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Os grupos parlamentares do PSD e do CDS apresentaram um projecto de lei com a reorganização administrativa do território cuja discussão em plenário está agendada para a próxima quinta-feira, dia 6 de Dezembro. A iniciativa reproduz a proposta da Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa Territorial.

A proposta dos partidos que suportam o governo aponta para que as freguesias a agregar mantenham a sua existência até às eleições gerais para os órgãos das autarquias locais de 2013, momento em que será eficaz a sua cessação jurídica.
A aprovação do projecto de lei e a sua entrada em vigor implicará que a preparação das listas às eleições autárquicas tenha já em conta as agregações decididas.
Segundo a proposta conjunta PSD/CDS, o concelho do Sabugal ficará com 30 freguesias, menos 10 do que aquelas que actualmente possui, o que resultará da criação de sete novas freguesias por agregação:
– União das Freguesias de Sabugal e Aldeia de Santo António;
– União das freguesias de Santo Estêvão e Moita;
– União das Freguesias de Pousafoles do Bispo, Penalobo e Lomba;
– União das Freguesias de Ruvina, Ruivós e Vale das Éguas.
– União das Freguesias de Seixo de Côa e Valongo;
– União das Freguesias de Aldeia da Ribeira, Vilar Maior e Badamalos;
– União das Freguesias de Lageosa e Forcalhos.
No prazo de 90 dias após a instalação dos órgãos que resultem das eleições, a assembleia de freguesia delibera a localização da sede. Porém, na ausência de deliberação, a localização das sedes das freguesias a agregar no concelho do Sabugal será: Aldeia de Santo António, Santo Estêvão, Pousafoles, Ruvina, Seixo do Côa, Vilar Maior e Lageosa.
Os dois partidos que suportam o governo afirmam que a reforma é um antigo e histórico anseio e que no concreto resulta do memorando de entendimento assinado com a Troika, que determina a redução significativa das autarquias locais. Aumentar a eficiência e reduzir custos são outro dos motivos avançados pelos dois partidos para a reforma.
plb
A proposta formulada pela Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do Território (UTRAT) aponta para várias agregações de freguesias no concelho do Sabugal, passando o mesmo das actuais 40 para apenas 30 freguesias.

O Sabugal junta-se a Aldeia de Santo António, passando a constituir uma única freguesia.
O mesmo acontece-se com Santo Estêvão e Moita.
Outra união é entre as freguesias de Pousafoles, Penalobo e Lomba, que se reúnem numa só.
Também Ruvina, Ruivós e Vale das Éguas passam a uma só freguesia.
Seixo de Côa e Valongo juntam-se igualmente, agregando neste caso as duas margens do rio Côa.
Na raia, Aldeia da Ribeira, Vilar Maior e Badamalos também se juntam numa só freguesia.
Lageosa e Forcalhos são as outras duas freguesias da raia que se agregam.
A proposta mexe em todas as 11 freguesias com mesmos de 150 habitantes e ainda na do Sabugal e de Aldeia de Santo António, cuja junção a UTRAT justifica com o facto de serem contíguas, partilharem a albufeira do Sabugal e passarem a, juntas, perfazerem 2741 habitantes, reforçando assim demograficamente a sede do concelho.
Nas restantes agregações a UTRAT justifica-se com a homogeneidade do território, com a existência de legações rodoviárias directas, a pouca distância entre os agregados populacionais e a criação de um maior equilíbrio demográfico.
Recorda-se que a Assembleia Municipal do Sabugal se pronunciou contra a reorganização administrativa do território do concelho.
plb
Os presidentes das juntas de freguesia a agregar, nos termos da legislação aprovada pelo governo, pretendem pronunciar-se contra qualquer solução integradora das respectivas juntas, posição que tomarão na Assembleia Municipal do Sabugal, que se vai realizar no dia 28 de Setembro.
A Comissão Permanente da Assembleia Municipal reuniu na passada sexta-feira, dia 7 de Setembro, no Sabugal, a fim de preparar a próxima sessão, na qual os eleitos locais se pronunciarão quanto ao projecto de redução de juntas de freguesia.
Na reunião, orientada pelo presidente da Assembleia Municipal, Ramiro Matos, estiveram presentes os representantes dos diferentes grupos políticos que têm assento na Assembleia, bem como os presidentes das juntas de freguesias do concelho que, nos termos dos critérios legalmente definidos, terão que ser agregadas.
O Capeia Arraiana apurou que no decurso da reunião apenas três presidentes de junta declaram, peremptoriamente, não aceitar qualquer agregação, sendo frontalmente contra o processo político e legislativo em curso, que visa diminuir o número de freguesias. Tratou-se dos presidentes das juntas da Moita, Valongo do Côa e Penalobo.
Outros presidentes de junta afirmaram que se forem obrigados a agregar-se, aceitarão essa situação. Assim, o presidente da Junta de Freguesia da Lomba, disse aceitar reunir-se a Pousafoles. Outra agregação possível, defendida pelos respectivos presidentes, é a de Aldeia da Ribeira, Badamalos e Vilar Maior, ficando a sede da junta agregada nesta última. Por sua vez também estão dispostos a aceitar associar-se as juntas de Ruivós, Vale das Éguas e Ruvina, ficando a respectiva sede nesta última localidade.
A discussão levou porém a uma tomada conjunta de posição que aponta para a não pronuncia da Assembleia nesta fase, alegando que não aceitar qualquer integração. Na ausência de pronúncia, caberá à comissão criada pelo governo elaborar uma proposta de agregação, a qual terá depois que ser discutida e votada na Assembleia Municipal, altura em que os eleitos locais se pronunciarão sobre o projecto, podendo alterá-lo em função dos interesses das freguesias, desde que se cumpram os critérios legalmente estabelecidos.
A Assembleia Municipal do Sabugal reunirá em 28 de Setembro, sendo expectável que opte pela não pronúncia, manifestando oposição a qualquer agregação das freguesias do concelho.
plb
O concelho do Sabugal é geograficamente trimorfe, economicamente biforme e historicamente policéfalo.
A policefalia resulta do facto de o nosso concelho, na sua actual definição territorial, abranger freguesias que até às ultimas reformas de JOSÉ DA SILVA PASSOS, pertenceram umas aos extintos municípios de SORTELHA, TOURO — a vila do Touro —ALFAIATES e VILAR MAIOR, todas as que já lhe pertenciam, e, ainda, uma, a de CERDEIRA DO COA, do desaparecido termo de CASTELO MENDO.
Como se sabe, com a irrupção do liberalismo e queda do ANTIGO REGIME, MOUSINHO DA SILVEIRA deu início a uma série de reformas marcadamente iconoclastas, porque todas elas tendentes a destruir o passado, cortando com a tradição.
Os seus principais executores receberam ápodos que a História registou e, de algum modo, sintetiza a obra de extinção por eles promovida.
V. g.
JOAQUIM ANTONIO DE AGUIAR — O MATA FRADES
Responsável pelo confisco dos bens da Igreja Católica, o encerramento dos conventos, a expulsão dos religiosos.
BENTO PEREIRA DO CARMO — O RASGA BANDEIRAS
Que decretou o fim das corporações de artes e ofícios, também conhecidas por grémios ou bandeiras e das Santas Casas da Misericórdia, nacionalizando a de Lisboa, que nunca mais recuperou o estatuto de associação de fiéis católicos, transformando-se em ludolândia ou seja em instituto nacional de jogos.
E, para o caso de que agora tratamos, o DEGOLA CONCELHOS que extinguiu cerca de oitocentos concelhos.
Só no distrito da Guarda, acabou com oitenta e seis, reduzindo a catorze os cem preexistentes.
Frise-se que o nome PASSOS JOSÉ serviu para o caracterizar relativamente a seu irmão — PASSOS MANUEL, que teve uma muito meritória acção nos domínios da escolaridade.
De resto, também a reforma administrativa personificada em Passos José foi muito positiva, adequando o número de concelhos a uma nova realidade baseada em vários pressupostos, designadamente na substituição dos caminhos de ferradura pelas novas vias, com o encurtamento dos tempos de viagem.
Já se anuncivam as vias férreas.
E o caminho beirão de São Tiago só não foi aproveitado como novo itinerário por o PADRE PAULO, grande terratenente em Aldeia da Ponte, temer cortes nos seus agros e perversões nos paroquianos.
Um território trimorfe
Consabidamente, é o concelho do Sabugal de grande extensão territorial.
Não tanto, é certo, como o de Odemira, que dizem ser o maior da Península, ou sequer o de Idanha-a-Nova, nossa vizinha porque apenas separadas por terras de Penamacor.
Mais pequenos do que estes dois, é, no entanto superior em área a noventa e oito por cento dos outros municípios.
Além disso, tem a particularidade de abranger três zonas fortemente diferenciadas — uma de montanha, outra de planalto e a terceira com características de cova.
A primeira encosta-se a Espanha e ocupa os contrafortes portugueses das regiões salamantinas de Francia e Gata, do lado de cá chamados genericamente Serra de Malcata, embora com subdenominações interessantes, v g das Mesas, baseado no encontro de quatro bispos — da Guarda, de Pinhel, de Coria e de Cidade Rodrigo — todos lado a lado, mas cada um num banco de pedra incrustado na sua área de jurisdição.
A zona de planalto abrange a parte restante dos antigos concelhos de cima Coa que o do Sabugal presentemente integra.
A zona de cova tem por epicentro o Casteleiro e assume as características que os geógrafos costumam congregar no conceito de TERRA QUENTE DO NORTE.
Até por oposição á anterior tipicamente TERRA FRIA DO NORDESTE.
Quem se achar interessado em aprofundar esta genérica conceptualização, pode fazê-lo através de três autores sabugalenses — todos eles, no entanto, da zona serrana:
o geógrafo CARLOS MARQUES, de Vale de Espinho.
O romancista NUNO DE MONTEMOR, nascido em Quadrasais.
O poliígrafo PINHARANDA GOMES, também quadrasenho.
Este nome ressuma a COA, de CUDA.
E as relações com a montanha, para nós sacralizada vieram para o Cancioneiro.
O lugar de Quadrasais
Ao fundo da terra fica
Ler «Maria Mim», ou até «Crime de um Homem Bom», do segundo, «O Motim do Aguilhão no Sabugal» ou «Práticas de Etnografia», do terceiro, e, sobretudo, «A Bacia Hidrográfica do Coa», do primeiro, para além de um enorme prazer espiritual, ganhará excelências de conhecimento.
Economicamente marcado pelas assimetrias morfológicas nuns casos, noutros pelas influências espanholas, biforme no mínimo, poliforme em boa parte.
Como economia de subsisteêcia, baseada numa quase sempre deficiente exploração agro-pecuária, se terá de classificar a que secularmente se viveu no concelho.
Dos cereais panificáveis só o centeio, semeado por todas as freguesias, em regime de folhas, é que se produzia de modo a cobrir as necessidades locais.
O trigo, afora os barros do Soito, resumia-se a pequenas belgas, que apenas davam para uma pastelaria, singelamente pobre.
A cevada, a aveia, o milho, cultivavam-se sobretudo como forraginosas, poucas dando grão.
Não se usava pão de milho.
O grosso mal chegava para as sementeiras, revertendo o sobrante para as papas, gordas ou doces,consoante a maré.
E o miúdo, por aqui chamado painço, ia para o bico dos pintainhos, amorosamente chocados e desemburrado
A grande cultura era a da batata que cobria todo o agros que dispusesse de alguma àgua para rega e até o sequeiro cuja humidade desse algumas garantias.
Entremeando, espetavam-se feijões que generosamente — muito mais que o cem por um dos evangelhos — pagavam o desvelo.
E nos tornadoiros, cresciam alfaces e beterrabas porqueiras ou agigantavam-se abóboras.
Mas eram as batatas e feijões que asseguram a entrada no orçamento familiar de alguma moeda corrente.
O regadio, para além de cobrir as necessidades de hortícolas, contribuía para o passadio dos gados com carradas de nabos e muitos feixes de ferrã.
O mato, para além de prover o forno e o lar, contribuía pelas ramadas verdes para alimentação de cabras e ovelhas e pela folhagem seca — caruma e ramalhos — para camas e esterqueiras, no que também ajudavam muito os giestais.
Os proprietários de mais geiras podiam ainda extrair mais proventos pela venda de madeira — freixo, carvalho e pinho, sendo de acrescentar que o último, pela sangria de resinagem alguma coisa rendia e mais renderia, se não fora a cupidez das empresas e a manigãncia dos operadores locais.
Algumas manchas florestais da azinheira, por aqui chamada carrasco, permitiam, quando de maior extensão, o porco de montado.
Aliás, mesmo isolada, apanhava-se-lhe a lande bolota ou boletra, dizíamos, para a engorda, no que competia com o roble, segundo o Cancioneiro, árvore de excelência.
Pois,
Não há pau como carvalho
Que dá num ano quatro frutas
Dá a bogalha, o bogalho
Bolotas e maças-cucas
Mas isto, observam os de idade e saber, são tretas, que árvore a sério é o castanheiro.
Para além dos muitos contos de reis vindos para o concelho pela castanha vendida para fora, foi ela que evitou a fome e varreu a tuberculose.
Crua, cozida, em caldo.
Transformada em pão…
E também contribuía para a lírica, até mordaz:
Menina, já que as castanhas
Lhe são tão apreciadas
Por artes ou artimanhas
Vou-lhe dar duas piladas
E se achar poucas as duas
Eu juro por minha fé
Dar-lhe não apenas duas
Mas três, quatro ou mais até…
«O concelho», história e etnografia das terras sabugalenses, por Manuel Leal Freire
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Inicia-se hoje a edição de mais uma coluna assinada pelo escritor raiano Manuel Leal Freire no Capeia Arraiana, designada «O concelho», na qual abordará temas históricos e etnográficos do concelho do Sabugal. Esta rubrica terá edição quinzenal, alternando com a crónica «Terras do Jarmelo» de Fernando Capelo.
Com esta nova crónica, Manuel Leal Freire passa a assinar quatro colunas no «blogue de todos os sabugalenses», a saber: «Poetando» (ao domingo), «O concelho» (à quarta-feira), «Caso da Semana» (à quinta-feira) e «Politique d’Abord – Reflexões de um politólogo (ao sábado).
plb e jcl
Maria Virgínia Antão Pêga Magro elaborou e apresentou na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a tese de mestrado em Arqueologia, intitulada «Vilar Maior – Evolução de um castelo e povoado raiano de Riba-Côa (séc. XI a XV)».
A dissertação apresenta a antiga vila de Riba Côa, enaltecendo os vestígios arqueológicos medievais e a arquitectura castrense que a mesma guarda, focando-se ainda no desenvolvimento urbano do povoado ao longo do período compreendido entre os séculos XI e XV.
A autora estudou os testemunhos materiais e bibliográficos disponíveis, o que lhe permitiu compreender a importância de Vilar Maior no contexto da reconquista cristã, no período que antecedeu a anexação de Riba Côa ao reino de Portugal, conseguida pelo rei D. Dinis através da invasão deste território e a consequente assinatura do Tratado de Alcanizes em 1297, com o rei de Leão.
Maria Virgínia Antão Pêga Magro começa por caracterizar geográfica e historicamente o território fronteiriço de Riba Côa, onde a vila de Vilar Maior se insere, falando depois dos antecedentes da ocupação medieval, da própria época medieva, da ocupação leonesa e da invasão dionisina e do consequente tratado que tornou portuguesa aquela língua de terra.
A tese fala ainda da importância do castelo de Vilar Maior do ponto de vista militar, aborda a reforma de D. Dinis consequente à ocupação e à outorga de novo foral, assim como as reformas que se lhe seguiram, já enquanto vila acastelada da fronteira portuguesa.
Para além da caracterização património histórico, o trabalho aborda o poder das instituições sedeadas em Vilar Maior, enquanto cabeça de concelho, analisando ainda a evolução da vila ao longo do tempo.
Interessante é a firme oposição da autora à tese do ermamento (despovoamento), defendida por muitos autores em relação a Riba Côa no que toca ao período que antecedeu a reconquista cristã. Embora sendo território de disputa contínua durante um longo período, tal não significou, na opinião da autora, que tenha sido totalmente abandonada pelos povos que a habitavam.
Ao longo do trabalho a autora apresenta sobretudo um estudo arqueológico acerca da evolução de Vilar Maior e do território envolvente, centrado no período histórico em que houve uma vincada actividade militar, cujos avanços e recuos provocaram uma grande instabilidade no poder administrativo de controlo desta zona fronteiriça em permanente disputa.
O trabalho cita o blogue Capeia Arraiana, nomeadamente o texto publicado pelo nosso colaborador João Valente, acerca da Pia Baptismal de Vilar Maior.
Pode consultar aqui a tese de Maria Virgínia Antão Pêga Magro.
plb
No primeiro fim-de-semana de Maio, dias 4, 5 e 6, vai realizar-se no concelho do Sabugal um encontro de agentes de viagem com o propósito de efectuar um levantamento das potencialidades turísticas da Região Beirã. (ACTUALIZADO)
O Encontro insere-se num Projecto de Desenvolvimento Turístico que visa promover e dar a conhecer as vertentes em que a região se destaca, sejam gastronómica, hoteleira, taurina, religiosa, histórica, paisagística e lúdica, entre outras.
O Encontro de Agentes de Viagem tem o seguinte Programa:
Sexta-Feira, 4 de Maio
21h00 – Chegada ao Sabugal com dormida no RaiHotel
Sábado, 5 de Maio
10h00– Visita guiada ao Museu Municipal e Castelodo Sabugal
11h30 – Porto de Honra na Casa do Castelo
12h30 – Partida para a aldeia do Casteleiro
13h00 – Almoço no Restaurante Gourmet Casa daEsquila.
15h00 – Visita guiada à Quinta dos Termos.
16h00 – Visita guiada a Sortelha. Actuação do Rancho de Folclórico de Sortelha. Lanche no Salão da Junta de Freguesia.
18h00 – Visita guiada à aldeia de Vila do Touro
20h00 – Jantar no restaurante O Pelicano
22h00 – Prova de vinhos Quinta dos Currais naCasa Villar Mayor. Prova de vinhos Gravato e Adega Cooperativa de CasteloRodrigo com Sessão de Fados de Coimbra.
24h00 – Chegada ao Sabugal com dormida no Hospedaria Robalo
Domingo, 6 de Maio
10h00 – Visita guiada às Termas do Cró.
11h00 – Visita às Casas Carya Tallaya.
12h30 – Visita ao Centro Histórico de Alfaiatescom passagem pelo Santuário de Sacaparte.
13h00 – Chegada Nascente do Côa.
13h30 – Porto de Honra noCentro Cívico de Fóios.
14h00 – Almoço no Restaurante Trutalcôa/Viveirodas Trutas.
A iniciativa está a ser organizada por pessoas interessadas em que o concelho do Sabugal progrida aproveitando o filão turístico.
Estão a prestar apoio a Câmara Municipal do Sabugal, Empresa Municipal Sabugal+, Juntas de Freguesia do Concelho, Casa de Turismo Rural de Villar Maior, Palheiros do Castelo, Casa Carya Tallaya, Casa da Villa-Turismo de Habitação/Sabugal, Vinhos Quinta dos Termos, Vinhos Gravato, Adega Cooperativa de Castelo Rodrigo, Caixa de Crédito Agrícola, Caixa Geral deDepósitos.
plb
A Câmara Municipal aprovou o plano anual de mercados e feiras a decorrer no concelho do Sabugal durante o presente ano de 2012. Muitas terras de pequena dimensão, em termos de moradores permanentes, conseguem manter o seu mercado mensal e a sua feira de ano, demonstrando por essa via a sua vitalidade.
Feiras (chamadas feiras de ano), por terem data de realização todos os anos e não mensalmente, como sucede com os mercados:
Badamalos: 24 de Agosto.
Casteleiro: 10 de Fevereiro, 10 de Maio e 10 de Novembro.
Quadrazais: segundo domingo de Agosto.
Rebolosa: 25 de Novembro.
Ruivós: segundo fim-de-semana de Março.
Ruvina: segunda-feira de Pascoela.
Sabugal: 29 de Junho.
Santo Estêvão: 15 de Março e 25 de Setembro.
Soito: primeiro domingo de Agosto.
Vilar Maior: 17 de Agosto.
Mercados, de realização mensal:
Aldeia do Bispo: primeira terça-feira.
Aldeia da Ponte: primeira segunda-feira.
Alfaiates: segunda quinta-feira.
Bendada: dia 12 de cada mês e às quartas-feiras entre os dias 22 e 29.
Bismula: último dia do mês.
Casteleiro: dia 10 de cada mês.
Fóios: último sábado.
Pousafoles do Bispo: segundo domingo.
Sabugal: primeira quinta-feira e terceira terça-feira.
Santo Estêvão: última quinta-feira.
Soito: quarta terça-feira.
Vale de Espinho: segundo sábado.
Vila do Touro: terceira quinta-feira
Os mercados e as feiras são sinais de vitalidade para a sede de concelho e para as freguesias que ainda os conseguem manter. Para além disso são geralmente de grande utilidade para as pessoas, que assim têm à porta um conjunto de bens essenciais que doutra forma teriam que ir comprar longe.
plb
«Raia Morena» é o livro de poemas de João Valente, que foi apresentado no Sabugal no dia 17 de Fevereiro, no restaurante Robalo.
A apresentação do livro coube ao escritor valdespinhense Joaquim Tenreira Martins, a que se seguiu a leitura de algumas das poesias que compõem a obra. O livro é editado pela Orfeu, editora sedeada em Bruxelas, cujo proprietário, Joaquim Pinto da Silva, também marcou presente no lançamento de mais uma obra daquela editora no Sabugal.
João Valente nasceu em Coimbra, mas as suas raízes estão no concelho do Sabugal, mais propriamente na Ruvina e em Vilar Maior. Estudou Filosofia e Teologia no seminário da Guarda e no Instituto Superior de Teologia de Évora. Licenciou-se em Direito pela Universidade Católica de Lisboa e fez uma pós-graduação em Assessoria Empresarial pelo ISLA de Leiria, cidade onde reside e exerce advocacia.
O conjunto de poemas que compõem o livro está enquadrado em diferentes temáticas: Paisagem, Infância, Amores, Gente, Quotidiano e Adeus.
João Valente é colaborador regular do blogue Capeia Arraiana, onde mantém a rubrica «Arroz com Todos».
plb
Como todo o objecto ritual, a pia baptismal encerra um simolismo geral, concretizado e completado pelo sentido particular atribuído à sua forma.

A teologia da salvação insere-se pois num simbolismo que recorda a regeneração periódica do tempo e do mundo pela repetição dos arquétipos: «Cada novo ano retoma o tempo no seu início, repete a cosmogonia.» (M. Elíade) assim como o baptismo repete o baptismo de Cristo no Jordão e o ensinamento do primeiro capítulo do Génese de que Spiritus dei ferebetur super aquas.
Como as águas têm o poder de regenerar a vida porque nelas se banhou o deus solar, também as águas do baptismo têm o poder de regenerar os homens, porque foram tornadas fecundas pela união misteriosa entre Cristo e a sua Igreja, aquele como esposo, esta como noiva: «Hoje a Igreja uniu-se ao seu Esposo celeste, porque no Jordão, Cristo a purificou das suas faltas.» (antifona de Benedictus).
O elemento aquático está ligado ao feminino, tal como vimos, o solar ao masculino. A água é a Mãe-Terra geradora (mulher divina) ou a Serpente das águas.
A relação que se estabelece entre estes dois elementos – Masculino/Sol e Mãe/Água –, de fundo cosmológico, tem correspondência nos símbolos, onde vamos buscar os princípios necessários para os compreender, porque fazem parte do pathos, que o cristianismo recolheu da herança tradicional e do judaísmo primitivo.
Primeiro, porque o cristianismo não é o judaísmo tradicional, mas sim o profetismo e correntes semelhantes, em que predominam noções de pecado e de expiação, que se exprime na espiritualidade saturada de pathos, em que o Deus Senhor dos exércitos do judaísmo, se transforma no Messias do cristianismo como filho do homem que vai servir de vítima expiatória, persseguido, esperança e salvação dos pecadores. Foi esta concepção de Cristo como rompendo com a lei e ortodoxia judaica, que levou o cristianismo a retomar no estado puro muitos dos temas típicos da alma semita, que depois com o paulismo forma universalizados, independentemente das suas origens.
Porque o cristianismo primitivo era puramente espiritual e místico, não possuía simbolos cosmológicos. Na sua expansão encontrou as tradições das religiões antigas que utilizavam essa linguagem cósmica e, em grande parte, solar, e aceitou-as de forma a mais facilmente se universalizar.
Assim, doutrinalmente o cristianismo apresentou-se como uma forma de Dionismo, porque se formou essencialmente com vista a adaptar-se a um tipo humano de alma agitada, dilacerado, cedentrado na parte irracional do ser, pondo o ênfase na fé da salvação, retomando o tema plásgico-dionisiano dos deuses sacrificados que morrem e renascem à sombra das Grandes Mães.
Não é por acaso que a salvação no cristianismo se inicia por meio de uma mulher anunciada desde as origens e natural seja que o simbolo que a própria Igreja adoptou, fosse o da Mãe (Madre Igreja).
O orfismo favoreceu também a a aceitação do cristianismo no mundo antigo, como profanação da doutrina iniciática dos Mistérios e de outros cultos da decadência mediterrânica, em que existiam mitos de «salvação».
E destes mistérios, espécie de revelação primitiva, de simbolismo tradicional, o princípio sobrenatural foi concebido como «macho» e «fêmea», natureza e devir. No helenismo é masculino o «um» , o «que é em si mesmo», completo e suficiente; é feminina a díada, princípio diferente, o «outro» e portanto o desejo de movimento. No Induísmo, é masculino o espírito impassível – purusha- e feminina a prakti, matriz activa de toda a forma condicionada. Na tradição extremo-oriental este dualismo exprime-se por conceitos equivalentes, em que Yang – o princípio masculino – se encontra associado á virtude do céu e o Yin, princípio feminino, à terra.
É possível a partir daqui estabelecer, por analogia, uma relação inesgotável de oposições: Sol / Dia / Luz / Céu / Fecundação / Engendrar / Masculino / Imóvel / Espírito. Àgua / Noite / Trevas / Terra / Gestação / Conceber / Feminino / Móvel / Matéria.
Estes princípios, sendo opostos, superam-se, quando o princípio feminino, cuja natureza consiste em estar em relação com o outro, se orienta para a firmeza masculina. Esta sintese atinge-se quando o elemento feminino se «converte» ao masculino, que o leva a existir para o princípio oposto. Então, em termos metafísicos, a mulher torna-se «esposa», potência «geradora», que recebe do macho imóvel o primeiro princípio do movimento e forma, conforme também se encontra, de certa forma, no aristotelismo e no neoplatonismo.
E como o cristianismo teve, em particular, de assumir desde inicio a herança das confrarias artesanais, sobertudo dos contrutores, que utilizavam também nos seus trabalhos um simbolismo cosmológico, ligado às antigas religiões, não surpreende encontrarmos temas desse simbolismo também misturados na arte sagrada.
É por isso que esta simbologia ficou gravada também nos restantes simbolos da pia baptismal de Vilar Maior. O elemento Solar já o expliquei em anterior post, nos círculos concêntricos da base. O elemento Feminino e a água nas figuras femininas estilizadas junto ao rebordo, e na corda /serpente que divide dos círculos.
Estes elementos femininos representam a Mãe Virginal de todas as coisas que carrega o ceptro da fecundidade universal e relaciona-se à Vénus–Urânica e à Ishtar babilónica, considerada como a geradora das formas ideais ou os arquétipos a partir dos quais tudo se cria. O seu domínio é o oceano luminoso no qual se reflece o pensamento do criador, cujas ondas correspondem às Àguas do Génese, separadas pelo firmamento das àguas inferiores.
A própria cruz que também se encontra na pia baptismal é um simbolo desta união geradora. O traço horizontal – (sinal de subtração aritemética) é passivo, como a mulher que dorme e descansa no solo, o sentido da amplitude da extensão do mistério ao nível do nosso mundo. O traço vertical I é activo, como o homem de pé, desperto, consciente, o sentido da exaltação, da ascenção aos estadios superiores do Ser, ao céu. A actividade que atravessa a passividade, sugere uma ideia de fecundação, e filosoficamente a cruz diz respeito à união sexual de Deus unindo-se à natureza para engendrar o que é.
Como disse Monsenhor Landriot: «O simbolismo é uma ciência admirável que lança uma luz maravilhosa sobre os conhecimentos de Deus e do mundo criado, sobre as relações do criador com a sua obra, … a chave da alta teologia, da mística, da filosofia, da poesia e da estética e ciência das harmonias entre as diferentes partes do universo e que constituem um todo maravilhoso de que cada fragmento pressupõe o outro e reciprocamente, um centro de claridade, um foco de doutrina luminosa.»
De facto, os simbolos teológicos, apenas são compreensíveis, na maioria dos casos em referência a símbolos cosmológicos que lhes estão subjacentes e servem de suporte. E a arte, pela figuração, como a da pia baptismal de Vilar Maior, ajuda a explicar estes simbolos cosmológicos.
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
A arqueóloga Maria João Santos visitou Vilar Maior com o intuito de verificar no local uma referência constante num artigo da revista Sabucale e deparou-se com o que parece ser uma nova descoberta. Numa laje junto à entrada do castelo pode ser visto, gravado na pedra, um jogo que se denomina «Alquerque de Nove» que remonta à época medieval desta vila do concelho do Sabugal.
Junta-se o texto que a arqueóloga Maria João Santos teve a gentileza de elaborar sobre o assunto para o Capeia Arraiana, com o intuito de assim contribuir para dar a conhecer mais este achado arqueológico que, obviamente, vem acrescentar valor histórico à localidade. Pretende-se também alertar para a necessidade de proteger, não só esta gravura, mas todos os achados arqueológicos recentemente postos a descoberto pelos trabalhos realizados, de forma a permitir a sua preservação como objecto de estudo e testemunho de interesse histórico para Vilar Maior e para o Concelho do Sabugal.
Kim Tomé
O Alquerque de Nove de Vilar Maior: apontamento de uma vivência medieval
As recentes escavações realizadas junto ao Castelo de Vilar Maior, cujos resultados aguardamos que sejam publicados em breve pelo importante conjunto de novos dados que certamente proporcionarão, colocaram a descoberto, junto à entrada da porta principal da fortificação, um motivo quadrangular gravado no próprio afloramento granítico, que cremos interessante dar a conhecer, ao constituir mais um pequeno vislumbre da vivência passada deste sítio que importa preservar.
A breve visita que empreendemos, guiada pela Professora Delfina de Vilar Maior, foi motivada pelo interesse que suscitaram as gravuras rupestres recentemente publicadas por Osório e Pernadas (2011: 35-34) no último número da revista Sabucale. Ao determo-nos na observação das sondagens abertas pelos recentes trabalhos arqueológicos no local, foi possível identificar este outro motivo (fig. 1 e 2), gravado no afloramento granítico junto à Porta do castelo e relacionado com a vivência medieval desta fortificação.
Trata-se de um jogo, designado como «alquerque de nove». Derivado do árabe, «pedra pequena», o alquerque, diz respeito a uma família de jogos, diferentes entre si, mas que têm em comum a utilização, como fichas, de pequenas pedras ou inclusivamente fragmentos de cerâmica afeiçoados, que os jogadores movem ao longo das linhas marcadas.
O alquerque de nove, em concreto, remonta a sua origem à Antiguidade, sendo um dos passatempos favoritos dos soldados romanos, o ludus latrunculi, o que irá favorecer muitíssimo a sua difusão por todo o território europeu. Este tipo de jogos parece adquirir, porém, ainda mais popularidade durante a Idade Média (fig. 3), sendo gravados em praticamente todos os lugares onde o ócio o permitia.
Trata-se de um jogo de estratégia, ainda hoje com muitos adeptos e que encontramos mesmo em várias versões digitais on-line, sendo, por exemplo, conhecido em Espanha, Itália e Alemanha, como «jogo do moinho», em França por «marelles de neuf» e em Inglaterra, como «nine men’s morris». Cada jogador dispõe de nove peças e em cada jogada, coloca uma delas em qualquer ponto de intersecção vazio, com o objectivo de conseguir colocar três das suas peças em linha, ao mesmo tempo que deve evitar que o adversário consiga fazer o mesmo. Quando um jogador coloca três peças em linha, faz um «moinho» e adquire o direito de retirar uma peça ao adversário, impedindo-o assim de fazer a sua própria linha. Quando um jogador reduz o adversário a duas peças e consegue bloqueá-lo, ganha o jogo.
São numerosos os exemplos, semelhantes aos de Vilar Maior, gravados tanto em castelos e fortalezas medievais – como o Castelo de Mogueira, em Resende, onde se reconhecem inclusivamente dois conjuntos de covinhas, respectivamente de sete e de nove, seguramente destinadas à colocação das fichas de jogo (fig. 4) (Correia Santos, in prensa) o Monte Lobería, em Vilanova de Arousa, Pontevedra ou o Castelo da Raiña Loba, em Santiago de Covas, Ourense (fig. 5) –, como em edifícios religiosos, geralmente situados nas bancadas adossadas aos muros laterais, mais afastados do altar (Costas Goberna & Hidalgo Cuñarro, 1997: 32-37), aparentemente como forma de entretenimento enquanto se esperava o início da missa (fig. 6). Um dos exemplos mais paradigmáticos em território português será o claustro da igreja de Santa Maria de Oliveira de Guimarães, actualmente convertida no
Museu Nacional Alberto Sampaio, com um total de 15 tabuleiros gravados.
Pelo que foi permitido observar poderemos acreditar que as escavações realizadas em Vilar Maior poderão trazer ao nosso conhecimento outros vestígios de importância relevante, sendo de todo o interesse cientifico, cultural e concelhio, dar a conhecer à comunidade, preservar e acautelar as descobertas que venham a ocorrer.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Correia Santos, in prensa:
Correia Santos, M. J. (in prensa) “ La arqueología, lo real y el imaginário: el caso del santuario rupestre de Mogueira”, Madrider Mitteilungen, 52
Costas Goberna, Hidalgo Cuñarro, 1997:
Costas Goberna, F. J., Hidalgo Cuñarro, J. M. (1997) Los juegos de tablero en Galicia. Aproximación a los juegos sobre tableros en piedra desde la antigüedad clásica hasta el medievo, Artes Gráficas Vicus, S.L. Vigo
Fernández Ibáñez, Seara Carballo, 1997:
Fernández Ibáñez, C., Seara Carballo, A. (1997) “Un “tablero de juego de época medieval grabado en “O Castelo da Raiña Loba” (Ourense)”, Castrelos, Museo Municipal “Quiñones de León” de Vigo, tomo 9-10 (1996-97), pp. 149-160
García Morengos, 1977:
García Morengos, P. (1977) Libro de ajedrex, dados y tablas de Alfonso X el Sabio, Publicaciones de Patrimonio Nacional, Madrid
Osório, Pernadas, 2011: http://coimbra.academia.edu/MarcosOsorio/Papers/1100543/Gravura_rupestre_em_rochedo_defronte_do_castelo_de_Vilar_Maior._Sabucale._3._Sabugal._2011_p._25-34
Maria João Correia Santos (Instituto Arqueológico Alemão)
Como todo o objecto ritual, a pia baptismal encerra um simolismo geral, concretizado e completado pelo sentido particular atribuído à sua forma.

A pedra em que é feita simboliza a perenidade, a àgua a regeneração. A pia sendo constituída por uma bacia de água redonda, oval ou octogonal, ou por uma concha, representa o oceano primordial, as àguas da Génese, em que o espírito de Deus pairava para obter a criação. È em função a essas águas, que a pia baptismal possui o poder de operar a regeneração, uma recriação.
Oval, como o ovo cósmico, resumo da criação total que se repete analogicamente no nascimento e renascimento de cada indivíduo, imagem da renovação perpétua da vida; Octogonal, porque oito é um número sagrado do cristianismo (oito beatitudes que definem o reino dos céus, o número do oitavo céu – o empíreo -, a oitava cor – branco, a veste dos neófitos -, oito é numero de pontas da Stela Maris, sinal do espírito sobre as águas), concha, porque lembra a matriz universal, que é o continente das àguas originais e dos germes dos seres; evoca o o abismo obscuro da energia criadora, emblema do segundo nascimento; oval, como uma pérola tida como produzida pelo relâmpago penetrando a ostra, fruto da união da água e Fogo, evocando a concha o baptismo na água e a pérola o baptismo no fogo, o nascimento de cristo na alma pelo baptismo do fogo.
O símbolo Solar de Cristo e o simbolismo aquático da pia de baptismo estão relacionados:
– São Macário fala da Luz inefável que é o senhor como «pérola celeste» e do baptismo como «o mergulho que extrai a pedra do mar. Mergulhai (pelo baptismo) extraí da água a pureza que se encontra nela como a péroloa da qual saíu a coroa da Divindade». Dionísio, o Areopagita com o baptismo a «matriz da geração» e a fonte da vida que nos alimenta espiritualmente. Esta fons vitae, e a que britava no meio do Éden, do templo de Jerusalém, nas visões de Ezequiel (13.1) e de Zacarias (13.1) e que foi vista surgir do corpo divino, no gólgota (sô João, 19, 34), essa fonte de àgua e sangue – de fogo- que dá vida eterna e fonte espiritual para o mundo: «Quem tem sede, que venha a mim e beba, e do seu seio brotarão rios de àgua viva» (S. João, 7, 37-38);
– O Baptismo é um rito de regeneração, de recriação espiritual, faz o neófito participar na morte e ressureição de Cristo e na Igreja Universal: «Sepultados com Cristo no baptismo, no baptismo ressuscitastes com Ele pela fé na potência de Deus que o ressuscitou dos mortos» (col.2.12).
O gesto central neste ritual é a emersão na água, que simboliza, como já referimos numa primeira parte deste estudo, a entrada no túmulo, a morte de homem velho; e imersão da àgua que simboliza a ressureição o nascimento do homem novo. O homem pecador é simbólicamente destruído restituído ao estado informe do caos e renasce um homem novo por acção da luz primoridial, correspondendo ao fiat lux da criação original, numa alusão ao Espírito de Deus cobrindo as àguas primordiais e ao dilúvio, imagem de regeneração.
Esta ligação da simbologia solar à aquática estava mais patente na cerimónia perliminar do ritual antigo do baptismo, que já despareceu no ociedente, quando o recipiendário abjurava satanás de mãos estendidas para ociedente, império das trevas, onde se punha o Sol, e consagrava-se de mãos esendidas para oriente, ponto onde renasce Cristo, o Sol.
O banho baptismal é simultaneamente um banho aquático e solar, em que o neófito é baptizado na água e no fogo, sai da água «filho da luz» (Epif.5,8), como quando o sol renasce sobre as águas do mar e que São Gregório Nazanieno referia ao dizer que as águas iluminadas pelo Sol renascente regeneram os novos baptizados que «foram encontrados pelo raio do Sol da única Divindade».
Esta simbologia solar e aquática do baptismo como nascimento espiritual, traduzia-se também nos ritos orientais da epifania cristã, perdidos na a liturgia ocidental, que também era uma festividade do fogo e das águas, em que se realizava uma procissão com archotes, a benção das águas e das fontes, banho comum dos crentes nos rios e fontes santificados, infusão na água de um carvão incandescente, incensamento da água, crisma sagrado, colocação na água de uma cabaça com cinco velas acesas, e regresso à igreja onde se benzia a água baptismal.
A própria benção das águas no rito maronita interpreta o baptismo de Jesus no Jordão também como simbologia solar e aquática: «Naquela noite, o rio Jordão tornou-se ardente de calor, quando desceu a chama (Jesus) para se lavar nas suas ondas. Naquela noite, o rio pôs-se a fervilhar e as suas àguas entrechocaram-se, para serem abençoadas pelos passos do Altíssimo, que vinha ao Baptismo…»
Esta associação da água e do fogo, assemelha-se à doutrina romana do Sol Invictus, e convém lembrar, já vem do oriente não-cristão, em que o solestício de inverno, em que se inicia o renascimento da natureza, era festejado com celebrações epeciais. No Egipto celebravam-se as festividade de Osiris, em que se chorava a morte de Osiris-Sol morrendo no solstício e depois renascia como Harpócrates, Sol-Nascente. Por essa ocasião havia uma procissão com archotes e a água do Nilo transformava-se em vinho e que também é a origem da «festividade da imersão» dos coptas actuais.
Esta religião solar dos antigos, ensinava que o fogo, princípio derivado do Sol, para produzir renovação, a vegetação e a vida universal, se unia à Terra, mas também em primeiro lugar à Água. Nessa fase, o deus solar deve entrar em luta contra o poder das trevas, o qual assume a forma de um dragão que se oculta nas águas; O banho do deus solar destrói o dragão, princípio da morte, e unindo-se às àguas, fecunda-as e permite assim a renovação. Esquema este que já se encontrava na Babilónia, onde Marduque, montado no carro solar, derrota Tiamate, e na India, onde Indra derruba a serpente Vruta que conserva as águas prisioneiras, e na Grécia, onde Apolo vence a grande serpente Pitan e que por intermédio hebraico da luta do Senhor Deus contra o monstro Rahab, chega ao cristianismo: «Naquele momento, com a sua pesada e forte espada, o senhor vingar-se-á da idra, sepente fugidía da idra, serpente Sinuosa, e matará o dragão que está no mar.» (Isaías 27, 1).
A benção das águas no rito arménio também faz alusão a esta luta: «Chegado à margem do Jordão, Teu filho viu o Dragão oculto na água, abrindo as goelas impaciente, para tragar o género humano. Mas o teu filho único, pelo seu grande poder, pisou as àguas sob os seus pés e castigou duramente a fera vigorosa em conformidade com a predição do profeta: Esmagaste sob as águas a cabeça do dragão.»
Existe portanto um paralelismo entre a renovação cósmica da natureza pelo Sol visível, que fecunda as águas e a renovação do homem pela encarnação do verbo, Sol intelegível, que nos deu o baptismo, sinal de regeneração.
(Continua.)
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
O terceiro número da revista Sabucale, editada pelo Museu do Sabugal, revela que nos últimos anos foram encontradas gravuras rupestres de carácter geométrico e esquemático no concelho do Sabugal, na bacia superior do rio Côa, portanto muito a montante do Parque Arqueológico do Vale do Côa.
O arqueólogo da Câmara Municipal do Sabugal, Marcos Osório, disse à Lusa que entre 2004 e 2010, foram localizados quatro painéis de gravuras em três locais distintos do concelho onde nasce o Côa, que são agora divulgados na revista «Sabucale», editada pelo Museu do Sabugal.
«As gravuras do Côa vão desde o período do Paleolítico até a épocas históricas mais recentes, e estas estão apenas circunscritas a uma cronologia restrita, em torno da Idade do Bronze Médio ou do Bronze Final, no II milénio antes de Cristo», revelou o arqueólogo à Lusa.
«As representações não são figurativas, com animais, como as mais famosas e antigas do Parque Arqueológico do Vale do Côa, mas são de carácter geométrico e esquemático: espirais, meandros, círculos, reticulados», explicou ainda.
O responsável considera que os achados são importantes para o concelho e para a região, pois não se conheciam representações de arte rupestre dentro dos limites do município, que fica a 65 quilómetros do sítio da Faia (Cidadelhe, Pinhel), «onde se encontra o núcleo meridional das gravuras do Vale do Côa».
Dois dos achados foram localizados em Vilar Maior, um na Bendada e outro em Pousafoles do Bispo.
O novo número (o terceiro) da revista Sabucale, é em grande parte dedicada à arte rupestre descoberta no concelho, contendo ainda artigos referentes ao bicentenário da Batalha do Sabugal, e o centenário da implantação da República. Na vertente etnográfica é publicado o texto da «oração de sapiência» proferida no II Capítulo da Confraria do Bucho Raiano, da autoria de João Luís Inês Vaz, além de um outro artigo acerca das alminhas.
plb
No início do século XVI, o rei D. Manuel I incumbiu o fidalgo Duarte de Armas, talentoso escudeiro da casa real, de viajar pelo reino com o fim de vistoriar e desenhar as fortalezas e as cidades de fronteira que havia em Portugal.
Recebida a ordem do rei, Duarte de Armas partiu a cavalo, acompanhado de um criado. Corria o ano de 1509 e a rota das fortalezas ter-se-á iniciado em Castro Marim, no Algarve, seguindo depois para norte pelas demais vilas fronteiriças acasteladas, até concluir o trabalho em Caminha, no Minho. Chegando aos locais aí se instalava para observar e desenhar esboços (debuxos), que depois aperfeiçoou, contendo pelo menos duas vistas panorâmicas de cada povoação e as plantas das respectivas fortalezas.
Finda a longa viagem, Duarte de Armas regressou ao paço real, onde procedeu à elaboração dos desenhos finais, que seriam depois compilados em dois volumes.
Um deles, designado por Códice B, foi constituído por folhas em papel de linho, apresentando 110 plantas panorâmicas (plantaformas), com as dimensões de 296 x 404 mm, representando 55 povoações raianas, com duas perspectivas de cada uma delas. Aos desenhos foram acrescentadas notas explicativas.
O outro volume, o Códice A, foi constituído por grandes folhas de pergaminho com vistas panorâmicas das fortalezas, com as dimensões de 350 x 490mm. Neste códice estão compreendidas duas vilas não-fronteiriças: Barcelos e Sintra. Aqui o trabalho é mais apurado e completo, contendo detalhes como o arvoredo e as culturas agrícolas, a cobertura das habitações, o pormenor dos muros e muralhas circundantes, e até os aros de portas e janelas e cenas do quotidiano.
São estas as povoações, de sul a norte do reino, cujos desenhos o livro contém: Castro Marim, Alcoutim, Mértola, Serpa, Moura, Noudar, Mourão, Monsaraz, Terena, Alandroal, Juromenha, Olivença, Elvas, Campo Maior, Ouguela, Arronches, Monforte, Assumar, Alegrete, Portalegre, Alpalhão, Castelo de Vide, Marvão, Nisa, Montalvão, Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Segura, Salvaterra, Penha Garcia, Monsanto, Penamacor, Sabugal, Vilar Maior, Castelo Mendo, Castelo Bom, Almeida, Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro, Penas Roias, Miranda do Douro, Vimioso, Outeiro, Bragança, Vinhais, Monforte do Rio Livre, Chaves, Montalegre, Portelo, Piconha, Castro Laboreiro, Melgaço, Monção, Lapela, Valença do Minho, Vila Nova de Cerveira, Caminha. A estes juntam-se ainda, como atrás se disse, Barcelos e Sintra.
Em 1990 o livro foi republicado, em edição fac-similada, pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo e Edições Inapa (com 2ª edição em 1997), contendo uma esclarecedora introdução de Manuel da Silva Castelo Branco, que delineou os pormenores da viagem de Duarte de Armas no cumprimento da missão que o rei lhe impôs.
Segundo Manuel da Silva Castelo Branco, Duarte de Armas propôs-se seguir a seguinte metodologia para recolher dados e elaborar os desenhos: «começaria por percorrer a área correspondente ao castelo, tomando nota das suas particularidades. Depois, procuraria um ponto elevado donde pudesse abarcar o conjunto (o eirado da torre de menagem seria o sítio ideal); daí procederia ao traçado geral das linhas de contorno dos diferentes elementos construtivos (ex.: menagem, cubelo, barreira, cisterna, pátio, apousentamento, etc.); por fim executava as medi¬ções consideradas necessárias, utilizando para isso uma corda e auxiliado pelo seu criado. A corda permitia a avaliação fácil das alturas de torres, cubelos, muros e barreiras, aonde os medidores se deslocavam sempre que possível…»
Em artigo seguinte falaremos sobre os desenhos que Duarte de Armas fez do Sabugal e que fazem parte do Livro das Fortalezas.
Paulo Leitão Batista
Em honra de Teresa Duarte Reis, colaboradora do Capeia Arraiana, poetisa que domina, «em harmónica simbiose as técnicas da versificação», recebemos, em forma de «comentário», este belo texto de Manuel Leal Freire, a que decidimos dar o devido e merecido relevo.
Como antigo professor da Escola do Magistério Primário de Castelo Branco – possivelmente o único superstite do tempo em que se tratava de um estabelecimento de cariz privado da propriedade e direcção do Doutor João Folgado Frade Correia, insigne pedagogo e inspirado poeta, vibro ab imo corde com os êxitos dos alunos que saídos da famosa NORMAL espalharam e continuam a espalhar claridade e iluminar cérebros por todo esse vasto mundo onde se fixaram comunidades de raiz lusíada.
E pela minha qualidade de reformador dos ensinos da DIDÁCTICA, que abrangia as LÍNGUAS e a HISTORIA, mais e mais fortemente vibro quando vejo uma professora modelada no estabelecimento dominar em harmónica simbiose as técnicas da versificação e a realidade factual, magnificamente cadinhadas por uma sensibilidade verdadeiramente estremecida. Daí a minha homenagem sentidamente vivida…e que testemunho com uma peregrinação pelos lugares sacralizados pelo quotidiano heroísmo dos vergalhudos da Raia
Cinco concelhos inteiros
Cabem no do Sabugal
Cinco castelos roqueiros
Legendas de armorial
As vilas mortas morreram
Mas os torreões resistem
Nunca os heróis se esconderam
Por onde as heras se enristem
Passado com o futuro
Assim se engavinha e enleia
O porvir será venturo
Se o vaticina uma ideia
Além dos cinco concelhos
Ia o concelho plus ultra
Aprende nos livros velhos
Quem livros velhos consulta
O limite natural
Não se queda na barreira
Dava a guarda o Carvalhal
Castelo Mendo a Cerdeira
O Trans, o Riba, o Cis-Coa
Religou-os Alcanizes
Andaram Burgos á toa
Linha em perenes deslises.
Velavam as cinco vilas
Por sobre a velha Castela
Vigias não tranquilas
Acordadas sentinelas
Vilar Maior, Alfaiates,
Sortelha, Vila do Touro
Inspiram hoje outros vates
É outro o tempo vindouro
Não são sedes de concelho
Mas conservam a glória
Que garante o Evangelho
A quem se revê na Historia
Passado rima com luz
Com o futuro se entrosa
É guia que nos conduz
É rima, mote e glosa
Manuel Leal Freire
Em resposta a um pedido formal da Rede de Judiarias de Portugal, o executivo da Câmara Municipal do Sabugal, reunido em 25 de Maio, decidiu por unanimidade aderir a essa associação, atendendo ao património histórico do concelho.
Jorge Patrão, presidente do Turismo Serra da Estrela e secretário-geral da Rede de Judiarias, tem visitado o Sabugal e estabelecido contactos com o presidente da Câmara, António Robalo, concluindo que o centro urbano tem importância histórica verificada na presença de vestígios sefardiastas. Por essa razão dirigiu uma carta ao Município sabugalense convidando-o a solicitar a adesão à associação que reúne algumas das cidades e vilas de Portugal que contêm património histórico ligado à presença dos judeus.
Nessa sequência o Gabinete de Arqueologia da Câmara elaborou um mapa com o levantamento das «marcas cruciformes cristãs» e «armários» que estão referenciados nos centros históricos do Sabugal, Vilar Maior e Vila do Touro.
Segundo a informação do Gabinete de Arqueologia, existem dois «armários» no centro histórico do Sabugal e um no centro histórico de Vilar Maior. No que toca a «marcas cruciformes» cada centro histórico (do Sabugal, Vilar Maior e Vila do Touro) possui cerca de duas dezenas desses vestígios. Na conformidade com a efectiva existência de marcas históricas da presença da cultura judaica no concelho, a Câmara decidiu que vai solicitar a adesão à Rede de Judiarias de Portugal.
A Rede de Judiarias tem sede em Belmonte e tem como grande objectivo defender o património judaico urbanístico e arquitectónico que existe em Portugal. A associação, que junta diversas entidades, foi formalmente constituída em 10 de Março de 2011, tendo sido assinada pelos representantes dos municípios de Belmonte, Castelo de Vide, Freixo de Espada à Cinta, Guarda, Lamego, Penamacor e Trancoso, bem como as Entidades Regionais de Turismo de Douro da Serra da Estrela, Lisboa e Vale do Tejo, Oeste, Alentejo e Algarve, assim como a Comunidade Judaica de Belmonte.
plb
Atravessámos o período de silêncio interior da Quaresma e a alegria da Ressurreição. Apreciámos tudo o que cada um oferece, no seu ponto de vista, na avaliação que vai fazendo dos sinais dos tempos que atravessamos. Foi um período de pensamento «interior». Aliás, todo o tempo deve ter esta característica, mas este, de um modo especial, em que cada um de nós deve ser confrontado com questões que nos responsabilizem e nos façam repensar comportamentos e relações com os outros, na sociedade hodierna.

Posto isto e porque me entreguei na defesa de valores de «pedra», considero importante retomar a «Ruta de los Castillos», agora com Vilar Maior, outro guardião do Côa e suas gentes, merecedor dos olhares interessados e atentos de quem descobre e sente o que as pedras falam.
Pilares erguidos ao Céu, em maior ou menor esplendor, em menor altivez ou maior simplicidade, os castelos são marca forte da vida e cultura de épocas remotas, dignos de registo, pelo quanto defendiam e cercavam num abraço – qual mãe extremosa – as regiões, seus habitantes e seus haveres. O respeito que eles inspiram, a grandeza que sugerem, torna-os merecedores de um carinho especial e de uma homenagem calorosa.
VILAR MAIOR
Se é no topo de um outeiro
Que ele nos surge erguido,
Como outro guardião fiel
Que por nós não foi esquecido,
Se nos lembra Fernando Magno
Ou Afonso IX de Leão,
E se já em 1280
Era importante na região,
Mais uma vez Alcanizes
E D. Dinis fazem história
Este rei lhe deu foral
Seu brasão nos faz memória.
(Também com construções sacras
Mostravam os reis, seu poder
Das conquistas ou domínios
Ou para a Deus agradecer).
Se em tempos de D. Manuel
Recebeu um Foral Novo
Sendo uma mais-valia
Que el-rei concedia ao povo,
E se para atrair moradores
Foi também reedificado
E no Livro das Fortalezas
Ali ficou registado,
Se domina a paisagem
Mas bastante arruinado
O queixoso será ele
Por ter sido maltratado.
E louvo quem se dedica*
Em descobrir, investigar
Os marcos de pedras, vivos
A sua região demarcar.
E para que as novas gerações
Conheçam seu passado
Valorizam esta fronteira
Deixando tudo registado.
Na defesa de valores,
O seu fim é «resgatar
Do grande esquecimento»
Quem tanto teve para dar.
(A Vila e o castelo
Incendiados pelas invasões)
É Móvel de Interesse Público
Apesar das provações.
E se seus vestígios, mais abaixo
Nessa «cerca defensiva»
São sinal que defendeu
Suas gentes, sua vida,
Em seus valores adormecidos
Podemos então reforçar
Que Vilar Maior tem também
Um Castelo a homenagear**.
A minha admiração e carinho para Vilar Maior.
* Referência ao projecto AECT-Observatório para a Promoção Cultural do Eixo Duero-Douro, do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Douro-Duero, onde Jose Luis Pascual, alcaide de Trabanca e presidente do agrupamento, explicou que se quer resgatar do esquecimento de uma parte muito rica do património, numa das fronteiras mais antigas da Europa.
** Para a minha homenagem – «Ruta de los Castillos» – sirvo-me das informações e registos da Wikipédia, folhetos das aldeias históricas e desdobráveis e livros gentilmente cedidos pelo Museu Municipal do Sabugal. Aliás, foi através desses documentos que me surgiu a ideia deste trabalho que penso, segundo a opinião de um amigo, levar mais por diante…
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Vilar Maior, antiga vila e cabeça de concelho hoje integrada no Município do Sabugal, vai evocar no dia 5 de Dezembro os 500 anos do foral manuelino, através de uma sessão solene onde o escritor e investigador Mário Simões Dias fará uma intervenção de fundo.
O foral agora evocado foi outorgado pelo Rei D. Manuel em 6 de Junho de 1510, e seguiu-se ao foral mais antigo concedido 214 anos antes, em 1296, pelo rei D. Dinis.
Da Comissão Organizadora da evocação da efeméride fazem parte o Professor Doutor António Rebocho Esperança Pina, o Dr Mário Simões Dias, o Padre Helder Lopes, a Professora Maria Delfina Cruz e o Presidente da Junta António Bárbara Cunha e o Professor Mário Bárbara Marques provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vilar Maior .
A evocação do foral manuelino tem o seguinte programa:
12h: Celebração eucarística na igreja matriz, presidida pelo pároco Pe Helder Lopes, oferecida pelas pessoas ligadas ao concelho de Vilar Maior.
15h: Sessão Solena comemorativa do V Centenário do foral de D. Manuel I, com evocação histórica, política e económica, a cargo do Dr Mário Simões Dias.
plb
As Comunidades da Unidade Pastoral do Planalto do Côa reuniram-se na Ruvina, no Domingo, dia 14 de Novembro, para participarem no magusto inter-paroquial.
Depois de Ruivós (2008) e de Vale das Éguas (2009) terem organizado esta actividade, este ano a Ruvina foi a terra anfitriã do Magusto Inter-Paroquial das Comunidades da Unidade Pastoral do Planalto do Côa.
O Domingo foi preparado com muito cuidado. Ao longo de vários dias muitas pessoas se empenharam nos preparativos para que tudo corresse bem. As previsões atmosféricas ameaçavam estragar os planos, mas até o sol quis participar neste encontro, brindando-nos com a sua presença e alegria ao longo do dia.
Logo cedo, depois das Celebrações Dominicais de cada paróquia, muitos paroquianos das diversas comunidades (Badamalos, Bismula, Rapoula do Côa, Ruivós, Ruvina, Vale das Éguas e Vilar Maior) começaram a chegar ao largo da igreja da Ruvina, uns de transporte próprio, outros nos transportes disponibilizados para o efeito. Às 11.00 horas já a pequena igreja estava repleta. Fizeram-se os ensaios e às 11.30 horas começou o momento mais importante do dia. A Eucaristia foi celebrada com muito encanto. Na assembleia ocuparam lugar de destaque as crianças, adolescentes e jovens das diversas comunidades paroquiais. Os cânticos entoaram-se com beleza. Os altares foram enfeitados com muito esmero. Os acólitos emolduraram o presbitério rodeando o pároco, o Diácono Lucas Fernandes e o jovem André Barros. Rezou-se de forma especial pelos nossos Seminários.
Depois da Celebração Eucarística, passou-se da mesa do altar para a mesa do convívio e da refeição fraterna. No pavilhão das festas, junto ao ringue, foi servido o almoço preparado por um pequeno grupo de pessoas muito diligente. Depois das entradas, foi servida a canja de galinha, carnes assadas acompanhadas de arroz e fruta da época. Dias antes, os paroquianos das diversas paróquias foram convidados a partilhar as sobremesas. As mesas que lhes estavam destinadas rapidamente ficaram repletas de iguarias que saltavam aos olhos e faziam água na boca. Ninguém contou as pessoas presentes, mas os 170 pratos de cerâmica que estavam preparados não chegaram para todos. Foi necessário recorrer a pratos de plástico guardados para as eventualidades. Tudo foi preparado com muita perfeição.
Já com a barriga acomodada foi tempo de desfazer as calorias do almoço. Rapidamente se organizaram os jogos que estavam preparados e muitos se puderam divertir. Houve jogos tradicionais para todos os gostos, idades e feitios, desde os jogos de cartas, aos mini-torneios de «futebol de 5», até aos jogos de cordas. Organizaram-se corridas de sacas, corridas de pares, jogo do balão, jogo do ovo, jogo da maçã, jogo da malha, jogo do prego, jogo da testa entre outros… Foi uma tarde muito bem passada que ajudou pequenos e graúdos a celebrar o Domingo de forma diferente.
Como um dos motivos do encontro era o magusto, o dia não poderia ter terminado sem as castanhas assadas e a jeropiga. Também aqui houve castanhas para todos os gostos, desde as assadas no tradicional monte de caruma, até às assadas em modernos recipientes que permitem um melhor aproveitamento do fruto do castanheiro. Como é natural, alguns chegaram a suas casas irreconhecíveis!
Este dia só foi possível graças à organização feita pela Paróquia da Ruvina com o apoio da Junta de Freguesia local, do Centro Social e Cultural da Ruvina e da Casa de Cristo Rei.
Pe. Hélder Lopes
INTERPRETAÇÃO DO SAGRADO – Na Igreja matriz de Vilar Maior existe uma pia baptismal, oriunda da antiga igreja da Senhora do Castelo, que é intrigante, não só pela forma em caldeirão, como pelos símbolos da sua face exterior, que tem, num friso superior, a repetição de uma figura humana estilizada, e uma corda em todo o seu perímetro, separando do friso inferior, onde estão representados vários círculos concêntricos repetidos.
Porque estava sujeita à morte e no entanto continuava imortal e a sua morte nunca era um fim mas um passo para a regeneração, em todos os rituais, símbolos e mitos a lua e o homem aliaram-se num mesmo destino.
Com efeito, a sedentarização do homem, entre o oitavo e quinto milénio antes de Cristo, mudou profundamente a estrutura social da humanidade e a ligação do homem à terra, de cujo ciclo produtivo dependia a subsistência.
Então, a Mãe-Terra tornou-se a divindade mais importante. E a Grande-Mãe Terra e a lua interligaram-se através da fertilidade das gentes, dos animais e das colheitas porque ambas simbolizavam a regeneração e o ciclo da vida infinitamente renovado.
Por exemplo, na Índia, quando havia inundações, a lua era considerada a manifestação da Grande-Mãe, porque governava as águas, sendo ela que fazia reviver a vegetação, a nova humanidade. Ou seja, a Grande-Mãe passou a identificar-se com a Lua.
Estando inter-ligadas a Grande-Mãe e a Lua, também a representação das duas era a figura feminina, pois a mulher encarna o mistério do nascimento e da renovação do ciclo da vida; ou o chifre de boi, que, pela sua curvatura, lembrava um crescente. O mesmo sucedeu com a sua representação em forma de cobra, que tal como a lua, aparece e desaparece e tem muitos anéis como a lua tem dias, ou por dois olhos, o olho que tudo vê, o olho interior, do espírito), ou ainda por uma série de círculos concêntricos com uma pinta no meio que pode ter representado o seu seio ou o seu ventre.
E na Pia baptismal vemos a referida figura feminina estilizada no friso superior, a serpente (sob a forma de corda), a meio, e os tais círculos concêntricos no friso inferior, tudo numa metafísica lunar, que resumidamente explicámos, e cuja linguagem remete para a mudança marcada pela regeneração, numa contraposição entre a luz e a escuridão, como o renascimento espiritual do neófito, numa passagem das trevas do pecado original para a luz da infinitude Divina infundida pela graça do baptismo.
Que estes sinais constituam uma linguagem com um significado, não é de espantar, porque estão na génese também da escrita primitiva que se baseava em sinais que invocavam ideias, com alguns que se podem ver nas duas estelas do Museu de Vilar Maior (figs. 3 e 4) os quais, lidos em qualquer idioma, tinham o mesmo significado universal.
Por exemplo, no Extremo Oriente, a ideografia original desenvolveu-se adaptando uma série de caracteres vinculados a um elemento do pensamento. Era a chamada escrita ideográfica, que tornava possível que os asiáticos, apesar de falarem idiomas diferentes, pudessem entender-se através de uma escrita que obrigava a pensar pela abstracção da palavra. É que a melhor forma de expressar uma ideia é o símbolo e não sons que não correspondem a ideias, tanto mais que muitas vezes as palavras servem antes, não para exprimir, mas para dissimular o pensamento. Por isso a advertência à entrada da escola de Platão: «Ninguém poderá aqui entrar se não conhecer a geometria!» É que, só pelo esforço em dar sentido às figuras mais simples, o espírito pode elevar-se às concepções fundamentais da inteligência humana, elevando-se em plena inteligência, sem que nada lhe seja ditado, encontrando por si mesmo, o sentido de um traço ou de um grafismo simples.
E aquilo que podemos descobrir sozinhos, em virtude do funcionamento autónomo do nosso entendimento, adquire um carácter de verdade, pelo menos em relação a nós mesmos. Era pois neste sentido mais profundo, de descoberta da ideia pura, não falseada pela expressão verbal, extraída de nós mesmos, que Platão dizia: «Conhece-te a ti mesmo!»
Os símbolos básicos desta escrita, que mais tarde formaram os símbolos da ideografia hermética medieval, eram o círculo, a cruz, o triângulo e o quadrado, que vinculavam as noções pitagóricas da unidade, do binário, ternário e quaternário.
Reportamo-nos aqui, por não termos espaço para mais, apenas ao círculo visível no friso inferior da pia, para vermos como estão relacionadas com os restantes símbolos da pia, e que já explicámos.
O círculo, como figura delimitante de um conteúdo interno limitado do ambiente exterior infinito, representava a unidade.
Explicando melhor: A unidade não pode ser representada, apenas se concebe abstractamente. O símbolo mais perfeito é um ponto matemático, imperceptível, situado na confluência de duas rectas imaginárias, ou no centro de um círculo. É este ponto, materialmente inexistente, que engendra a linha ao deslocar-se no espaço. Nascida do nada, a linha ao avançar de frente, e ao girar sobre si mesma, faz-nos conceber uma superfície que por sua vez se eleva, desce, oscila sobre um dos seus lados para dar a ideia de um sólido tridimensional. Esta geração é intelectual e o que o espírito abstrai do nada é a geometria.
É esta impossibilidade de formarmos uma ideia da unidade que recorremos à figura do círculo, como símbolo tradicional daquilo que não tem princípio nem fim, que os gregos animaram sobre a forma de serpente (a Ouroboros) em anel, mordendo a própria cauda, simbolizando O Todo, a fé na unidade global, do que existe e pode ser concebido, incluindo o próprio Nada. Era o mesmo Tudo-Nada que nas cosmogonias, consistia no caos primitivo mergulhado na homogeneidade, no qual se confunde tudo o que toma forma e qualidades que o distinguem. E aqui, mais uma vez, temos o paralelismo com a Luz purificadora e regeneradora do Baptismo, que dá forma e qualidade (infunde a graça) ao neófito mergulhado na homogeneidade da graça Divina, porque o Baptismo é, antes de mais, um ritual de renascimento e criação.
Criar significa tirar do nada. Mas para algo possa ser criado, é necessário que esse Nada seja, pelo menos, até certo ponto, substancial, mas ainda não susceptível de ser distinguido, isto é, uma Coisa em si, anterior a toda a particularização distintiva.
Geometricamente este processo de criação era dado por um ponto que marcava o centro do círculo (como o dos círculos interiores que temos na pia baptismal), muito semelhante ao esquema da fecundação do óvulo. Um centro de onde emanavam ondas circulares, como uma pedra lançada à água, era, como os antigos imaginavam, esta radiação criadora, que partindo do centro, se propagava interminavelmente em todos os sentidos através do espaço, como a luz emanando de uma lâmpada luminosa, mas que na verdade era uma Luz Infinita emanando de centros luminosos multiplicados até ao infinito e sem começo, porque não tem princípio nem fim. É a Luz «primordial» da criação com que é irradiado o neófito pelas águas do baptismo. O Baptismo cria um homem novo, distinto do antigo pela graça Divina com que é infundido, passando a pertencer a uma nova humanidade imaculada de pecado original, isto é, participativa na comunhão plena com Deus.
Daí a razão porque o círculo com o pontinho inserido num outro círculo maior, os quais, associados à figura feminina estilizada e à serpente, símbolos antigos lunares da regeneração, interpretados no contexto bíblico como simbolizando a nova Eva (mãe de Cristo que venceu a serpente), estejam naturalmente lavrados na face exterior da pia baptismal de Vilar Maior.
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
INTERPRETAÇÃO DO SAGRADO – Na Igreja matriz de Vilar Maior existe uma pia baptismal, oriunda da antiga igreja da Senhora do Castelo, que é intrigante, não só pela forma em caldeirão, como pelos símbolos da sua face exterior, que tem, num friso superior, a repetição de uma figura humana estilizada, e uma corda em todo o seu perímetro, separando do friso inferior, onde estão representados vários círculos concêntricos repetidos.
Este monumento monolítico (figuras 1 e 2) que é semelhante a um existente na Igreja da Misericórdia de Alfaiates, tem na sua face exterior um conjunto de símbolos que também estavam reproduzidos no primitivo pórtico românico da Igreja da Senhora do Castelo, o que com toda a certeza prova que a sua data é a desta primitiva Igreja, à qual se destinou.
Sabemos que raros são os fenómenos mágico-religiosos que não implicam, um certo simbolismo. E isto já vem da antiguidade, por exemplo quando certas pedras (de que temos dois exemplos também no Museu de Vilar Maior) e outros objectos adquiriram qualidade mágico-religiosa graças a uma teofania (manifestação da divindade), hierofania (manifestação do sagrado) ou cratofania mediatas, isto é, através de um simbolismo que lhes confere um valor mágico e religioso.
Explicando: Um objecto, porque representa o sagrado, torna-se também sagrado, podendo, por isso, ser encarado como uma hierofania, portador de uma realidade trans-espacial, que introduz no mundo profano.
Umas vezes, esta hierofanização faz-se, como é o caso das referidas pedras do Museu de Vilar Maior, de forma pouco transparente, mas outras vezes, como é o caso desta pia baptismal, por símbolos evidentes, que se revelam pela forma dos mesmos, tal como tem sido apreendida pela experiência mágico-religiosa de toda a humanidade, cujas raízes vêm já da simbologia pré-histórica.
O sentido destes símbolos da pia baptismal pode ser penetrado pelo seu estudo particular como prolongamento de uma hierofania integrada na sacralidade das águas e cosmologias aquáticas que lhe está subjacente, como forma autónoma de revelação que prolonga aquela numa epifania particular, no contexto funcional em que se insere.
Naturalmente que à primeira vista, a um leigo, este sentido não se manifesta de forma evidente nos símbolos da pia baptismal, que são vistos, pela generalidade das pessoas que a têm examinado, como um conjunto de desenhos curiosos e não como um conjunto interdependente que apresenta uma «linguagem» inacessível a qualquer leigo.
Mas se falarmos, ainda que de forma resumida, das várias hierofanias aquáticas, como a simbologia da imersão nas águas (baptismo, dilúvio, «Atlântida»), da purificação pela água (baptismo, libações funerárias, banhos rituais, etc), e as relacionarmos com os símbolos da pia baptismal, qualquer pessoa menos atenta perceberá que não são por acaso aquelas suas formas e que as mesmas têm um significado coerente.
As tradições do dilúvio (comuns a várias civilizações) ligam-se quase todas à ideia de reabsorção da humanidade na água e à instauração de uma nova era, com uma nova humanidade. Nestes mitos neptunianos, as águas precedem toda a criação e reintegram-na periodicamente a fim de a purificar e regenerar; a humanidade desaparece periodicamente no dilúvio ou na inundação por causa dos seus pecados, reaparecendo sob nova forma, retomando o mesmo destino.
Da mesma forma, o baptismo significa o apagar do pecado original da primitiva humanidade, filha de Eva, renascendo o neófito como homem da nova era, filho da nova Eva, mãe de Cristo, readquirindo a graça perdida em ordem à sua salvação. Como dizia S. Tomás de Aquino no seu tratado sobre os artigos da fé e sacramentos da Igreja «Effectus autem Baptismi est remissio culpae originalis et actualis, et etiam totius culpae et poenae, ita quod baptizatis non est aliqua satisfactio iniungenda pro peccatis praeteritis, sed statim morientes post Baptismum introducuntur ad gloriam Dei» [o efeito do baptismo, é a remissão do pecado original actual, e mesmo de toda a falta e toda a pena, de forma que não é preciso fazer nenhuma reparação pelos pecados passados; mas os que morrerem logo depois do baptismo, são imediatamente introduzidos na glória de Deus].
Ou seja, quer num caso, que noutro, a função das águas é a de desintegrarem, extinguirem as formas, «lavarem os pecados», purificando e regenerando ao mesmo tempo.
Esta convergência não é de forma alguma estranha, porque a concepção cíclica do cosmos, a morte e ressurreição, são grandes temas que dominam todas as religiões desde a antiguidade, sendo confirmada desde a pré-histórica, nos mitos lunares com os temas da inundação e dilúvio, porque a lua era desde tempos imemoriais, pelas suas fases, o símbolo do devir rítmico, tanto do fim da vida como de um novo começo, em que o destino de todas as formas, tal como o da vida humana, é de se dissolverem para poderem reaparecer como a nova lua.
O céu fica escuro durante três noites, mas na quarta noite volta a nascer. E assim, sendo o renascimento uma certeza, a morte não era mais que uma mudança, um renascimento numa outra espécie de «existência».
A lua era por isso a teofania que revelava a Realidade infinita, daí que esteja representada, com outros elementos, nos símbolos da pia baptismal, como veremos na próxima semana.
(Continua.)
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
A Unidade Pastoral do Planalto do Côa realizou no passado dia 5 de Outubro o seu segundo passeio paroquial. O destinou foi o Douro Vinhateiro, na mais bela estação do ano naquela que é a primeira região vitivinícola demarcada do mundo.

Os boletins meteorológicos anunciavam um passeio estragado. O tempo que se fez sentir no Domingo, 3 de Outubro, alarmou os que se inscreveram. E no início do dia em que Portugal comemorava o Centenário da Implantação da República, todos começaram a chegar com casacos e guarda-chuvas. Mas a aurora trazia o prenúncio de um esplêndido dia de Outono.
Os sessenta participantes eram oriundos da Bismula, Rapoula do Côa, Ruivós, Ruvina, Vale das Éguas e Vilar Maior. Às nove e meia da manhã fez-se a primeira pausa na Quintela da Lapa, no Santuário da Senhora da Lapa. Todos tentaram atravessar o buraco do lajedo de granito, sentindo-se na cara de quem por ele passava uma grande alegria! «Consegui passar!» dizia-se com alívio.
Já em Lamego subimos ao Santuário da Senhora dos Remédios, donde se vislumbra toda a cidade e parte dos vales coloridos que beijam o Douro. Descida a pé a escadaria monumental, e toda a avenida principal da bela cidade, celebrou-se Eucaristia na riquíssima Sé Catedral. Presidiu o Pe. Hélder Lopes, acompanhado do seu colega e amigo Pe. Filipe Pereira, natural de Lamego e Pároco na zona de Meda. O jovem anfitrião disse querer acolher-nos como Maria e Marta acolheram Jesus em sua casa. No final da celebração conduziu-nos até ao restaurante panorâmico construído sobre as águas do Rio Douro, do Hotel Régua Douro, na cidade do Peso da Régua. Foi tempo para retemperar forças com enchidos da região, pescada com molho de camarão, vitela assada no forno sem esquecer o vinho daquelas encostas.
Nas Caves do Vinho «Castelinho» fomos bem recebidos pelos responsáveis da Cave de S. Domingos e assistimos a uma «aula de enologia». Descobrimos os tipos e respectivas características dos diversos vinhos finos do Douro, castas predominantes na região, formas de envelhecimento, e anos excepcionais em colheitas. Tiradas todas as dúvidas, passámos por entre centenas de milhares de litros de vinho, alguns já engarrafados e com datas de colheita de há mais de 60 anos. Na sala de provas degustámos um vinho licoroso, que alegrou pequenos e grandes, novos e velhos!
Depois das compras regressámos a casa pelo vale do Douro vinhateiro. Ao longo de vários quilómetros viajámos ao longo da margem do rio. Depois começamos a subir em direcção ao coração do Douro Vinhateiro: S. João da Pesqueira. Deslumbrámo-nos com as vinhas multicoloridas, com os trabalhadores atarefados na apanha do precioso fruto, com a paisagem encantada, ricamente embelezada pela luz dourada do sol que nunca nos deixou ao longo do dia.
Fizemos a última paragem na Meda, para um reforço à base de «Bolas de Lamego» de bacalhau, presunto, frango, fiambre e queijo.
No caminho rezámos Laudes, Vésperas e o Rosário. Como era dia da República fez-se um concurso no autocarro: o primeiro que soubesse cantar todo o hino nacional, sem se enganar na letra das três estrofes e sem desafinar, faria o passeio gratuitamente e receberia uma garrafa de vinho do Porto, um cálice para vinho e uma tablete de chocolate. O concurso foi muito divertido, e a Dona Laurinda Pires da Ruvina levou para casa o tão almejado prémio.
Ao chegarmos a casa uma única coisa brotava naturalmente das nossas almas: «Dai graças ao Senhor, porque é eterna a Sua bondade!»
Pe. Hélder Lopes
A 27 de Agosto de 1810, há precisamente 200 anos, as tropas do 2.º corpo do exército francês, comandadas pelo general Reynier, vindas do sul para se juntarem ao grande exército de Massena, ocuparam em força as terras dos concelhos do Sabugal, Alfaiates e Vilar Maior, provocando a fuga desesperada das populações.
Enquanto o 6.º corpo, de Ney, manobrava em redor de Almeida, estabelecendo o cerco à fortaleza, e o 8.º corpo, de Junot, estava ainda em Espanha nas margens do rio Águeda, o 2.º corpo, de Reynier, operava em Cória e Placencia, na linha do Tejo. Massena montara o seu quartel-general no forte de La Conception, frente a Vale da Mula, de onde emanava as ordens do dia.
O marechal ainda não decidira como invadir Portugal e estava inclinado a fazê-lo em duas frentes, partindo uma coluna de Almeida, pela estrada da Beira, e penetrando a outra pelo vale do Tejo, em direcção a Abrantes. Porém acabaria por preferir juntar os três corpos e avançar em força por Celorico e Viseu, pois a postura de Wellington, que deixara cair Ciudad Rodrigo e não auxiliava Almeida, indiciava que podia dar-lhe perseguição e enfrentá-lo em qualquer posição.
Foi assim que na manhã do dia 25 de Agosto enviou ordens a Reynier para se deslocar para norte e tomar posição na margem direita do Côa, à esquerda do corpo do marechal Ney. Em cumprimento dessas instruções, o 2.º corpo avançou em marchas rápidas e no dia 27 ocupou em força os concelhos do Sabugal, Alfaiates e Vilar Maior, cujas aldeias ao redor foram também tomadas pelos destacamentos, tendo os soldados ocupado as casas abandonadas pelos habitantes receosos. Tal como o comandante em chefe lhe prescrevera, Reynier estabeleceu o seu quartel-general em Alfaiates e guarneceu fortemente a ponte do Sabugal, tendo em vista dissuadir qualquer tentativa do exército anglo-português de atravessar a linha do Côa.
Os concelhos raianos onde até então tinham forrageado os destacamentos do 6.º Corpo, ficavam agora literalmente ocupados pelas tropas do 2º corpo, as mesmas que com o marechal Soult haviam protagonizado a segunda invasão de Portugal. Estes soldados experientes e com amargas recordações dos portugueses teriam que ali subsistir até que fosse dada a ordem de avançar em direcção a Lisboa. Os povos das terras em redor sofreram então como nunca os excessos da soldadesca que, querendo alimentar-se e aprovisionar-se de viveres, lançavam mão a tudo o que servisse de alimento para os homens e para os animais do exército.
Esta forte e dura ocupação militar das nossas terras manter-se-ia até ao dia 11 de Setembro, data em que Massena transmitiu aos seus lugares tenentes as instruções para a execução dos movimentos preparatórios para o avanço da invasão. Nesse mesmo dia o 2.º corpo deixou as suas posições na margem direita do Côa e marchou para a Guarda, de onde depois prosseguiu num movimento combinado com os restantes corpos do exército.
Já em finais de Março de 1811, malograda a terceira invasão e em plena retirada, as tropas do 2.º corpo voltariam a ocupar as terras do Sabugal, com a ideia de aí conterem o avanço dos anglo-lusos, que lhes davam perseguição. As populações voltaram então a sofrer com as atrocidades dos soldados franceses que vinham ainda mais famintos e coléricos do que quando dali haviam estado há sete meses.
No dia 3 de Abril de 1811, teve lugar a batalha do Sabugal, onde os homens de Reynier foram batidos pelos portugueses e ingleses comandados por Wellington, livrando-se assim os sabugalenses das pilhagens e dos excessos da tropa francesa.
Paulo Leitão Batista
A mercearia do meu bairro é dos únicos locais aqui em Leiria onde costumo encontrar os queijos Torre (Rendo, Sabugal) e Ródão (Vila Velha de Ródão) que aprecio e consumo. São curiosamente dois produtos originários de vilas acasteladas, ribeirinhas, desertificadas e às quais tenho ligações afectivas.

Se o branco casario do Sabugal é dominado pelo ocre do seu castelo Dionisiano, o castelo do rei Wamba paira como águia vigilante sobre a acentuada colina de Vila Velha; Se o Côa demora a passagem num largo cotovelo para ir molhar os pés do Sabugal, o Tejo alarga as margens em Vila Velha receando transpor a garganta abrupta do Ródão; Se muitas freguesias dos Sabugal não assistem a um nascimento há décadas, em Vila Velha o pragmático padre António Escarameia junta os funerais por não ter mãos a medir para tanto ofício.
Ambas as vilas têm bom queijo, paisagem magnífica, águas tranquilas e dormem o mesmo sono da morte. Mas nisto se resumem as coincidências, porque a política das respectivas autarquias tem sido bem distinta:
– Em Vila Velha há mais de duas décadas, desde o inspector Baptista Martins, a autarquia percebeu que a desertificação era inevitável, adoptando políticas integradas de valorização do património natural, cultural e edificado; investindo em projectos que garantam directamente a qualidade de vida da população envelhecida; apoiando e realizando iniciativas, que pelas oportunidades de negócios geradas, estimulem a iniciativa privada e a criação de micro empresas familiares;
– No Sabugal alguns autarcas e ex-autarcas ainda pensam, que a desertificação e envelhecimento da população são reversíveis, pelo efeito necessário e colateral da realização de grandes obras estruturais.
É a diferença entre o realismo e a pura ilusão!
O défice demográfico dificilmente se inverte quando a taxa de mortalidade há mais de duas gerações supera a taxa de nascimentos. Quando não há mulheres em idade reprodutiva, e porque as crianças não nascem espontaneamente como as giestas nos cabeços, a terra desertifica-se. A agravar isto, está a taxa de emigração dos jovens!
O trágico é que muita gente ainda pensa como antigamente. As asneiras e os milhares de euros desperdiçados não lhes fizeram abrir os olhos.
Desafia o Manuel Rito ao António Gata no jornal «Cinco Quinas» que… se critica as opções do anterior executivo, apresente soluções. Mas que resposta espera o Manuel Rito neste assunto, se ele próprio quando pode fazer alguma coisa andou às aranhas por não perceber o cerne do problema?
O padre Escarameia de Vila Velha, que lida mais de perto com as coisas do espírito e da alma, transcendentes da vida comezinha do dia-a-dia, já compreendeu a questão metafísica que o Manuel Rito ainda não alcançou. Aqui fica, pragmática:
– Somos tão poucos, que quando nós morreremos, já não haverá quem morra! (in Semanário Expresso de 10-07-2010).
Mas no caso de Vila Velha e do Sabugal, existe uma pequena nuance, que faz a diferença:
Apesar do mesmo sono da morte, o queijo Ródão ainda se faz com o leite do concelho; o Queijo Torre, há muito que não.
O Manuel Rito, se conseguir saber porquê, chegará sem ajuda às tais soluções que ainda procura…
Tarde, mas chegará!
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
A Portaria n.º 412/2010, de 28 de Junho, renovou a zona de caça municipal da Serra do Homem da Pedra e a Portaria n.º 451/2010, de 29 de Junho, renovou a zona de caça municipal do Médio Côa, situadas no município do Sabugal.
Em 2004 foram criadas pelas Portarias nos. 142/2004, e 144/2004, de 12 de Fevereiro, as zonas de caça municipais da Serra do Homem da Pedra (2236 ha) e do Médio Côa (6116 ha), situadas no município do Sabugal. As concessões eram válidas por seis anos e a sua gestão foi transferida para o município do Sabugal que requereu as suas renovações.
O Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural o Secretário de Estado do Ambiente cumpridos os preceitos legais e no uso das competências delegadas pelo Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas pelo Despacho n.º 78/2010, de 5 de Janeiro, e delegadas pela Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território pelo Despacho n.º 932/2010, de 14 de Janeiro, publicaram em Diário da República as Portaria 412/2010, de 28 de Junho e 451/2010, de 29 de Junho, renovando as transferências das zonas de caça municipais da Serra do Homem da Pedra e do Médio Côa.
Zona de Caça Municipal da Serra do Homem da Pedra (2236 ha) – Terrenos cinegéticos sitos nas freguesias de Aldeia Velha, Alfaiates, Nave, Quadrazais, Soito e Vale de Espinho, todas no município do Sabugal.
Zona de Caça Municipal do Médio Côa (6116 ha) – Terrenos cinegéticos sitos nas freguesias de Aldeia da Ribeira, Badamalos, Bismula, Nave, Quadrazais, Rapoula do Côa, Rebolosa, Rendo, Ruivós, Ruvina, Sabugal, Soito, Vale das Éguas, Valongo do Côa, Vila Boa e Vilar Maior, todas no município do Sabugal.
Portaria n.º 412/2010, de 29 de Junho. Aqui.
Portaria n.º 451/2010, de 29 de Junho. Aqui.
jcl
Os republicanos mais convictos consideravam o clero o maior inimigo da República. A Afonso Costa, talvez o mais convicto de todos, atribui-se esta frase, dita na Sede do Grémio Literário em Lisboa (maçonaria), a 21 de Março de 1911: «O povo está admiravelmente preparado para receber essa lei (Lei da Separação entre a Igreja e o Estado), e a acção da medida será tão salutar que em duas gerações Portugal terá eliminado completamente o catolicismo que foi a maior causa da desgraçada situação em que caiu».
Diz a história que não há nenhuma prova, nem relato da imprensa onde isso viesse, foi uma orquestração dos monárquicos clericais. Fosse como fosse, o ódio a Afonso Costa por parte do clero, vem da separação entre a Igreja e o Estado, decretada a 20 de Abril de 1911 e da qual ele foi o autor.
Essa lei desencadeou uma luta terrível entre a jovem República e a Igreja. Essa guerra religiosa fez-se sentir em todo o País. O Sabugal e o seu concelho não ficaram alheados dela. Vou contar um episódio passado aqui na então Vila em Junho de 1912. Esta história foi-me contada há uns bons trinta anos, ou mais, por alguém que assistiu a tudo. Posteriormente venho lê-la num livro que versa sobre a Guerra Religiosa na Primeira República.
Junho de 1912, foi autorizada uma procissão na Vila do Sabugal, por parte das autoridades republicanas, a lei passou a obrigar que fosse pedida autorização para a realização de qualquer acto religioso. Mas os republicanos, mais convictos dos seus ideais do que as próprias autoridades, contactaram com o ministro da justiça, contando-lhe o que se estava a passar. O ministro interveio e não autorizou a procissão. A população não quis abandonar as suas crenças e as suas tradições, veio para a rua, foi a casa do então pároco, padre Manuel Nabais, e pediram-lhe, ou obrigaram-no, a fazer a procissão. Algumas pessoas estavam armadas de paus, principalmente as mulheres que os traziam debaixo dos xailes e, com vivas à República e à Liberdade, com morras à maçonaria (vejam a destrinça) realizou-se a procissão. As autoridades retiraram-se para uns moinhos junto ao Côa (já era noite quando a procissão percorreu as ruas da Vila) porque o povo quando se mobiliza, lutando pelo conservadorismo ou pelo progressismo, às vezes excede-se…
Lembrei-me desta história porque outro dia vi num placard colocado numa das paredes da Igreja de S. João do Sabugal, o nome do padre Manuel Nabais que paroquiou aqui entre 1911 e 1935, anos nada recomendáveis para a profissão de padre em Portugal.
A guerra religiosa no concelho não se ficou só pela então Vila , problemas houve na Rebolosa (1912) e Vilar Maior (1915).
Convém também recordar que os professores do concelho do Sabugal, numa reunião realizada em Novembro de 1910, aderiram à República contribuindo cada um com doze mil reis para a amortização da dívida externa do País.
Querido leitor(a), Portugal entra o século XX (1910) com uma Revolução.
Portugal entra o século XXI (2010) com uma Contra-Revolução.
Um exemplo de que os movimentos da história são vaivéns entre o progresso e o retrocesso.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
ant.emidio@gmail.com
A Unidade Pastoral do Planalto do Côa realizou no passado dia 10 de Junho a sua primeira peregrinação inter-paroquial. Uma centena de peregrinos rumou ao Santuário Nacional de Cristo Rei, em Almada, para encerrar festivamente o Ano Sacerdotal, proclamado pelo Papa Bento XVI.
Em poucos dias, inscreveram-se 100 paroquianos das paróquias que me estão confiadas, para participar na Peregrinação de encerramento do Ano Sacerdotal. Oriundos de Badamalos, Bismula, Rapoula do Côa, Ruivós, Ruvina, Vale das Éguas e Vilar Maior, partiram em dois autocarros da empresa sabugalense Viúva Monteiro, com destino a Lisboa e Almada.
Em Lisboa, durante a manhã, tiveram a oportunidade de visitar o belíssimo Mosteiros dos Jerónimos, onde está sepultado Luís de Camões, o Museu Nacional de Arqueologia e a Torre de Belém, um dos ex-líbris da capital portuguesa. Saborearam um delicioso Pastel de Belém acabado de fazer e passaram pela restaurada Praça do Comércio e por algumas das mais conhecidas avenidas da marginal lisboeta.
Depois de atravessarem a ponte 25 de Abril, ao início da tarde, nos parques de merendas do Santuário de Cristo Rei retemperaram forças com as merendas ricamente preparadas, subiram ao topo do monumento religioso, contemplaram a grandiosa vista sobre a bacia do Tejo e celebraram com solenidade a Eucaristia no Santuário.
No regresso, já a caminho de casa, passaram pelo Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, onde tiveram de oportunidade de rezar na Capelinha das Aparições. Merendaram uma vez mais e preparam-se para o final da viagem de regresso às paróquias.
Tudo correu muito bem e no final havia um sentimento generalizado de alegria e agradecimento ao Senhor Jesus Cristo por ter proporcionado momentos de partilha e aprofundamento da fé tão fortes. Em muitos peregrinos ficou a vontade de fazer mais actividades deste género, tendo o pároco agradecido a participação de todos e manifestado o desejo de, brevemente, lhes satisfazer a vontade.
Aos quatro motoristas, aos que colaboraram para que tudo corresse dentro do planeado e a todos os que ficaram em casa oferecendo as suas orações para que tudo corresse bem, aqui deixo uma palavra de agradecimento sentida.
Pe. Hélder Lopes
No Grande Dicionário de Língua Portuguesa encontramos a seguinte definição para a palavra Turismo: «Tendência de quase todos os países civilizados e de economia algo abastada para viajarem através de países naturalmente pitorescos ou que tiveram longa e brilhante história…».
Podemos encontrar outras definições mas a definição moderna de turista é «um visitante que se desloca voluntariamente para fora da área da sua residência e do seu trabalho por múltiplos interesses, mas sem ter como motivação o lucro».
O turismo encontra-se presente na actividade humana desde a Idade Antiga, na civilização Grega e chegando até à década de 1950 como actividade residual. Após essa data surgiu o boom turístico que se estendeu até 1973; daí para cá o crescimento tem sido contínuo, embora mais lento. Devido ao seu crescimento, actualmente, assume posição relevante na economia global e de alguns países em particular. O primeiro país em número de turistas é a França, mas a nossa vizinha Espanha em 2008 registou 57,3 milhões de visitantes.
Há diversos tipos de turismo que se vêm afirmando pela sua especificidade: Turismo de descanso de praia, neve ou montanha, Turismo cultural, religioso, desportivo, ambiental, rural, cinegético, gastronómico… Podemos concluir que há imensas nomenclaturas para os diversos tipos de turismo.
Embora tomando a classificação do aspecto dominante, este não é estanque e tem sempre interligações com outros tipos de Turismo. Quem se desloca por um determinado motivo tem de se alimentar, hospedar e distrair.
Será que o Concelho de Sabugal tem afirmação possível no Turismo?
Há sempre espaço de afirmação desde que no Concelho apareçam centros de interesse para os diversos tipos de turismo. Numa primeira análise podemos identificar como possíveis o Histórico-Monumental, o Ambiental, o Termal e o Gastronómico.
Temos vindo a assistir, há muitos anos, à defesa do Turismo como indústria possível de ser implementada no Concelho. Os resultados desta visão estratégica é que são diminutos e nem o facto de sermos vizinhos de Espanha nos traz alguma mais-valia.
Pensamos que é possível fazer algo diferente, e exemplos de melhores práticas não faltam: Belmonte vem há alguns anos a afirmar-se na nossa região. É um nome, uma marca que vai ganhando dimensão e expressão a nível nacional e internacional. Belmonte afirma-se pelo Turismo histórico, religioso e cultural; os resultados já são visíveis nos 80.000 visitantes da sua meia dúzia de museus. São muitos os brasileiros que se deslocam a Belmonte para ver o Museu dos Descobrimentos porque está na terra de Pedro Alvares Cabral, o descobridor. O fenómeno judaico tem vindo a ser aproveitado como motivo para o Turismo religioso.
Sabemos que estão atentos a possíveis atracções e por isso não se coíbem de apontar Sortelha como um ponto de interesse para quem visita Belmonte. O Sabugal, por si, não tem feito a ligação de Sortelha ao resto do Concelho, deixa que sejam outros a explorar o motivo e é, possivelmente, esta a razão porque o turista visita Sortelha e volta pelo mesmo caminho, não chegando ao Sabugal.
O nome «Sabugal» ainda não vende, não há nome ou imagem que se afirme. Ainda não se descobriu ou não se quer descobrir a importância dos Castelos de Sabugal, de Alfaiates, de Vilar Maior ou de Vila do Touro. Por vezes até transparece das palavras e da actuação dos responsáveis como que alguma vergonha daquilo que temos e somos. Os turistas ou simples visitantes valorizam demasiado o Castelo de Sabugal, como construção militar ou monumento medieval. Tem um valor simbólico enorme que vai além do que as pessoas que sempre passaram à sua beira imaginam. Porque não qualificá-lo ou qualificá-los de interesse concelhio? – Possivelmente não têm interesse…
Quando afirmo que não sabemos vender o que temos e somos, basta pensar no desencanto com que alguns visitantes recebem aqueles paus em forma de triângulo (forcão) que acabam por ir parar à garagem porque passado algum tempo já nem sabem o que é, quanto mais o que significam. Quando se oferece um forcão a um forasteiro, este tem de levar uma legenda que faça a explicação do fenómeno e do seu significado, sob pena da perda do valor imaterial do objecto.
Um circuito turístico, uma marca, um conceito, necessita de muitos recursos e alguns anos para se afirmar. É tempo de começar a trabalhar na estratégia que leve aos fins pretendidos.
Opinião de Romeu Bispo
José Diamantino dos Santos, fundador e director do Externato Secundário do Sabugal, faleceu em 2 de Fevereiro de 2009. Será homenageado, por ocasião do encontro dos antigos estudantes do colégio por si fundado, que acontecerá a 1 de Maio no Sabugal. Associando-nos desde já a esse preito, aqui ficam algumas notas biográficas desse grande sabugalense.
Nasceu no Freixial, concelho do Fundão, a 4 de Novembro de 1930. Fez a escola primária em Vilar Maior, no concelho do Sabugal, e frequentou depois o Seminário Menor de Beja e o Seminário Maior dos Olivais em Lisboa, vindo a terminar os seus estudos na Universidade de Salamanca, em Espanha, onde se licenciou em Filosofia.
De regresso ao concelho do Sabugal, fundou, em 1955, o Externato Secundário do Sabugal, onde exerceu a sua actividade de professor e director até 1986, data em que fechou as portas, dando lugar à Escola Secundária do Sabugal.
O «Colégio», como era conhecido o Externato, foi durante os anos em que existiu o maior foco irradiador de cultura no concelho do Sabugal. Milhares de jovens de gerações sucessivas tiveram a sua formação nesse grande centro de instrução, assim se preparando para a vida, vendo no seu director não apenas um empenhado e exigente pedagogo, mas sobretudo um amigo e até, em certos casos, um autêntico pai.
O Dr Diamantino dos Santos, era, para além de proprietário, director e professor do Colégio um homem perfeitamente integrado na vida sabugalense, tendo granjeado um prestígio assinalável, dado o seu empenho na educação dos jovens.
Essa notoriedade conduziu-o à eleição para presidente da Câmara Municipal do Sabugal, cargo que exerceu durante oito anos sucessivos. Isso aconteceu ainda antes da Revolução de 25 de Abril de 1974, quando não existia o poder local democrático que hoje conhecemos, mas também num tempo em que os Municípios quase não possuíam recursos e as aldeias estavam muito carenciadas. Mesmo assim, fazendo face às dificuldades, o Dr Diamantino, enquanto presidente de Câmara, deu um forte e decisivo impulso ao desenvolvimento do concelho. Melhorou as infra-estruturas, tais como as vias de comunicação e instalação eléctrica em todas as freguesias do concelho, e também a formação das populações, com a construção de diversas escolas primárias.
Foi um dos fundadores do Sporting Clube do Sabugal, em 1959, participando depois activamente na vida desta associação. Foi presidente da direcção, cargo que exerceu em diversos mandatos, e desempenhou igualmente as funções de presidente da Mesa da Assembleia Geral.
Também participou na gestão do Hospital do Sabugal, sendo durante alguns anos membro da sua Comissão Administradora. Ainda dentro do sector da educação, estruturou e dirigiu o Ciclo Preparatório do Sabugal, entre os anos 1972 e 1975.
Pertenceu aos corpos gerentes da Casa do Concelho do Sabugal, como presidente da Assembleia Geral, entre os anos 1990 e 1992, tendo obtido em 1996 o título de Sócio Honorário desta associação sabugalense, em reconhecimento pelo seu papel no desenvolvimento do concelho.
Depois de encerrado o Colégio que fundou e dirigiu, o Dr Diamantino dedicou-se sobretudo a outra obra, onde colocou todo o seu esforço: a Santa Casa da Misericórdia do Sabugal. Foi eleito sucessivamente Provedor, e, enquanto tal, desempenhou um papel verdadeiramente ímpar no desenvolvimento da assistência social. Promoveu a instalação do Lar de Idosos Nossa Senhora da Graça nas antigas instalações do Hospital e criou ainda as valências de centro de dia, apoio domiciliário, centro comunitário, creche, ensino pré-escolar e apoio aos tempos livres.
O encontro de antigos alunos, funcionários e professores do Colégio do Sabugal que se realiza este ano é o momento oportuno para que o concelho do Sabugal preste o devido tributo a um homem que marcou a vida concelhia durante décadas e ganhou um lugar destacado no coração dos sabugalenses.
Paulo Leitão Batista
Desde longa data, a festa esteve presente no quotidiano popular, e a festa religiosa integrava-se também neste quotidiano. Destas faziam parte as procissões, manifestações colectivas que realizadas em espaços públicos, eram de natureza comemorativa, festiva, penitencial ou expiatória, quaresmais, de desagravo, propiciatórias, de acção de graças, etc.
Para isso contribuiu, como escreveu Katia Mattoso, a respeito dos povos ibéricos, «a religião do povo ser mais religião da paixão que de ressurreição. Ela se manifestar melhor numa procissão do Senhor Morto, que no Triunfo Eucarístico».
As disposições da Mesa de Consciência, as Ordenações Filipinas, a Inquisição, também ajudaram, impondo os dogmas e práticas cristãs às populações, sem discussões.
Os compromissos de algumas Irmandades das Misericórdias, puniam também quem não aparecesse aos actos públicos, oferecendo em contrapartida indulgências para a participação nas procissões «Corpus Christi», no seguimento da doutrina do Concílio Tridentino que desenhou duas faces para o Deus Cristão: A de um «Deus remunerador», para os submissos; A de outro «Deus vingador», para os relapsos.
Por último, o culto pela Paixão e pela Virgem Dolorosa era geral no Ocidente antes da reforma e foi recuperado na Contra-Reforma, expandindo-se por toda a diáspora portuguesa no mundo e reflectindo-se na arte religiosa com cenas do calvário ou da paixão de Cristo, os chamados Passos ou Mistérios.
«Ensinem os bispos com cuidado, que com as histórias dos Mistérios da nossa redempção com as pinturas, e outras semelhantes, se instrue, e confirma o povo, para se lembrar, e venerar com frequência os Artigos da fé.» (sessão XXV do Concílio de Trento in Reycent, 1786, p.352-353.)
Assim, a liturgia dos Mistérios da Paixão, a composição artística do calvário e a representação das mesmas por autos bíblicos, foi uma consequência do sentimento religioso popular e desta evolução histórica, cujas reminiscências na cultura popular ainda subsistem nos autos da paixão, no andar dos passos e nas procissões das Endoenças ou Fogaréus.
Com o crescimento de popularidade, a natureza do ritual que exibia o sofrimento de Cristo, foi realçando o dramatismo e teatralidade de algumas personagens, como o desfile nocturno de flagelantes encapuçados, descalços, oferecendo um espectáculo expiatório e penitencial por excelência.
«Quando eles saíam com uma imagem, para fazer o povo chorar a vestiam de luto e decoravam com toda a forma de adornos para provocar dor» (S. João de Ávila, a propósito dos Passos da Paixão e dos irmãos das confrarias).
«Se aí existe algum amor, a alma está recompensada, o coração está suavizado, e as lágrimas vêm.» (Santa Tereza de Ávila, também a propósito dos Passos da Paixão.)
As lágrimas não eram só de sentimento, mas serviam também para purificar a alma, através da expiação pública, que a procissão da Semana Santa proporcionava.
Algumas faziam-se fora do período Quaresmal, mas estavam intimamente ligadas ao ciclo Pascal, revestindo o mesmo cariz penitencial. Era o caso das Endoenças que em Trás-Os-Montes se realizavam em Setembro e entre nós a célebre romaria dos encruados ou descamisados, em Setembro, a Sacaparte (onde só participavam homens) e que foi extinta já no século XIX, pelo último Bispo de Pinhel.
Estas manifestações religiosas eram promovidas sobretudo, após o aparecimento das Misericórdias, pelas respectivas Irmandades, cujos compromissos previam a sua forma de realização, bem como a participação dos irmãos nos diversos actos públicos de expiação.
Por exemplo o cap. XXXIV do compromisso da Misericórdia de Lisboa (copiado pela maioria das Misericórdias portuguesas) a procissão de Endoenças tinha por fim visitar todas as igrejas onde estava o Santíssimo Sacramento, despertando no povo o sentimento de religião pela paixão de Cristo.
Possivelmente é deste compromisso que no Sardoal e noutras terras se foi buscar a tradição (cuja origem hoje ninguém sabe) de enfeitar com pétalas todas as capelas do lugar, por onde passa a procissão da Paixão.
Normalmente na frente ia a bandeira da Misericórdia levada por um irmão, acompanhado de dois irmãos, com tocheiros. Adiante da bandeira iam dois irmãos com varas. Seguiam os clérigos, muitos irmãos e os penitentes.
Os actuais compromissos de algumas Misericórdias ainda mantêm estas e outras obrigações relacionadas com a Paixão de Cristo. Outras estão a retomá-lo em nome da tradição e também pelo sabor pitoresco da religiosidade popular que manifestam estes rituais, como é o caso de Penafiel.
Era assim descrita no século XVIII uma destas procissões de Endoenças:
«Os irmãos serão sempre duzentos e cincoenta até trezentos, e todos vão vestidos com ricas vestimentas pretas, e postos em ordem de procissão com velas nas mãos. Diante d’elles vão oitocentos, novecentos, até mil homens e mulheres disciplinando-se, os quaes vão todos vestidos de vestimentas pretas, e assim homens como mulheres se ferem com disciplinas, que tiram muito sangue; e esta procissão vae repartida em três ou quatro estancias, e entre uma e outra um retábulo ou Christo posto na cuz, e no meio vão dez ou doze irmãos com suas varas, regendo-os e mettendo-os em ordem.
Entre estes disciplinantes vão muitos homens com barras de ferro, e cruzes de pau grandes e pedras às costas: e para claridade da gente levam cincoenta pharoes de fogo, em que se gastam dois mil novellos de fiado de tomentos engraxados em borras de azeite e sebo para darem bom lume, os quaes pharoes vãos postos em hasteas muito compridas e altas; e levam trinta lanternas grandes metidas também em hasteas com velas dentro acesas; e os irmãos que regem, trazem nas mãos quantidades de velas para tanto que faltar proverem de outras: levam mais trinta homens com bacias nas mãos cheias de vinho cozido, e os disciplinantes molham e lavam n’elle as disciplinas, porque lhes apertam as carnes. Da mesma maneira vão dez ou doze homens com caixas de marmelada feita em fatias, as quaes mandam muitas pessoas fidalgas devotas, que dão aos penitentes; e levam outras de confeitados e de cidrão para os que enfraquecerem acorrerem-lhes com um bocado; e vão outros tantos homens com quartas de água e púcaros nas mãos, dando agua aos que d’ella têem necessidade. E tanto que chegam à casa da Mesiricórdia estão physicos que espremem as chagas dos penitentes e lhes lavam com vinho para isso confeccionado, e os apertam e veste, e se vão curados para suas casas.» (Costa Goodolphim, in As Mesiricórdias, Lisboa, Imprensa Nacional, 1897, pág. 50).
Nas nossas aldeias também havia estas tradições ligadas à Quaresma, especialmente nas terras que tinham Santas Casas da Misericórdia, como Vilar Maior, Sortelha, Sabugal, Alfaiates e ainda em Pousafoles e no Soito.
«Na vila do Sabugal ainda subsiste o velho costume de nos domingos da Quaresma, ao anoitecer, toda a gente visitar as igrejas e capelas, cantando o terço no trajecto, até voltarem à igreja paroquial, onde entram somente os homens, ficando as mulheres à porta, entoando todas a Salvé Rainha. O mais curioso é que visitam também o local onde houve outras capelas, como a de S. Pedro e S. Tiago, e as ruínas da ermida de S. Domingos. Quando o povo, com o pároco e alguns homens vestidos de opas, com insígnias e cruz alçada, chegam junto das capelas ou do local em que elas existiram, todos ajoelham e rezam, terminando tudo na igreja paroquial com o canto da Salvé Rainha. Em todos os dias da Quaresma há o costume de encomendar as almas, que consiste num canto triste e sentimental, altas horas da noite, geralmente executado por homens e mulheres que tenham fama de cantar bem. Os rapazes costumam também entoar o terço, em dois grupos, percorrendo todas as ruas, bem distanciados um do outro, rezando alternadamente.» (Joaquim Correia in Terras de Ribacôa.)
Célebre também pela sua espectacularidade, era, segundo o mesmo autor, a procissão dos passos em Ruivós. «Lá apareciam em carne e osso soldados armados de lanças, levando à frente o centurião, com fardas, imitando as dos soldados romanos, a Madalena, de compridas tranças, S. Longuinhos, Simão Cireneu e a Verónica. Não faltava o Calhorra, empunhando e tocando uma grande trombeta, de som grave, rouco, que no dizer do povo, significava: Morra Jesus. O pobre trombeteiro, que era sempre um mendigo, a quem davam um quartinho, isto é, 1200 reis, ia defendido pelos mordomos e pela escolta, metido na sua túnica amarelada, semelhante à pele do lagarto, de chita pintalgada, e nem assim se livrava de pedradas dos rapazes, que consideravam uma boa acção apedrejar o desgraçado, ainda que fosse perto do andor de S. João ou da Virgem, que seguiam na procissão, ou perto do Senhor dos Passos, toscas imagens cujas feições faziam calafrios, devidas ao santeiro Cardépe, do Souto, um curioso inculto, mas habilidoso.. Quando o Senhor dos Passos serviu pela primeira vez nesta procissão, uma mulher do Souto gritou: – Ah! Pai divino, pai divino, feito do castanheiro do ti Corrécha! Desse castanheiro já eu comi castanhas!… Aquela imagem gigantesca causava terror, impressionava a multidão que reunia no largo de S. Paulo, onde era o calvário, junto da velha igreja. Era ali que a substituíam por outra imagem pregada na cruz. Uns soldados jogavam os dados, outros simulavam cravar as lanças no corpo de Jesus, outros levavam-lhe uma esponja à boca, na ponta duma lança. .. Havia três sermões, em que quase sempre era orador o falecido Padre João de Matos (O celebre Padre Matos das Guerrilhas Carlistas e da «Pavorosa», pároco de Aldeia da Ribeira), que arrancava à multidão muitos soluços e lágrimas, sendo ele o primeiro a chorar.» (ibiden.)
Contudo, como todas as outras tradições, estas também se vão perdendo e daqui a uns anos são apenas uma memória do passado, apenas registadas em livros.
A desertificação com a emigração e o decurso do tempo são uma esponja que vai apagando a nossa história colectiva.
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
Vai avançar o projecto de implementação de uma rede de judiarias na Beira Interior, havendo diversos concelhos perfilados para a integrarem. Porém o Sabugal parece excluído, ainda que Natália Bispo, proprietária da Casa do Castelo, venha insistindo que o nosso concelho também deve fazer parte do projecto.
O programa da rede de judiciarias foi apresentado no decurso do Ciclo de Cultura Judaica que a cidade da Guarda acolheu em data recente. O seu grande mentor é António Saraiva, da Agência para a Promoção da Guarda, criada pelo município egitaniense. Aliás a Guarda rivaliza com Belmonte e Trancoso na tentativa de liderança no aproveitamento do filão turístico que pode advir da valorização desse recurso histórico. Porém, embora disputem protagonismo, os presidentes de câmara destes três concelhos foram recentemente juntos a Israel, tentando estabelecer contactos que garantam a viabilidade do aproveitamento turístico dos vestígios judaicos que a região contém.
Para além destes três municípios outros há na região que demonstram ter grande interesse em integrarem a rede turística. Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Gouveia, Meda, Vila Nova de Foz Côa, Castelo Branco, Covilhã, Fundão, Idanha-a-Nova e Penamacor, são exemplos de concelhos dos distritos da Guarda e de Castelo Branco que estão já indicados para integrarem o projecto.
Do Sabugal ninguém fala. O Município parece estar a dormir, numa modorra já crónica e sem tratamento eficaz.
Na Assembleia Municipal discute-se o ridículo, de que é principal exemplo a questão da forma de votação, de braço no ar ou secretamente, quando se sabe que o eleitor tem de conhecer qual o sentido de voto dos eleitos, sendo a votação secreta uma fraude que não pode vingar numa assembleia que se quer aberta e transparente.
Na Câmara fazem-se reuniões do executivo onde se discutem trivialidades, como é cabal exemplo esta ordem de trabalhos da reunião do dia 24/02/2010: despachos para conhecimento; obras particulares; tabela de taxas e tarifas; carta da Acôa; carta da Rodoviária da Beira Interior; pedido de apoio para transporte de deficiente; carta de Luís Santos; carta de Consortelha; informação sobre expropriações no âmbito da obra «via estruturante da Raia».
A dar a cara na luta para que o Sabugal integre a rede de judiarias só aparece uma pessoa: Natália Bispo, proprietária da Casa do Castelo, em cujo interior existe um pequeno núcleo museológico que, entre outras peças, contém um altar judaico em granito. O semanário «A Guarda», fez uma visita ao local e titulou na última edição: «Casa do Castelo quer incluir o concelho nas rotas históricas do judaísmo». E ilustra a notícia com uma fotografia de Natália Bispo junto ao «armário judaico em granito que será datado do séc. XIV».
Para além deste altar, há outros vestígios judaicos no Sabugal e também em Vilar Maior, onde existiu uma judiaria. Aliás, o investigador e colaborador do Capeia Arraiana Jorge Martins, tem evidenciado na sua coluna «Na Rota dos Judeus do Sabugal» um conjunto de dados acerca da ligação histórica do nosso concelho a uma comunidade de judeus que aqui se instalou e aqui viveu, sendo duramente perseguida pela Inquisição.
É tempo de pôr mãos à obra e tentar apanhar um comboio que segue em andamento sem estar garantido que faça escala no concelho do Sabugal.
«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
As Juntas de Freguesia de Aldeia da Ribeira, Badamalos, Bismula, Rebolosa e Vilar Maior estão a trabalhar no sentido de constituírem uma Associação de Freguesias. Após algumas reuniões, estamos neste momento no processo de registo da Associação que, em princípio, será denominada «Associação de Freguesias Nordeste Sabugal».
A Lei 175/99 dá a possibilidade de as freguesias se constituírem em Associações para, assim, terem a possibilidade de desenvolver projectos em comum. No Concelho do Sabugal, começam a dar-se os primeiros passos para a constituição de Associações de Freguesias. De acordo com a Lei 175/99, «a associação de freguesias é uma pessoa colectiva de direito público, criada por duas ou mais freguesias geograficamente contíguas ou inseridas no território do mesmo município para a realização de interesses comuns e específicos. A associação de freguesias tem por fim a realização de quaisquer interesses no âmbito das atribuições e competências próprias das freguesias associadas, salvo as que, pela sua natureza ou por disposição da lei, devam ser realizadas directamente pelas freguesias.»
Num Interior cada vez mais desertificado, esta poderá ser uma forma de as freguesias terem mais força e capacidade para reivindicarem a realização de projectos que vão ao encontro das necessidades e anseios das populações abrangidas.
Ainda de acordo com a Lei «podem constituir incumbências da associação de freguesias, designadamente, as seguintes: participação na articulação, coordenação e execução do planeamento e de acções que tenham âmbito interfreguesias; gestão de equipamentos de utilização colectiva comuns a duas ou mais freguesias associadas; organização e manutenção em funcionamento dos serviços próprios.
A associação de freguesias, no desenvolvimento do seu objecto, pode participar em empresas de capitais públicos de âmbito municipal que abranjam a área geográfica de pelo menos uma das freguesias associadas. Os órgãos da associação de freguesias, constituída exclusivamente por freguesias inseridas no território do mesmo município, podem praticar actos por delegação de competências da respectiva câmara municipal.
A associação é constituída através de escritura pública, nos termos do n.º1 do artigo 158º do Código Civil, sendo outorgantes os presidentes das juntas de freguesia das freguesias integrantes.»
É com estes objectivos que Aldeia da Ribeira, Badamalos, Bismula, Rebolosa e Vilar Maior unem esforços e trabalham para a constituição de uma associação de freguesias, cuja designação prevista é Associação de Freguesias Nordeste Sabugal. Aguarda-se o Certificado de Admissibilidade do Instituto dos Registos e Notariado.
Manuel Barros
Presidente da Junta de Freguesia da Rebolosa
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