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«Imagem da Semana» do Capeia Arraiana. Envie-nos a sua escolha para a caixa de correio electrónico: capeiaarraiana@gmail.com
Data: 17 de Dezembro de 2010.
Local: Paris e estradas de França.
Autoria: Direitos Reservados.
Legenda: Les blindés de la gendarmerie au secours des naufragés de la route. Desde 16 de Dezembro que foram posicionados em pontos estratégicos (de maior circulação e maior risco de problemas), 16 blindados, para ajudar a limpar estradas ou retirar carros bloqueados pela neve. Os veículos militares habitualmente destinados a operações de manutenção da ordem como os «lame-bulldozer» – preparados para destruir barricadas – estão a ser usados para limpar a neve das estradas e desempanar veículos bloqueados na neve.
Paulo Adão
As campanhas de Natal das grandes empresas são campanhas de solidariedade ou de publicidade? No final a nossa adesão a estas campanha de caridade apenas serve para ajudar as grandes empresas na fuga aos impostos e ajudá-las no aumento de lucros.

Há dias, chegou-me uma mensagem de movimento contra as campanhas de caridade organizadas pelas grandes marcas de hipermercados, canais de televisão e outras grandes empresas, o que me leva a escrever esta crónica, pois há muito tempo que critico e rejeito todas essas falsidades.
Nesta época do ano, é suficiente acender a televisão, abrir um jornal ou lançar alguns sites da Internet, para ser «bombardeado» com estas campanhas de solidariedade, organizadas pelos grandes centros comerciais, com apoio dos canais televisivos, apresentadores de televisão e outras «fracas» personalidades. Na compra de este ou aquele produto, uma parte da receita será dirigida para uma instituição social. Algumas das mascotes destas campanhas tornam-se mesmo marcas criando parcerias com outras empresas nos mais diversos ramos de actividade, são livros, telemóveis, CDs, etc. Os investimentos em marketing e publicidade nestas campanhas são enormes.
Mas será que estas empresas, são mesmo tão solidárias e estão realmente preocupadas com a pobreza em Portugal, fazendo todos estes investimentos em prole da solidariedade? Ou haverá outros interesses por detrás dessas campanhas?
E no final, quem é que é solidário? São apenas os grandes hipermercados e canais televisivos, ou somos todos nós? Afinal, se não houvesse compradores essas campanhas não tinham razão de ser e não existiriam. Mas vejamos bem: aderimos a uma dessas campanhas e compramos algo (que nem precisamos) por dois euros. Desses dois euros, um vai para uma instiuição. E o outro €uro, vai para onde?
Se calhar para pagar prémios e ordenados a quem ganha 15 ou 20 mil €uros por mês, como apresentadores de televisão ou outros, para pagar campanhas publicitárias e marketing, a «grandes empresas» que todos os dias nos levam os pequenos ordenados nas compras que fazemos.
E continuando. Quando uma empresa ou individuo dá algo para uma instituição ou associação sem fins lucrativos, uma parte desses dons são dedutíveis das respectivas declarações de impostos. Este é mesmo um dos slogans das associações para tentarem obter maiores dons e ofertas. Agora nestas campanhas, são angariados alguns milhões de euros. A parte que essas empresas oferecem a esta ou aquela entidade, transforma-se automaticamente em dedução de impostos. Ou seja, com os donativos que damos nessas campanhas, ajudamos as empresas organizadoras na fuga aos impostos. No final, a nossa adesão à estas campanha, é uma participação fraca (porque apenas uma pequena parte vai realmente para instituições sociais) em actos de caridade, é também ajudar as grandes empresas na fuga aos impostos e ajudá-las no aumento de lucros.
A solidariedade é sem dúvida, necessária e por mais pequena que ela seja, é sempre positiva, mas isto não justifica que todos os meios sejam utilizados. Podemos e devemos ser solidários, ajudar e oferecer do pouco que temos é sempre bom para quem recebe. Para quem não têm nada, o pouco que receba é sempre muito.
Pessoalmente não apoio estas campanhas e não participo nelas, mas isso não faz de mim menos solidário. Mas vejo nestas campanhas, apenas interesses publicitários e marketing, entre outros. Se realmente os hipermercados se preocupassem com a pobreza ou com a solidariedade, baixavam os preços e as margens de lucro nos produtos que vendem, pagavam mais aos produtores que lhes fornecem os produtos e seriam assim mais solidários com maior número de pessoas.
Não deixem de ser solidários e, se realmente querem participar nessas campanhas, exijam um recibo pelos donativos que fazem. Damos a quem precisa, não quem já apresenta muitos milhões de benifícios.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Na internet nem tudo é verdade nem tudo é mentira. Ao início, a internet, era apenas, um sistema que permitia a pesquizadores de comunicarem entre eles e, lhes permitia um acesso à distância, aos computadores disponiveis para as pesquizas. Pouco a pouco tornou-se num conjunto mundial, de redes de computadores ligados entre eles, dando origem aquilo que conhecemos hoje.
Nestes passos de gigante, em poucos anos tornou-se (quase) indispensavel para cada um de nós, não podendo passar sem Internet. Entrou pela porta dentro, nas nossas casas e hoje até nos autocarros, nos aviões, nos comboios, em jardins, cafés, etc, por tudo quanto é canto, existe uma ligação à Internet e a possibilidade de estar online, em contacto com qualquer outro canto do mundo.
Segundo a ONU, num relatório recente, no final deste ano, a Internet vai ultrapassar os 2 mil milhões de utilizadores, seja cerca de 30 por cento da população mundial.
Como em tantos outros temas ou asssuntos, no que toca à Internet as disparidades são também, mais que muitas. Segundo o mesmo relatório os países desenvolvidos apresentam indíces superiores a 70 por cento de cibernautas enquanto os países em desenvolvimento apresentam pouco mais de 20 por cento. A Africa, é o continente com menor percentagem de utilizadores apenas com 9,6 por cento enquanto 64 por cento da população europeia está online.
Falar (ou escrever) sobre Internet poderia ser, falar sobre tudo, como tudo aquilo que se pode encontrar na Internet, como tudo o que se pode fazer com a Internet, como tudo o que é bom ou mau na Internet.
Cada um dos utilizadores terá a sua própria opinião, cada um encontrará na Internet uma utilidade diferente. Consoante as nossas profissões, os nossos hobbies, a nossa vida pessoal, consoante a nossa situação, o nosso humor, cada um procura na Internet aquilo que mais lhe convem nom momento.
Há quem encontre na Internet uma resposta para tudo aquilo que procura, quem encontre na internet soluções para tudo. Há quem não faça confiança nenhuma à Internet, quem ache que a Internet se resume a «downloads ilegais», fotografias ou videos para maiores de 18 anos, ou coisas sem interesse e há os jovens, que não imaginam o que seria o mundo sem Internet.
Não se pode falar de Internet, sem se falar das redes sociais. Grupos de «amigos» virtuais de dimensão enorme, redes profissionais, grupos religiosos. Qualquer tema, qualquer hobby, qualquer ideia é boa para lançar na internet, para partilhar, etc. O facebook indicava no verão passado, ter atingido os 500 milhões de utilizadores activos na sua rede.
De bom: o intercâmbio e a troca de ideias, a troca de opiniões, os conhecimentos sobre novas culturas, tradições, costumes. Muitos são os pontos positivos e também aqui cade um encontrará a positividade que lhe convem.
Do outro lado, existe o mau e o perigoso, por exemplo nas informações pessoais ou outras, que se partilham nestas redes. Recentemente, em França, algumas pessoas, foram demitidas das suas empresas, por terem falado mal dos patrões ou das empresas publicamente. Outras empresas, estão a utilizar as informações recolhidas nas redes sociais para selecionar os diferentes candidatos aos postos de trabalho. Da mesma cada um encontrará outros pontos negativos, consoante a sua experiência e utilização.
A comunicação ganhou outras dimensões com a Internet. Não há jornal ou outro meio de comunicação que não tenha o seu site online. Podemos seguir diariamente aquilo que de bom ou de mau se passa nas aldeias ou vilas onde nascemos, nas cidades ou nos países que visitámos ou conhecemos. Se antes da Internet, apenas se conheciam os grandes canais de televisão ou rádio, apenas se conheciam as notícias dos grandes jornais nacionais ou internacionais, hoje com a internet, podemos segiur as emissões das radios ou televisões locais, dando a todos a possibilidade de ser mais activos na vida local das regiões de cada um. Cada um de nós ganhou um espaço para se pronunciar em blogues ou sites, temáticos ou de âmbito geral, privados ou públicos. A internet deu-nos a possibilidade de escrever (como o fazemos aqui neste blogue), sobre aquilo que gostamos, sobre aquilo que criticamos ou gostariamos que fosse diferente. A liberdade de expressão é outra com a Internet.
Como qualquer teia de aranha, a internet não têm limites. Cabe a cada um dos utilizadores encontrar e definir os seus próprios limites nesta teia imensa. Cabe a cada utilizador, fazer boa utilização e saber separar o trigo do joio. Na Internet nem tudo é verdade nem tudo é mentira. A Internet é aquilo que nós quisermos que seja.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Com a crise sempre por perto, com a incompetência política na resolução dos problemas sociais, por toda a Europa a pobreza tem ganho terreno. Sem excepção de países cada vez é maior o número daqueles que necessitam fazer apelo à caridade para poderem sobreviver e para poderem alimentar os filhos.
As diferentes associações caritativas, sem grandes ajudas dos poderes centrais, fizeram as suas habituais campanhas de recolha de alimentos, vestuário e tudo aquilo que pode ainda ser de muita ajuda para muitas famílias. Foi nestas recolhas, dos últimos dias, que em França ou em Portugal, se anunciou os bons resultados dessas campanhas. A quantidade dos produtos recolhidos foi superior aos anos precedentes, deixando a ideia que as pessoas continuam solidárias, continuam preocupadas com quem vive em situações menos agradáveis, em dificuldades que nenhum de nós gostaria de viver. Ouvi uma pessoa responder, «este ano dou um pouco mais, por duas razões: primeiro porque se vê cada vez mais jovens em necessidade à procura de ajuda e segundo, porque da maneira que vai o mundo, também me pode acontecer à mim e gostaria que também me ajudassem quando necessitar».
Mesmo não havendo nada de excepcional nesta resposta, faz-me pensar, que com maior frequência, maior número de pessoas teme o futuro. O dia de amanhã tornou-se uma incerteza e, se hoje temos trabalho, alimentos e vestuário, à velocidade que as coisas mudam, podemos de um dia para o outro estar numa situação que nos obrigue a pedir ajuda, a pedir para comer, para vestir.
Nos últimos dias, com a chegada do inverno rigoroso, os problemas da pobreza acentuam-se, sabem-se verdades e conhecem-se situações que nos passam ao lado noutras épocas do ano.
Apenas um exemplo, em França muito se escreveu e disse os últimos dias, sobre os pobres que «acampam» em parques ou bosques nos arredores da cidade de Paris. Alguns destas pessoas, vivem em situação dificil e sem habitação há mais de 10 anos, tendo construído nos bosques barracas, em cartão, alguma madeira ou chapas de metal, sobrevivendo da caridade e das boas acções de associações ou pessoas individuais. Os poderes locais, como solução, mandaram destruir nos últimos dias, dezenas de barracas e instalaram algumas dessas pessoas, em hotéis, durante três semanas. Uma situação provisória, dizem os poderes centrais. Mas quantas situações provisórias como esta nunca passam do provisório? Como encontrar uma solução em três semanas, para problemas que têm 10 anos?
E depois dessas três semanas?
Depois apetece-me dizer que o problema do político desapareceu. O problema, que eram as barracas, foi solucionado com a sua destruição. O problema do pobre, que é ser pobre, continua com maior gravidade (tiraram-lhe o pouco que tinha), e depende única e exclusivamente da ajuda e da caridade humana.
Fica mais uma vez a ideia, que podemos contar uns com os outros, podemos contar com a solidariedade humana, mas nada podemos esperar dos poderes centrais, a não ser tirarem-nos o pouco que temos.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
A França viveu este fim-de-semana aquilo a que alguns órgãos de comunicação e oposição chamaram uma «fantochada ou palhaçada». Ao mesmo tempo, uma palhaçada prevista e anunciada há muito tempo.
Como tem sido hábito, os presidentes franceses, vão alterando as equipas governativas, consoante o avanço dos diferentes projectos eleitorais. Há quatro ou cinco meses atrás, já se falava nesta mudança, que muitos esperavam como uma alternativa ao actual sistema governativo que muita polémica tem gerado. Depois das semanas movimentadas dos últimos tempos, uma vez aprovada a lei sobre a idade das pensões, esperava-se de dia para dia esta mudança. Muito foi dito, e muito se escreveu, sobre os pretendentes ao lugar de primeiro-ministro, sobre os possiveis candidatos, não
faltando especulações sobre este ou aquele nome, sobre esta ou aquela pessoa.
François Fillon, primeiro ministro, já tinha apresentado a sua demissão em 2007, aquando das eleições legislativas e nessa altura tinha sido reconduzido na função que ocupava. Desta vez, até há bem poucos dias, poucos eram aqueles que apostavam na continuidade de Fillon, tendo o mesmo dado sinais de ter chegado ao final do seu mandato. Porém, na semana que antecedeu estas mudanças, o mesmo manifestou disponibilidade para continuar no lugar, conduzindo à termo, os diferentes projectos de reformas e mudanças previstos pelo actual presidente de República.
Com a previsão de uma fim de semana de mudanças, não foi grande a surpresa, quando na sexta-feira ao final do dia, o então primeiro-ministro, apresentou a demissão, em bloco do seu governo, ao presidente de República, a qual foi aceite. Foi no sábado que comaçaram as «surpresas», François Fillon, é nomeado primeiro-ministro e reconduzido nas suas funções habituais, deixando para trás
nomes que se anunciavam já, ocupantes dessa cadeira tão desejada. Como tarefa, (urgente) cabe-lhe encontrar e apresentar ao presidente da República, uma nova lista de colaboradores (ministros e secretários de Estado) para formarem novo governo.
Uma vez a lista apresentada cabe ao presidente da República aceitar e nomear oficialmente o novo governo. Se o governo precedente contava com 37 ministros, o novo conta apenas com 30. A antiga equipa governativa que tinha aberto portas à oposição, fechou agora, por completo essas portas fazendo parte do novo governo apenas as cores do partido presidencial, ou seja um governo de
direita, por vezes mesmo, acusado de extrema-direita. No novo governo, as caras novas são poucas ou nenhumas, houve muitas mudanças, mas apenas trocas de gabinetes ou secretários de Estado que são agora ministros. A novidade mais badalada é a chegada de um antigo peso da política francesa, Alain Jupé, actual presidente da Câmara de Bordéus, que fez parte dos governos de Chirac.
Tem a França, desde domingo passado, um novo governo, mas com caras velhas.
Desta «palhaçada», um novo governo ao qual 64 por cento dos franceses não fazem confiança nenhuma e 89 por cento que dizem que a política vai ser a mesma que existe desde a eleição deste presidente, não esperando alguma mudança significativa e desejada, segundo uma sondagem publicada esta manhã na imprensa francesa.
Curiosidades desta nova equipa: é a primeira vez que um casal (marido e mulher) fazem parte de um mesmo governo, (ministra da defesa e negócios estrangeiros com o ministro junto do primeiro-ministro, responsável das relações com o Parlamento); cinco dos trinta membros da equipa nasceram na mesma cidade – coincidência ou não –, aquela onde Sarkozi foi presidente da câmara.
Dos 30 elementos do novo governo, 12 são mulheres.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Em muitas aldeias do nosso concelho e pelo país fora ouvem-se repetidamente os problemas causados pelos projectos de melhoramentos sem arte nem competência.
Não é do desconhecimento de ninguém a novela acerca do diploma de engenharia do nosso primeiro-ministro, e de engenheiros como ele, está o país cheio. Projectos mégalomenos que têm levado o país à ruína, projectos mal elaborados que poucos melhoramentos trazem às regiões onde foram elaborados, e que acabam sempre por enriquecer uns (sempre os mesmos) e criar problemas entre as populações.
No nosso concelho, não há aldeia que não se queixe de um ou mais problemas com as redes de saneamento básico, de abastecimento de águas, com os serviços prestados por empresas públicas ou privadas, mas para os responsáveis desses serviços são apenas falsos problemas e tudo funciona sempre bem sem razões para queixas.
Numa (muito breve) passagem pelo concelho, nas últimas semanas, ouvi pessoas que se queixam disto ou daquilo e desses problemas gerados por esses projectos mal elaborados e mal projectados, mas com pouca esperança que haja engenheiros ou pessoas competentes que proponham uma solução.
No Sabugal muita vez fiquei em frente de uma rotunda que foi feita há alguns anos, a pensar como alguém poderia ter imaginado aquela rotunda. A rotunda que fica em frente do restaurante Millenium. Que alguém me explique o que é que aquela rotunda ali faz. Outras seriam talvez mais necessárias.
Em frente do Millenium, mas desta vez do banco, encontra-se um triangulo (bem ajardinado e bonito), mas que por vezes (e muitas) tem provocado alguns sustos a quem por ali circula. Não seria aqui oportuno transformar este triangulo numa rotunda? Tive oportunidade de ver que essa avenida, quem vem desde a central de camionagem até a este cruzamento se encontra praticamente com o piso refeito a novo, foi pena não ter aproveitado estes trabalhos para fazer algo mais neste cruzamento perigoso e sem segurança.
Já agora e uma vez que os trabalhos ainda estão em curso (estavam há duas semanas), não acabem sem fazer uma limpeza geral na avenida, há muito ferro velho que dá uma péssima imagem à cidade e que precisa de encontrar outros espaços que não o centro da cidade.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
E se os governos fossem outros, seria diferente? «Matar» o presente para salvar o futuro?

Nos dias que correm, basta olhar para as páginas dos jornais ou ver os telejornais, para se aperceber que por este mundo fora, ninguém está contente com aquilo que temos, sobretudo no que diz respeito aos governantes que dirigem os nossos países. Queremos sempre mais e melhor. Por isso, se exige sempre mais dos governos e das pessoas, que de uma maneira ou de outra chegaram a lugares de poder para tomarem decisões por nós.
Em tempo de crise, as decisões a tomar ou anunciadas pelos governos centrais, como solução aos diferentes problemas, acabam por ser mal acolhidas e geram conflitos sociais, que deixam marcas por muito tempo. Nos dias que correm, o ambiente social é aquilo que se vê por toda a Europa, em particular em França, onde a força dos sindicatos e o descontentamento geral das pessoas, estão a deixar todo o país à beira de uma crise de nervos. Por um lado, a maioria da população apoia estas manifestações, mas de outro, não esconde o receio e o pânico que o País venha ficar completamente paralisado acentuando uma crise que teima em desaparecer, acrescendo as dificuldades do dia-a-dia. Nas grandes cidades, teme-se os resultados das manifestações. Com maior frequência, aparecem aqueles grupos de destruição, que apenas se misturam às pessoas para partirem tudo o que lhes aparece pela frente, deitando fogo a carros, casas, comércios, locais públicos ou privados, deixando um rasto de miséria atrás deles. Os desacatos e conflitos entre manifestantes e forças de segurança acentuam-se provocando uma maior separação entre as pessoas do poder que podem, mandam e fazem, e as pessoas que manifestam, apenas, na esperança de serem ouvidos e defenderem aquilo a que temos direito.
Que seja em Portugal ou França, a origem destes descontentamentos está no aumento de impostos, da quebra de salários, do aumento da idade de reforma, das frequentes reduções dos direitos sociais adquiridos ao longo dos anos. Está no pouco que os governos têm feito repetidamente pelas classes médias ou baixa. Está no próprio comportamento dos governantes, dos quais os nomes aparecem ligados a escândalos, a fraudes, a gastos chorudos dos seus gabinetes e da sua vida do dia-a-dia, quando se pedem esforços ao resto das populações, aos salários incompreensíveis, às reformas mirabolantes depois de meia dúzia de anos de (fracos) serviços.
A classe política, tornou-se ao longo dos anos numa classe incompetente, fraca e reles, incapaz de encontrar e propôr soluções aos problemas do presente e garantir um futuro às sociedades. Os governos dos nossos dias, apenas olham para os resultados económicos e financeiros. A educação, a segurança, o emprego e a saúde deixaram de ser uma preocupação.
Como se pode garantir o futuro quando não se defendem nem valorizam estes valores humanos, sociais, educacionais ou outros? Em Portugal ou França, que futuro podemos esperar, quando se fecham escolas ou hospitais porque não são rentáveis, obrigam-se as escolas ou professores a darem boas notas, para não baixar as médias nacionais de resultados. A formação, educacional ou profissional, que foi sempre um dos pilares das sociedades deixou de ser importante.
Como pode um país ser mais produtivo e competitivo, sem formação ou educação?
A riqueza e ajudas continuam a ser distribuídas apenas pelos grandes grupos económicos que fazem e desfazem segundo as suas vontades, transformando-se estes e apenas estes, nos centros de interesse classe política.
Em Portugal ou França, as soluções propostas são idênticas, sempre e cada vez mais, aumentos de impostos e redução de custos, o que gera aquilo que se conhece, conflitos sociais à repetição, os pobres cada vez mais pobres, os ricos cada vez mais ricos e um fosso cada vez maior entre ricos e pobres.
E se os governos fossem outros, seria diferente?
Em Portugal, com maiorias absolutas ou sem elas, uns e outros já todos (ou quase) passaram pelos governos. E o que foi feito? Foi um melhor que o outro?
A situação de hoje, não será ela um fruto bem maduro, de tantos anos de uma política incompetente, reles e falsa, de uma classe corrupta e gananciosa?
A classe política está a matar o presente, na esperança de salvar o futuro.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
A festa de cerveja de Munique (Oktoberfest) abriu as suas portas no passado sábado, dia 18 de Setembro, para festejar os 200 anos de existência.

A Oktoberfest, teve origens com o noivado do futuro rei da Baviera, Louis I com Therese von Sachsen-Hildburghausen, no dia 12 de outubro de 1810. Comemoram-se os 200 anos, sendo no entanto a edição n.° 177 deste acontecimento, devido às guerras e epidemias que impediram a organização de 24 edições.
Desde a sua origem, esta festa acontece num parque oval de 31 hectares, chamado «Theresenwiese» em homenagem à rainha da Baviera, lugar onde foi celebrado o casamento.
Este evento é esperado com ansiedade por todos os Muniquenses e tornou-se ao longo dos anos, uma das maiores festas populares do mundo. Desde os anos 80, a Oktoberfest recebe mais de 6 milhões de visitantes sendo cerca de 75 por cento originários da região e os restantes turistas estrangeiros que facilmente se inserem no ambiente, consumindo tanta cerveja como os alemães, segundo informações dos organismos de Turismo.
O início foi marcado, como habitualmente, por 12 tiros de canhão disparados na praça municipal, sendo o primeiro barril aberto pelo Prefeito de Munique, tradição que se mantém há cerca de 60 anos. Até ao 4 de Outubro, são milhões os litros de cerveja que vão matar a sede aos amantes (e não só) desta bebida.
Os trajes regionais, a rigor dão um ar de carnaval ao evento, não faltando animações pelas ruas com muita música e danças, carrosseis, concursos de quem bebe mais cerveja, concurso para aquele que transporta maior número de canecas de uma só vez, sem faltar o concurso da melhor cerveja.
Em honra dos 200 anos, seis grandes cervejarias de Munique, elaboraram tipos de cerveja seguindo as receitas dos séculos passados, tentando reproduzir o gosto da época.
Alguns números da Oktoberfest:
– 14 stands gigantes de cerveja com capacidade para vários milhares de visitas ao mesmo tempo; 105 000 lugares sentados previstos para os concursos de bebedores de cerveja;
– custo da caneca varia entre 8.30 e 8.90 euros;
– 1042 casas de banho e 843 metros de urinóis;
– 602 empresas participam no evento;
– 12.000 pessoas contratadas para trabalhar durante esta festa.
Records existentes:
– 18 canecas transportadas de uma só vez por uma empregada de mesa;
– 5,7 milhões de visitas em 2009;
– 6,6 milhões de litros de cerveja consumidos;
– 488.137 frangos e 116.923 pares de salsichas entre outros petiscos;
Despesa média de 54 euros por visitante.
Fotos da Oktoberfest ao longo dos anos. Aqui.
Um lagarteiro em Paris… com sede.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Os encerros e a capeia com forcão, são o motivo de regresso de muita gente às nossas aldeias. Se um dia vierem a desaparecer, por qualquer motivo que seja, algumas dessas aldeias e talvez uma grande parte do concelho acabam, simplesmente, por desaparecer.

Nos últimos tempos, várias vozes se têm manifestado em favor desta tradição raiana, o encerro e a capeia com forcão. Muito se têm falado para dar relevo e a importância devida à este evento, mas o tempo passa e na realidade pouco se vê. Saindo do ambiente da raia, dos descendentes da raia, pouco ou nada se sabe desta tradição. Muitos ouviram falar das capeias da raia, mas não sabem o que é nem como se passa. Este ano, tive o prazer em conjunto com um amigo, organizar uma viagem a Santiago, para a qual levei um DVD das capeias das diferentes aldeias para ajudar a passar o tempo durante o trajecto. Fiquei surpreendido, com o acolhimento que teve esse DVD. A maioria das pessoas, portanto, originárias do concelho, de aldeias sem tradições capeeiras, desconheciam por completo esta tradição. Ficaram interessados, pedindo explicações, perguntando quando e onde se poderia assistir à tais espectáculos.
Aquando do meu regresso à Paris, numa estação de serviço já bem perto de Paris, deparei com um camião TIR, pintado com cores e referências ào festival dos Jardins de Ponte de Lima. Cores vivas que chamavam a atenção de qualquer um. Tomei, eu, conhecimento, através dessa «publicidade» que Ponte de Lima organiza um festival de jardins, um festival que atrai muitos turistas.
Lembro-me também de há alguns anos atrás, uma empresa de camionagem de Guimarães, ter os seus autocarros pintados com referência ao castelo de Guimarães e D. Afonso Henriques.
Há vários anos, apareceram junto do Sabugal, nas principais estradas que levam à cidade, paineis com fotografias, desta tradição, mas pouco a pouco foram desaparecendo e acho que neste momento, já nenhum desses paineis faz eferência às capeias.
Tudo isto, leva-me a pensar que é necessário encontrar ou remeter em andamento uma «publicidade» que fale do nosso concelho e tradições, que apresente aquilo de que tanto gostamos.
Porquê não fazer apelo às empresas do concelho? Existem várias empresas, algumas que viajam regularmente para o estrangeiro, outras que fazem inúmeras viagens em Portugal. Seja no transporte de passageiros ou de mercadorias, não seria possivel encontrar uma forma de colaboração, entre empresas e entidades governamentais, para que os autocarros ou camiões do concelho dêem a conhecer esta ou outras tradições do concelho? Através de pinturas ou DVD por exemplo?
Como todos os anos precedentes, o mês de Agosto, foi um mês eufórico, de adrenalina, de entusiasmo, de festa e alegria. As festas e capeias levaram, muitos filhos e amigos às aldeias raianas. As pessoas da raia, mostraram mais uma vez aquele carinho, aquela amizade e aquele bem receber, que lhe é único. Em qualquer aldeia, havia sinais de vida, de alegria, de festa e todos eram bem-vindos. Como a maioria dos arraianos, nesta altura do ano, encontramos sempre forma e forças para regressar à terra, matar saudades, ver os familiares e amigos que por lá fizeram a vida. De aldeia em aldeia, passamos o tempo, entre encerros e capeias, admiramos a proeza e valentia, a coragem e o medo, a força e a fraqueza, tudo num ambiente de festa e amizade.
Mas os turistas são raros e todos sabemos a mais valia que seria para as aldeias e para o concelho a presença de maior número de turistas.
Para nós, a quem a saudade começa já a apertar, restanos, esperar mais um ano.
Quem sabe, talvez com mais visitantes… a admirarem e apreciarem o nosso concelho.
De Paris, Paulo Adão.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Esta é uma frase que cada vez se ouve mais, é um sentimento de tantos que se sentem anganados no dia-a-dia. Que seja em França, Portugal ou qualquer outro país, o beneficio e a riqueza de muitos é conseguida através de comportamentos menos escrupulosos, até ao ponto que muitos só são felizes quando conseguem enganar o vizinho, o amigo ou familiar, o sócio ou o patrão. Ninguem escapa à esta situação por via do usucapião e o nosso concelho não é excepção.

Há alguns tempos li um artigo, no qual se dizia que em Portugal, um quinto do território nacional, (20%) não são de ninguém, não têm dono, ou como dizia o artigo, não se conhecem os seus proprietários. Muitas propriedades estão sem dono, porque aquando das herdanças familiares, aquando das partilhas, vendas e compras, tudo era feito apenas por voz. A palavra dos vendedores e compradores eram suficientemente sérias para não ser preciso qualquer reconhecimento ou acto de escritura (outros tempos). Além disso, nas partilhas e herdanças familiares, porque alguns membros se encontravam já no estrangeiro, a maioria das «transacções» nunca foram oficiadas nem inscritas nos registros oficiais. Em algumas aldeias, segundo contam algumas «velhas» vozes, existiriam prédios ou casas, que eram construidas pelo povo em benefício de uma ou outra empresa para que esta, aí colocasse algum empregado com as respectivas familias e ajudasse com isto à aumentar a população que se reduzia dia a dia com a emigração. Tudo era feito oralmente, sem qualquer registo escrito e menos ainda oficial.
Hoje muitos são aqueles que têm inumeros problemas, quando querem comprar um terreno ou uma casa para voltarem às suas aldeias. Apercembem-se nesse momento, que o terreno ou a casa onde viviam os pais, nunca constou nas escrituras, que os terrenos onde foram construidas casas ou barracões pertencia a tal e tal familias, mas pouco ou nada mais se sabe e existe. Não há cadastro das propriedades. Em Abril de 2009 o governo anunciou um investimento de 700 milhões, até 2016, para tentar resolver e meter em ordem esta situação.
No nosso concelho (como talvez em outros), é do conhecimento de todos uma prática corrente, levar duas ou três testemunhas frente a um notário, que vão testemunhar em favor do comprador, que este ou aquele terreno, esta ou aquela casa sempre lhe pertenceu e que a herdou, que a comprou ou que lhe foi oferecida e que ocupa os terrenos ou casa há mais de 20 anos pagando as suas prestações e fazendo todos os trabalhos de manutenção, (a lengalenga do costume). Sem duvída que isto tem «desenrascado» a vida a muito boa gente e têm sido a solução para aquilo que parecia não tê-la, mas não será também este uma método que permite a gentes com menos escrupulos de se apropriar de algo que não lhes pertence?
Ontem, folheando o jornal deparei com a página das escrituras, na qual se informa, que por escritura de Junho último se certifica que uma empresa (do Sabugal) é proprietária de uma casa em Aldeia do Bispo, por usucapião.
Da mesma maneira que esta empresa não conseguiu ainda provar por qualquer documento o modo de aquisição e que lhe dê direito de propriedade, também eu não conseguirei provar quando digo que essa casa tivesse sido construida pela povoação para que esta empresa aí colocasse os seus empregados.
Mas uma coisa é certa. Esta casa está abandonada há cerca de 20 anos, (há 17 anos concretamente) contrariamente ao publicado no qual se diz que ocupa ininterruptamente desde que a compra foi efectuada pelo ano de 1968. Também consta na publicação desse artigo, que esta empresa sempre fez as obras necessárias de conservação, pagando as contribuições e impostos. Bem se não havia escrituras nem documentos oficiais que provem essa compra, quais são as contribuições ou impostos que se pagam? Obras de conservação? Basta olhar para a casa e verificar o seu estado de degradação e abandono, para confirmar que nada foi feito nos últimos 20 anos. E nos outros 20 se houve alguém que fez trabalhos de conservação não foi sem dúvida alguma essa empresa que os fez ou financiou.
Se tal empresa é confirmada proprietária dessa propriedade, não é pelo usucapião, mas sim por outras artes e manhas, ou pelos testemunhos apresentados, no minímo duvidosos e interessados.
Quando se olha para os textos da lei, do código do registo predial, das justificações e usucapião, e se vêm estas situações, percebe-se que isto, apenas é possivel numa sociedade onde a anarquia ganha terreno e como diz o povo, onde quem tem olho é rei, onde meio mundo anda a enganar o outro meio mundo.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
A França viveu as últimas semanas ao «ritmo» da sua Selecção Nacional. Até houve (e continua a haver) outros assuntos que mereciam a mesma, senão ainda maior atenção. Mas não é novidade que o futebol continua a mexer com uma gande parte da sociedade, ricos ou pobres, velhos ou novos.

Nestes momentos desportivos, que pessoalmente também aprecio, todas as atenções vão para as equipas do nossos países, o patriotismo sai à rua, os temas de conversa são os resultados, bons ou maus de certas equipas e outros problemas mais sérios e mais urgentes de resolver ficam para trás ou são resolvidos à pressa, sem discussão, sem oposições, sem debate.
Mas o tema desta crónica é bem a equipa de França e a sua participação neste campeonato do mundo. Talvez muitos dos leitores deste blogue até já estejam fartos de ouvir falar desta equipa e da novela que se vai «produzindo» em volta dela, por aqui também se têm esse sentimento. Até ao jogo de ontém, ainda alguns responsaveis desta equipa pensava ou esperava num milagre para que esta equipa se qualificasse, mas a grande maioria da população francesa, não só não acreditava como desejava que a equipa fosse derrotada e voltasse para casa o mais rapido possivel. A França não gostou e não aceita a imagem que os seus jogadores deixaram desta nação. Existem petições em linha para castigar os responsaveis desta situação, existem petições para que os jogadores renunciem aos seus prémios de jogo e ofereçam o dinheiro às camadas jovens e à formação desportiva, fazem-se pedidos de explicação.
A imprensa francesa, seja ela especializada no desporto ou de cunho politico ou social, não poupou em nada a equipa, os seus dirigentes e responsaveis. Apenas algumas frases que apareceram nos jornais por toda a França: «Vae Victis. Malheur au vaincu», ou seja, «…afinal tudo tinha começado com uma batota», «a derrota foi o melhor que podia ter acontecido», «nunca deveriam ter posto os pés na Africa do Sul», «um campo em ruínas», «jogadores de uma mediocridade alarmante, podres de dinheiro, educados numa vida por vezes sem leis, sem valores, sem respeito, sem educação», «mais uma vez Parabéns». A prestação da equipa francesa foi vergonhosa, foi uma calamidade, o fim do mundo. De desgosto público e popular vivido pela população pelos maus resultados desportivos, passou a tema politico pelo comportamento geral desta equipa.
Mas porquê tudo isto? Como se chegou a esta situação?
Os problemas em volta da equipa de França, há muito se conheciam, há vários anos, que se falava dos problemas internos de balneário entre staff e jogadores. Poucos foram aqueles que perceberam e aceitaram a continuidade do mesmo treinador depois da eliminação (também na primeira fase) no campeonato da Europa em 2008. No entanto, à medida que se aproximou este mundial muitos eram os que acreditavam no sucesso deste equipa e muitos foram os que davam esta equipa como vencedora do campeonato do mundo. E este é uma das chaves do desgosto. A França era campã do mundo já antes do campeonato e sem jogar, a França era campã do mundo porque ganhou em 1998. A França era campã do mundo porque as outras equipas não prestam e pouco valem. Rapidamente o patriotismo deu lugar ao chauvinismo.
Uma outra critica apontada ao comportamento dos «azuis» é o mau exemplo dado às camadas jovens e a todas as crianças que vêm nos jogadores os seus ídolos. Os formadores e responsaveis das camadas jovens falam já de centenas de inscrições a menos no início do ano, os milhares de jovens actualmente nas camadas de formação assimilam rapidamente os gestos e actos menos positivos dos seus ídolos e rapidamente contestam as decisões dos treinadores. E este foi o que me motivou a escrever sobre este assunto, porque nesta maranhada toda, no que diz respeito à formação dos jovens, pouco se ouviu falar dos verdadeiros valores do desporto, da alegria de jogar e fazer parte de uma equipa e que participa em grandes competições. Os jovens são formados para serem o Zidane ou o Figo, Ronaldo ou Messi. A formação é feita, muito, à base de imagens temporárias de pessoas que tiveram e têem prazer em jogar, que mostravam prazer em defender as cores de um país e pouco à base dos valores humanos do respeito, do trabalho, da sinceridade, do Fair-Play. A maioria dos jovens conhece os jogadores Zidane ou Figo, mas poucos conhecem a pessoa e o homem que são o Zidane e o Figo, poucos conhecem os valores do respeito, da justiça, do trabalho, da disponibilidade para serem o Zidane ou o Figo dos próximos campeonatos do mundo.
Dois pontos, que achei importantes em volta desta novela, que me levaram a esta reflexão: o chauvinismo francês e as fracas bases na formação desportiva actual.
«A selecção gaulesa» – uma novela que vai continuar ainda por alguns (muitos) episódios, que vai fazer correr muita tinta nos jornais pelo menos aqui por França.
E viva Portugal.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
A educação tem sido de há alguns anos a esta parte, orgiem de discórdias, estratégia política, fonte de discussão. Os governos, uns atrás dos outros, têm cortado nas ajudas mas também no essencial.
Do lado dos governantes, quando se elimina uma classe ou se fecha uma escola, não é só apenas um corte nas ajudas, mas uma machadada num dos pilares da sociedade.
Do lado dos professores, alguns (e muitos) têm tentado defender uma profissão que foi ao longo de muitos anos algo de indispensável para a formação dos jovens e adolescentes. Outros, infelizmente, defendem apenas o tacho que os alimenta. Do lado dos pais e dos alunos, exigencias de facilidades, de bem-estar, de garantias de sucesso: os governos e as escolas é que devem garantir a passagem de ano de um aluno. Isto é o mundo ao contrário. Muitos já se esqueceram que os nossos pais faziam 10 quilómetros pela manhã e outros 10 quilómetros pela tarde para irem à escola, com livros e o farnel de almoço, pois noutros tempos não havia cantinas escolares nem eram muitos os que tinham possibilidade de ir almoçar a casa. Quem não se lembra nos invernos frios da Raia, levar as brasas por vezes em baldes de lata para as braseiras que aqueciam as nossas salas de aulas?
Tudo isto é passado e mais que esquecido, hoje os problemas são bem diferentes. Os alunos são transportados até às portas da escola, as escolas oferecem as maiores comodidades, em vez de livros, alguns começam a transportar no saco um computador ou uma pen numérica onde arquivam e guardam todos os seus deveres e documentos.
Criaram-se as comissões de pais e alunos, reduziu-se o tempo de escola, tudo num sentido de evolução e de progresso. Naqueles tempos, quando alguém conseguia fazer a quarta classe e depois ir para um colégio, para um seminário e conseguir ir para a universidade era motivo de orgulho para toda a família.Os alunos, eram os primeiros a festejarem os exames da quarta classe e todos os outros que se seguiam e eram esses alunos mesmos os primeiros a fazerem um esforço sem limites, para conseguirem ultrapassar essas provas. E verdade seja dita, era muitos aqueles que festejavam o ultrapassar desses exames.
Hoje tudo é diferente. Passar um exame é apenas mais uma prova chata, na qual ganha o que for mais esperto. Ao longo do ano, vai-se de vez em quando às aulas para conhecer a cara do professor e trocam-se alguns números de telefone com os novos colegas. Depois no momento do exame logo se vê.Que seja o que Deus quiser. Da parte dos governos, é preciso dar boa imagem, a percentagem de sucesso deve ser alta para não dar má imagem do país nem das escolas.
Nestes últimos dias, o governo francês têm discutido muito a propósito da educação e do sistema escolar. O sistema escolar francês, parece ser muito pesado para os alunos, a percentagem de sucesso não é das mais elavadas. O ano passado, o tempo escolar de quatro/cinco dias por semana foi reduzido a quatro dias no sistema primário. No secundário ainda hoje se praticam os quatro dias e meio.
Como é sempre bom copiar por alguem, o governo francês aposta no «sistema alemão», onde a manhã dedicada ao ensino e a tarde ao desporto. No entanto este sistema tem sido alvo das maiores criticas na Alemanha, onde os resultados estão muito aquem e por vezes contrários às expectativas. O governo francês vai no entanto abrir e dar espaço à uma discussão pública para «modernizar» o sistema escolar neste sentido.
Em Portugal falou-se durante esta semana na passagem do 8.° para o 10.° ano através dum só exame, coisa que não é do gosto de pais e responsáveis de educação.
Ontem mesmo, assisti à uma reportagem onde se mostravam todas as técnicas para falsear os exames, onde se viam os alunos fazer uso de todas as artimanhas para conseguirem ultrapassar os exames. Nada é deixado ao azar. A internet oferece hoje todos os meios e maneiras para se conseguir um bom resultado. Em troca de alguns euros, encontram-se os resultados dos exames, mesmo antes de estes serem feitos.
Quais serão os resultados de tudo isto? Não teremos no futuro ainda mais engenheiros, advogados, médicos e tantos outros especialistas sem diploma? Ou será que vão todos aprender durante as suas vidas profissionais? É esta a educação nos nossos dias?
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Durante este fim-de-semana, a famosa avenida dos Campos Elísios em Paris, foi palco de uma original iniciativa tornando-se numa gigantesca amostra das espécies animal e vegetal, num enorme palco natural, num imenso jardim.
Um fim-de-semana nos Champs Elysées, sem carros, cerca de dois milhões de visitantes, aproveitaram do bom tempo e do sol, para passearem entre agradáveis cheiros e cores por vezes muito dificeis de aperceber em Paris. A ideia nasceu há pouco mais de dois anos, de um artista e organizador de acontecimentos e espectáculos de rua, que já em 1991 tinha transformado esta mesma avenida num gigantesco campo de trigo.
A colocação e exposição de todas estas espécies exigiram muita preparação e organização. Durante algumas noites que precederam este fim-de-semana, foi um vaivém de camiões, uma dança de máquinas a descarregar, parcelas de terra, plantas e animais.
O fim-de-semana (prolongado pelo feriado de Pentecostes) foi muito quente em Paris, o que fez com que um maior número de pessoas tivessem saído e tivessem ido visitar este imenso jardim. O presidente da República e primeira dama também estiveram presentes. Enquanto o presidente aproveito do evento para tentar tranquilizar alguns agricultores, a primeira dama mostrou-se muito interessada pelas couves, pelos animais e por aquilo que eles comem, tentando dar uma imagem de alguém que se encontra próximo da classe popular e agrícola.
Os resultados foram positivos, os organizadores estão contentes com o número de visitas, 1 milhão e 900 mil visitantes entre domingo e segunda-feira. Os agricultores, que representaram as suas zonas de origem, dizem ter conseguido com esta «exposição», mostrar à sociedade a riqueza dos produtos agricolas franceses, defendendo com «unhas e dentes» os produtos franceses.
Para resumo, havia cerca de 8 000 espécies vegetais espalhadas no quilómetro que separa o Arco do Triunfo à rotunda dos Campos Elísios. Foi feita uma pirâmide de frutas e legumes com sete metros de altura, que foi no final oferecida à associação «Restos du Coeur», que distribui ao longo do ano, milhares de refeições aos mais necessitados. Feijoeiras, bananeiras, ananás, couves, vacas, cabras, ovelhas, cavalos, galinhas e tantos outras espécies, tudo esteve presente nesta gigante amostra natural da riqueza agrícola francesa.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
A «Reforma» aquilo que todos esperam durante anos e que hoje muitos desconfiam, não virem a receber. Ao longo da vida profissional, todos aspiramos pela merecida reforma, mas não é segredo para ninguém o estado actual das reformas por toda a Europa.
Em Portugal ouvia-se sempre falar das reformas dos «emigrantes», das reformas que vinham de França ou de outros países.
Hoje, a França, como toda a Europa, atravessa graves problemas económicos e financeiros, a falta de emprego atinge niveis elevados, a longevidade humana foi aumentando. Com isto, existem cada vez menos pessoas em actividade e mais em fase de usufruir da tão esperada reforma. As estatisticas, são claras, em 1960 existiam 4 pessoas activas para cada reformado, em 2050 haverá apenas 1,2 pessoas em actividade para cada reformado. Em 2020, o número de reformados, ultrapassará o número de activos. Com a crise financeira, a França apresenta desiquilibrios em 2010 que eram esperados apenas para lá de 2030.
Com este panorama há muito que se temiam mudanças. Todos desconfiámos delas, mas niguém quereria que chegassem tão cedo. Este fim de semana, o governo francês, anunciou as primeiras linhas de discussão. Linhas de mudanças que vão antes de mais, fazer correr muita tinta nos jornais e noticiários, alterações que vão provocar manifestações, greves, descontentamento geral.
Este governo já nos tinha habituado ao «trabalhar mais para ganhar mais». Agora sem surpresas, o governo apresentou as linhas «mestras» deste tema: prolongar a idade legal de obtenção da reforma e fiscalizar mais, os altos salários e a riqueza individual. Muitas questões estão em aberto e estas linhas de discussão não se apresentam como a solução ao problema.
Um tema quente que promete muita discussão e que merece sem duvida muita discussão de quem de direito. Pena é, que tudo promete ser resolvido, como diz a oposição socialista, «durante os jogos do mundial, não deixando tempo às pessoas para reagirem».
Estatísticas recentes, mostram mesmo, que a maioria da população francesa (74%) não acredita no debate deste problema, achando que o governo têm já, tudo decidido. Ao mesmo tempo, apenas 35% acham haver uma igualdade de direito de expressão no que diz respeito à este tema.
Um tema que afecta a comunidade portuguesa presente em França, aqueles que próximo da idade de reforma sentem a ameaça de dever trabalhar mais algum tempo do que o previsto; para os mais novos com as dificuldades actuais de encontrar trabalho, um prolongamento dos anos de trabalho ou da idade de reforma, transforma-a numa miragem longínqua.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Este icebergue chamado União Europeia, nasceu com o objectivo de pôr termo às frequentes guerras entre países vizinhos, foi crescendo e alargando com a união e força das diferentes culturas, das diferentes riquezas.
Todos os países que entraram na união Europeia, contribuem na construção deste icebergue, fazendo face ao poderoso dólar americano, tentam com os EUA fazer face ao terrorismo mundial. Nasce o Euro e com ele as dificuldades que tantos lhe atribuem, ou as ajudas que também lhe são reconhecidas. Individualmente cada país progrediu um pouco. Uns porque souberam gerir melhor as ajudas ou souberam analisar e definir melhor os projetos prioritários para essas ajudas. Outros porque não souberam aproveitar estas ajudas.
Hoje as notícias da Europa, são a crise que afecta alguns dos seus membros, a Grécia em situação de bancarrota e os índices da economia mundial a indicarem que outros países, tais como Portugal, Espanha, Itália ou Irlanda estão em risco de «escorregar» juntamente com a Grécia.
Como se pode chegar a tal situação? Como em qualquer família, existem responsabilidades, é preciso saber gerir os recursos familiares e não gastar mais do que aquilo que se tem. Quando uma família chega a um estado de bancarrota, alguem é responsavel. Como explicar que um país chegue a tal situação e não se encontrem responsaveis? Será justo culpar apenas os governos actuais da má gestão das suas riquezas e dos seus dinheiros?
Face a esta situação, sera a união europeia capaz de se ajudar a si mesma? E qua ajuda dar a estes países? Será que os empréstimos europeus ou mundiais serão a solução? E não serão a Grécia e estes países indicados a dedo a face visível de uma situação geral da Europa? O que esconde a parte oculta deste icebergue? Será que aqueles que são hoje chamados os grandes da Europa – França e Alemanha – estão em melhores condições?
Tantas perguntas e tão poucas respostas, ou tantas perguntas sem resposta.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Foi este o sentimento encontrado neste fim-de-semana face ao mesmo acontecimento: a nuvem de cinzas, do vulcão Islandês, Eyjafjöll. Esta nuvem, que têm sido capa dos maiores jornais, noticia de abertura de todos os jornais televisivos e radiofónicos, provoca dois sentimentos muito diferentes, ou mesmo opostos em pessoas muito parecidas.
Em Paris, Versailles e Bordeus as férias de Primavera, começaram apenas nesta sexta-feira, e como já vai sendo hábito, esta paragem escolar de duas semanas, proporciona a alguns portugueses (entre outros) uma breve estadia no nosso País, uma visita rápida antes da época de verão às praias de Lisboa e Algarve. Infelizmente, pelos motivos que todos conhecemos, muitos acabam por ficar por cá, outros ainda esperam por um avião que os possa levar até à nossa capital. Nestes, o sentimento é de tristeza, impotência, alguma incompreensão.
Mas há os outros, aqueles que vivem há anos perto dos aeroportos e que desde há alguns dias, vivem uma tranquilidade, um silêncio que não conheciam. Encontrei um casal luso-espanhol, que me dizia: «Em 35 anos, nunca tinhamos almoçado no nosso jardim. Quando comprámos a casa, diziam-nos que passavam aqui perto, que se viam, que se ouviam um pouco… que depressa nos habituaríamos. Realmente habituámo-nos, mas é impossivel almoçar no jardim, porque os aviões passam todos os dois minutos.»
Nas vilas e cidades que circundam os aeroportos de Paris existem muitos portugueses e muitos destes viveram neste último fim-de-semana, dias que desconheciam, dias sem o barulho dos aviões a cruzarem os céus todos os dois minutos.
Um outro português, dizia-me em ar de brincadeira que «devia ser assim todos os fins-de-semana, sem haver vulcões, podiam fechar os aeroportos aos fins-de-semana. Agora que não andam, é que me apercebo do barulho que fazem quando passam em cima da minha casa».
E assim vai o mundo, cada um com os seus sentimentos e vontades, cada um com sensibilidades diferentes face à mesma situação.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
O famoso restaurante português Pedra Alta junto ao aeroporto de Orly, nos arredores de Paris, foi «visitado» por dois malfeitores na noite da passada segunda-feira.
Em pleno serviço de jantares, o famoso restaurante português, Pedra Alta, em Athis Mons, junto ao aeroporto de Orly, foi alvo de uma visita inesperada. Perto da meia-noite, quando se servia o jantar a cerca de 70 pessoas, dois homens chegaram de mota e entraram no estabelecimento com os respectivos capacetes. Um deles aponta uma arma para a sala o segundo aponta directamente a um empregado, exigindo de seguida que lhe entregasse a dinheiro da caixa. O empregado tentou explicar que não possui a chave recebendo em «troca» uma pancada de pistola na cabeça. O director-adjunto, tentou nesse momento extrair a chave do bolso, mas o gesto surprenendeu talvez os malfeitores que interpretando mal o gesto acabaram por disparar, atingindo-o no peito. «Um ferimento, que felizmente se revelou superficial», esclareceu o gerente Hélder, que chegou ao local momentos depois do assalto.
O proprietário do restaurante explicou ainda que «os estragos poderiam ter sido piores e mais graves, pois a bala que atingiu o director-adjunto fez ricochete num pilar e poderia ter atingido algum dos muitos clientes que assistiram a tudo impotentes.
Os malfeitores acabaram por fugir, como tinham chegado, de moto, levando com eles a totalidade das receitas da noite, alguns milhares de euros, deixando ainda as palavras intimidatórias: «Não se mexam, ou terão muitos problemas.»
Alguns clientes ficaram em estado de choque e tiveram de ser transportados ao hospital.
Alguns dos clientes, ficaram no local dando o apoio e a ajuda necessária aos 25 empregados e gerente deste restaurante, reconhecido pelos peixes e mariscos, cozinhados à boa moda portuguesa.
O serviço retomou normalmente no dia seguinte e a direcção promete reforços nas medidas de segurança.
(Texto adaptado de notícias em jornais franceses.)
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Votar será um dever? Um Direito? Ou apenas uma dor de cabeça que muitos evitam? Eleições Regionais em França, marcadas por uma abstenção record. Os franceses eram chamados às urnas este domingo, para elegerem os seus representantes regionais. Uma eleição em dois tempos, a primeira volta neste domingo, a segunda volta no próximo domingo.
Desta primeira volta o partido do poder (UMP) esperava a confirmação da sua política, a oposição liderada pelos socialistas, esperava obter resultados que permitissem advinhar ou prever ua mudança das cores políticas actuais.
Os resultados desta primeira volta, surpreenderam pela negativa, a abstenção bateu records, atingindo uma «maioria absoluta», 53.6%. Os poderes políticos, UMP e PS partilham com pouca diferença os resultados finais, o partido de Jean Marie Le Pen, do Front Nationale da extrema direita ganha força e apresenta-se ainda à segunda volta, com resultados também eles surpreendentes. Estes resultados deixam tudo em aberto para a segunda volta do próximo domingo, todos os partidos foram unânimes em reconhecer que com esta abstenção não há nem vencedores nem vencidos desde esta primeira volta.
Escolhi este tema, não para falar das eleições francesas, mas para tentar perceber este desinteresse pela política, tentar perceber o porquê de tanta abstenção.
Nos dias que correm, numa grande parte dos paises europeus, a política tem perdido aquele poder de convencer. Os políticos são regularmente vistos como uns «caçadores de poleiro», que pretendem apenas um bom lugar, recompensas chorudas. As promessas durante as campanhas são enormes, vão à procura dos mais necessitados prometendo e dizendo aquilo que as pessoas querem ouvir. Hoje com o poder da comunicação social, com a facilidade de comunicação existente, as pessoas acabam por perceber rapidamente as verdadeiras intenções políticas de esta ou aquela pessoa, deste ou daquele partido.
Regressando a estas eleições regionais em França, a campanha foi marcada não pelos grandes projetos ou ideias que muitos esperavam, mas pelas acusações entre uns e outros, entre difamações pessoais, entre traições partidárias ao seio da mesma cor política. Ao mesmo tempo, o Conselho Regional sendo responsável entre outros, pelos transportes, pela educação, pela formação continua e profissional, poucos são aqueles que realmente conhecem os poderes e as responsabilidades destes conselheiros. É espantoso, como ao fim de tantos anos de eleições regionais, ouvir dizer que não se sabe a que servem os conselheiros regionais.
Com isto tudo, talvez a abstenção tenha uma explicação, talvez seja compreensível.
Poucos são aqueles que ainda depositam alguma confiança nos actuais políticos. No entanto, não será o voto a melhor maneira de expressão? Em países, onde a democracia não passa de uma miragem, onde a liberdade de expressão não existe, as populações aspiram pelo direito ao voto, pela liberdade de poder votar e escolher os seus representantes. Será que para nós, este direito e este dever já não representa nada na liberdade que outrora foi tão dificil conquistar.
O voto é responsabilidade, significa partilhar ideias ou projectos, significa um compromisso com aqueles que escolhemos.
O voto é liberdade.
«Um lagarteiro em Paris», opinião de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
O Sud-Expresso moderniza-se. O mítico comboio da CP, com ligação diária de Lisboa à Hendaia, é o mais antigo da Europa em circulação. Liga, desde 1887, Santa Apolónia a Hendaia e a Paris por TGV. A partir deste 1.º de Março moderniza-se e passa a utilizar material Talgo. Os passageiros passarão a dispor, por exemplo, de quartos com duche privativo, entre outras novidades.
Este comboio, faz parte da memória e da vida de muitos portugueses e de muitos raianos. Quantos não têm histórias e anedotas para contar? Quantas não foram as vezes, que quando chegava a Vilar Formoso, os lugares e as couchettes estavam já ocupados? Neste comboio, entravam todos aqueles que se deslocavam para França ou outros paises da Europa, nele entravam aqueles turistas com menos possibilidades financeiras e para quem o comboio era o transporte mais económico. Além disso, o ambiente e as experiências vividas durante as viagens, eram únicas.
Quando chegava a Vilar Formoso, sempre perto da meia-noite, os lugares estavam ocupados e as pessoas dormiam a bem dormir. Lembro-me de um ano, os nossos lugares estavam ocupados por turistas alemães bêbados que nem uma porta. O revisor tinham optado por «fechá-los» todos no nosso compartimento, e nós tivemos de viajar de pé, no corredor até Hendaia.
Deste velho Sud-Expresso, ficam as memórias das velhas carruagens, da mudança de máquinas em Vilar Formoso ou Fuentes de Oñoro, devido à diferença de bitolas existente – o Talgo, tem a vantagem de poder circular nas diferentes bitolas, europeia e ibérica – e das mudanças de humor entre os revisores portugueses e espanhóis.
Ao Sud-Expresso, estarão sempre ligadas as memórias dos incêndios que não permitiam a sua passagem, dos atrasos que faziam perder a ligação ao TGV em Hendaia. Ficou também na memória, aquele grave acidente em Alcafache, em 1985, onde várias dezenas de pessoas perderam a vida, quando regressavam das suas férias para mais um ano de trabalho.
A partir de hoje, o Sud-Expresso muda de visual. As velhas carruagens são trocadas pelos modelos Talgo, modernos e com melhores condições.
Com esta modernização o Sud-Expresso tem tudo para continuar a ser o mais antigo comboio da Europa em circulação sem interrupções.
Formado, geralmente, por seis carruagens o Sud-Expresso sai diariamente de Lisboa (Santa Apolónia) às 16.06 e chega a Hendaia às 07.10 do dia seguinte (horário local). O TGV sai em direcção a Paris às 07.53 e termina a sua viagem na capital francesa (Gare Montparnasse) às 13.45. Na volta, o TGV sai de Paris às 15.50 e chega a Hendaia às 21.23. O Sud-Expresso parte, às 22.00, rumo a Lisboa, onde chega às 11.03 do dia seguinte (horário português). Na estação de Vilar Formoso, as locomotivas da CP-Comboios de Portugal são trocadas pelas da espanhola RENFE, e vice-versa.
Blogue dedicado ao mítico comboio. Aqui.
«Um lagarteiro em Paris», opinião de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Estava marcado para dia de São Martinho, o primeiro Magusto da Raia, organizado pela Associação Raiar, na região de Paris. A meio da manhã, membros da associação, começaram a preparar o local, para receber como pertence todos os convivas raianos que queiram aparecer.
No local, foram expostos vários artigos, alguns muito antigos, artigos das alfaias agricolas da nossa região, o forcão em miniatura, peças de artesanato e várias obras de arte, concretamente as pinturas do Francis Veras da Silva, de Aldeia do Bispo. Foram também expostas algumas fotografias antigas que relembraram actividades agricolas e ainda duas serigrafias, amplamente conhecidas, da autoria de Alcinio Vicente, reprensentando Cristo e o Encerro.
O dia levantou-se com algum nevoeiro, mas rapidamente o sol apareceu e deu lugar à uma tarde fresca mas «ensoleillé».
Os participantes foram chegando ao local, os assadores começaram a fumejar e pouco tempo depois começou à saborear-se as excellentes castanhas e a jeropiga, vindos da nossa região. O bom ambiente amigavel, da raia, não faltou, o David (filho do Francis Veras) deu ainda alguns «toques» de acordeão, houve castanhas e jeropiga (filhós, bolos, sumos e cerveja), durante toda a tarde.
Como anunciado, organizou-se um mini-torneio de petanque. Seis equipas divertiram-se e mostraram as suas habilidades neste jogo. No final foram distribuidos prémios aos vencedores.
O número de participantes, (um pouco mais de 50 pessoas), ficou aquém das expectativas da organização, sendo dia feriado, esperava-se maior número de participantes, mas para o ano haverá mais, se Deus quiser.
Um abraço desde Paris
«Um lagarteiro em Paris», opinião de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
A Associação Raiar de Aldeia do Bispo organiza no dia 11 de Novembro na região de Paris o «Magusto da Raia».
A Raiar – Associação de Aldeia do Bispo – tem organizado diversos eventos, em terras de França e em Aldeia do Bispo, nomeadamente convívios anuais, exposição e debate sobre as origens de Aldeia do Bispo e terras de Riba-Côa na região de Paris, a instalação de uma mesa de orientação no Malhão, a criação e organização de percursos pedestres – a rota do Malhão, já terminada, sinalizada e em fase de certificação pelos organismos correspondentes –, e a limpeza e revalorização de espaços públicos em Aldeia do Bispo.
A Raiar vai, este ano, organizar aquilo a que chamou «Magusto da Raia» na região de Paris. O objectivo principal é reunir à volta das castanhas e do São Martinho, o maior número possivel de arraianos e amigos da Raia Sabugalense e reforçar através desta tradição, a amizade que sempre reinou entre as diferentes aldeias.
O programa «oferece» uma tarde alegre e divertida para rever amigos e como o local proporciona isso mesmo, um grande «Torneio de Petanque».
O encontro está marcado para dia 11 de Novembro, a partir das 14.00 horas, no Boulodrome de la ville de Paris, Stade Léo Lagrange, Rue des Fortifications, PARIS 12ème.
O lema da festa raiana é: Vem e diverte-te. Traz um arraiano contigo.
Um abraço desde Paris.
«Um lagarteiro em Paris», opinião de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Há várias semanas foi publicada aqui, a notícia de uma capeia com forcão na Ilha Terceira, em ocasião das festas Sanjoaninas.
Essa notícia solicitou de imediato alguns comentários, manifestando alguma curiosidade face à este evento e alguma inquietação. Nos últimos dias apareceu mesmo uma petição online (já com mais de 500 assinaturas), contra este evento. Todos os assinantes, manifestam algum desconforto face à esta iniciativa. Todos, estamos preocupados de uma maneira ou de outra, de perder uma tradição, com tanto valor, em favor de uma Ilha, com outras tradições taurinas, e com poder para fazer aquilo que nós ainda não soubemos fazer, ou seja reconhecer esta tradição como património da raia. O nosso amigo Kim Tomé fala disso no seu comentário ao artigo, outros na página da petição falam numa associação das aldeias do forcão, das juntas de freguesia, de outras entidades com interesses no concelho, para patentear o forcão e a capeia arraiana, ideias a serem ser exploradas e porque não concretizadas.
Faço duas leituras desta situação: de um lado a união raiana dos «filhos da raia» em fazer tudo o que seja possivel para defender, dando ideias em favor destas e outras tradições raianas. Demonstra, como estamos preocupados com a situação social, cultural, presente e futura do nosso concelho e das nossas aldeias, mesmo se por vezes não conseguimos manifestar ou fazer mais por isso.
Mas do outro lado, demonstra, também, talvez insconscientement e sem maldade, que iniciativas privadas e sem consenso, podem destruir grandes tradições. Vimos debates acerca dos recentes festejos de carnaval entre Aldeia do Bispo e o Sabugal, voltamos a assistir com este evento à uma situação menos positiva (à primeira vista) para o sabugal e as aldeias do seu concelho. Quem se ofereceu para «ensinar» os açorianos a pegarem ao forcão, talvez não tenha pensado nas consequencias, mas na realidade, ou porque não sabemos bem o que se seguirá à esta iniciativa, todos estamos preocupados.
Seria bem que «os professores» do forcão dessem a cara e explicassem a razão e as vantagens que esta iniciativa vai trazer ao concelho.
Seria mais positivo trazer açorianos às capeias da raia, que levar o forcão para os açores, mas isto é só a minha opinião.
Será talvez a ocasião e o momento oportuno, para que os poderes locais, Câmara, Juntas, Casa do concelho, Associações e outros, se sentassem à mesa e discutissem de uma solução rapida e definitiva para defender e definir este património que nos une.
Força raia, o forcão é nosso.
Um abraço desde Paris.
«Um lagarteiro em Paris», opinião de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
Quando se fala de Paris, pensa-se na torre Eiffel, no rio Sena, no Lido ou Moulin Rouge. Em Paris são organizados eventos de grande envergadura, o Salão do Automóvel ou o Salão da Agricultura. É sobre este último que escrevo estas palavras.
Está aberto desde sabado passado e até ao dia 1 de Março o Salão da Agricultura, uma das maiores exposições organizadas anualmente em Paris, onde os modelos são os animais. Animais das mais variadas raças e espécies, de França e outros países, são preparados durante todo o ano, para poderem aguentar 15 dias de exposição, aceitarem carinhos e festas de milhares de visitantes.
Este ano, esperam-se mais de 600.000 visitantes. Os melhores ou mais originais, particiam em concursos, desfilam em passerelles em frente de centenas de cusiosos, jornalistas, especialistas e em frente aos juizes que vão dar o seu voto, pela beleza, pelo seu comportamento.
Além dos animais, é o salão onde se apresentam novidades relacionadas com a agricultura. Este ano, por exemplo, este salão quer dar enfaze às energias renováveis, quer mostrar que a agricultura se moderniza tendo na mira os problemas ambientais.
Como acontece quase todos os anos, peguei na minha familia e fomos passar algumas horas ao salão, apreciar esta riqueza, que de uma maneira ou de outra é o principio e o fim de tudo. O que seria uma sociedade sem agricultura, sem vacas ou cavalos? O que seria a raia sem touros?
Como em todas as exposições que visito, procuro sempre, com alguma curiosidade (e com muito orgulho) algum expositor português, alguma bandeira portuguesa. Este ano, encontrei apenas um pequeno espaço, dedicado ao Perdigueiro, um cão de raça que todos conhecemos. Lá estava um bonito exemplar desta raça, com uma bandeira de Portugal bem esticada e em altura. Talvez houvesse outros, mas não encontrei. O tempo também foi pouco.
O que mais me surpreende sempre, é a grande diversidade de raças de vacas e touros, de cavalos. É impressionante estar à alguns centimetros de alguns animais, mais altos que nós, que pesam mais de 1500 Kg e que finalmente até são de uma beleza rara. Mais que um salão, é realmente uma passerelle de moda animal.
«Um lagarteiro em Paris», opinião de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr
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