Um Bispo do Futuro. Um rosto da Igreja em Portugal. É motivo de júbilo para o autor desta carta, a notícia de que o Prémio Pessoa, fora este ano atribuído pelo júri do semanário «Expresso» ao bom amigo e antigo Bispo titular de Pinhel, D. Manuel José Macário do Nascimento Clemente, que tive a honra de conhecer há bem uns trinta anos, e com quem mantive, por sua abertura de espírito, frequentes contactos.
Ainda não há muito que tivera a gentileza de prefaciar a nossa Antologia Documental sobre a extinta Diocese de Pinhel, a par de outras gentilezas.
Um tanto alheado do mundo dos prémios, dizem-me que este Prémio Pessoa é de alto significado e que se destina a distinguir personalidades / obras de mérito humanístico e universal, sendo esta a primeira vez que cabe a um bispo e notável pensador.
Nascido em Torres Vedras (1948), ordenado prebístero (1979), nomeado bispo titular de Pinhel (1999) e bispo auxiliar de Lisboa (Janeiro 2000), é, desde 25 de Março de 2007, bispo do Porto, sucedendo a D. Armindo Lopes Coelho.
Muitos sentimos vê-lo colocado fora de Lisboa, onde sempre vivera e trabalhara, mas a missão obriga. Doutorado em teologia histórica (1992), tem desempenhado diversas funções no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, sobretudo como promotor da Comissão de Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais do Episcopado Português.
Foi vice-reitor dos Seminários dos Olivais e professor na Universidade Católica. Para além de tudo – e muito teve de trabalhar como bispo responsável pelo Oeste do Patriarcado, com todas as freguesias, desde Mafra a Alcobaça – ainda dispôs de ânimo para investigar e publicar, quer em publicações científicas (Boletim de Trabalhos Históricos, Laikos e Lusitânia Sacra, etc.) quer em livros.
Desde logo na sua tese intitulada «Nas Origens do Apostulado Contemporâneo em Portugal. A Sociedade Católica» (1843-1853), e, mais recentemente, dois voluminhos de ensaios e reflexões de história sagrada portuguesa (melhor: da religiosidade portuguesa) e do diálogo Igreja / Mundo: «Portugal e os Portugueses» (2008) e «1810-1910-2010» (2009).
Simplicidade peculiar aos sábios, o Prémio Pessoa honra-o e reflecte a luz na Igreja de que é pastor.
Parabéns, e votos de à maior glória de Deus.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes
pinharandagomes@gmail.com
3 comentários
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Terça-feira, 15 Dezembro, 2009 às 16:34
Adérito Tavares
Caro Pinharanda Gomes
Estimado Amigo
As suas palavras relativas a D. Manuel Clemente, a propósito da atribuição do Prémio Pessoa, vieram reforçar o que eu próprio penso e não conseguiria expressar com a mesma propriedade. Sou também amigo de D. Manuel Clemente desde a juventude (fomos colegas de curso na Faculdade) e o Prémio que agora lhe foi atribuído alegrou-me mas não me surpreendeu. É o reconhecimento justo da sociedade portuguesa a um português excepcional, de quem a Igreja e o País ainda têm muito a esperar.
Obrigado por mais esta intervenção oportuna, Pinharanda Gomes.
Adérito Tavares
Terça-feira, 15 Dezembro, 2009 às 20:16
Ars
Eu não sou amigo por que não o conheço pessoalmente. A sua obra sim e é bem digna do prémio que acaba de receber.
Estimo também o regresso da sua Carta ao “Capeia”.
Terça-feira, 15 Dezembro, 2009 às 23:03
agostinho da silva
Eu, Agostinho da Silva, fui aluno de D. manuel Clemente, quando ainda Padre, era professor na Universidade Católica em Lisboa. Bom homem aquele professor.
Hoje em dia costumo ouvi-lo nas manhãs de Domingo, enquanto me dirijo para o Jarmelo, prá missa, faz reflexões sobre a liturgia dominical.
Era ele, acho que na altura Reitor do seminário dos Olivais (onde estudavam os seminaristas maiores da diocese de Lisboa) e eu era um aspirante à vida religiosa consagrada, íamos por lá jogar umas futeboladas, lembro-me do seu sorriso de boa gente.