Capeia Arraiana é um new media on-line do Sabugal e do distrito da Guarda. Move-nos a paixão pela Raia, pelas terras do forcão, pelas serras da Estrela, da Malcata e das Mesas, pelo rio Côa e pelo povo valoroso que luta pelo futuro de uma região que alguns querem condenar ao fracasso. Defendemos as nossas tradições e trabalhamos para que a informação, a opinião e o debate de ideias estejam presentes no quotidiano dos que, como nós, amam as terras beirãs.
AMANHÃ, 6 DE AGOSTO, TUDO COMEÇA… NA LAGEOSA DA RAIA
«Pouca gente saberá explicar que fenómeno é este que faz com que as pessoas mais idosas, muitas vezes de bengala e com dificuldade de movimentos, consigam sair de casa e encalampeirar-se num palco ou enfiar-se num buraco debaixo de um carro, para não perder nem um carxinho do espectáculo! Por vezes, dá-se a desculpa do filho ou do neto que andam no corro… Outras, foge a boca para a verdade e confessa-se: «Não há nada melhor que a capeia! Não sou capaz de ficar em casa… Para o ano, quem sabe se cá estou!»
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Texto de António Cabanas e Fotos de Joaquim Tomé (Tutatux) retirados do livro «Forcão – Capeia Arraiana»
Vá às capeias arraianas que se realizam na raia sabugalense durante o mês de Agosto. Consulte o calendário das capeias de 2012 que o blogue disponibiliza. jcl e plb
«Tratando-se de um espectáculo onde a cor e a arte, numa palavra a beleza está sempre presente, achamos que a escrita não seria suficiente para traduzir toda a sua dimensão. Costuma dizer-se que uma boa imagem vale por mil palavras. E para a melhor tradição raiana só o seu melhor fotógrafo. A prova está à vista, não precisamos de elogiar. Mais do que um texto ilustrado com belas fotos, o resultado é um livro de fotos ilustrado com texto.»
«A afición das gentes de Riba Côa não fica atrás da de outras regiões onde ocorrem manifestações tauromáquicas. Pelo contrário, a sua adesão aos touros supera em muito a adesão das regiões onde se fazem touradas à portuguesa, que como se sabe têm sofrido nas últimas décadas um decréscimo de assistência. Qualquer capeia arraiana encherá todos os lugares disponíveis da praça, por maior que seja, a pontos de ser dizer na Raia que onde há cornos há gente.»
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Textos de António Cabanas e Fotos de Joaquim Tomé (Tutatux) retirados do livro «Forcão – Capeia Arraiana» jcl
«À hora da capeia todos os lugares estão preenchidos. Cada pessoa posiciona-se onde encontre sítio disponível. A afluência ultrapassa em muito a lotação das bancadas, apinhadas de gente nas posições mais caricatas. Há quem veja o espectáculo debaixo dos reboques, deitado por terra, outros permanecem durante toda a lide encalampeirados em postes de electricidade, telhados e outras estruturas. Janelas e varandas mal podem com tanta gente. Com a tourada prestes a iniciar, há ainda tempo para ajudar senhoras e crianças a subir para os tabuados e beber uns copos com os amigos, correndo-se o risco de não conseguir o melhor sítio para assistir ao primeiro touro, situação que se pode corrigir logo que alguém se levante para ir ao bar. Já que não há lugares marcados, os que vão ao bar deixam os lugares para os que deles precisam.»
«O festival Ó Forcão Rapazes realiza-se por volta do dia 20 de Agosto, no segundo ou no terceiro sábado, conforme o maior ou menor avanço do calendário. Com a Praça de Touros a regurgitar de gente, completamente esgotada por uma assistência vibrante e colorida, a rapaziada da Raia demonstra a sua raça na espera dos bravos e corpulentos touros. A lide, com duração de 15 minutos para cada equipa, é controlada pela organização. Antes do início da capeia tem lugar o espectacular desfile das equipas, marcado pelo rufar dos tambores e pelos aplausos ruidosos dos apoiantes de cada uma das equipas. No final do desfile, os grupos alinham-se em conjunto no centro da Praça, lado a lado, e escutam as palavras de circunstância e de estímulo proferidas pela entidade oficial convidada, normalmente o presidente da Câmara, representante máximo do concelho. Terminado o discurso, as equipas voltam a desfilar, desta vezpara a trincheira, onde aguardarão a sua vezde medir forças com o touro que lhes calhou em sorteio.»
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Textos de António Cabanas e Fotos de Joaquim Tomé (Tutatux) retirados do livro «Forcão – Capeia Arraiana» jcl
«O forcão é empunhado por uma trintena de jovens, distribuídos pelos mais de 300 quilos de toda a estrutura. O rabiche, leme do artefacto, é operado à altura da cabeça dos rabejadores, enquanto a base se mantém pela cintura ou até mais abaixo, dependendo da forma como investem os touros. Estes, ao marrarem, por vezes levantam a cabeça (derrote), e com ela o próprio forcão, obrigando os rapazes da respectiva galha a dependurarem-se nele, fazendo peso para o baixar. Há, porém, outros que marram de cima para baixo, humilhando, podendo ainda ser bons trepadores, o que causa, por vezes, alguns embaraços aos jovens. Neste caso é preciso usar de toda a força para levantar o forcão.»
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Textos de António Cabanas e Fotos de Joaquim Tomé (Tutatux) retirados do livro «Forcão – Capeia Arraiana» jcl
«Falar da capeia arraiana é falar do artefacto que a torna tão peculiar. Não é difícil, ao analisarem-se outras tauromaquias, encontrar razões para as suas diferentes formas e meios utilizados: o cavalo, os ferros, a corda, os enganos, etc. Explicam-se pela origem da própria tauromaquia, pela caça, pelos treinos de guerra, ou simplesmente pela necessidade de domínio do homem sobre as espécies bravias, com vista ao aproveitamento dos recursos que propiciam. Com o forcão tudo é diferente, não são fáceis as explicações nem descortináveis as origens. Se não oferece dúvidas a ninguém a ancestralidade das garraiadas em Riba Côa, já quanto ao uso do forcão ninguém tem certezas sobre a época do seu aparecimento. Há quem o associe a guerras passadas.»
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Textos de António Cabanas e Fotos de Joaquim Tomé (Tutatux) retirados do livro «Forcão – Capeia Arraiana» jcl
«Diz Adérito Tavares que, etimologicamente, a origem do nome forcão se liga à palavra latina furca, de onde também deriva forquilha, fourchete do francês, que significa garfo. Aliás, o forcão, assemelha-se muito a uma gigantesca forquilha. Adolfo Coelho corrobora que palavras como forcado ou forcada e forquilha derivam de furca, termo latino que se referia a uma rudimentar e tosca ferramenta de madeira, com dois ou mais dentes, usada na recolha de feno e palha, também chamada forca. Joaquim Lino da Silva descreve forcada ou forcado como um grosseiro tridente feito de um ramo de carvalho ou vidoeiro a que se dá a melhor forma em verde.5 Embora este autor a mencionasse no Barroso, a ferramenta sempre existiu noutras regiões, designadamente na Beira.»
«Sem organizadores não haveria festas ou outros eventos sociais. É às comissões também designadas por mordomias, que competem os preparativos, e as tarefas inerentes aos festejos. A escolha dos futuros mordomos é da responsabilidade dos mordomos cessantes. A nomeação dos seus substitutos é a derradeira acção da comissão. Em princípio, cada elemento escolhe o seu sucessor sem precisar de o consultar; mas o normal é que o consulte previamente para indagar da sua vontade em aceitar. A escolha sigilosa significa quase sempre intenção de castigar alguém que criticou ostensivamente a comissão anterior. A nomeação é, por regra, feita publicamente na igreja ou numa pausa do baile. Normalmente nunca se repetem as pessoas, uma vez que se trata de uma festa que exige muito trabalho, responsabilidade e dinheiro.»
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Textos de António Cabanas e Fotos de Joaquim Tomé (Tutatux) retirados do livro «Forcão – Capeia Arraiana» jcl
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