You are currently browsing the category archive for the ‘Pousafoles do Bispo’ category.
Os grupos parlamentares do PSD e do CDS apresentaram um projecto de lei com a reorganização administrativa do território cuja discussão em plenário está agendada para a próxima quinta-feira, dia 6 de Dezembro. A iniciativa reproduz a proposta da Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa Territorial.

A proposta dos partidos que suportam o governo aponta para que as freguesias a agregar mantenham a sua existência até às eleições gerais para os órgãos das autarquias locais de 2013, momento em que será eficaz a sua cessação jurídica.
A aprovação do projecto de lei e a sua entrada em vigor implicará que a preparação das listas às eleições autárquicas tenha já em conta as agregações decididas.
Segundo a proposta conjunta PSD/CDS, o concelho do Sabugal ficará com 30 freguesias, menos 10 do que aquelas que actualmente possui, o que resultará da criação de sete novas freguesias por agregação:
– União das Freguesias de Sabugal e Aldeia de Santo António;
– União das freguesias de Santo Estêvão e Moita;
– União das Freguesias de Pousafoles do Bispo, Penalobo e Lomba;
– União das Freguesias de Ruvina, Ruivós e Vale das Éguas.
– União das Freguesias de Seixo de Côa e Valongo;
– União das Freguesias de Aldeia da Ribeira, Vilar Maior e Badamalos;
– União das Freguesias de Lageosa e Forcalhos.
No prazo de 90 dias após a instalação dos órgãos que resultem das eleições, a assembleia de freguesia delibera a localização da sede. Porém, na ausência de deliberação, a localização das sedes das freguesias a agregar no concelho do Sabugal será: Aldeia de Santo António, Santo Estêvão, Pousafoles, Ruvina, Seixo do Côa, Vilar Maior e Lageosa.
Os dois partidos que suportam o governo afirmam que a reforma é um antigo e histórico anseio e que no concreto resulta do memorando de entendimento assinado com a Troika, que determina a redução significativa das autarquias locais. Aumentar a eficiência e reduzir custos são outro dos motivos avançados pelos dois partidos para a reforma.
plb
A proposta formulada pela Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do Território (UTRAT) aponta para várias agregações de freguesias no concelho do Sabugal, passando o mesmo das actuais 40 para apenas 30 freguesias.

O Sabugal junta-se a Aldeia de Santo António, passando a constituir uma única freguesia.
O mesmo acontece-se com Santo Estêvão e Moita.
Outra união é entre as freguesias de Pousafoles, Penalobo e Lomba, que se reúnem numa só.
Também Ruvina, Ruivós e Vale das Éguas passam a uma só freguesia.
Seixo de Côa e Valongo juntam-se igualmente, agregando neste caso as duas margens do rio Côa.
Na raia, Aldeia da Ribeira, Vilar Maior e Badamalos também se juntam numa só freguesia.
Lageosa e Forcalhos são as outras duas freguesias da raia que se agregam.
A proposta mexe em todas as 11 freguesias com mesmos de 150 habitantes e ainda na do Sabugal e de Aldeia de Santo António, cuja junção a UTRAT justifica com o facto de serem contíguas, partilharem a albufeira do Sabugal e passarem a, juntas, perfazerem 2741 habitantes, reforçando assim demograficamente a sede do concelho.
Nas restantes agregações a UTRAT justifica-se com a homogeneidade do território, com a existência de legações rodoviárias directas, a pouca distância entre os agregados populacionais e a criação de um maior equilíbrio demográfico.
Recorda-se que a Assembleia Municipal do Sabugal se pronunciou contra a reorganização administrativa do território do concelho.
plb
O vice-reitor da Universidade da Beira Interior, Victor Cavaleiro, pode vir a ser o candidato do CDS ao Município do Sabugal.
Victor Cavaleiro parece estar disponível para liderar uma candidatura do CDS à Câmara Municipal do Sabugal nas eleições autárquicas de Outubro de 2013.
Capeia Arraiana apurou que o professor universitário, já terá conversado com o presidente da Câmara, António Robalo, sondando-o acerca de uma eventual coligação PSD/CDS. Não há ainda resposta para essa eventualidade, mas se não houver acordo Victor Cavaleiro parece estar disposto a avançar pelo CDS.
Doutor em Engenharia Civil e mestre em Geologia Aplicada, Victor Manuel Pissarra Cavaleiro, de 58 anos, é natural de Pousafoles do Bispo, concelho do Sabugal. É o actual Vice-Reitor da UBI e director do Centro de Formação e Interacção daquela Universidade, sendo ainda docente do Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura.
Nas eleições de 2009 o CDS apresentou a sufrágio Ana Isabel Charters, de Sortelha, obtendo apenas 212 votos, que corresponderam a 2,18% do total.
plb
A Câmara Municipal aprovou o plano anual de mercados e feiras a decorrer no concelho do Sabugal durante o presente ano de 2012. Muitas terras de pequena dimensão, em termos de moradores permanentes, conseguem manter o seu mercado mensal e a sua feira de ano, demonstrando por essa via a sua vitalidade.
Feiras (chamadas feiras de ano), por terem data de realização todos os anos e não mensalmente, como sucede com os mercados:
Badamalos: 24 de Agosto.
Casteleiro: 10 de Fevereiro, 10 de Maio e 10 de Novembro.
Quadrazais: segundo domingo de Agosto.
Rebolosa: 25 de Novembro.
Ruivós: segundo fim-de-semana de Março.
Ruvina: segunda-feira de Pascoela.
Sabugal: 29 de Junho.
Santo Estêvão: 15 de Março e 25 de Setembro.
Soito: primeiro domingo de Agosto.
Vilar Maior: 17 de Agosto.
Mercados, de realização mensal:
Aldeia do Bispo: primeira terça-feira.
Aldeia da Ponte: primeira segunda-feira.
Alfaiates: segunda quinta-feira.
Bendada: dia 12 de cada mês e às quartas-feiras entre os dias 22 e 29.
Bismula: último dia do mês.
Casteleiro: dia 10 de cada mês.
Fóios: último sábado.
Pousafoles do Bispo: segundo domingo.
Sabugal: primeira quinta-feira e terceira terça-feira.
Santo Estêvão: última quinta-feira.
Soito: quarta terça-feira.
Vale de Espinho: segundo sábado.
Vila do Touro: terceira quinta-feira
Os mercados e as feiras são sinais de vitalidade para a sede de concelho e para as freguesias que ainda os conseguem manter. Para além disso são geralmente de grande utilidade para as pessoas, que assim têm à porta um conjunto de bens essenciais que doutra forma teriam que ir comprar longe.
plb
Há momentos na vida que esta devia fazer uma paragem, por diversos circunstancialismos. Assistir ao funeral do Padre Mário, no Fundão devia ser um desses momentos, mas é assim este ciclo. Senti-me comovido, emocionado e no final das cerimónias fúnebres um grande vazio.
Cedo entrei na Igreja Matiz do Fundão, depois de apresentar condolências, foi sentar-me no último banco daquele templo. Iniciou-se a recitação do terço, tendo como dinamizador o Bispo Emérito da Guarda – D. António dos Santos, que acompanhei, todos os presentes acompanharam, enchendo-me a alma ao ver esta atitude de um ex-representante da Diocese. Respirava-se um grande silêncio. Entretanto um grupo de Irmãos da Santa Casa da Misericórdia, faz uma vigilância junto dos restos mortais do Padre Mário. A hora da Eucaristia rapidamente chegou. Pela coxia central da Igreja avançava o cortejo de mais de cinquenta sacerdotes, dois diáconos sendo encerrado pelos Bispos D. Manuel Felício e D. António dos Santos. Observei no rosto do Bispo da Guarda dor e tristeza. Enquanto se deslocavam para o altar, o Grupo Coral, sob a batuta do Maestro Geada entoava o cântico da aleluia, seguida do salmo: «os que temem o Senhor é grande a sua misericórdia e vinde benditos do meu Pai, receber a herança do meu Pai».
Os Bombeiros Voluntários do Fundão faziam a guarda de honra a um dos seus homens que há vinte e cinco anos os acompanhou como capelão, como assistente religioso.
A primeira leitura é feita pelo Presidente da Câmara Municipal do Fundão, aliás todo o executivo ali estava presente. O Diácono Francisco Lambelho fez a leitura do Evangelho de S. João.
D. Manuel Felício tomou a palavra e dirigiu-se aos inúmeros assistentes. A sua intervenção sintetiza-se numa frase: «O Cónego Mário foi um grande modelo de virtudes humanas e sacerdotais». Realçou as diversas instituições em que o Cónego Mário se dedicou de alma e coração. Deixou-nos um testamento espiritual e humano. Contando com Jesus Cristo Ressuscitado, viveu dando-se ao serviço dos outros. Viveu com paixão a sua vocação sacerdotal. Viveu sessenta e um anos de sacerdócio em diversos serviços. A maior parte do tempo passou-o no Fundão, a sua terra adoptiva e que pediu para aqui ser sepultado. Viveu com grande amor ao Seminário onde desempenhou diversas actividades. Louvemos o Senhor por este sacerdote que teve a capacidade de dar, de ajudar, da sua prudência, do bom conselheiro, com ajuda preciosa para a Diocese da Guarda.
Todos precisamos da misericórdia de Deus e vamos pedi-la. Na fé ganha-se não se perde. Esta é a verdade de que o Cónego Mário vai continuar no meio de nós.
A Oração dos Fiéis foi concretizada pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Fundão, de quem o Padre Mário era o Presidente da Assembleia Geral.
A oração dos Fiéis Defuntos foi feita pelo actual Reitor do Seminário do Fundão, que pronunciou o nome completo do Padre Mário de Almeida Gonçalves, pedindo a misericórdia divina à sua alma.
No final das Cerimónias Religiosas, o Presidente da Associação dos Antigos Alunos dos Seminários do Fundão e Guarda, que traçou o percurso do Padre Mário, que também pronunciou o seu nome completo, principalmente na Associação e na missão dos Bombeiros, salientando algumas frases chaves que durante alguns anos lhes dirigiu. Terminou recitando um poema recolhido do seu bloco de notas: «Tenho uma viagem marcada / Quando a faço, não sei / Do que tenho, não levo nada / Só levo o que dei».
Transcrevo as palavras que meu irmão me mandou como comentário ao artigo que lhe enviei sobre o Padre Mário: «Há mortos que vivem todos os dias vivos e há vivos que estão mortos todos os dias». O Padre Mário de Almeida Gonçalves está sempre vivo.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes
Há mais de uma década, cruzei-me acidentalmente no Fundão com o Padre Mário, desconhecendo a razão porque estabelecemos diálogo durante alguns minutos. Logo ali, talvez por termos sangue beirão, entrámos em empatia. Além da agradabilidade da nossa conversação, de um certo sentido de humor, da sua humildade, dois factores pesaram para durante estes anos mantermos uma amizade profícua, o Padre Mário era quase meu conterrâneo e tinha o nome do meu filho mais novo.
Pertencemos ao mesmo Concelho do Sabugal. O Padre Mário natural de Monte Novo – Pousafoles do Bispo, e eu da Bismula, situada no Planalto das Terras do Ribacôa, que o Tratado de Alcanizes, no reinado D. Dinis, agregou à Coroa Portuguesa.
A partir daquele dia muitas outras vezes nos cruzámos pelas ruas do Fundão, trocámos impressões sobre diversos temas, das nossas origens, das nossas gentes, das vivências e pastoral da Igreja. Ele com muitas responsabilidades em diversas acções, principalmente de dirigir a vida de um Seminário Menor.
Quis o destino que a seguir ao nosso conhecimento pessoal, em regime de substituição do Pároco de Aldeia de Joanes, conjuntamente com outros sacerdotes amigos, participasse às exéquias de um meu filho, o acto mais doloroso vivido. Nunca mais esqueci as palavras de solidariedade, de conforto, de esperança, de fé, de amizade, que me transmitiu no final da cerimónia fúnebre.
Nas diversas visitas ao Seminário por inúmeras actividades, sempre me recebeu com os braços e coração abertos, sem cerimónias, com simplicidade, com muita fraternidade e proximidade. Notei que fazia parte da sua família, do grupo dos seus amigos.
Numa das últimas visitas à Instituição, já há muito que não era Reitor, mas ali tinha os seus aposentos, com marcação prévia do dia e hora, disse-lhe que era a minha intenção, ofertar-lhe um livro sobre o meu Pai e ver um pequeno filme sobre a sua apresentação. Acedeu e disse-me que viesse preparado para jantar. Cheguei mais cedo que o combinado e recebeu-me no seu quarto, dei-lhe uma explicação dos fundamentos do «Pater Famílias», título do livro, que dava uma panorâmica religiosa, política, social e cultural das nossas origens, com uma personagem principal, o meu Pai – sua vida e obra.
Convidou-me para a Eucaristia com os alunos numa pequena capela e, qual é o meu espanto, que nem metade participava. Estranhei tanta ausência, perguntei-lhe os motivos e o Padre Mário encolheu-me os ombros… e disse-me que estavam a estudar.
Seguimos para o refeitório comunitário e fiquei ao seu lado, conversando sob os olhares estranhos de outras personagens, com a ideia de que estava ali um intruso, um estranho…que era eu. De seguida partilhámos as imagens que o computador nos ia apresentando numa sessão que demorou uns vinte minutos.
Muitas vezes se deslocou à minha Paroquia de Aldeia de Joanes, principalmente na Celebração da Eucaristia e no acompanhamento dos Funerais. As suas homílias eram curtas mas de grande riqueza evangélica.
Nas cerimónias fúnebres admirava a sua tenacidade e a sua religiosidade. Não ia no carro, mas sim a pé, e com a sua voz forte e firme rezava o terço por alma do defunto, seguido por todos os acompanhantes naquela oração.
Há dias no Hospital da Covilhã dei-lhe o último abraço. Tive essa convicção dada a gravidade da sua doença.
Este é um pequeno testemunho de quem acompanhou esporadicamente um Padre que desempenhou diversas missões, um homem de acção e de trabalho, sem esquecer as suas facetas humanas, sociais e de proximidade com o povo.
Com a sua morte, ficamos mais pobres, partiu mais um obreiro da seara do Senhor, perdeu-se um HOMEM E CIDADÃO do Fundão. Perdi um amigo e um conterrâneo.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes
(Veja aqui um artigo de Pinharanda Gomes sobre o Cónego Mário)
O terceiro número da revista Sabucale, editada pelo Museu do Sabugal, revela que nos últimos anos foram encontradas gravuras rupestres de carácter geométrico e esquemático no concelho do Sabugal, na bacia superior do rio Côa, portanto muito a montante do Parque Arqueológico do Vale do Côa.
O arqueólogo da Câmara Municipal do Sabugal, Marcos Osório, disse à Lusa que entre 2004 e 2010, foram localizados quatro painéis de gravuras em três locais distintos do concelho onde nasce o Côa, que são agora divulgados na revista «Sabucale», editada pelo Museu do Sabugal.
«As gravuras do Côa vão desde o período do Paleolítico até a épocas históricas mais recentes, e estas estão apenas circunscritas a uma cronologia restrita, em torno da Idade do Bronze Médio ou do Bronze Final, no II milénio antes de Cristo», revelou o arqueólogo à Lusa.
«As representações não são figurativas, com animais, como as mais famosas e antigas do Parque Arqueológico do Vale do Côa, mas são de carácter geométrico e esquemático: espirais, meandros, círculos, reticulados», explicou ainda.
O responsável considera que os achados são importantes para o concelho e para a região, pois não se conheciam representações de arte rupestre dentro dos limites do município, que fica a 65 quilómetros do sítio da Faia (Cidadelhe, Pinhel), «onde se encontra o núcleo meridional das gravuras do Vale do Côa».
Dois dos achados foram localizados em Vilar Maior, um na Bendada e outro em Pousafoles do Bispo.
O novo número (o terceiro) da revista Sabucale, é em grande parte dedicada à arte rupestre descoberta no concelho, contendo ainda artigos referentes ao bicentenário da Batalha do Sabugal, e o centenário da implantação da República. Na vertente etnográfica é publicado o texto da «oração de sapiência» proferida no II Capítulo da Confraria do Bucho Raiano, da autoria de João Luís Inês Vaz, além de um outro artigo acerca das alminhas.
plb
Durante o mês de Julho o Comando Territorial da Guarda da GNR levou a o concelho do Sabugal diversas acções de sensibilização sobre o tema «Prevenção de riscos de incêndio».
As acções ministradas pelos militares da GNR aconteceram nas freguesias de Rendo (dia 5), Malcata ( dia 7), Aldeia Velha (dia 10), Forcalhos (dia 12) e Pousafoles do Bispo (dia 14). Todas as acções aconteceram pelas 21 horas.
A Câmara Municipal de Sabugal e as Associações Humanitárias dos Bombeiros de Sabugal e Soito colaboraram com o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana, na execução das acções.
Nas várias iniciativas estiveram presentes cerca de 80 pessoas, que o SEPNA procurou alertar sobre os condicionalismos presentes no Decreto-Lei 124/2006, republicado pelo Decreto-Lei 17/2009, nomeadamente no imperativo de não usar qualquer tipo de fogo no período crítico (1 de Julho a 15 de Outubro), obrigatoriedade de efectuar limpeza de uma faixa de terreno com 50 metros à volta de edificações fora dos aglomerados populacionais e, caso esteja previsto no Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, efectuar limpeza de uma faixa de terreno com 100 metros à volta dos aglomerados populacionais.
Nos espaços rurais (terrenos agrícolas e florestais) há ainda a obrigatoriedade de dotar os tubos de escape ou chaminés de dispositivos tapa-chamas e de dispositivos de retenção de faíscas ou faúlhas, devendo ainda os veículos ou máquinas estar equipados com um ou dois extintores de seis quilos, de acordo com a sua massa máxima, consoante esta seja inferior ou superior a 10 toneladas.
A GNR procurou reforçar junto desta população o seu papel informativo e pró-activo para além do papel sancionador, de modo a que os comportamentos incorrectos, nesta matéria, não ocorram por desconhecimento.
plb
Neste mês de Julho, em que, face ao calor verificado, aumentou o risco da ocorrência de fogos florestais, o Comando Territorial da GNR da Guarda programou para o concelho do Sabugal algumas acções de sensibilização dirigidas às populações, no sentido de evitarem procedimentos que possam potenciar o risco de fogos na floresta.
Através das Equipas de Protecção da Natureza e Ambiente e das Equipas de Protecção Florestal, o Comando Territorial da Guarda da GNR vem realizando um ciclo de acções de sensibilização e esclarecimento sobre a preservação da floresta e prevenção de fogos florestais, de modo próprio ou em parceria com Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e outros organismos.
Segundo um comunicado agora divulgado, a GNR chama a atenção de que, entrados num período crítico de incêndios, pretende continuar tal actividade de carácter pedagógico e de divulgação, assim se contribuindo para uma eficaz prevenção dos fogos florestais, que nos últimos anos têm destruído uma parte importante do património natural do País. Alerta-se também para comportamentos de risco que podem originar incêndios, sendo necessária uma maior consciência do problema.
Em parceria com a Câmara Municipal do Sabugal, foram planeadas para o corrente mês de Julho cinco acções de sensibilização. As duas últimas estão previstas para os dias 12 (Forcalhos) e 14 (Pousafoles do Bispo), ambas pelas 21 horas.
plb
O advogado sabugalense David Pina, falecido em Dezembro, foi esta terça-feira, 6 de Julho, homenageado pelo Rotary Club de Lisboa, do qual foi membro, através de um jantar em que a prelecção evocativa foi proferida pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa.
A iniciativa aconteceu no Hotel Tivoli, em Lisboa, onde se juntaram dezenas de companheiros «rotarios», colegas advogados, magistrados, familiares e amigos de David Pina.
A sessão evocativa iniciou-se com o ritual próprio do clube, com a saudação às bandeiras. Depois actuou o coro do Tribunal da Relação de Lisboa (CORELIS), que interpretou um conjunto de canções que eram do gosto especial do advogado de Pousafoles do Bispo.
Após o jantar falou o professor Marcelo Rebelo de Sousa, que fez uma muito apreciada prelecção dedicada às muitas paixões de David Pina. E o professor de Direito, amigo e colega «rotario» do homenageado, evocou algumas dessas grandes paixões.
Desde logo a paixão pela família, pela mulher e pelos dois filhos. Também a paixão por aprender e por ensinar, o que o levou a percorrer muitas terras e muitas escolas, sempre em busca do saber. Foi um distinto pedagogo, que ensinou em Lisboa, Paris, Bruxelas, Toulouse, Grenoble, Lille, Bordéus, Genéve.
Viveu também a paixão pela sua profissão, a advocacia, e as muitas actividades a que se dedicou. Viveu como cidadão português e europeu, dedicado a inúmeras causas e inserido em diversos movimentos.
Teve um papel determinante em múltiplas associações nacionais e internacionais, em áreas como as da integração europeia, do Direito Europeu, do Direito Comparado, do Direito da Concorrência ou do Direito da Propriedade Industrial.
Convicto europeísta, foi autor de obras individuais e colectivas sobre o Acto Único, o Tratado de Roma ou a política regional como instrumento da integração europeia.
Marcelo Rebelo de Sousa, deixou sobretudo bem vincada a «paixão de viver» de David Pina:
«A paixão com que colocou o seu vasto saber e a sua capacidade de ensinar, de comunicar e educar ao serviço das causas sociais mais nobres, mais exigentes e mais dignas, como as da luta pelos direitos das pessoas, do combate à fome, à miséria, à pobreza, às injustiças sociais. Na resistência às ditaduras, às intolerâncias, às xenofobias, aos racismos. A paixão com que conduziu essas lutas, em todos os movimentos a que pertencia, sem desfalecimentos ou condescendências. A paixão com que fez da sua vida muitas vidas: marido, pai, amigo, companheiro, estudioso, professor, advogado, dirigente associativo, comunicador, autor, militante português e europeu, defensor de valores e batalhador pelos injustiçados e espezinhados.
Muitas vidas sabia tocar, com aquelas qualidades que distinguem as novas fileiras, qualidades que pude testemunhar, já lá vão quase 40 anos quando nos conhecemos na mesma escola de Direito e em mim nasceu uma irreprimível admiração pelo David Pina.
Era, como seria sempre, forte no carácter e vincado na postura. Era, como seria sempre, visceralmente bom no coração e visionário no temperamento. Era, como seria sempre, esclarecidamente líder na formação, mas extraordinariamente generoso.
Excessivo na dedicação aos outros – dava sempre mais do que recebia –, não conhecia limites de disponibilidade, de esforço, de entrega, sempre com a palavra amiga, com o humor rápido, com o humor bem português.»
Depois das efusivamente aplaudidas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, seguiram-se algumas intervenções de colegas e amigos de David Pina, dentre elas a de Joaquim Esteves Saloio, natural da Torre, concelho do Sabugal, amigo de sempre do homenageado, que o conheceu quando estudaram no Seminário do Fundão, onde primeiramente se prepararam para a vida. «Tenho a certeza que muito do que foi David Pina e que aqui nos foi magistralmente transmitido pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa, também se deveu ao que aprendeu no seminário», disse Esteves Saloio.
David Pina nasceu em 1943 em Pousafoles do Bispo. Licenciado em Direito, dedicou-se à docência e à advocacia, empenhando-se também em inúmeras causas sociais. O seu escritório de advogados, na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa, recebeu em estágio inúmeros jovens sabugalenses, que ali tiraram o seu estágio de advocacia. Foi fundador e dirigente da Casa do Concelho do Sabugal e era um homem que amava muito a sua terra e os seus conterrâneos.
plb
Em homenagem ao grande escritor José Saramago, cujo corpo é hoje cremado em Lisboa, publicamos um enxerto do seu livro «Viagem a Portugal», onde fala de Sortelha e do Sabugal, terras por onde passou enquanto viajante, e também Pousafoles do Bispo, que por falta de tempo não pode visitar. São impressões de viagem de um homem sem papas na língua, e muito menos na caneta, que diz sem rodeios o que pensa das coisas.
«De Belmonte vai o viajante a Sortelha por estradas que não são boas e paisagens que são de admirar. Entrar em Sortelha é entrar na Idade Média, e quando isso o viajante declara não é naquele sentido que o faria dizer o mesmo entrando, por exemplo, na Igreja de Belmonte, donde vem. O que dá carácter medieval a este aglomerado é a enormidade das muralhas que o rodeiam, a espessura delas, e também a dureza da calçada, as ruas íngremes, e, empoleirada sobre pedras gigantescas, a cidadela, último refúgio de sitiados, derradeira e talvez inútil esperança. Se alguém venceu as ciclópicas muralhas de fora, não há-de ter sido rendido por este castelinho que parece de brincar.
O que não é brincadeira nenhuma é a acusação, em boa letra e ortografia, pintada na entrada duma fonte: ATENÇÃO! ÁGUA IMPRÓPRIA PARA BEBER POR DESLEIXO DAS AUTORIDADES MUNICIPAIS E DELEGAÇÃO DE SAÚDE. O viajante ficou satisfeito, não, claro está, por ver a população de Sortelha assim reduzida em águas, mas porque alguém se dispôs a pegar numa lata de tinta e num pincel para escrever, e para o saber quem passe, que as autoridades não fazem o que devem, quando devem e onde devem. Em Sortelha não fizeram, como testemunha o viajante, que daquela fonte quis beber e não pôde.
A Sabugal ia o viajante na mira dos ex-votos populares do século XVIII, mas não deu sequer com um. Onde os meteram não o soube dizer o ancião que veio com a chave da Ermida de Nossa Senhora da Graça, onde era suposto estarem. A igreja, agora, é nova e de espectacular mau gosto. Salva-se o Pentecostes de madeira talhada que está na sacristia. As figuras da Virgem e dos apóstolos, pintadas com vivacidade, são de admirável expressão. Leva o viajante, em todo o caso uma dúvida: se isto é um Pentecostes, por que são os apóstolos doze?, estará Judas aqui representado apenas por razões de equilíbrio de volumes?, ou o entalhador popular decidiu, por sua conta e risco, exercer o direito de perdão que só aos artistas compete?
O viajante tem um compromisso para esta tarde. Irá a Cidadelhe. Para ganhar tempo almoça em Sabugal, e, para o não perder, nada mais viu que o geral aspecto duma vila ruidosa que ou vai para a feira ou vem de feirar. Segue depois a direito para a Guarda, deixa no caminho Pousafoles do Bispo onde tencionara ir para saber o que poderá restar de uma terra de ferreiros e ver a janela manuelina que ainda dizem lá existir. Enfim, não se pode ver tudo, era o que faltava, ter este viajante mais privilégios que outros que nunca tão longe puderam ir. Fique Pousafoles do Bispo como símbolo do inalcançável que a todos escapa.»
plb
O vereador Ernesto Cunha passou a regime de permanência a tempo inteiro na Câmara Municipal do Sabugal na terça-feira, 1 de Junho, por despacho assinado pelo Presidente António Robalo.
O Capeia Arraiana está em condições de adiantar que Ernesto Cunha é um dos vereadores escolhidos pelo Presidente da Câmara Municipal do Sabugal, António Robalo, para colaborar a tempo inteiro no executivo. O eleito já está em funções desde terça-feira, 1 de Junho.
Nas eleições autárquicas realizadas em Outubro de 2009 no Sabugal o Partido Social Democrata conquistou, sem maioria absoluta, a Câmara Municipal e elegeu três vereadores tal como o Partido Socialista. O sétimo vereador «sobrou» para o MPT-Partido da Terra que foi considerado na altura uma espécie de fiel da balança.
Na tomada de posse dos sete elementos do executivo camarário assumiu as funções de Presidente, o cabeça-de-lista social democrata, António Robalo, e de vice-presidente a número dois, Delfina Leal. Na altura, em reunião de Câmara, o Presidente propôs que o vereador Ernesto Cunha passasse a regime de permanência a tempo inteiro, para apoiar e acompanhar assuntos de serviço geral próprios do dia-a-dia de uma autarquia. A proposta foi indeferida pelos quatro elementos da Oposição – três do PS e um do MPT – tendo, então, Ernesto Cunha sido nomeado adjunto do gabinete pessoal do Presidente.
Durante cerca de sete meses assistiu-se no Sabugal a um impasse na definição de pelouros para a gestão do governo municipal tendo, contudo, o Presidente mantido a capacidade de decidir e despachar a maior parte dos assuntos que permitiram o normal funcionamento da autarquia.
Recorde-se que na reunião de 6 de Novembro de 2009 a proposta de nomeação de mais dois vereadores a tempo inteiro foi recusada por votação secreta (quatro contra e três a favor) mas… foi justificada em acta pelos vereadores da oposição. Joaquim Ricardo (MPT) considerou que «a Câmara Municipal do Sabugal já possui uma máquina de funcionários muito pesada para um concelho tão pobre e por isso não há necessidade de criação de mais dois cargos de vereadores a tempo inteiro». António Dionísio, Luís Sanches e Sandra Fortuna (PS) concordaram com o representante do Partido da Terra deixando, no entanto, em aberto a possibilidade da proposta ser novamente analisada no futuro.
Mas, tal como noticiámos aqui no Capeia Arraiana, na reunião do executivo realizada a 19 de Maio, a proposta do Presidente para nomear mais dois vereadores a tempo inteiro foi discutida e votada por unanimidade com sete votos a favor.
O Capeia Arraiana soube de fonte fidedigna que Ernesto Cunha vai assumir responsabilidades nas áreas onde é técnico especializado como sejam as pastas da floresta, agricultura e dos serviços externos.
Ernesto Cunha, natural das Lameiras, freguesia de Pousafoles do Bispo, exerceu cargos de vereador com os presidentes António Morgado e Manuel Rito e foi eleito em terceiro lugar na lista encabeçada por António Robalo às últimas eleições autárquicas.
O segundo vereador a tempo inteiro, a escolher entre os quatro restantes, ainda não foi indicado pelo Presidente António Robalo.
jcl
A foto que hoje é apresentada nesta crónica refere-se a um grupo de soldados a cumprir o serviço militar obrigatório no Instituto de Altos Estudos Militares (I. A. E. M.), em Caxias, no ano de 1948. A curiosidade desta foto é que todos os militares são originários do concelho do Sabugal, excepto o corneteiro (o do meio, na fila mais atrás).
Todos estes militares, oriundos do nosso concelho, foram para o Instituto de Altos Estudos Militares (IAEM) após terem concluído a recruta no Regimento de Caçadores 2, na Covilhã.
O Instituto, onde os oficiais tiravam cursos de Estado-Maior e outros cursos superiores militares, estava, nesta época, sedeado no antigo Palácio Real de Caxias.
O meu pai (Eugénio dos Santos Duarte, o terceiro a contar da direita, na segunda fila), hoje com 83 anos, era um dos militares do concelho que prestou serviço nesse Instituto. Como era carpinteiro na vida civil, foi essa actividade que exerceu na tropa, nessa unidade militar. Por isso aparece com uma garlopa e uma serra.
Um dos militares portugueses, à época com o posto de major, que frequentou cursos nesta unidade militar quando estes soldados lá estavam foi o (futuro) general Kaúlza de Arriaga. O meu pai lembra-se dele, deste tempo.
Já há muitos que lhe escapam, mas ainda conseguiu identificar as localidades de onde alguns eram naturais.
O primeiro a contar da esquerda, na primeira fila, era natural da Abitureira.
O segundo a contar da direita, na primeira fila, era o Vilas, natural de Santo Estêvão.
O primeiro a contar da direita, na segunda fila, era de Vila do Touro.
O quarto a contar da esquerda, na primeira fila, era o rancheiro, natural de Pousafoles.
O quarto a contar da esquerda, na segunda fila, era o barbeiro, natural de Penalobo.
O terceiro a contar da esquerda, na segunda fila era da Lomba.
O segundo a contar da esquerda, na primeira fila era de Aldeia da Ponte.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
Desde longa data, a festa esteve presente no quotidiano popular, e a festa religiosa integrava-se também neste quotidiano. Destas faziam parte as procissões, manifestações colectivas que realizadas em espaços públicos, eram de natureza comemorativa, festiva, penitencial ou expiatória, quaresmais, de desagravo, propiciatórias, de acção de graças, etc.
Para isso contribuiu, como escreveu Katia Mattoso, a respeito dos povos ibéricos, «a religião do povo ser mais religião da paixão que de ressurreição. Ela se manifestar melhor numa procissão do Senhor Morto, que no Triunfo Eucarístico».
As disposições da Mesa de Consciência, as Ordenações Filipinas, a Inquisição, também ajudaram, impondo os dogmas e práticas cristãs às populações, sem discussões.
Os compromissos de algumas Irmandades das Misericórdias, puniam também quem não aparecesse aos actos públicos, oferecendo em contrapartida indulgências para a participação nas procissões «Corpus Christi», no seguimento da doutrina do Concílio Tridentino que desenhou duas faces para o Deus Cristão: A de um «Deus remunerador», para os submissos; A de outro «Deus vingador», para os relapsos.
Por último, o culto pela Paixão e pela Virgem Dolorosa era geral no Ocidente antes da reforma e foi recuperado na Contra-Reforma, expandindo-se por toda a diáspora portuguesa no mundo e reflectindo-se na arte religiosa com cenas do calvário ou da paixão de Cristo, os chamados Passos ou Mistérios.
«Ensinem os bispos com cuidado, que com as histórias dos Mistérios da nossa redempção com as pinturas, e outras semelhantes, se instrue, e confirma o povo, para se lembrar, e venerar com frequência os Artigos da fé.» (sessão XXV do Concílio de Trento in Reycent, 1786, p.352-353.)
Assim, a liturgia dos Mistérios da Paixão, a composição artística do calvário e a representação das mesmas por autos bíblicos, foi uma consequência do sentimento religioso popular e desta evolução histórica, cujas reminiscências na cultura popular ainda subsistem nos autos da paixão, no andar dos passos e nas procissões das Endoenças ou Fogaréus.
Com o crescimento de popularidade, a natureza do ritual que exibia o sofrimento de Cristo, foi realçando o dramatismo e teatralidade de algumas personagens, como o desfile nocturno de flagelantes encapuçados, descalços, oferecendo um espectáculo expiatório e penitencial por excelência.
«Quando eles saíam com uma imagem, para fazer o povo chorar a vestiam de luto e decoravam com toda a forma de adornos para provocar dor» (S. João de Ávila, a propósito dos Passos da Paixão e dos irmãos das confrarias).
«Se aí existe algum amor, a alma está recompensada, o coração está suavizado, e as lágrimas vêm.» (Santa Tereza de Ávila, também a propósito dos Passos da Paixão.)
As lágrimas não eram só de sentimento, mas serviam também para purificar a alma, através da expiação pública, que a procissão da Semana Santa proporcionava.
Algumas faziam-se fora do período Quaresmal, mas estavam intimamente ligadas ao ciclo Pascal, revestindo o mesmo cariz penitencial. Era o caso das Endoenças que em Trás-Os-Montes se realizavam em Setembro e entre nós a célebre romaria dos encruados ou descamisados, em Setembro, a Sacaparte (onde só participavam homens) e que foi extinta já no século XIX, pelo último Bispo de Pinhel.
Estas manifestações religiosas eram promovidas sobretudo, após o aparecimento das Misericórdias, pelas respectivas Irmandades, cujos compromissos previam a sua forma de realização, bem como a participação dos irmãos nos diversos actos públicos de expiação.
Por exemplo o cap. XXXIV do compromisso da Misericórdia de Lisboa (copiado pela maioria das Misericórdias portuguesas) a procissão de Endoenças tinha por fim visitar todas as igrejas onde estava o Santíssimo Sacramento, despertando no povo o sentimento de religião pela paixão de Cristo.
Possivelmente é deste compromisso que no Sardoal e noutras terras se foi buscar a tradição (cuja origem hoje ninguém sabe) de enfeitar com pétalas todas as capelas do lugar, por onde passa a procissão da Paixão.
Normalmente na frente ia a bandeira da Misericórdia levada por um irmão, acompanhado de dois irmãos, com tocheiros. Adiante da bandeira iam dois irmãos com varas. Seguiam os clérigos, muitos irmãos e os penitentes.
Os actuais compromissos de algumas Misericórdias ainda mantêm estas e outras obrigações relacionadas com a Paixão de Cristo. Outras estão a retomá-lo em nome da tradição e também pelo sabor pitoresco da religiosidade popular que manifestam estes rituais, como é o caso de Penafiel.
Era assim descrita no século XVIII uma destas procissões de Endoenças:
«Os irmãos serão sempre duzentos e cincoenta até trezentos, e todos vão vestidos com ricas vestimentas pretas, e postos em ordem de procissão com velas nas mãos. Diante d’elles vão oitocentos, novecentos, até mil homens e mulheres disciplinando-se, os quaes vão todos vestidos de vestimentas pretas, e assim homens como mulheres se ferem com disciplinas, que tiram muito sangue; e esta procissão vae repartida em três ou quatro estancias, e entre uma e outra um retábulo ou Christo posto na cuz, e no meio vão dez ou doze irmãos com suas varas, regendo-os e mettendo-os em ordem.
Entre estes disciplinantes vão muitos homens com barras de ferro, e cruzes de pau grandes e pedras às costas: e para claridade da gente levam cincoenta pharoes de fogo, em que se gastam dois mil novellos de fiado de tomentos engraxados em borras de azeite e sebo para darem bom lume, os quaes pharoes vãos postos em hasteas muito compridas e altas; e levam trinta lanternas grandes metidas também em hasteas com velas dentro acesas; e os irmãos que regem, trazem nas mãos quantidades de velas para tanto que faltar proverem de outras: levam mais trinta homens com bacias nas mãos cheias de vinho cozido, e os disciplinantes molham e lavam n’elle as disciplinas, porque lhes apertam as carnes. Da mesma maneira vão dez ou doze homens com caixas de marmelada feita em fatias, as quaes mandam muitas pessoas fidalgas devotas, que dão aos penitentes; e levam outras de confeitados e de cidrão para os que enfraquecerem acorrerem-lhes com um bocado; e vão outros tantos homens com quartas de água e púcaros nas mãos, dando agua aos que d’ella têem necessidade. E tanto que chegam à casa da Mesiricórdia estão physicos que espremem as chagas dos penitentes e lhes lavam com vinho para isso confeccionado, e os apertam e veste, e se vão curados para suas casas.» (Costa Goodolphim, in As Mesiricórdias, Lisboa, Imprensa Nacional, 1897, pág. 50).
Nas nossas aldeias também havia estas tradições ligadas à Quaresma, especialmente nas terras que tinham Santas Casas da Misericórdia, como Vilar Maior, Sortelha, Sabugal, Alfaiates e ainda em Pousafoles e no Soito.
«Na vila do Sabugal ainda subsiste o velho costume de nos domingos da Quaresma, ao anoitecer, toda a gente visitar as igrejas e capelas, cantando o terço no trajecto, até voltarem à igreja paroquial, onde entram somente os homens, ficando as mulheres à porta, entoando todas a Salvé Rainha. O mais curioso é que visitam também o local onde houve outras capelas, como a de S. Pedro e S. Tiago, e as ruínas da ermida de S. Domingos. Quando o povo, com o pároco e alguns homens vestidos de opas, com insígnias e cruz alçada, chegam junto das capelas ou do local em que elas existiram, todos ajoelham e rezam, terminando tudo na igreja paroquial com o canto da Salvé Rainha. Em todos os dias da Quaresma há o costume de encomendar as almas, que consiste num canto triste e sentimental, altas horas da noite, geralmente executado por homens e mulheres que tenham fama de cantar bem. Os rapazes costumam também entoar o terço, em dois grupos, percorrendo todas as ruas, bem distanciados um do outro, rezando alternadamente.» (Joaquim Correia in Terras de Ribacôa.)
Célebre também pela sua espectacularidade, era, segundo o mesmo autor, a procissão dos passos em Ruivós. «Lá apareciam em carne e osso soldados armados de lanças, levando à frente o centurião, com fardas, imitando as dos soldados romanos, a Madalena, de compridas tranças, S. Longuinhos, Simão Cireneu e a Verónica. Não faltava o Calhorra, empunhando e tocando uma grande trombeta, de som grave, rouco, que no dizer do povo, significava: Morra Jesus. O pobre trombeteiro, que era sempre um mendigo, a quem davam um quartinho, isto é, 1200 reis, ia defendido pelos mordomos e pela escolta, metido na sua túnica amarelada, semelhante à pele do lagarto, de chita pintalgada, e nem assim se livrava de pedradas dos rapazes, que consideravam uma boa acção apedrejar o desgraçado, ainda que fosse perto do andor de S. João ou da Virgem, que seguiam na procissão, ou perto do Senhor dos Passos, toscas imagens cujas feições faziam calafrios, devidas ao santeiro Cardépe, do Souto, um curioso inculto, mas habilidoso.. Quando o Senhor dos Passos serviu pela primeira vez nesta procissão, uma mulher do Souto gritou: – Ah! Pai divino, pai divino, feito do castanheiro do ti Corrécha! Desse castanheiro já eu comi castanhas!… Aquela imagem gigantesca causava terror, impressionava a multidão que reunia no largo de S. Paulo, onde era o calvário, junto da velha igreja. Era ali que a substituíam por outra imagem pregada na cruz. Uns soldados jogavam os dados, outros simulavam cravar as lanças no corpo de Jesus, outros levavam-lhe uma esponja à boca, na ponta duma lança. .. Havia três sermões, em que quase sempre era orador o falecido Padre João de Matos (O celebre Padre Matos das Guerrilhas Carlistas e da «Pavorosa», pároco de Aldeia da Ribeira), que arrancava à multidão muitos soluços e lágrimas, sendo ele o primeiro a chorar.» (ibiden.)
Contudo, como todas as outras tradições, estas também se vão perdendo e daqui a uns anos são apenas uma memória do passado, apenas registadas em livros.
A desertificação com a emigração e o decurso do tempo são uma esponja que vai apagando a nossa história colectiva.
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
Realizou-se na tarde de hoje, 18 de Dezembro, o funeral do advogado David Pina, de 66 anos, natural de Pousafoles do Bispo, concelho do Sabugal, com escritório e residência em Lisboa.
David Pina faleceu no dia 16 de Dezembro, vítima de ataque cardíaco, e foi hoje realizado o seu funeral com missa de corpo presente na Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, seguida de cremação no cemitério dos Olivais.
Centenas de pessoas, entre familiares e amigos, acompanharam a cerimónia, sendo muito notada a presença de colegas de profissão, magistrados, funcionários judiciais e demais agentes judiciários. Também foi visível a presença de representantes da comunidade italiana residente em Lisboa, em sinal das ligações familiares e profissionais que o prestigiado advogado sabugalense tinha com Itália.
David Pina era casado com uma senhora italiana, e tinha dois filhos, um também advogado, residente em Londres, e outro engenheiro mecânico, a trabalhar em Itália. Pelo seu conhecido escritório de advogados, sito na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa, passaram como estagiários de advocacia muitos jovens sabugalenses licenciados em Direito, pois o Dr David Pina não recusava um pedido para ser seu patrono.
Associativista convicto, David Pina era sócio destacado da Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa deste a sua fundação em 1975, e ocupou por diversas vezes lugares nos seus corpos sociais. Frequentava as instalações da Casa, onde por vezes levava amigos e colegas de profissão para aí conhecerem os sabores gastronómicos raianos.
Para além de advogado, era doutorado em Direito e professor na Universidade Panthéon-Assas, em Paris.
A Casa do Concelho do Sabugal enviou uma coroa de flores ao seu estimado sócio, em homenagem ao seu valor enquanto cidadão sabugalense que nunca esqueceu as terras de origem.
plb
Cumprindo uma antiga tradição quaresmal que outra vez se repete, Pousafoles do Bispo, freguesia do concelho do Sabugal, realiza a sua famosa Procissão dos Passos do Senhor. Este ano a grande novidade é que a procissão se realiza duas vezes, nos dias 4 e 5 de Abril.
A sempre muito concorrida procissão dos Passos de Cristo de Pousafoles, realiza-se este ano a par de outra manifestação tradicional das aldeias, que o tempo quase fez esquecer: os Martírios do Senhor, nos quais dois grupos de habitantes se posicionam em locais diferentes da aldeia durante a noite, entoando cânticos piedosos.
Para possibilitar a que mais gente possa comparecer em Pousafoles, a também designada de procissão das cruzes acontecerá este ano em dois dias sucessivos. A primeira no dia 4 de Abril, a partir das 21 horas, seguida dos martírios ou ladainhas, e a segunda no dia 5, a partir das 17 horas.
Perde-se na noite dos tempos a origem desta tradição em Pousafoles, terra em que ganhou foros de obrigatoriedade, pois ao contrário de outras terras, o evento nunca deixou de realizar-se.
Reza a tradição que um padre ali nado, de nome Torres, doou uma quantia à Irmandade do Senhor dos Passos, com a condição que a procissão se realiza-se todos os anos.
Espera-se que mais uma vez as ruas da aldeia fiquem apinhadas de gente, muita dela vinda de outras terras.
plb
Com a chegada da época natalícia, palavras como solidariedade, bondade entre outras são pronunciadas incessantemente.
Actualmente com tanta informação disponível e acima de tudo acessível, ainda existe quem a desconheça ou simplesmente ignore.
Em direcção a Pousafoles do Bispo descobrimos que ainda há quem se lembre de «ser solidário com a natureza» e «protegê-la» da sua vegetação natural.
Oxalá que este natal oferte mais civismo e consciência aos «decoradores» da natureza.
«A Objectiva de…», galeria fotográfica de Pedro Afonso
pmiguelafonso@gmail.com
Pousafoles do Bispo – Pisaflores pode ter sido, segundo o corógrafo Pinho Leal, o nome original da freguesia em virtude de ser usual os «moleiros pousarem ali os foles ou ôdres de farinha». Para outros o nome deriva da exploração a pouca distância de minas e da consequente necessidade de pousar os foles dos metais extraídos. Destacando-se na paisagem o Cabeço das Fráguas (ou das Fráugas) é um miradouro natural digno de visita. Noutros tempos foram famosos os chapéus de modelo raiano fabricados em Pousafoles que os nossos pais e avós usaram como sinal de respeito e presença. É digno de visita o «pub amarelo» de Dona Leonor.
A freguesia de Pousafoles do Bispo (acompanhada pela Sobreira, Lameiras de Cima, Lameiras de Baixo e Monte Novo) aparece no limite Noroeste do mapa do concelho do Sabugal. Há uma outra Pousafoles situada no concelho de Mirando do Corvo, no distrito de Coimbra. Registos antigos afiançam que Pousafoles (do Sabugal) era foreira do Conde de Miranda do Corvo e estava obrigada a pagar-lhe quarenta fangas* de centeio e seis galinhas.
Pousafoles do Bispo pertenceu originalmente ao concelho da Guarda mas o foral de Sortelha faz-lhe referência dentro dos seus limites até à sua extinção em 1851 tendo sido, então, integrada no concelho do Sabugal.
Nos tempos em que o chapéu fazia parte das indumentárias de trabalho e domingueira as fábricas de Pousafoles ganharam fama. Os típicos chapéus raianos fabricados na aldeia eram tidos e preferidos como os melhores à venda nas feiras e nos mercados.
Actualmente destacam-se, pelo seu realismo, as procissões da Festa do Senhor dos Passos, no sábado à noite e no domingo de Ramos com missa em homenagem a Nossa Senhora das Dores e a São João.
Na nossa viagem pelas terras do concelho do Sabugal vamos reportando os equipamentos sociais à disposição das populações construídos ou recuperados pelas Juntas de Freguesia por delegação de competências, transferência de verbas e apoio complementar da Câmara Municipal do Sabugal.
Em 1998 as transferências para a responsabilidade das freguesias registaram cerca de 80 mil contos. Actualmente o Município transfere para as 40 Juntas de Freguesia um milhão de euros de verba de capital e 500 mil euros para serviços de limpeza.
A visita à freguesia iniciou-se por Monte Novo, uma anexa que dista cerca de 500 metros de Pousafoles do Bispo.
Em terras de grandes latifundiários (as famílias Tormentas e Cavaleiros) foi recuperado mantendo o estilo próprio da região raiana um edifício para sede da Associação «Amigos de Monte Novo» que conjuntamente com a Associação Cultural Desportiva e Humanitária Pousafoles do Bispo e Associação Desportiva de Caça e Pesca de Pousafoles mantêm unidos associativamente os pousafolenses.
Foram, recentemente, colocados ao serviço do povo depois de recuperados pela Junta de Freguesia com o apoio do Município do Sabugal os fornos comunitários de Monte Novo, Sobreira, Lameiras de Cima, Lameiras de Baixo e Pousafoles.
O executivo da Junta de Freguesia de Pousafoles do Bispo é constituído por José Carlos Jarmela Tomás (presidente), Francisco Pires Costa Paula (secretário) e José Gonçalves Simão (tesoureiro).
Em Pousafoles foi recuperada a sede da Junta da Freguesia, o auditório, a biblioteca, a cozinha e o salão de festas que ficou, assim, transformado em Centro Cívico. O arranjo dos espaços exteriores incluíram o rejuvenescimento do coreto da praça.
A freguesia de Pousafoles do Bispo é agradável à vista do forasteiro registando na memória visual uma aldeia raiana muito «arrumadinha».
E porque falámos de visitas e visitantes aqui fica um conselho ao jeito de obrigação. Quando for revisitar Pousafoles entre no «pub amarelo» da Dona Leonor. Fica junto à Igreja Matriz escondido pelo imponente campanário. Composto por dois espaços ligados por uma porta interior mantém todos os armários e prateleiras que nos habituámos a ver quando eramos crianças. As balanças com os diversos tipos de pesos, as gavetas para o feijão e o grão com as respectivas medidas, as fotografias que recordam familiares, preciosidades agrícolas e históricas, enfim, um museu particular aberto ao público. «Sim! Já tive alguns problemas para conseguir manter a casa aberta. Mas vou lutar até ao fim. É uma questão sentimental em memória dos meus pais. A minha mãe tem 90 anos.», disse-nos a proprietária. Fomos testemunhas da vontade de Manuel Rito, Presidente da Câmara Municipal do Sabugal, de apoiar um processo de atribuição de um licenciamento que permite manter aberta esta casa-museu como memória-viva de tempos que já não voltam. E… antes que voltem os profissionais do «politicamente hermético».
* Fanga – Medida de quatro alqueires.
jcl
Cumprindo uma antiga tradição quaresmal que todos os anos de repete, vai realizar-se em Pousafoles do Bispo, freguesia do concelho do Sabugal, a Procissão dos Passos do Senhor, que espera reunir muita gente, alguma dela vinda dos povos vizinhos.
A já célebre e muito concorrida procissão dos Passos de Cristo em Pousafoles realiza-se na tarde do Domingo de Ramos, dia 16 de Março. Perde-se na noite dos tempos a origem desta tradição que ali ganhou foros de obrigatoriedade, e ponto de honra da paróquia local que nunca deixa passar o evento em claro.
Reza a tradição que um padre ali nado, de nome Torres, doou uma forte quantia de dinheiro à Irmandade do Senhor dos Passos, impondo como condição que se realiza-se todos os anos a procissão. O voto ficou obrigação sagrada e em todas as Quaresmas tem ali lugar a dita procissão, que junta muito povo devoto de diversas freguesias.
Às 13 horas realiza-se a benção dos ramos, a que se segue a Eucaristia na igreja matriz da freguesia. Às 16h30 inicia-se a Procissão dos Passos, que percorrerá lentamente as ruas da povoação, com paragem nas diversas estações da Via-sacra. Incluem-se no cerimonial os quatro sermões da ordem: o do Pretório, o do Encontro, o do Calvário e o da Soledade. É da tradição que tais sermões sejam emotivos, especialmente o do Encontro, que evoca o momento em que Maria e Madalena, acompanhadas por João, se reúnem a Jesus que carrega a cruz a caminho do Calvário, não mais o abandonando.
O Padre António Morgado, enquanto pároco da freguesia, preside á cerimónia, tendo como pregadores convidados o Padre redentorista José Sanches Pires, dos Fóios, e o Padre Manuel Igreja Dinis, natural do Rochoso e actual pároco do Sabugal.
plb
Comentários recentes