentação relativa à sessão solene de apresentação e lançamento do livro «Cónego Mário de Almeida Gonçalves». É como que o segundo volume da biografia que dedicaram ao antigo Vice-Reitor, uma estrela nos céus das terras de Beira Coa e da diocese da Guarda. O produto da venda do livro reverte, na íntegra, para o Seminário do Fundão. Parabéns. Admirar e agradecer é uma virtude cardeal.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Para quebrar o enguiço do pessimismo, achei por bem recorrer à inventiva alheia, transcrevendo um documento que, nos jornais do princípio do século passado, apareceu muitas vezes nas páginas de «Curiosidades» dos jornais.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalDocumento esse que, segundo alguns, estaria na Torre do Tombo. De facto foi ele achado no arquivo da Confraria do Senhor Bom Jesus do Monte, em Braga, com data de 1882. É a factura, ou orçamento, de várias reparações feitas por um santeiro local. Trata-se de uma factura muito objectivamente descritiva, e sem lugar a dúvidas, mas o modo de dizer acaba por ter graça:
«– Por corrigir os dez mandamentos, embelezar Pôncio Pilatos e mudar-lhe as fitas… 1$70.
– Um rabo novo para o galo de S. Pedro e pintar-lhe a crista… $80.
– Dourar e pôr penas novas na asa esquerda do anjo da guarda… $23.
– Lavar o criado do Sumo Sacerdote e pintar-lhe as suíças… 1$00.
– Tirar as nódoas ao filho de Tobias… $20.
– Uns brincos novos para a mulher de Abraão… $98.
– Avivar as chamas do inferno, pôr rabo novo ao diabo e fazer vários consertos nos condenados… 2$40.
– Renovar o céu, arranjar as estrelas e pintar a luz… 1$40.
– Retocar o purgatório e pôr-lhe almas novas… 1$78.
– Compôr os fatos e a cabeleira de Herodes… 1$00.
– Meter uma pedra nova, da funda de David, engrossar a cabeça de Golias e alargar as pernas de Saul… 1$20.
– Adornar a arca de Noé, compôr a túnica do filho pródigo e limpar-lhe a orelha esquerda… $80.
– Soma… 14$0.»

Pela cópia.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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A Senhora Dona Maria Alice Lopes Moreira de Almeida tem exercício o ensino básico, desde os começos da sua licenciatura, em Rio Maior.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalAtravés do semanário «Região de Rio Maior» tivemos a grata notícia de aquela cidade ribatejana lhe ter agora prestado merecida homenagem, que decorreu no dia 17 do último mês de Maio. Como deve ser do conhecimento de muitas pessoas, a professora D. Maria Alice é poetisa, pintora, senhora de gosto e, enfim, nossa conterrânea, por ser natural de Vale de Espinho, em Riba Coa e concelho do Sabugal.
Nessa homenagem, para além de diversos testemunhos de circunstância e de pompa, anotámos o proferido por Manuel Vaz, que foi o mais antigo aluno, quando Maria Alice começou a dar aulas, e teria para aí uns vinte anos.
Momento alto da homenagem que se iniciou com a celebração de missa, viria a ser a inauguração da placa toponímica que deu a uma rua de Rio Maior o nome de Maria Alice Moreira Almeida. Justiça e simpatia. Parabéns.
Quase ao mesmo tempo, a poetisa editou a 4.ª série de poemas, que tem publicado sob o título geral de «Desabafo». Simplicidade lírica, ternura humana, comunhão de sentimentos com as pessoas e as coisas.
Muitas felicidades, longa vida e longa arte.

Professora Maria Alice Lopes Moreira

«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes
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Organizado pelo Centro Cívico Nascente do Coa (Fóios) decorreu, no pretérito dia 24 de Maio, o Encontro de Escritores das Terras de Riba Coa, dedicado a dois temas: Da História à Cultura e da Cultura ao Desenvolvimento.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalO Encontro ocupou um dia inteiro, desde a manhã ao fim da tarde, e decorreu com um nível de qualidade e de organização exemplar. Quem estas linhas escreve tem participado em muitos eventos semelhantes e pode, por isso, testemunhar como ficou surpreendido pela qualidade que lhe foi dado viver numa tão remota aldeia ribacudana. Têm, desde já, direito a serem mencionados o Presidente da Junta dos Fóios, o professor J. M. Campos, e a organizadora e moderadora a professora Maria Amélia Rei.
O dia começou com a homenagem ao professor Corceiro Mendes, que acabara de oferecer a sua biblioteca particular ao Centro Cívico dos Fóios, e prosseguiu com o primeiro painel de comunicações: Uma Introdução a Riba Coa (P. Gomes), Escrita e Cultura Popular (Raul Gaião) e As Batalhas de Riba Coa (Joaquim Tenreira Martins).
No segundo painel da manhã apresentaram estudos Bernardino Henriques sobre Miguel Torga Contrabandista e Mário Simões Dias, sobre o Culto do Espírito Santo em Terras de Riba Coa. Um poema (De Espanha com Amor) de Tomás Piris, que não pode estar presente, foi lido por sua filha Dália, enquanto Paulo Sérgio e Baptista Mendes apresentaram um delicioso intermezzo improvisado com uma selecção de leituras. Na parte da tarde, além das palavras de encerramento teve maior relevo o documentário de Economia Política apresentado por Norberto Manso, presidente da empresa municipal Sabugal+.
De registar que o auditório do Centro Cívico esteve sempre muito bem composto em matéria de ouvintes.
Parabéns, e que o ciclo se repita.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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A indisposição veio da leitura de um artigo de um professor universitário, creio que antigo ministro sobre a visita que os bispos portugueses fizeram ao Santo Padre.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalDiz o ilustre autor que o Papa convidou os bispos portugueses para uma «visita in limine».
Em primeiro lugar, a designação de tal visita é: «ad sacra limina (Apostolorum)», quer dizer «visita ao limiar (sepulcros) dos Apóstolos». É a designação mais comum, ainda que o cânone n.º 400 do Código de Direito Canónico reze «ad Urbem, Beatorum Apostolorum Petri et Pauli sepulcra».
Quanto ao ser o Papa a convidar, é afirmação em fundamento. O Papa não tem de convidar os bispos a efectuarem tal visita. São os bispos que têm de tomar a iniciativa para obterem a data da audiência e da visita. Assim o manda o mesmo cânone 400: «O Bispo diocesano vá a Roma no ano em que está obrigado a apresentar o relatório (do estado da sua Diocese) ao Sumo Pontífice». O cânone n.º 399 estabelece os prazos: «A visita deve ser efectuada de cinco em cinco anos.»
Em segundo lugar não há ofensa na homília do Papa aos bispos. De facto, na Igreja de Cristo não há secretismos, e bem pode suceder que as exortações pontifícias motivem hierarcas e laicado para a dura realidade que o Cristianismo enfrenta no Mundo. O senhor Professor Medeiros Ferreira decerto não nos levará esta nótula a mal. As cartas fechadas são invioláveis; os bilhetes postais nem tanto.
Por fim, e relativamente às Escolas, parece que, amofinados com os fracos resultados, os Conselhos Directivos pretendem subir de escalão, levando os professores a dar notas mais altas aos alunos. Assim, os alunos podem subsistir na ignorância, mas a escola obterá melhor pontuação no ranking.
Admirável sociedade nova. Porque não se há-de falsificar o vinho e botar água no leite?
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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As Igrejas Cristãs festejam o mistério da Ascensão de Jesus Cristo numa quinta-feira, na semana anterior ao Pentecostes, ou festa do Espírito Santo.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalUniversalmente é a Quinta-feira da Ascensão. Quando eu era criança, nessa quinta ninguém trabalhava em trabalho servil. Levavam-se as vacas para o lameiro, onde pastavam durante todo o dia, ia-se à missa, de tarde faziam-se as peregrinações pelos campos e, por fim, num monte sobranceiro à paróquia, depois de cantadas as rogações (ladaínhas dos santos) o senhor abade aspergia (abachucava) os campos em nome da Santíssima Trindade. As famílias levavam cestas e cestos com os farnéis: pão de trigo, enchidos crus de comer à faca – quem era rico levava galinha assada –, e bolos de pão de trigo com ovos e açúcar. Tinto que bastasse, nunca era muito! Se bem que as crianças só tivessem de beber água, mas também comiam do primeiro queijo mole das ovelhas e das cabras.
Quinta-feira da Ascensão como que acabou em Portugal. O Estado laicista acabou com esse dia de festa. E a Igreja, por forma a salvar o espírito da festa, transferiu-a para o domingo mais perto dessa Quinta-feira, que é o domingo antes do Pentecostes.
No Ribatejo ainda os povos celebram essa gozosa Quinta, porque algumas Câmaras tornaram esse dia feriado municipal. Em Riba Coa, não sei o que se faz, ou se faz. Naturalmente nada!
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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A propósito do Encontro dos Escritores que decorre este fim-de-semana nos Fóios, que é o Riba Coa profundo, ocorre sublinhar como, depois da ideia da Europa Unida, ou União Europeia se tem tem verificado um aumento generalizado da defesa das pequenas Pátrias, chamadas regiões.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalA Revolução Francesa trouxe um centrismo que teve como fruto a dominação das pequenas pátrias pelas capitais do Estado.
Em França este fenómeno quase foi um etnocídio, um genocídio, que até quis liquidar os dialectos regionais.
Portugal imitou a França, e procurou matar o minhoto e o mirandês. Até o barraquenho… Mas hoje em dia as pequenas pátrias querem ser reconhecidas.
Conta-se que o Conde de Aurora, notável escritor minhoto da primeira metade do século XX, advogado e diplomata, viajando de avião para Londres, teve de, às tantas, preencher o impresso do Departamento inglês de Emigração, antes de aterrar, e fazer presente na Alfândega. Na pergunta «Nacionalidade?» escreveu «Portugal» e na linha da «Raça» escreveu «Minhota».
Assim possamos dizer-nos da Raça de Riba Coa.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Segundo a voz popular a quadra (que reproduzimos de seguida) estaria inscrita, ou na abóboda da torre de menagem do Castelo, ou num dos arcos da ponte.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalA tradição popular registou na memória a quadra:
Eu sou el-Rei D. Diniz:
A ponte, a fonte e o castelo fiz.
Quem dinheiro tiver
fará o que quiser.

Realmente, nunca se achou tal inscrição, e faltam certezas quanto à época de construção da ponte, que, de resto, é muito antiga, há séculos desafiando as inverniças torrentes da ribeira.
Todavia, a ponte do Sabugal fez mais pela integração de Ribacôa em Portugal do que os jurídicos documentos foralísticos.
A ribeira continuou a separar Ribacôa de Portugal, excepto no caso da também antiga ponte de Sequeiros.
Em certos troços, correntes em zonas mais planas, havia e há vaus que permitem a travessia da ribeira aos carros de tracção animal, mas, do troço do Sabugal, se bem me lembro, o vale é cavado e dificilmente se acomodaria à passagem dos carros de lavoura, o que dificultava a vida económica e social, acrescendo o facto de a vila se servir de terrenos na margem esquerda, da jurisdição de Sortelha, neles semeando e pastoreando.
Agora há outras pontes, mas esta, do Sabugal, é mítica: abriu as portas de Portugal a Ribacôa e as portas de Ribacôa a Portugal.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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A casa dos pais é a escola doméstica. Nela as crianças têm o direito ao pão para a boca e à palavra e ao exemplo para a alma. Não basta garantir a comodidade física, ou o uso de luxos e de ninharias, é preciso suplementar a alma com o ensino de boas regras morais e de convívio com os outros, se possível dando o exemplo.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalQuantos pais estão a proceder como educadores domésticos? Quantos pensam que a educação é um problema, não deles, mas do Estado, quer dizer, que a Escola oficial cuide da educação dos filhos. E, todavia, nada de mais errado. Essencialmente, a educação cívica e moral pertence ao dever dos pais, que podem, querendo, procurar um complemento nas catequeses das igrejas. À escola pertence a instrução, que difere de educação. Um aluno bem educado pode não ser bem instruído, e um bem instruído pode ser mal educado.
É da boa educação que procede a harmonia nas escolas. De outro modo há desarmonia e luta de classes: alunos contra professores e professores contra alunos. Nunca se viu tamanho fenómeno como este da guerra nas escolas. As causas são óbvias: a escola doméstica não funciona e a escola oficial ou pública não está preparada para assumir o que é dever da família.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Tenho participado, ao longo da minha vida de investigador da nossa cultura, em centenas de colóquios, conferências e seminários relativos ao pensamento e à cultura portugueses, tendo sido inúmeras as ocasiões em que essas actividades decorreram em escolas – secundárias e sobretudo universitárias –, em tempo de aulas e com cursos que poderiam aproveitar da participação no Colóquio ou na Conferência.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalAcho não ser injusto, nem inoportuno, se disser que tais actividades, embora localizadas nas escolas, decorrem como se fossem no deserto, ou num sítio quase desabitado. Algumas vezes pensei que a ausência de alunos nos auditórios tivesse algo a ver com o facto de os conferencistas não os motivarem. No entanto, em dezenas de casos, colóquios houve que os prelectores eram personalidades de tomo e de vulto, algumas vezes até com forte imagem pública.
Numa universidade com cursos humanísticos não seria difícil organizar os horários de modo a que os alunos pudessem assistir; ou motivar os alunos a prescindirem desta ou daquela aula, indo às conferências e relatando o que ouvissem para o professor. Tal não sucede, havendo quem admita que os professores temem que os alunos ouçam algo que eles ignoram.
No fundo, trata-se de indiferença. Ainda agora, temos o caso do colóquio sobre Joaquim Manuel Correia, no Sabugal. Uma actividade repleta de interesse, do ponto de vista cultural e local. A este propósito, lemos no «Amigo da Verdade»:«A entrada em todos estes eventos foi livre. Embora não fossem muitos os participantes, tivemos, no entanto, uma acção activa, viva e desinteressada.»
De facto, um tão cómodo auditório, bem poderia estar mais cheio, se as pessoas realmente tivessem interesses culturais. Deste modo, como que passam ao lado da vida.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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O primeiro mausoléu, à esquerda de quem entra no Cemitério da Guarda (no campo outrora ocupado pela igreja templária de Noss Senhora do Templo) preserva os restos mortais do poeta Augusto Gil.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalNa frontaria do primeiro mausoléu lê-se o seguinte epitáfio:
E a pendida fronte, ainda mais pendeu…
E a sonhar com Deus, com Deus adormeceu.

Há quem se questione sobre a autoria deste epitáfio, e muita gente que ignore a sua origem.
Para ajudar a esclarecer, aqueles dois versos fazer parte de um poema sobre a morte (ou dormição) de Nossa Senhora, que o poeta escreveu, não para ele, mas para Maria. Vem no bonito poema «A Assunção» que faz bem reler neste tempo em que nos aproximamos das festas do esposo de Maria, o Divino Espírito Santo:
«A uma velha capa que São João deixou,
A Virgem Maria ainda a aproveitou…

Escolhendo a parte menos gasta e puída,
Desfaz-lhe as costuras, tira-lhe a medida,

Talha uma roupinha para uma criança
Que era a mais rotinha das da vizinhança.

Prestes a alinhava, logo a cose e prova.
Que linda, que linda! Parecia nova…

Nesse tempo a Virgem quantos anos tinha?
Não ficou a conta. Era já velhinha…

Dava o sol nas casas: brasas de fogueira…
…Horas de descanso, horas de quebreira…

– E da idadem e de cansaço, e de calor –
Lento, a invade toda, um dúlcido torpor…

Fecham-se-lhe os olhos, e descai-lhe a agulha…
…Passa uma andorinha. Uma rolinha arrulha.

As mãos escorregam, ficam-lhe pendentes…
…As cigarras cantam nos trigais dormentes.

E a pendida fronte, – ainda mais pendeu…
E a sonhar com Deus, com Deus adormeceu…

Põe-lhe o manto um anjo, curva-se a compô-lo,
E outros anjos descem, pegam nela ao colo…

Com as leves mãos (penugens de andorinhas)
Vão-na embalando como às criancinhas…

E embalando-a, voam, lá se vão com ela!…
Já lá mais alta que a mais alta estrela!

Outros anjos chegam, querem-na cantar.
Caluda, caluda, que pode acordar…

Que as almas dos justos um hino concertam!
Silêncio, silêncio. Que não a despertem…

Jesus abre os braços, e já quer beijá-la,
Mas pára, detém-se, que pode acordá-la!

E a mãe da Senhora, pediu-lhe a sorrir:
– Mais logo… Mais logo… Deixai-a dormir…

«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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O cepticismo que se apoderou da sociedade portuguesa, mal-amada pelos educadores, e má amante dos valores, trouxe à tona das águas profundas e turvas a potência tanática que percorre a vida.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalTodos os jornais quuotidianos enchem as suas páginas com novos e trágicos casos de assassínio e de homicídio, por dá cá aquela palha. Justiça lenta, por isso injusta, parece que o objectivo da ogânica judiciária é o de salvar a imagem, contra o exercício justo da justiça.
Por outro lado, o Estado introduziu a permissividade da morte não se sabe ainda em nome de que princípios, salvo o da abrogação do mandamento que determina «não matarás», substituindo o direito divino pela conveniência humana.
A coroar este estado tanalógico, temos o INEM. Há quantos dias os jornais noticiam casos de incapacidade de assistência a acidentados ou a pessoas em fase terminal? Há quem diga que Portugal deveio um Estado policial. E porque não mortuário? E o INEM, o Instituto Nacional de Emergência Mortuária?
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Nestes últimos tempos o fantasma da imprevisível crise social que se abate sobre o País aparece geralmente justificado como efeito da situação económica do povo.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalAcreditamos que assim seja, porquanto também somos povo.
Todavia, há quem deseje justiça e há quem anteponha a ambição. Decerto ninguém pode pregar doutrinas a estômagos vazios, já São Paulo escrevia isto mesmo, numa das suas Epístolas. O povo diz de modo diferente: «Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.» Será isto que ocorre na sociedade portuguesa? Crise de Justiça, ou moléstia de ambição?
Num escrito do notável médico e poeta Manuel Laranjeira, falecido em 1922, e idealista republicano, escreveu ele, constatando uma realidade palpável na sua época: «A víscera revolucionária era o coração; agora começa a ser o estômago.»
Para bom entendedor…
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Há mais de 40 anos, visitei, por convite, o médico dr. Fernando da Silva Correia, em Lisboa. O dr. Fernando é filho do Dr. Joaquim Manuel Correia, este nascido na Ruvina e, aquele, nascido no Sabugal, mesmo na vila.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalO dr. Fernando sabendo do meu interesse pelos temas ribacudanos, achou por bem revelar a existência de um importante manuscrito legado por seu pai (que foi grande etnógrafo e autor das «Memórias do Concelho do Sabugal»), legado esse constituído por grande variedade de peças literárias e de desenhos, mas, sobretudo, por um romance, intitulado «Celestina». O romance assenta nos episódios reais das guerrilhas entre carlistas e fernandistas, provocadas pela sucessão ao trono de Espanha, em que o carlismo teve em Portugal duas figuras, o Montejo, celebrado no romance «A Rosa da Montanha», de António José de Carvalho, e o Padre João de Matos, ou Padre João Barrocas, o guerrilheiro carlista de Aldeia da Ponte.
No quadro da guerrilha raiana, há um romance de amor, tudo com fundamentos históricos e notas muito interessantes sobre os costumes e a vida social da região sabugalense. Tem analogias com o «Maria Mim» de Nuno de Montemor.
Aquando da visita, o dr. Fernando Correia revelou o seu empenho em publicar o romance, pelo que cheguei a escrever um artigo em defesa do projecto, mas sem efeito.
Mais vale tarde do que nunca. Sabemos de fonte fidedigna que o romance vai ser editado, porque a dra. Natália Correia Guedes se empenhou em dar cumprimento à vontade do dr. Fernando, de quem é sobrinha.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Com significativo atraso, pois deveria ter sido publicada em Novembro, recebemos agora o n.º 22 da revista da Guarda, «Praça Velha».

Jesué Pinharanda – Carta DominicalSão uma 400 páginas cheias de erudição nas áreas da arqueologia, da história, da arte e da literatura, e a revista já ultrapassa, bem de longe, as anteriores publicações de carácter erudito da Beira, com a vantagem de, sendo uma publicação do concelho da Guarda, estar aberta a toda a região.
Ostensivo e confiável é o carácter da investigação científica em que assentam os colaboradores e os seus textos.
Neste número, relativamente ao nosso concelho, citamos os estudos:
«As estruturas militares manuelinas da Vila de Alfaiates», por José Alexandre Ribeiro de Sousa;
«Os desenhos da calçada do Largo dos Paços do Concelho do Sabugal», por Marcos Osório.
Neste mesmo número incluem-se as «Actas do Colóquio sobre a Ordem de São João de Deus na Beira».
Não deixaremos de ficar surpreendidos quando verificamos o considerável número de frades hospitalários naturais do concelho do Sabugal, alguns deles tendo atingido o grau superior na estrutura da Ordem.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Hoje é domingo de Páscoa. Quebra-se o silêncio da Quaresma.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalSábado, à meia-noite, os sinos voltavam-se a repicar. Anunciavam a Ressurreição do Senhor. Nesse dia, a Igreja estava fechada. A surpresa só podia ser vista no Domingo de manhã. Ao soar do terceiro repique, a Igreja estava nova. Os Santinhos tinham saído dos seus altares e encontravam-se em andores, ricamente enfeitados com belas flores artificiais, brancas, rosas e azuis e todas as cores. Estavam sorridentes, alegres e tinham o ouro que lhes pertencia, no pescoço e nas orelhas. Só a Senhora da Assunção e o Sagrado Coração de Jesus ficavam nos altares engalanados. De resto, estavam a Senhora de Fátima, a Senhora Santa Luzia, o Menino Jesus em pé (porque havia o mais pequenino que só servia para estar deitado) e os outros todos que tinham lugar na Igreja. Porque havia ainda os das ermidas (São Gens, Santo António, Senhora dos Remédios, das Dores e dos Aflitos, Santa Eufémia e Espírito Santo) que não vinham. Ficavam em casa.
Tudo o mais, santo e pessoas, estavam no povo onde era a Festa de Flores, Domingo de Páscoa. Festa de Flores queria dizer também amêndoas, coscorões (ou coscoréis), e o tambor do Ti Casado, a dar a volta ao povo «Rana, rana, cataplana, quem tem sona vai p’ra cama»!
Assim era em Quadrazais! Que o não seja agora pouco importa, porque continua a ser na nossa saudade.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Já em plena Quaresma, ocorre-nos memorar as tradições da piedade popular, que incluía ladaínhas, rogações, dolente toque dos sinos e a encomendação das almas.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalAs ladaínhas, as rogações e a encomendação das almas são constituídas por letras e músicas, tudo com origem na influência da Igreja, mas a que as sucessivas gerações populares emprestaram fraseologia e ritmos diferenciados.
A encomendação das almas fazia-se a partir da torre das igrejas, tangendo o sino em momentos breves, dando sinal às pessoas que estavam em casa, quando haviam de rezar os Pai-Nossos que o encomendador indicava.
As letras são em geral uma sucessão de quadras piedosas suplicando orações pelas Benditas Almas do Purgatório. É um património que corre o risco de se perder. Não vemos outra solução que não seja a de saber onde haverá uma encomendação e proceder ao seu registo sonoro. Hoje em dia é muito simples, dada a existência de gravadores de som.
Ouso sugerir ao bom amigo Padre Bernardo Terreiro, que tão grande serviço prestou com o levantamento do património musical de Riba Coa, prestasse mais este: o de gravar uma encomendação com o Coro Etnográfico de Almeida e reduzisse música e letra a pauta. Porque não?
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Miguel Real, pensador e escritor de evidente versatilidade, surpreende-nos, de uma só vez, com três novos livros: «O último minuto na vida de S.», um episódio romanceado da vida de Snu Abecassis; um ensaio sobre «Agostinho da Silva e a cultura portuguesa»; e, por fim, um outro ensaio, intitulado «A Morte de Portugal» (Campo das Letras, 2007).

Jesué Pinharanda – Carta Dominical(Continuação do domingo anterior).
Em vista dos precedentes, Portugal tem conseguido superar todos os riscos, uma vez que, bem vistos os tempos e os modos, raramente nos foi dado descanso, sobre nós se abatendo a cobiça de estranhos, desde os árabes aos castelhanos, aos franceses, aos ingleses, e, por fim, na partilha do corpo da Pátria, americanos e soviéticos. Hoje podem ser os europeus, que nós também somos, embora arriscando a perda da portugalidade, caso não saibamos velar, vigiar e esclarecer o que valemos no contexto europeu. Aliás, Europa é, hoje em dia, um tratado de união e, como todos os tratados, não contém a potência de perpetuidade. É um fenómeno de conjuntura que pode terminar se, e quando, as maiores potências da «balança europeia» se confrontarem por causas de interesses específicos.
O conhecimento dos mitos, e também dos acontecimentos mitificados, constitui uma útil ajuda ao esclarecimento da nossa história, e da filosofia da História de Portugal.
No processionário da morte, Miguel Real abre com o que designa por «princípio do fim», a segunda morte de D. Sebastião, a perda da autonomia política, e o surgimento de uma independência mítica.
Miguel RealPelo caminho propõe-nos três luminares, ou entidades também elas de algum modo mitificadas: Viriato, como o nome das nossas origens; António Vieira como apologeta e profeta de Portugal como «nação superior»; e o Marquês de Pombal como o capataz de um «povo inferior».
Atravessamos agora o fim do princípio que nos aparece como uma fase experimental, cifrada em multiplicidade de abordagens e de tentativas de achamento da nossa alma, abordagens essas como exercícios isentos, como que descalços, atravessando as abrasivas areias do deserto, na esperança do oásis.
Miguel Real identifica, quanto aos pensadores pátrios contemporâneos, os espiritualistas, os providencialistas, os racionalistas e os modernistas. Em todas orientações identificamos o comum português ou o modo de olhar a Pátria, continuando divididos entre os optimistas e os pessimistas. Por vezes, confundimos Nação com Estado, quando, na verdade, a Nação pode não se esgotar no Estado e, com efeito, a Pátria, paradigma da Nação, é ente superior, que o Estado não esgota, mesmo quando nesse esgotamento aposte. Como agora!
Eis, pois, um ensaio que, entre pessimismo e optimismo, procura o senso do realismo com ideal. De resto, num estilo muito guloso, diremos até bem típico e, em muitas páginas, irónico e pitoresco, quanto aos modos de dizer. Talvez que a Raia nos separe, afinal de contas, da capital.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Miguel Real, pensador e escritor de evidente versatilidade, surpreende-nos, de uma só vez, com três novos livros: «O último minuto na vida de S.», um episódio romanceado da vida de Snu Abecassis; um ensaio sobre «Agostinho da Silva e a cultura portuguesa»; e, por fim, um outro ensaio, intitulado «A Morte de Portugal» (Campo das Letras, 2007).

Jesué Pinharanda – Carta DominicalSem que haja desconsideração na escolha, mas não nos sendo possível comentar os três, escolhemos, por seu nacional interesse, o ensaio «A Morte de Portugal».
Na essência, trata-se de um diagnóstico da Nação Portuguesa, elaborado como que em diálogo com um conjunto de textos doutrinais correlativos ou equipolentes, em que Miguel Real escolheu como primeiro termo a «Arte de Ser Português» (1915) de Teixeira de Pascoaes e, como termo final, o «Portugal, Identidade e Diferença» (2007) de Guilherme d’Oliveira Martins, entre esses termos fixando teses de Agostinho da Silva, Eduardo Lourenço, Manuel Antunes, e outros, em cujos escritos revelaram as formas e os modos pelos quais entenderam Portugal como problema de antropologia cultural e política, no que Portugal tem de próprio, e que, por ser próprio, constitui a diferença em relação a outros fenómenos afins da civilização universal.
A meditação acerca de Portugal como ente distinto tem ocorrido sobretudo em épocas de crise de identidade e de temores de dissolução.
«A Morte de Portugal» de Miguel RealAinda que muitos antes tenham sido publicados muitos escritos acerca da alma portuguesa, muitas vezes em mera posição pangérica, é bem verdade que a «Arte de Ser Português», de Pascoaes, surge em plena crise da Guerra Mundial, com todas as ameaças que Portugal enfrentou, tanto na Europa como no Ultramar. Seria muito interessante que alguém, com tempo e paciência, procedesse ao inventário dos títulos relativos aos destinos da Pátria Portuguesa, pelo menos desde o ciclo das guerras no Ultramar até ao fim do Estado Novo. Contudo, o elenco prossegue, desde logo na glosa amplificante de António Quadros em «A Arte de Continuar Portugal» (1978), de carácter messiânico-profético, de sensível veio optimista e, em contraste, o ensaio (ou lamento) de Amorim de Carvalho, em «O Fim Histórico de Portugal» (1977) em que, face à dissolução do Império, como que preconiza já não haver lugar na história da civilização para uma comunidade cujo escopo principal fora, sem dúvida, a criação de civilizações.
Miguel Real medita, também ele, na perspectiva da perda da soberania, e, portanto, numa transfiguração (dissolutória) da nossa identidade num contexto superestrutural, em que se perderá o carisma de Nação e se garantirá o carisma de uma simples região ocupada, em que a liberdade da diferença será sacrificada à unanimidade aleatória.
(continua no próximo domingo).
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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O Carnaval, ou Entrudo, tornou-se, por influência da cultura afro-brasílica, numa indústria. Instituições locais, por via de regra apoiadas pelas autarquias, investem milhares na organização do Carnaval, de certeza absoluta como forma de atrair turistas e de animar a vida comercial.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalE, no entanto, embora o Carnaval seja uma festividade colectiva, ela foi sempre o produto de criatividade, de espontaneidade e de liberdade individual, permitindo aos foliões e chocarreiros manifestarem as suas capacidades histriónicas.
O Entrudo rural vivia-se fora de organizações turísticas. Entre domingo Magro e Domingo Gordo, a mocidade aldeã procedia às matracas, acusações satíricas dirigidas, já noite, às raparigas, aumentando o volume da voz com um funil dos grandes. Por via de regra, as acusações não eram graves. Simples momices, a uma por ser gorda, a outra por ser sonsa, e coisas semelhantes. No Entrudo vale tudo.
Máscaras IbéricasDomingo Gordo, quem tinha ou podia comprar, comia carne. Aliás, Carnaval é uma corruptela da expressão latina carne valet, através do italiano carnavale. Tempo carnívoro, que assinala a entrada (Intróito, Entrudo) num ciclo de paz e de sossego, fora dos momos e fantasias carnavalescas. Também no Domingo Gordo, pelo menos, no largo da aldeia armava-se o baile (balho) e a rapaziada lá conseguia juntar uns tostões para mandar vir o acordeonista. Quanto a momices públicas, aparecia um outro folião que, travestido, ou mascarado, dava uma volta ao povo.
A máscara é peculiar ao Nordeste transmontano, mas também aqui parece haver uma industrialização. O habitual era a máscara (de pau, de lata, de palha…) passar de pais para filhos, como que parte de um dote patrimonial. Hoje em dia é possível comprar máscaras tradicionais nordestinas durante todo o ano, embora nas aldeias só sejam usadas no ciclo inverniço, entre o Natal e o Carnaval.
Hélder Ferreira e António Pinelo Tiza e outros, juntaram-se e produziram um belíssimo álbum fotográfico intitulado «Máscara Ibérica», cuja introdução nos foi grato escrever. Seria interessante se alguém, da nossa Raia, investigasse a eventual existência de máscaras carnavalescas antigas. Não nos referimos às que é uso e costume comprar nas lojas nesta época. Aludimos às históricas e, possivelmente, associadas a ritos de iniciação.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Em 1916, sendo Vice-Reitor do Seminário da Guarda, o Padre Manuel Mendes da Conceição Santos, natural da região de Torres Novas, e figura de proa do movimento católico durante a difícil passagem pela 1.ª República, foi eleito bispo de Portalegre. Quatro anos depois viu-se eleito para arcebispo de Évora, em cuja cátedra permaneceu até à morte, em 1955.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalAgora, temos a grata surpresa, se é que surpresa se pode chamar, da eleição do actual bispo de Portalegre para a dignidade residencial de arcebispo de Évora. Trata-se de um sacerdote raiano de Riba Coa, D. José Francisco Sanches Alves, que neste aspecto repete o caminho do arcebispo Mendes Santos.
Raiano, D. José Alves pertencia, todavia, não ao clero da diocese da Guarda, mas ao clero da arquidiocese de Évora, que agora vai governar, o que não lhe será difícil, apesar dos problemas sociais da região. Em Évora ele conta com uma indubitável solidariedade: a dos muitos padres eborenses naturais do concelho do Sabugal e de outras terras da Raia, que estudaram e se fizeram padres em Évora. Julgamos que foi o arcebispo Mendes Santos que terá iniciado a captação de vocações na região da Guarda, cujos Seminários não tinham capacidade para acolher tantos candidatos, pelo que alguns eram encaminhados para Lisboa, Beja e Évora.
Pastor na força da idade, com vasta experiência pastoral e autoridade (dado que tendo sido Vice-Reitor do Seminário de Évora, alguns dos actuais padres foram por ele formados) estamos certos de que o episcopado de D. José Alves será um êxito para a Igreja do Alentejo e de Portugal. Amen. Amen.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Anunciado, há poucos anos atrás, foi agora publicado um álbum de quase meio milhar de páginas – «Salmos Responsoriais harmonizados em Coro misto com acompanhamento a órgão», salmos esses próprios das missas dos Domingos e das Festas.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalSeu autor é o Padre Bernardo Terreiro do Nascimento, natural, e agora residente em Almeida. Padre há mais de 50 anos, toda a sua vida foi dedicada ao ensino da música, nos Seminários e nas Escolas e, por fim, na Escola Superior de Educação da Guarda. Regeu vários coros da nossa região, incluindo o Coro Etnográfico de Almeida. Aliás, a sua dedicação à música popular levou-o a efectuar a recolha e a harmonização do cantos populares de Riba Coa, num outro álbum, com letras e músicas – «Património Musical de Riba Coa» (1999).
O álbum com os Salmos para as missas em vernáculo, contendo a letra conforme ao Missal em uso em Portugal e a música harmonizada pelo Padre Terreiro, foi apresentado no passado dia 13 de Janeiro, no salão da Igreja Paroquial de São Domingos de Benfica. Trata-se de uma excelente obra musical e gráfica, muito ilustrada com reproduções de telas da pintora Evelina Coelho, algumas delas já expostas em igrejas das nossas terras.
Padre Bernardo TerreiroCoube-nos, por insistência do Padre Bernardo, proceder à apresentação da obra, à assembleia que por completo enchia o salão, mas a verdadeira apresentação decorreu quando o Coro Laudate, dirigido pelo Maestro José Vieira, interpretou 20 dos salmos constantes da obra e, também da interpretação a instrumental pelo Trio Surpresa do Professor Cassiano Pereira, que foi o copista das pautas para impressão. Música litúrgica, sagrada, pronta para servir às paróquias que disponham de um grupo coral, seja amador, seja regular, e seja pequeno ou grande, podendo o coro ser substituído pelos fiéis, desde que ligeiramente ensaiados, e desde que haja um solista que entoe o salmo para que os fiéis possam responder com o refrão.
Obra notável da nossa música litúrgica, numa época em que ainda se fazem necessárias experiências para criar músicas destinadas aos textos litúrgicos em língua portuguesa, pois o canto gregoriano serve muito bem ao latim, mas é complicado vergá-lo às línguas vernáculas.
Cantem, pois, as Paróquias as melodias sacras do Padre Terreiro, já glória da Raia.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Quem, natural da Raia, não tem na memória a melodia de um cântico de ritmo largo, que se entoava sobretudo nas celebrações eucarísticas, sendo música obrigatória nas procissões paroquiais do Santíssimo?

Jesué Pinharanda – Carta DominicalO autor da letra e da música foi o padre Joaquim Dias Parente, que durante anos a fio paroquiou uma das freguesias de Manteigas, tendo falecido em 1957.
Músico por irrepremível vocação, dormia com um caderno de pauta na mesinha de cabeceira, e com frequência acordava para anotar alguma nota que lhe surgia de dentro do peito.
Compôs cânticos religiosos diversos, incluíndo o bem conhecido «Senhora Nossa, Senhora Minha», mas também compôs música profana e destinada ao teatro e teve parte de leão no renovamento das bandas musicais de Manteigas (a Nova e a Velha), para as quais escreveu e adoptou muitas partituras.
No entanto, o cântigo que o tornou famoso é de facto o «Santos Anjos e Arcanjos» que deveio património litúrgico, já poucas pessoas se importando com o nome do autor. É um cântico a bem dizer oficial.
Padre Joaquim Dias ParenteEscrevemos esta nótula, profundamente sensibilizado pela leitura de uma notável biografia que se publicou em Manteigas, para assinalar os 50 anos da morte do padre Joaquim Dias Parente. Nesta obra, devida ao incansável espírito e à criatividade intelectual do dr. Manuel Ferreira da Silva, o autor versa com rigor e saber o homem, a obra, a missão e a mensagem que o padre Parente nos legou, ao deixar no mundo verdadeiros momentos de eternidade.
Com esta obra, o dr. Ferreira da Silva honra o homenageado, mas também honra os compatrícios diocesanos e a sua própria figura de meritório biógrafo. Parabéns.
A edição é da Paróquia de Santa Maria de Manteigas.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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A festividade natalícia da visita dos Reis Magos ao presépio de Belém celebra-se, há séculos, no dia 6 de Janeiro, em toda a Igreja Latina.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalEsta data equivale à da festa chamada Epifânia, que, na Igreja Ortodoxa celebra o verdadeiro Natal. Porquê? Porque em Belém, Jesus revelou-se ao povo de Israel, mas na visita dos Magos revelou-se aos povos de todo o Mundo. Aliás, Natal significa nascimento, Epifânia significa Revelação.
Ainda não há muito tempo, li, em escrito de conceituado estudioso de assuntos religiosos, mas pouco informado acerca da liturgia católica, que a Igreja tinha acabado com a festa dos Reis Magos. Claro que não acabou com ela. A festa continua a celebrar-se, mas, no caso de Portugal houve uma alteração: como (julgo que em 1952) o Estado fez uma revisão dos feriados nacionais, a Igreja Católica, para salvar os principais feriados religiosos, aceitou sacrificar dois: o da festa da Epifânia e o da Ascensão.
Reis MagosA Igreja decidiu então, com aprovação da Santa Sé, transferir a festa dos Magos para o primeiro domingo após o dia de Ano Novo, já que o dia 6 deixou de ser feriado, e trata-se de uma festa muito solene. Acontece que, em 2008, o dia 6 veio a calhar num domingo, pelo que tudo ficou ajustado, mas em 2009, o dia 6 será a uma terça-feira, pelo que os Reis Magos terão festa no dia 4, que é o 1.º Domingo após o Ano Novo. Em Espanha, a festa dos Magos é mais importante do que a do Natal e continua a fazer-se no dia 6, dia santo.
Já agora, a festa da Ascensão (quinta-feira da Espiga) deixou de haver feriado nacional, mas nalgumas localidades tornou-se em feriado municipal, sobretudo no Oeste e no Ribatejo.
Já agora, uma palavra acerca do bolo-rei.
O consumismo e a ignorância dos símbolos tornaram o bolo-rei uma gulodice que se come durante todo o ano, havendo pastelarias que o produzem habitualmente, pelo que esvaziaram o bolo do seu simbolismo: o sol nascente, a promessa da fertilidade e da fartura. É como se fosse um símbolo do rosto do Redentor. Comia-se em Dia de Reis, com fava e brinde, mas também estas curiosidades desapareceram por força de leis alimentares.
Disparates inócuos, esvaziamento dos sinais sagrados.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes

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Fomos agradavelmente surpreendidos pelo aparecimento de uma nova publicação na Guarda, uma revista científica intitulada «Egitania. Sciencia», edição do Instituto Politécnico daquela cidade.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalEsta publicação amplia e enriquece o leque de revistas de qualidade editadas na Guarda, bastando mencionar a «Praça Velha» (edição do Município), a «Altitude» (Assembleia Distrital) e a «Eseg» (Escola Superior de Educação). Todas estas revistas são de carácter ensaístico e erudito, privilegiando a investigação disciplinar e interdisciplinar.
«Egitania. Sciencia»Nestes primeiro número da nova revista abundam os estudos relativos à cultura, literatura, economia, educação e informática. Na abertura, o presidente do IPG, Jorge Manuel Mendes afirma que a revista irá fomentar a investigação e a partilha de conhecimentos nos domínios da didáctica, pedagogia, cultura e técnica.
Acreditamos que a «Egitania. Sciencia» será um êxito a breve trecho.
«Carta Dominical» de Pinharanda Gomes

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O nosso compatrício, ainda actual bispo de Portalegre, D. José Alves, desafiou há semanas atrás, o Governo a tratar como deve a população do Interior, apoiando a renovação das gerações e que nasça mais gente. Neste particular, parece haver alguma dialéctica entre o pensamento do Governo e o pensamento da Igreja.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalFace aos números oficiais de abortos praticados na legalidade, os defensores do «Não» acham demais, enquanto os defensores do «Sim» quase só lhes falta dizer que são muito menos do que os previstos. Como se, impedir uma criatura de nascer, fosse coisa de nula monta.
Entretanto, visitando a Guarda, o Senhor Presidente da República perguntava o que era necessário fazer para que nascessem mais crianças. Pergunta que causa alguma perplexidade, sabendo-se que a Lei do Aborto foi por ele aprovada.
No dia 25 de Novembro, Paulo Portas fez umas sugestões quanto a apoios de carácter sócio-económico. E todos ficámos na expectativa. Enquanto isso, D. José Alves avançava com uma obra, com factos e não com meras palavras: a diocese de Portalegre criou o Centro de Apoio à Vida, a funcionar já desde o dia 8 de Novembro, destinado a apoiar e a reintegrar na sociedade jovens adolescentes grávidas, ou mães solteiras. Assim se pratica a lei evangélica.
Natal significa nascimento. Que nasçam todos quantos a Natureza potenciar.
Votos de Bom Ano!
«Carta Dominical» de Pinharanda Gomes

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Acção, Lugar e Tempo. Trilogia, muito conhecida na arte do teatro, serve para esta evocativa memória do Natal da minha infância em Quadrazais. (continuação).

Jesué Pinharanda – Carta DominicalPor outros caminhos, a mocidade (quer dizer, os solteiros, vintões) já identificado o trono ou madeiro, e o lugar onde se iria buscar, tratava do madeiro, da fogueira de Natal, que arderia toda a noite, até o fogo se extinguir durante o dia seguinte. O madeiro afastava alguma mocidade da missa do galo, mas a generalidade do povo participava (ao tempo dizia-se: assistia) na missa de vigília. Rezada, pois era em latim, sendo poucos os cânticos de ilustração vernácula da liturgia. Rompiam estes, como o «Entrai, Pastores, Entrai», ou o «Concebido no ventre / nove meses / no ventre da Virgem Mãe», e outros, quando o pároco, tomando o berço e o Menino, percorria a igreja, levando-o ao ósculo de todos e de cada um. Ninguém saia do lugar. Era o menino que vinha ao encontro dos fiéis.
Para ele, se os mais velhos ofereciam um óbolo (naquele tempo o óbolo mais modesto era o de meio-tostão, que dava, todavia, para comprar meia-dúzia de rebuçados com retratos dos jogadores de futebol) as crianças levavam laranjas, e figos secos, e castanhas piladas e, sobretudo, as rosquinhas, uma espécie de donut, mas de maior perímetro, que levávamos enfiadas no pulso e destinadas ao Menino. Crianças, acreditávamos que Maria, José e o Menino comeriam aquelas coisas boas porque, na missa solene do dia 25, já todas as ofertas haviam sido retiradas.
NatalA propósito dos cânticos, entoavam-se principalmente durante a cerimónia do beijo, os cânticos tradicionais, mas, com o aparecimento de grupos da Juventude Agrária, que recebiam formação e informação, começaram eles a introduzir melodias mais concordes com a liturgia. Foi o tempo, lá na aldeia, da introdução do cântico «Gloria in excelesis». Introdução que levou algum tempo a fixar porque, no início a assembleia dividia-se. Uns cantavam uma coisa, enquanto outros cantavam a nova, em geral desconcerto. Ceava-se antes da meia-noite, e antes para que, no dia seguinte, e dadas as normas do jejum eucarístico ao tempo, se pudésse comungar. Por isso, a missa do galo celebrava-se por volta das 11 horas da noite e quem não fosse comungar no dia seguinte, podia estender a ceia por mais tempo. Feitas as filhós e as rosquinhas, por vezes também o caldudo (uma sopa de castanhas piladas e cozidas em leite) era o ensejo para os garotos serem mandados pelas mães a levar duas ou três filhós a casa de alguma viúva, homem só, ou indigente. Pouco, mas partilhado.
No dia da festa quem primeiro começava a trabalhar era o pároco, pois tinha de celebrar missa na localidade anexa do Ozendo. Ia de mula, por caminhos sendeiros, e regressava a tempo da missa paroquial. Com esta, em boa verdade, se concluía a festa de Natal propriamente dito, na expectativa de novos dias santos: o primeiro do ano e, na época, o dia 6 de Janeiro, feriado e Dia dos Reis Magos, com novas doçarias. Na aridez inverniça, um tempo de alegria e de comunhão. De boa vontade e, sobretudo de paz campestre ao som do correr dos sinos.
«Carta Dominical» de Pinharanda Gomes

pinharandagomes@gmail.com

Acção, Lugar e Tempo. Trilogia, muito conhecida na arte do teatro, serve para esta evocativa memória do Natal da minha infância em Quadrazais.

Jesué Pinharanda – Carta DominicalQuanto à acção, pois equivale à celebração natalícia, em que um Menino nos foi dado para se constituir redentor de Humanidade.
O lugar era uma aldeola sita na raia beiroa, na margem do alto Coa, rés-vés a Espanha.
O tempo, deveras complexo: ainda se faziam sentir os efeitos sociais da Guerra Civil espanhola, que deveras afectara o tradicional comércio fronteiriço e popular, e logo se começaram a viver as dificuldades resultantes da II Grande Guerra, na qual o nosso País se não envolveu, mas que houve de sofrer as consequências económicas, mediante a carestia de vida e o necessário racionamento de muitos produtos que escasseavam no mercado. Como o açúcar. As filhós são boas com ou sem açúcar, mas um pouco polvilhadas do branco maná sabem muito melhor. Faltava, porém, o açúcar. E também o azeite para fritar a massa. As sopas podiam ser temperadas com um pedaço de toucinho, mas para fritar só com azeite, pois na época outros tipos de óleo não tinham expansão.
Natal em Quadrazais (fotos de www.quadrazais.net)Tempo frio. Por vezes, os campos nevados. Fazia sentido a loa:
«Ó meu Menino Jesus,
Ó meu Menino tão belo,
Logo vieste nascer
Na noite do caramelo».

Arrecadados os frutos estivais da terra, sobretudo o pão e as batatas, já nos campos germinavam novas searas, ainda em marfolho. O Natal abria uma clareira nos trabalhos e nos dias. A garotada, e éramos mais de uma dezena, ansiava por receber odem das catequistas para ir ao musgo e aos ramos de hera, para se erguer o presépio, no altar de Nossa Senhora do Rosário, do lado do Evangelho. Descomedida, por falta de estimativa, trazia musgo e hera que chegavam para mais do que um presépio, que as senhoras montavam, portas da igreja fechadas, para só se ver na missa do galo. Era a magia das imagens. Para as crianças, mais do que imagens – santinhos, incluindo os pastores e outras figuras e, talvez, até, o galo, e o cão do pastor, todos, alfim, filhos do mesmo Criador, ali presente na imagem do Filho, ainda bebé, na caminha de espigas de centeio deitado, sob o olhar dos pais e do bafo da vaquinha e do burrinho.
(Continua no próximo domingo).
«Carta Dominical» de Pinharanda Gomes

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