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A exposição sobre a Capeia Arraiana organizada pela Associação Raiar, de Aldeia do Bispo, esteve patente ao público no Consulado de Portugal em Paris e mereceu uma reportagem da LusoPressTv.

jcl

O Consulado de Portugal em Paris inaugura no próximo dia 14 de Setembro, às 18h30, uma exposição dedicada à tradição popular portuguesa Capeia Arraiana.

Trata-se de uma iniciativa que se segue ao registo da Capeia Arraiana como Património Cultural Imaterial no Inventário Nacional do Instituto dos Museus e da Conservação, classificado pelo seu valor enquanto manifestação popular e etnográfica.
A Capeia Arraiana, diz-se numa nota divulgada pelo Consulado de Portugal em Paris, é uma manifestação tauromáquica específica de algumas freguesias da orla raiana do concelho do Sabugal, que se singulariza pelo facto de a lide do touro bravo ser realizada com o auxílio do forcão, estrutura triangular em madeira suportada por um grupo de homens que assim enfrenta as investidas do touro.
A mostra, que está integrada na programação cultural do Consulado, pode ser visitada até 26 de Setembro, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, no Espaço Nuno Júdice do Consulado Geral de Portugal – 6 Rue Georges Berger 75017 Paris.
A organização da exposição partiu da iniciativa da Associação RAIAR, de Aldeia do Bispo, e especialmente dos raianos Domingos Ricardo e Manuel Luís Gonçalves, contando com a colaboração do Consulado de Portugal em Paris.
plb

As linguagens da aldeia são muito diversas, variam de casa para casa, de rua para rua, mas têm substratos comuns. E respondem simplesmente à vida vivida, não a estereótipos científicos. Cada época acarreta para a fala os seus ícones também linguísticos. Hoje trago aqui só meia dúzia de exemplos dos anos 60 para apreciação de quem gostar destas elucubrações.

(Clique para ampliar.)

Há palavras e expressões que nos anos 60 têm um significado profundo e subliminar que hoje nem se imagina. Na maior parte dos casos, o regime e a Igreja fizeram bem o seu papel: sedimentaram em cima da ignorância do Povo o significado que quiseram para cada palavra.
Um exemplo.
A Maçonaria combatia o regime? Então, tudo o que é mação é mau. Passaram esta ideia de base para as pessoas, repetiram isso até à exaustão e… nem preciso de explicar mais nada. De cada vez que se queria dizer que Fulano ou Sicrano era mau, tinha mau íntimo etc., bastava dizer:
– Aquilo é um maçónico!
Estava tudo dito. Maçónico é mação, é pessoa sem princípios. Pessoa que fosse rotulada de «maçónica» estava marcada. «Voz do Povo, voz de Deus» – a coisa circulava nos bastidores da vida social da aldeia. A partir daí, «mais vale cair em graça do que ser engraçado»: tanto dava a pessoa ter princípios e quais eles fossem como não: era simplesmente «maçónico». E estava frito…

«Até é Doutor»
E agora um exemplo do contrário: palavras que qualificam pela positiva sem mais discussão também…
A palavra «Doutor» corresponde ao máximo na escala social. Se é «Doutor» é boa gente: «Até é Doutor». Alguns, acho que só estiveram em Coimbra de passagem, mas ficaram para sempre «Doutores». Duvido que o «Doutor de Santo Amaro» alguma vez tenha concluído algum curso; e duvido que o «Doutor Guerra», da «Quinta» tenha acabado uma qualquer licenciatura. Mas são «Doutores».
E isso é que conta, nos anos 50 e 60: a reverência manifesta-se por aí também: o respeitinho da população garantido em símbolos de linguagem…
Ser «Doutor» é o máximo. Há poucos. A palavra é um título honorífico, como, sei lá, ser «conde» ou «besconde» (visconde, que também ali havia um numa quinta próxima…).
Se é «doutor» é gente importante, de certeza. Reparem que hoje a coisa mais vulgar é haver vários licenciados na mesma casa. Naquele tempo havia um ou dois em cada aldeia, se tanto. Daí, a «valorização» do termo na época.

Chega o calão emigrante
A propósito de linguagem, vale a pena referir dois ou três vocábulos introduzidos pela mistura emigrante. Os primeiros regressados de férias (meados dos anos 60) falam sem cessar das folhas de «peia», dos batimãs, dos bidonviles, da SNCF, dos papiês… Aos filhos falam uma mistura incrível. Ficou célebre aquela mãe a gritar na rua três ou quatro vezes: «Michel, tu vas tomber» («Miguel, vais cair»). E como o filho não obedecia e caiu mesmo: «Ai, o f.p. do garoto, não é que caiu mesmo? Ah, malandro, eu bem dizia que partias os c****s!».
Explicando os termos trazidos de Paris e arredores (Seine-et-Oise, Champigny – ver a foto pequena à direita) para a aldeia: folha de peia («feuille de paie») é o impresso relativo ao salário; batimãs («bâtiments») são as obras de construção civil onde muitos trabalhavam e davam cabo do cabedal; bidonviles («bidonvilles») são os bairros clandestinos miseráveis dos arredores de Paris, onde a maioria morava; SNCF: era a Société Nationale des Chemins de Fer (Sociedade Nacional dos Caminhos de Ferro) onde alguns trabalharam anos e anos; os «papiês» («papiers») são, naturalmente, os almejados documentos de legalização como emigrantes. Mas há mais: os carros e as matrículas. Os «apartamentos» (departamentos, claro – mas que diferença faz?). Demos connosco a saber de cor que 75 era Paris, 92, 93 ou 94, dos arredores…
Agora uma adivinha para fechar: sabe o que é o «farruge»?
Não, pois não?
Eu ajudo: era o «feu rouge», o semáforo vermelho que a todos eles surpreendeu nas cidades francesas (cá nunca tinham visto – o mais que tinham visto era um sinaleiro na Covilhã e outro na Guarda ou em Castelo Branco…).
Mas devo acrescentar que não é raro um ou outro emigrante na França ser depreciativamente apelidado de «tchampigny».
Enfim: fluxos e refluxos da linguagem popular.
Aliás, acho que toda a vivência emigrante no Casteleiro poderá merecer uma crónica específica. Um dia se verá isso.

…E assim se construiu um linguajar diferente e mais colorido naquela época meio triste e apagada. Foi um linguajar transitório. Hoje já ninguém diz «farruge». Os pais e avós falam português e arranham o francês mas os filhos e netos já só falam francês – e muito correctamente, os que lá fizeram a escola. A emigração levou saúde mas trouxe dinheiro, conforto e novos vocábulos obtidos por uma engraçada corruptela popular e folclórica.
«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes

«É só para olhar um bocadito para trás e ganhar coragem para chegar ao Luxemburgo», diz um dos emigrantes que parou em Vilar Formoso. «Até para o ano!» é o desejo de histórias de vida que escrevem desde os anos 60 do século passado a história de Portugal. Reportagem, em Vilar Formoso, da jornalista Paula Pinto com imagem de Andrea Marques da Redacção da LocalVisãoTv (Guarda).

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jcl

A convite do Maire de Salaunes, localidade francesa, próxima de Bordeaux, uma delegação de Foios deslocou-se a França com o intuito de um dia poder ser feita a geminação Foios – Salaunes. O referido Maire, de nome Jean Mairie Castagneau, já se havia deslocado aos Foios, em 2009, acompanhado da adjointe (Josiane) e ficaram muito bem impressionados com os Foios e com toda a região.

José Manuel Campos - Presidente Junta Freguesia Fóios - Capeia ArraianaA pequena delegação de Foios foi constituída pelos representantes das diversas instituições: José Manuel Campos (Presidente da Junta de Freguesia), José Tavares (Presidente do Grupo Cultural e Desportivo e Presidente da Assembleia de Freguesia), José Leal (Presidente da Associação de Caça e Pesca), António Sanches (em representação da Comissão de Melhoramentos que gere o Lar da 3.ª Idade).
O grupo fojeiro foi recebido pelo Maire e pelos restantes membros do Conseille (14) bem como pelo casal François Dias, esposa Maria e filhos David e Frederic que são de Foios e muito bem relacionados com os autarcas de Salaunes.
Foi, aliás, o François, que há cerca de três ou quatro anos, teve a iniciativa da hipotética geminação.
Podemos afirmar, sem qualquer dúvida, que foi um fim-de-semana muito enriquecedor a exceder, largamente, as expectativas. A zona de Bordeaux é muito plana e muito verde. Há uma imensa floresta e variadíssimos campos hortícolas.
De Foios levámos alguns produtos que também agradaram aos anfitriões. Para além dos bons enchidos e dos saborosos queijos surpreendemos os franceses com um saco de meruge que deu para comer em todas as refeições.
Tanto o jantar de sábado como o do domingo (dias 7 e 8) houve animação musical tendo proporcionado uns bailes bastante animados. Mais animados porque também participaram outros amigos e familiares fojeiros que também residem na região. Cabe aqui referir o Artur Leal (entre nós Artur Pêra) que com a esposa, filho, nora e netos muito contribuíram para que o ambiente se tornasse ainda mais fojeiro.
O Monsieur le Maire também nos quis brindar com excelente almoço na sua residência que é uma casa de campo com muita floresta e bonitos jardins.
Para melhor compreensão dos Senhores leitores anexamos uma série de fotografias visto que, tal como diz o provérbio, uma imagem vale mais que mil palavras.
Merci, Monsieur le Maire e Merci ami François, esposa e filhos.
Finalmente uma palavra de agradecimento e de reconhecimento para o condutor António Sanches (entre nós Tó Naque) que nos conduziu com toda a segurança e confiança.
Gostámos e havemos de repetir.
«Nascente do Côa», opinião de José Manuel Campos

(Presidente da Junta de Freguesia de Foios)
jmncampos@gmail.com

Este é o 100º «Nascente no Côa» de José Manuel Campos, no Capeia Arraiana. Apraz-nos assinalar a bonita soma atingida por estas crónicas regulares que demonstram a forte dinâmica deste autarca raiano, cujo exemplo de constante labuta em favor da sua terra bem poderia ser seguido por outros edis. José Manuel Campos há muito assumiu o compromisso com uma causa (os Fóios), e essa peleja pela divulgação e valorização da sua terra irá certamente manter-se.
plb e jcl

As campanhas de Natal das grandes empresas são campanhas de solidariedade ou de publicidade? No final a nossa adesão a estas campanha de caridade apenas serve para ajudar as grandes empresas na fuga aos impostos e ajudá-las no aumento de lucros.

Paulo AdãoHá dias, chegou-me uma mensagem de movimento contra as campanhas de caridade organizadas pelas grandes marcas de hipermercados, canais de televisão e outras grandes empresas, o que me leva a escrever esta crónica, pois há muito tempo que critico e rejeito todas essas falsidades.
Nesta época do ano, é suficiente acender a televisão, abrir um jornal ou lançar alguns sites da Internet, para ser «bombardeado» com estas campanhas de solidariedade, organizadas pelos grandes centros comerciais, com apoio dos canais televisivos, apresentadores de televisão e outras «fracas» personalidades. Na compra de este ou aquele produto, uma parte da receita será dirigida para uma instituição social. Algumas das mascotes destas campanhas tornam-se mesmo marcas criando parcerias com outras empresas nos mais diversos ramos de actividade, são livros, telemóveis, CDs, etc. Os investimentos em marketing e publicidade nestas campanhas são enormes.
Mas será que estas empresas, são mesmo tão solidárias e estão realmente preocupadas com a pobreza em Portugal, fazendo todos estes investimentos em prole da solidariedade? Ou haverá outros interesses por detrás dessas campanhas?
E no final, quem é que é solidário? São apenas os grandes hipermercados e canais televisivos, ou somos todos nós? Afinal, se não houvesse compradores essas campanhas não tinham razão de ser e não existiriam. Mas vejamos bem: aderimos a uma dessas campanhas e compramos algo (que nem precisamos) por dois euros. Desses dois euros, um vai para uma instiuição. E o outro €uro, vai para onde?
Se calhar para pagar prémios e ordenados a quem ganha 15 ou 20 mil €uros por mês, como apresentadores de televisão ou outros, para pagar campanhas publicitárias e marketing, a «grandes empresas» que todos os dias nos levam os pequenos ordenados nas compras que fazemos.
E continuando. Quando uma empresa ou individuo dá algo para uma instituição ou associação sem fins lucrativos, uma parte desses dons são dedutíveis das respectivas declarações de impostos. Este é mesmo um dos slogans das associações para tentarem obter maiores dons e ofertas. Agora nestas campanhas, são angariados alguns milhões de euros. A parte que essas empresas oferecem a esta ou aquela entidade, transforma-se automaticamente em dedução de impostos. Ou seja, com os donativos que damos nessas campanhas, ajudamos as empresas organizadoras na fuga aos impostos. No final, a nossa adesão à estas campanha, é uma participação fraca (porque apenas uma pequena parte vai realmente para instituições sociais) em actos de caridade, é também ajudar as grandes empresas na fuga aos impostos e ajudá-las no aumento de lucros.
A solidariedade é sem dúvida, necessária e por mais pequena que ela seja, é sempre positiva, mas isto não justifica que todos os meios sejam utilizados. Podemos e devemos ser solidários, ajudar e oferecer do pouco que temos é sempre bom para quem recebe. Para quem não têm nada, o pouco que receba é sempre muito.
Pessoalmente não apoio estas campanhas e não participo nelas, mas isso não faz de mim menos solidário. Mas vejo nestas campanhas, apenas interesses publicitários e marketing, entre outros. Se realmente os hipermercados se preocupassem com a pobreza ou com a solidariedade, baixavam os preços e as margens de lucro nos produtos que vendem, pagavam mais aos produtores que lhes fornecem os produtos e seriam assim mais solidários com maior número de pessoas.
Não deixem de ser solidários e, se realmente querem participar nessas campanhas, exijam um recibo pelos donativos que fazem. Damos a quem precisa, não quem já apresenta muitos milhões de benifícios.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

Na internet nem tudo é verdade nem tudo é mentira. Ao início, a internet, era apenas, um sistema que permitia a pesquizadores de comunicarem entre eles e, lhes permitia um acesso à distância, aos computadores disponiveis para as pesquizas. Pouco a pouco tornou-se num conjunto mundial, de redes de computadores ligados entre eles, dando origem aquilo que conhecemos hoje.

Paulo AdãoNestes passos de gigante, em poucos anos tornou-se (quase) indispensavel para cada um de nós, não podendo passar sem Internet. Entrou pela porta dentro, nas nossas casas e hoje até nos autocarros, nos aviões, nos comboios, em jardins, cafés, etc, por tudo quanto é canto, existe uma ligação à Internet e a possibilidade de estar online, em contacto com qualquer outro canto do mundo.
Segundo a ONU, num relatório recente, no final deste ano, a Internet vai ultrapassar os 2 mil milhões de utilizadores, seja cerca de 30 por cento da população mundial.
Como em tantos outros temas ou asssuntos, no que toca à Internet as disparidades são também, mais que muitas. Segundo o mesmo relatório os países desenvolvidos apresentam indíces superiores a 70 por cento de cibernautas enquanto os países em desenvolvimento apresentam pouco mais de 20 por cento. A Africa, é o continente com menor percentagem de utilizadores apenas com 9,6 por cento enquanto 64 por cento da população europeia está online.
Falar (ou escrever) sobre Internet poderia ser, falar sobre tudo, como tudo aquilo que se pode encontrar na Internet, como tudo o que se pode fazer com a Internet, como tudo o que é bom ou mau na Internet.
Cada um dos utilizadores terá a sua própria opinião, cada um encontrará na Internet uma utilidade diferente. Consoante as nossas profissões, os nossos hobbies, a nossa vida pessoal, consoante a nossa situação, o nosso humor, cada um procura na Internet aquilo que mais lhe convem nom momento.
Há quem encontre na Internet uma resposta para tudo aquilo que procura, quem encontre na internet soluções para tudo. Há quem não faça confiança nenhuma à Internet, quem ache que a Internet se resume a «downloads ilegais», fotografias ou videos para maiores de 18 anos, ou coisas sem interesse e há os jovens, que não imaginam o que seria o mundo sem Internet.
InternetNão se pode falar de Internet, sem se falar das redes sociais. Grupos de «amigos» virtuais de dimensão enorme, redes profissionais, grupos religiosos. Qualquer tema, qualquer hobby, qualquer ideia é boa para lançar na internet, para partilhar, etc. O facebook indicava no verão passado, ter atingido os 500 milhões de utilizadores activos na sua rede.
De bom: o intercâmbio e a troca de ideias, a troca de opiniões, os conhecimentos sobre novas culturas, tradições, costumes. Muitos são os pontos positivos e também aqui cade um encontrará a positividade que lhe convem.
Do outro lado, existe o mau e o perigoso, por exemplo nas informações pessoais ou outras, que se partilham nestas redes. Recentemente, em França, algumas pessoas, foram demitidas das suas empresas, por terem falado mal dos patrões ou das empresas publicamente. Outras empresas, estão a utilizar as informações recolhidas nas redes sociais para selecionar os diferentes candidatos aos postos de trabalho. Da mesma cada um encontrará outros pontos negativos, consoante a sua experiência e utilização.
A comunicação ganhou outras dimensões com a Internet. Não há jornal ou outro meio de comunicação que não tenha o seu site online. Podemos seguir diariamente aquilo que de bom ou de mau se passa nas aldeias ou vilas onde nascemos, nas cidades ou nos países que visitámos ou conhecemos. Se antes da Internet, apenas se conheciam os grandes canais de televisão ou rádio, apenas se conheciam as notícias dos grandes jornais nacionais ou internacionais, hoje com a internet, podemos segiur as emissões das radios ou televisões locais, dando a todos a possibilidade de ser mais activos na vida local das regiões de cada um. Cada um de nós ganhou um espaço para se pronunciar em blogues ou sites, temáticos ou de âmbito geral, privados ou públicos. A internet deu-nos a possibilidade de escrever (como o fazemos aqui neste blogue), sobre aquilo que gostamos, sobre aquilo que criticamos ou gostariamos que fosse diferente. A liberdade de expressão é outra com a Internet.
Como qualquer teia de aranha, a internet não têm limites. Cabe a cada um dos utilizadores encontrar e definir os seus próprios limites nesta teia imensa. Cabe a cada utilizador, fazer boa utilização e saber separar o trigo do joio. Na Internet nem tudo é verdade nem tudo é mentira. A Internet é aquilo que nós quisermos que seja.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

Com a crise sempre por perto, com a incompetência política na resolução dos problemas sociais, por toda a Europa a pobreza tem ganho terreno. Sem excepção de países cada vez é maior o número daqueles que necessitam fazer apelo à caridade para poderem sobreviver e para poderem alimentar os filhos.

Paulo AdãoAs diferentes associações caritativas, sem grandes ajudas dos poderes centrais, fizeram as suas habituais campanhas de recolha de alimentos, vestuário e tudo aquilo que pode ainda ser de muita ajuda para muitas famílias. Foi nestas recolhas, dos últimos dias, que em França ou em Portugal, se anunciou os bons resultados dessas campanhas. A quantidade dos produtos recolhidos foi superior aos anos precedentes, deixando a ideia que as pessoas continuam solidárias, continuam preocupadas com quem vive em situações menos agradáveis, em dificuldades que nenhum de nós gostaria de viver. Ouvi uma pessoa responder, «este ano dou um pouco mais, por duas razões: primeiro porque se vê cada vez mais jovens em necessidade à procura de ajuda e segundo, porque da maneira que vai o mundo, também me pode acontecer à mim e gostaria que também me ajudassem quando necessitar».
Mesmo não havendo nada de excepcional nesta resposta, faz-me pensar, que com maior frequência, maior número de pessoas teme o futuro. O dia de amanhã tornou-se uma incerteza e, se hoje temos trabalho, alimentos e vestuário, à velocidade que as coisas mudam, podemos de um dia para o outro estar numa situação que nos obrigue a pedir ajuda, a pedir para comer, para vestir.
Nos últimos dias, com a chegada do inverno rigoroso, os problemas da pobreza acentuam-se, sabem-se verdades e conhecem-se situações que nos passam ao lado noutras épocas do ano.
Apenas um exemplo, em França muito se escreveu e disse os últimos dias, sobre os pobres que «acampam» em parques ou bosques nos arredores da cidade de Paris. Alguns destas pessoas, vivem em situação dificil e sem habitação há mais de 10 anos, tendo construído nos bosques barracas, em cartão, alguma madeira ou chapas de metal, sobrevivendo da caridade e das boas acções de associações ou pessoas individuais. Os poderes locais, como solução, mandaram destruir nos últimos dias, dezenas de barracas e instalaram algumas dessas pessoas, em hotéis, durante três semanas. Uma situação provisória, dizem os poderes centrais. Mas quantas situações provisórias como esta nunca passam do provisório? Como encontrar uma solução em três semanas, para problemas que têm 10 anos?
E depois dessas três semanas?
Depois apetece-me dizer que o problema do político desapareceu. O problema, que eram as barracas, foi solucionado com a sua destruição. O problema do pobre, que é ser pobre, continua com maior gravidade (tiraram-lhe o pouco que tinha), e depende única e exclusivamente da ajuda e da caridade humana.
Fica mais uma vez a ideia, que podemos contar uns com os outros, podemos contar com a solidariedade humana, mas nada podemos esperar dos poderes centrais, a não ser tirarem-nos o pouco que temos.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

A França viveu este fim-de-semana aquilo a que alguns órgãos de comunicação e oposição chamaram uma «fantochada ou palhaçada». Ao mesmo tempo, uma palhaçada prevista e anunciada há muito tempo.

Paulo AdãoComo tem sido hábito, os presidentes franceses, vão alterando as equipas governativas, consoante o avanço dos diferentes projectos eleitorais. Há quatro ou cinco meses atrás, já se falava nesta mudança, que muitos esperavam como uma alternativa ao actual sistema governativo que muita polémica tem gerado. Depois das semanas movimentadas dos últimos tempos, uma vez aprovada a lei sobre a idade das pensões, esperava-se de dia para dia esta mudança. Muito foi dito, e muito se escreveu, sobre os pretendentes ao lugar de primeiro-ministro, sobre os possiveis candidatos, não
faltando especulações sobre este ou aquele nome, sobre esta ou aquela pessoa.
François Fillon, primeiro ministro, já tinha apresentado a sua demissão em 2007, aquando das eleições legislativas e nessa altura tinha sido reconduzido na função que ocupava. Desta vez, até há bem poucos dias, poucos eram aqueles que apostavam na continuidade de Fillon, tendo o mesmo dado sinais de ter chegado ao final do seu mandato. Porém, na semana que antecedeu estas mudanças, o mesmo manifestou disponibilidade para continuar no lugar, conduzindo à termo, os diferentes projectos de reformas e mudanças previstos pelo actual presidente de República.
Com a previsão de uma fim de semana de mudanças, não foi grande a surpresa, quando na sexta-feira ao final do dia, o então primeiro-ministro, apresentou a demissão, em bloco do seu governo, ao presidente de República, a qual foi aceite. Foi no sábado que comaçaram as «surpresas», François Fillon, é nomeado primeiro-ministro e reconduzido nas suas funções habituais, deixando para trás
nomes que se anunciavam já, ocupantes dessa cadeira tão desejada. Como tarefa, (urgente) cabe-lhe encontrar e apresentar ao presidente da República, uma nova lista de colaboradores (ministros e secretários de Estado) para formarem novo governo.
Uma vez a lista apresentada cabe ao presidente da República aceitar e nomear oficialmente o novo governo. Se o governo precedente contava com 37 ministros, o novo conta apenas com 30. A antiga equipa governativa que tinha aberto portas à oposição, fechou agora, por completo essas portas fazendo parte do novo governo apenas as cores do partido presidencial, ou seja um governo de
direita, por vezes mesmo, acusado de extrema-direita. No novo governo, as caras novas são poucas ou nenhumas, houve muitas mudanças, mas apenas trocas de gabinetes ou secretários de Estado que são agora ministros. A novidade mais badalada é a chegada de um antigo peso da política francesa, Alain Jupé, actual presidente da Câmara de Bordéus, que fez parte dos governos de Chirac.
Tem a França, desde domingo passado, um novo governo, mas com caras velhas.
Desta «palhaçada», um novo governo ao qual 64 por cento dos franceses não fazem confiança nenhuma e 89 por cento que dizem que a política vai ser a mesma que existe desde a eleição deste presidente, não esperando alguma mudança significativa e desejada, segundo uma sondagem publicada esta manhã na imprensa francesa.
Curiosidades desta nova equipa: é a primeira vez que um casal (marido e mulher) fazem parte de um mesmo governo, (ministra da defesa e negócios estrangeiros com o ministro junto do primeiro-ministro, responsável das relações com o Parlamento); cinco dos trinta membros da equipa nasceram na mesma cidade – coincidência ou não –, aquela onde Sarkozi foi presidente da câmara.
Dos 30 elementos do novo governo, 12 são mulheres.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

E se os governos fossem outros, seria diferente? «Matar» o presente para salvar o futuro?

Manifestações Paris

Paulo AdãoNos dias que correm, basta olhar para as páginas dos jornais ou ver os telejornais, para se aperceber que por este mundo fora, ninguém está contente com aquilo que temos, sobretudo no que diz respeito aos governantes que dirigem os nossos países. Queremos sempre mais e melhor. Por isso, se exige sempre mais dos governos e das pessoas, que de uma maneira ou de outra chegaram a lugares de poder para tomarem decisões por nós.
Em tempo de crise, as decisões a tomar ou anunciadas pelos governos centrais, como solução aos diferentes problemas, acabam por ser mal acolhidas e geram conflitos sociais, que deixam marcas por muito tempo. Nos dias que correm, o ambiente social é aquilo que se vê por toda a Europa, em particular em França, onde a força dos sindicatos e o descontentamento geral das pessoas, estão a deixar todo o país à beira de uma crise de nervos. Por um lado, a maioria da população apoia estas manifestações, mas de outro, não esconde o receio e o pânico que o País venha ficar completamente paralisado acentuando uma crise que teima em desaparecer, acrescendo as dificuldades do dia-a-dia. Nas grandes cidades, teme-se os resultados das manifestações. Com maior frequência, aparecem aqueles grupos de destruição, que apenas se misturam às pessoas para partirem tudo o que lhes aparece pela frente, deitando fogo a carros, casas, comércios, locais públicos ou privados, deixando um rasto de miséria atrás deles. Os desacatos e conflitos entre manifestantes e forças de segurança acentuam-se provocando uma maior separação entre as pessoas do poder que podem, mandam e fazem, e as pessoas que manifestam, apenas, na esperança de serem ouvidos e defenderem aquilo a que temos direito.
Que seja em Portugal ou França, a origem destes descontentamentos está no aumento de impostos, da quebra de salários, do aumento da idade de reforma, das frequentes reduções dos direitos sociais adquiridos ao longo dos anos. Está no pouco que os governos têm feito repetidamente pelas classes médias ou baixa. Está no próprio comportamento dos governantes, dos quais os nomes aparecem ligados a escândalos, a fraudes, a gastos chorudos dos seus gabinetes e da sua vida do dia-a-dia, quando se pedem esforços ao resto das populações, aos salários incompreensíveis, às reformas mirabolantes depois de meia dúzia de anos de (fracos) serviços.
A classe política, tornou-se ao longo dos anos numa classe incompetente, fraca e reles, incapaz de encontrar e propôr soluções aos problemas do presente e garantir um futuro às sociedades. Os governos dos nossos dias, apenas olham para os resultados económicos e financeiros. A educação, a segurança, o emprego e a saúde deixaram de ser uma preocupação.
Como se pode garantir o futuro quando não se defendem nem valorizam estes valores humanos, sociais, educacionais ou outros? Em Portugal ou França, que futuro podemos esperar, quando se fecham escolas ou hospitais porque não são rentáveis, obrigam-se as escolas ou professores a darem boas notas, para não baixar as médias nacionais de resultados. A formação, educacional ou profissional, que foi sempre um dos pilares das sociedades deixou de ser importante.
Como pode um país ser mais produtivo e competitivo, sem formação ou educação?
A riqueza e ajudas continuam a ser distribuídas apenas pelos grandes grupos económicos que fazem e desfazem segundo as suas vontades, transformando-se estes e apenas estes, nos centros de interesse classe política.
Em Portugal ou França, as soluções propostas são idênticas, sempre e cada vez mais, aumentos de impostos e redução de custos, o que gera aquilo que se conhece, conflitos sociais à repetição, os pobres cada vez mais pobres, os ricos cada vez mais ricos e um fosso cada vez maior entre ricos e pobres.
E se os governos fossem outros, seria diferente?
Em Portugal, com maiorias absolutas ou sem elas, uns e outros já todos (ou quase) passaram pelos governos. E o que foi feito? Foi um melhor que o outro?
A situação de hoje, não será ela um fruto bem maduro, de tantos anos de uma política incompetente, reles e falsa, de uma classe corrupta e gananciosa?
A classe política está a matar o presente, na esperança de salvar o futuro.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

Os ciganos aparecem pela primeira vez em Paris em 1427 assentando os seus arraiais num acampamento em Saint-Antoine-des-Champs, em Neuilly e em Ville-d’Évéque.

Os Ciganos - Van Goog

João Valente - Arroz com Todos - Capeia ArraianaA Portugal, os ciganos chegaram também pelos finais do século XV e o conceito que a população fez deles também foi o mesmo.
Gil Vicente, dedicou-lhes uma peça de teatro – Farsa de Ciganos – representada em Évora, em 1521 ou 1525 em que os identifica já como gente nómada dedicada ao roubo.
Dominam o comércio das cavalgaduras, em especial aquelas que se encontram doentes fazendo-as passar por animais de boa saúde. Celebrizaram-se também por se dedicaram às práticas de feitiçaria, quiromancia e cartomancia, prática que de vida que mantiveram até meados do século XX, enquanto o país se manteve essencialmente rural.
O Abade de Baçal nas suas «Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança» dedica um texto aos ciganos no distrito de Bragança no tomo V onde descreve que a sua vida era vaguear de terra em terra, roubar quanto podiam, ler a buena dicha, pouca religião, vestidos imundos, rosto trigueiro amarelado, cabelos pretos, a que juntaram práticas supersticiosas de feitiçaria para melhor armar os efeitos rapinantes.
No Romance «Celestina», a propósito da romaria à Senhora da Póvoa, o nosso patrício Joaquim Correia conta-nos um episódio do roubo de uma égua e sua revenda ao dono pelos ciganos, totalmente repintada para disfarçar os sinais, dando-nos conta precisamente deste tipo de vida.
A maioria dos livros que existem sobre o assunto no nosso país, nomeadamente «O Povo Cigano» de Olímpio Nunes, a «Etnografia Portuguesa» de Rocha Peixoto, e o vol. IV da «Etnografia Portuguesa» de Leite de Vasconcelos, reflecte esta opinião geral também.
Evocando tudo isto, D. João III, pelo Alvará de 13 de Março de 1526, proibiu-os de entraram em Portugal, ordenando a expulsão de todos os que aqui viviam. Ao longo dos séculos são inúmeras as leis promulgadas com idêntica finalidade. Sempre mais severas, mas sempre inúteis. Uma das últimas, foi a de D. João V, em 10 de Dezembro de 1718.
A partir do século XIX, o Estado deixou de colocar a questão da expulsão dos ciganos, passando a considerá-los cidadãos portugueses, embora as posturas policiais e municipais os condenassem à mesma vida errante, proibindo a sua permanência prolongada nos aglomerados populacionais.
Actualmente, a maioria sedentarizou-se e dedica-se à vida ambulante e as carroças foram sendo substituídas por carrinhas, enquanto as tendas foram sendo substituídas por barracas e habitação social.
A estratégia de integração em Portugal tem passado pelo acesso da comunidade a habitação social e ao «rendimento mínimo garantido», em contrapartida pela escolarização das crianças ciganas, numa filosofia de integração gradual das futuras gerações pela aculturação, mas com resultados duvidosos, dada a elevadíssima taxa de insucesso escolar.
No entanto, muito está por fazer:
Apesar de mais de dois terços dos sete a oito milhões de ciganos do mundo viverem na Europa (Alemanha, 100.000; Albânia, 70.000; Bósnia, 17.000; Bulgária, 700.000; Croácia, 9.463; Espanha, 600.000–800.000; Grécia, 300.000-350.000; Hungria, 190.046; Polónia, 15.000–50.000; Portugal, 40.000; Reino Unido, 40.000; República Checa, 120.000–220.000; Roménia, 535.140, mas outros censos calculam entre 1.500.000-2.000.000; Eslováquia, 92.500; Turquia, 1.500.000 – 2 milhões), a Espanha é o país da União Europeia que mais fundos comunitários destina a programas orientados em exclusivo à integração de ciganos para o período 2007-13, com um total de 47 milhões de euros, e apenas mais quatro Estados-membros dispõem de programas de integração destinados aos ciganos (República Checa 43 ME, Roménia 38 ME, Eslováquia 26 ME e Polónia 22 ME), segundo números divulgados recentemente pela Comissão Europeia, no âmbito do debate sobre as expulsões levadas a cabo por França.
Portugal, contudo não tem qualquer programa específico de integração dos ciganos como estes países.
A escolarização que implementamos como contrapartida aos apoios sociais é redutora e, pelos seus fraquíssimos resultados (taxas de sucesso por vezes de apenas 1,4%) não é solução, devendo ser substituída por um ensino específico que vá ao encontro das necessidades da comunidade, designadamente com reforço da componente de ensino profissional e medidas que respeitem e até preservem a especificidade e cultura do povo cigano.
O caminho certo nunca é o da exclusão como faz a França, mas também nunca o da integração forçada como pretendemos e que não está a resultar.
É que o povo cigano tem, pelo seu modo de vida tradicional e que está hoje ameaçado, uma noção de liberdade que nós, gadjés, não temos e que é a alma da sua cultura:
«Com estas y con otras leyes y estatutos, diz ainda o velho cigano de La Gitanilla, nos conservamos y vivimos alegres; somos señores de los campos, de los sembrados, de las selvas, de los montes, de las fuentes y de los ríos. Los montes nos ofrecen leña de balde; los árboles, frutas; las viñas, uvas; las huertas, hortaliza; las fuentes, agua; los ríos, peces, y los vedados, caza; sombra, las peñas; aire fresco, las quiebras; y casas, las cuevas. Para nosotros las inclemencias del cielo son oreos, refrigerio las nieves, baños la lluvia, músicas los truenos y hachas los relámpagos. Para nosotros son los duros terreros colchones de blandas plumas: el cuero curtido de nuestros cuerpos nos sirve de arnés impenetrable que nos defiende; a nuestra ligereza no la impiden grillos, ni la detienen barrancos, ni la contrastan paredes; a nuestro ánimo no le tuercen cordeles, ni le menoscaban garruchas, ni le ahogan tocas, ni le doman potros. Del sí al no no hacemos diferencia cuando nos conviene: siempre nos preciamos más de mártires que de confesores. Para nosotros se crían las bestias de carga en los campos, y se cortan las faldriqueras en las ciudades. No hay águila, ni ninguna otra ave de rapiña, que más presto se abalance a la presa que se le ofrece, que nosotros nos abalanzamos a las ocasiones que algún interés nos señalen»…
Se não percebermos isto, arriscamos a que percam a sua identidade, ou que uma integração mal feita, acabe o que ainda resta desta particular riqueza da cultura cigana …
«Arroz com Todos», opinião de João Valente

joaovalenteadvogado@gmail.com

A festa de cerveja de Munique (Oktoberfest) abriu as suas portas no passado sábado, dia 18 de Setembro, para festejar os 200 anos de existência.

Oktoberfest - Munique

Paulo AdãoA Oktoberfest, teve origens com o noivado do futuro rei da Baviera, Louis I com Therese von Sachsen-Hildburghausen, no dia 12 de outubro de 1810. Comemoram-se os 200 anos, sendo no entanto a edição n.° 177 deste acontecimento, devido às guerras e epidemias que impediram a organização de 24 edições.
Desde a sua origem, esta festa acontece num parque oval de 31 hectares, chamado «Theresenwiese» em homenagem à rainha da Baviera, lugar onde foi celebrado o casamento.
Este evento é esperado com ansiedade por todos os Muniquenses e tornou-se ao longo dos anos, uma das maiores festas populares do mundo. Desde os anos 80, a Oktoberfest recebe mais de 6 milhões de visitantes sendo cerca de 75 por cento originários da região e os restantes turistas estrangeiros que facilmente se inserem no ambiente, consumindo tanta cerveja como os alemães, segundo informações dos organismos de Turismo.
O início foi marcado, como habitualmente, por 12 tiros de canhão disparados na praça municipal, sendo o primeiro barril aberto pelo Prefeito de Munique, tradição que se mantém há cerca de 60 anos. Até ao 4 de Outubro, são milhões os litros de cerveja que vão matar a sede aos amantes (e não só) desta bebida.
Os trajes regionais, a rigor dão um ar de carnaval ao evento, não faltando animações pelas ruas com muita música e danças, carrosseis, concursos de quem bebe mais cerveja, concurso para aquele que transporta maior número de canecas de uma só vez, sem faltar o concurso da melhor cerveja.
Em honra dos 200 anos, seis grandes cervejarias de Munique, elaboraram tipos de cerveja seguindo as receitas dos séculos passados, tentando reproduzir o gosto da época.
Alguns números da Oktoberfest:
– 14 stands gigantes de cerveja com capacidade para vários milhares de visitas ao mesmo tempo; 105 000 lugares sentados previstos para os concursos de bebedores de cerveja;
– custo da caneca varia entre 8.30 e 8.90 euros;
– 1042 casas de banho e 843 metros de urinóis;
– 602 empresas participam no evento;
– 12.000 pessoas contratadas para trabalhar durante esta festa.
Records existentes:
– 18 canecas transportadas de uma só vez por uma empregada de mesa;
– 5,7 milhões de visitas em 2009;
– 6,6 milhões de litros de cerveja consumidos;
– 488.137 frangos e 116.923 pares de salsichas entre outros petiscos;
Despesa média de 54 euros por visitante.

Fotos da Oktoberfest ao longo dos anos. Aqui.

Um lagarteiro em Paris… com sede.

«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão
paulo.adao@free.fr

Os ciganos aparecem pela primeira vez em Paris em 1427 assentando os seus arraiais num acampamento em Saint-Antoine-des-Champs, em Neuilly e em Ville-d’Évéque.

Os Ciganos - Van Goog

João Valente - Arroz com Todos - Capeia ArraianaOs relatos históricos dão conta da curiosidade dos parisienses com aquele bando de estrangeiros, que acamparam com suas mulheres, seus filhos e grande número de cavalos, na aldeia de Saint-Denis la Chapelle, durante muitos meses.
Um cronista, citado por E. Pasquier, nas suas Recherches de la France, diz deles o seguinte:
«Os homens eram muito morenos e tinham o cabelo crespo, e as mulheres eram o mais feias que se pode imaginar, trigueiras, de cabelo negro e áspero como crina de cavalo. Cobriam-lhes as carnes farrapos imundos e estranhos. Eram, numa palavra, as criaturas mais miseráveis que até então se tinha visto em França, e apesar da sua pobreza, havia entre elas algumas feiticeiras ou bruxas que examinavam a mão de qualquer pessoa, e diziam tanto o que acontecera, como o que estava para acontecer, e assim introduziam a discórdia em varias famílias. O pior ainda era que, falando às criaturas por encantamento, ou meIhor, com auxilio do demónio, ou subtis prestidigitações, escamoteavam as algibeiras da gente.»
Foi esta, sumariamente, a ideia que os Franceses tiveram dos ciganos logo à sua chegada a França, associando a sua vida errante ao modo de vida dos cerca de 40.000 vagabundos e mendigos que andavam aos bandos pelas ruas de Paris, e que Sauval caracterizou assim:
«Era uma espécie de povo independente que não conhecia nem lei, nem religião, nem superior, nem policia. A impiedade, a sensualidade e a libertinagem eram os seus deuses. A maior parte dos assassínios, das rapinas e das violências diurnas e nocturnas eram obra sua, e esta gente … era por seus costumes corrompidos, pelas suas sacrílegas blasfémias e pela sua insolente linguagem, a menos digna da compaixão pública.»
E associando os ciganos a estes mendigos, diz Sauval daqueles:
«Tinham uma vida execrável; o seu único oficio era enganar as pessoas e viver à sua custa, exercendo por toda a parte as mais engenhosas habilidades de escamoteação, audazes rapinas e inumeráveis astúcias.»
E diz um autor mais recente em relação às ciganas, provando que o preconceito inicial ainda persiste:
«Estas raparigas, em que nos apresenta as ciganas das províncias meridionais, mulheres que não mudaram, de cinco séculos a esta parte, nem de carácter nem de modo de vida, algumas das quais apenas contam dezasseis anos, nunca foram inocentes; vindo ao mundo no seio da corrupção, já estão manchadas antes de se haverem entregado, e tornam-se prostitutas antes da puberdade.»
No fim da vida, quando perdiam a beleza, não se podendo prostituir, traficavam a virgindade das mais novas. Daí o célebre provérbio francês:
«Vieille bohémienne et maquerelle sont deux les seurs jumelles.» [Cigana velha e alcoviteira são irmãs gémeas].
Em França o preconceito em relação aos ciganos tem pois origem nesta associação do séc. XV e XVI aos mendigos e população marginal da cidade de Paris e desde este tempo a autoridade civil e eclesiástica os considerou inimigos da ordem pública, perseguindo-os com rigor, por predisporem o povo à dissolução:
Um édito de 1560 ordenava aos governadores das províncias que os exterminassem a fogo e a ferro, outro édito de 1610, que os desterrassem do reino sob pena de galés e constituíram muitas vezes a população forçada das colónias francesas do Novo Mundo.
A mesma associação às classes marginais e preconceito não foram superados até hoje, e é por essa razão que o Estado Francês persegue os ciganos com a passividade da maioria dos cidadãos.
Em Espanha, onde os ciganos entraram também no século XV, a ideia que os autores da época deles faziam era a mesma, mas foi-se modificando por circunstâncias particulares:
«Parece que los gitanos y gitanas, diz Cervantes logo no primeiro parágrafo da sua novela «La Gitanillha», solamente nacieron en el mundo para ser ladrones: nacen de padres ladrones, críanse con ladrones, estudian para ladrones y, finalmente, salen con ser ladrones corrientes y molientes a todo ruedo; y la gana del hurtar y el hurtar son en ellos como acidentes inseparables, que no se quitan sino con la muerte.»
Contudo em Espanha, os ciganos fixando-se maioritariamente na Andaluzia, misturaram-se com a classe mais baixa, que era a população mourisca, a qual era maioritária ainda nos antigos reinos de Granada e Múrcia.
De resto, o povo cigano como o andaluz, era orgulhoso das suas tradições. Eram ambos muito individualistas e leais à instituição familiar. Assim nasceu a sociedade do «flamenco»; termo que designava ciganos, pessoas sem posse de terra, derivado do árabe das palavras «fellahu» (ou «felco») camponês, e «mengu» errante. E é curioso como os mouriscos, após as espoliações seguidas à conquista de Granada se tornaram camponeses sem terra, errantes como os ciganos, tornando assim completa a identidade entre estes dois povos e o termo «flamenco» identificativo destas duas etnias e passou a ser, após o século XVIII sinónimo de cigano andaluz.
Este facto é notado por alguns autores, entre os quais Karol Henderson Harding, que refere terem os ciganos combinado os complexos ritmos indianos com as melodias islâmicas, introduzindo nela as palmas, as batidas dos pés e o ritmo quente do «flamenco» que associaram aos movimentos de quadril e expressão de fortes sentimentos e emoções de natureza árabe.
Referindo-se à cigana Preciosa de «La Gitanilla», continua Cervantes dizendo, a este propósito, que era «rica de villancicos, de coplas, seguidillas y zarabandas, y de otros versos, especialmente de romances, que los cantaba con especial donaire» e referindo-se à qualidade de dançarinos dos ciganos, que «a primera entrada que hizo Preciosa en Madrid fue un día de Santa Ana, patrona y abogada de la villa, con una danza en que iban ocho gitanas, cuatro ancianas y cuatro muchachas, y un gitano, gran bailarín, que las guiaba».
Mas são precisamente as semelhanças de apego à vida familiar que os autores espanhóis já do séc. XVI, nomeadamente Cervantes, realçam e explicam a integração dos ciganos na sociedade andaluza:
«Escoge entre las doncellas que aquí están, diz um cigano velho, que Cervantes pôs em cena em «La Gitanilla», la que más te contentare; que la que escogieres te daremos; pero has de saber que una vez escogida, no la has de dejar por otra, ni te has de empachar ni entremeter, ni con las casadas ni con las doncellas. Nosotros guardamos inviolablemente la ley de la amistad: ninguno solicita la prenda del otro; libres vivimos de la amarga pestilencia de los celos. Entre nosotros, aunque hay muchos incestos, no hay ningún adulterio; y, cuando le hay en la mujer propia, o alguna bellaquería en la amiga, no vamos a la justicia a pedir castigo: nosotros somos los jueces y los verdugos de nuestras esposas o amigas; con la misma facilidad las matamos, y las enterramos por las montañas y desiertos, como si fueran animales nocivos; no hay pariente que las vengue, ni padres que nos pidan su muerte».
(Continua no dia 29 de Setembro.)
«Arroz com Todos», opinião de João Valente

joaovalenteadvogado@gmail.com

Les années avaient déjà laissé leurs traces lorsqu’elle est arrivée dans sa vie.

Fátima LeitãoDes marques invisibles, qu’elle pouvait distinguer, sans en connaître l’aspect, ni les raisons. L’amour était pourtant bien là, sous une forme maladroite, imparfaite et inachevé, dû sans doute au manque de maturité, et une perception erronée de ce qu’était l’amour. Lui voyait sans doute plus claire et plus juste. Elle pensait qu’aimer c’était être triste loin de la personne chérie, c’était être jalouse… elle était pleine de doutes, et se faisait des films… elle pensait qu’il fallait faire culpabiliser l’autre pour se sentir aimé, elle était capricieuse de désir. Superficielle.
Aujourd’hui la vie lui a appris que l’amour, c’est la liberté de l’autre, son indépendance, et le respect de son espace et de son esprit, qu’il n’y a rien a imposer, ni a faire subir. C’est être présent lorsqu’il faut, et que la distance et l’absence n’efface rien, car le silence n’est jamais vide, si l’oubli ne l’atteint pas. Que reste de tout ça; de son coté une immense richesse qu’elle a apprise avec lui, mais n’en avait pas conscience. Il reste le regret de ne pas avoir su percevoir tout cela. Sans doute trop tôt pour elle, mais son évolution devait en passer par là. Même si quelque chose c’est perdu et brisé en route, de l’autre coté, de celui qui malgré lui a laissé sa trace, une marque qui n’est pas une blessure bien au contraire, mais une profonde gratitude éternelle. Mais la crainte de l’avoir blessé, lui fait verser parfois quelques larmes… et le temps passe, la vie continue au delà de cette parenthèse, qui renferme des bonheurs et des malentendus. Aujourd’hui, riche de ce passage dans son existence, même invisible, elle l’aime d’une autre façon. Comme quelqu’un qui a beaucoup compté dans sa vie, quelqu’un qui l’a empêché de continuer dans l’erreur, et forger sa façon de penser… Même si de l’autre coté tout c’est effacé…. Elle, il lui reste quelques traces que d’autre peuvent voir ou écouter, comme la Traviata, deux ou trois livres, qu’elle conserve précieusement et quelques photos également. Il lui reste quelqu’un qu’elle n’oubliera jamais… Même si de l’autre coté tout c’est effacé…
Fátima Leitão

Aos 16 anos Maria Antunes foi de Aldeia Velha para França, seguindo os passos da emigração. Em 2001, rumou a Lisboa para gerir o famoso café «Cacau da Ribeira», que se mantém em plena actividade recebendo pela madrugada adentro os noctívagos que ali aportam para beberem o célebre chocolate quente.

Maria Antunes possuía e administrava em Paris um restaurante de comida portuguesa, pelo que encarou a mudança para Lisboa, para trabalhar no mesmo ramo, com naturalidade. Com o marido, natural de Lisboa, adquiriu o mítico Cacau da Ribeira, e dedicou-se de alma e coração ao novo espaço comercial, que é uma das grandes referências da cidade.
Inserido no edifício do Mercado da Ribeira, com porta para a Avenida 24 de Julho e vista para a estação ferroviária do Cais do Sodré e para o rio Tejo, é ali que os noctâmbulos vão beber o cacau quente ao romper do dia após as longas noitadas de diversão.
Maria Antunes depressa se habituou ao horário e aos clientes do seu novo espaço comercial. O café tem de resto um horário peculiar: abre diariamente às 23 horas e encerra às 16. Por vezes há uma natural dificuldade em «aturar» os que ali entram a altas horas da noite, «tomados pelos copos», mas a calma e o bom senso de Maria Antunes e das suas empregadas tudo resolve, mantendo o espaço atractivo.
Dentre os clientes que ali comparecem a beber o chocolate quente mais famoso de Lisboa, há algumas figuras públicas, como o actor Fernando Mendes, «um grande amigo da casa», destaca Maria Antunes. Fátima Lopes, Tony Carreira e Teresa Guilherme são outros nomes de celebridades que acorrem ocasionalmente ao café da empresária sabugalense. Conta que, noutro tempo, a fadista Amália Rodrigues era presença assídua por ser grande apreciadora do cacau da casa.
A hospitalidade é uma das razões do sucesso desta casa e Maria Antunes esforça-se por a manter. E aponta um quadro preto onde está escrito: «Obrigado, Volte Sempre». «Todos os dias reescrevo com giz aquela frase, porque aqui todos são bem-vindos e acolhidos de igual maneira», salienta a proprietária.
Embora os afazeres da profissão a obriguem a estar sempre presente e a par do negócio, Maria Antunes, nunca deixou de ir a Aldeia Velha. «Gosto especialmente de ali ir no tempo dos tartulhos, no Outono. É um grande prazer ir pelo campo à cata de tartulhos nas tapadas e de míscaros e setas nos pinhais». Gosta especialmente dos tartulhos assados na brasa: «são o melhor petisco do mundo», afiança com toda a convicção.
Conhecemos Maria Antunes do decurso do Festival das confrarias Gastronómicas, onde estivemos em representação da Confraria do Bucho Raiano. A empresária da raia que foi para Paris e depois se fixou em Lisboa, confessou-nos ter ficado surpreendida pela presença do bucho do Sabugal nesse certame da gastronomia portuguesa. O cacau quente continuará a ser o chamariz do seu famoso café, mas garantiu-nos que passará a falar do bucho aos seus clientes para que alguns se decidam a visitar as terras raianas onde o poderão degustar.
plb

O Soito deu-nos já excelentes testemunhos do que foi a sua vida colectiva nas últimas décadas, através de livros escritos por pessoas simples, autênticos memorialistas, que escreveram e publicaram com a única pretensão de deixarem para a posteridade a sua visão da vida que viveram. Um exemplo disso é José Nabais, o contrabandista que emigrou para França onde fundou a SONAB, uma empresa de sucesso.

O livro «José Clandestino», de escrita bilingue (Francês e Português), da autoria de José Nabais, revela sobretudo uma imensa vontade de partilhar uma história de vida. José Nabais é emigrante radicado em França, saído do Soito nas primeiras vagas de raianos que procuraram fugir à miséria. E foi um emigrante que teve sucesso, ultrapassando com luta e determinação as dificuldades que se atravessaram no caminho.
Escrito na primeira pessoa, o texto, ora bem estruturado, ora simplório, dando nota da falta de uma boa revisão ortográfica, é a confidência de uma vida e de uma fabulosa aventura. De criança José Nabais, o mais velho de uma boa prole de irmãos, ajudava o pai nas tarefas do campo e, na adolescência, tornou-se contrabandista.
O pai era severo, como aliás rígidos eram os demais pais naquela época de grandes trabalhos e constantes privações. Só ou acompanhado, a pé ou montado num cavalo, com pesado carrego às costas, viveu o perigo daquelas jornadas nocturnas, à mercê dos encontros com guardas-fiscais ou carabineiros.
Comia-se mal na aldeia, que os tempos eram difíceis e os mimos não abundavam. Só que o corpo tinha de responder à necessidade de trabalhar, para assim se remediar a vida: «Apenas quando ia trabalhar para os campos ou fazer contrabando é que me davam pão de trigo fino ou um pedacito de chouriço ou de carne».
No geral dos dias comia-se um caldo escoado muito especial, servido pela mãe, logo de manhã:
«Coziam-se em água as batatas cortadas às rodelas. Engolíamos o caldo num instante. Depois tínhamos direito às batatas, mas com pouco azeite. Às vezes punha-se a panela das batatas em cima da mesa. No meio da mesma encontrava-se um prato onde o azeite flutuava no cimo da água. Tínhamos o direito de pegar nas rodelas das batatas e de as molhar no azeite mas só de um lado, para poupar o azeite.»
Depois, aos 17 anos, José Nabais parte clandestino para França. Foge da terra e da miséria, no rasto de uma esperança no futuro. Foi a salto, entregue a passadores. Rasgou uma fotografia em duas partes, entregando uma à mãe e guardando a outra no bolso. Quando, após longos dias andando a pé ou de carro, passando fome e sede, chegou ao destino, entregou a sua metade da fotografia ao passador para este a devolver ao pai e receber o que faltava do pagamento do serviço.
José viveu num bairro de lata, numa simples barraca, de volta com vários conterrâneos que compartilhavam mesa, cama e a demais miséria. Apanhou piolhos, sentiu o gelo das noites de inverno, foi a pé ou de bicicleta para o trabalho. Mas o esforço e o sentido de responsabilidade trouxeram-lhe a felicidade. Vingou como trabalhador, passou de servente a pedreiro e depois a empreiteiro. Em breve formou uma empresa, a SONAB, que chegou a empregar largas dezenas de trabalhadores de diferentes nacionalidades, e executou serviços na área da construção em toda a França e até no estrangeiro.
Um DVD acompanha o livro, contendo uma entrevista a José Nabais e filmagens sobre o Soito nos dias de hoje.
«Sabores Literários», crónica de Paulo Leitão Batista

leitaobatista@gmail.com

A França viveu as últimas semanas ao «ritmo» da sua Selecção Nacional. Até houve (e continua a haver) outros assuntos que mereciam a mesma, senão ainda maior atenção. Mas não é novidade que o futebol continua a mexer com uma gande parte da sociedade, ricos ou pobres, velhos ou novos.

Selecção Francesa - Anelka - Domenech - África do Sul - 2010

Paulo AdãoNestes momentos desportivos, que pessoalmente também aprecio, todas as atenções vão para as equipas do nossos países, o patriotismo sai à rua, os temas de conversa são os resultados, bons ou maus de certas equipas e outros problemas mais sérios e mais urgentes de resolver ficam para trás ou são resolvidos à pressa, sem discussão, sem oposições, sem debate.
Mas o tema desta crónica é bem a equipa de França e a sua participação neste campeonato do mundo. Talvez muitos dos leitores deste blogue até já estejam fartos de ouvir falar desta equipa e da novela que se vai «produzindo» em volta dela, por aqui também se têm esse sentimento. Até ao jogo de ontém, ainda alguns responsaveis desta equipa pensava ou esperava num milagre para que esta equipa se qualificasse, mas a grande maioria da população francesa, não só não acreditava como desejava que a equipa fosse derrotada e voltasse para casa o mais rapido possivel. A França não gostou e não aceita a imagem que os seus jogadores deixaram desta nação. Existem petições em linha para castigar os responsaveis desta situação, existem petições para que os jogadores renunciem aos seus prémios de jogo e ofereçam o dinheiro às camadas jovens e à formação desportiva, fazem-se pedidos de explicação.
A imprensa francesa, seja ela especializada no desporto ou de cunho politico ou social, não poupou em nada a equipa, os seus dirigentes e responsaveis. Apenas algumas frases que apareceram nos jornais por toda a França: «Vae Victis. Malheur au vaincu», ou seja, «…afinal tudo tinha começado com uma batota», «a derrota foi o melhor que podia ter acontecido», «nunca deveriam ter posto os pés na Africa do Sul», «um campo em ruínas», «jogadores de uma mediocridade alarmante, podres de dinheiro, educados numa vida por vezes sem leis, sem valores, sem respeito, sem educação», «mais uma vez Parabéns». A prestação da equipa francesa foi vergonhosa, foi uma calamidade, o fim do mundo. De desgosto público e popular vivido pela população pelos maus resultados desportivos, passou a tema politico pelo comportamento geral desta equipa.
Mas porquê tudo isto? Como se chegou a esta situação?
Os problemas em volta da equipa de França, há muito se conheciam, há vários anos, que se falava dos problemas internos de balneário entre staff e jogadores. Poucos foram aqueles que perceberam e aceitaram a continuidade do mesmo treinador depois da eliminação (também na primeira fase) no campeonato da Europa em 2008. No entanto, à medida que se aproximou este mundial muitos eram os que acreditavam no sucesso deste equipa e muitos foram os que davam esta equipa como vencedora do campeonato do mundo. E este é uma das chaves do desgosto. A França era campã do mundo já antes do campeonato e sem jogar, a França era campã do mundo porque ganhou em 1998. A França era campã do mundo porque as outras equipas não prestam e pouco valem. Rapidamente o patriotismo deu lugar ao chauvinismo.
Uma outra critica apontada ao comportamento dos «azuis» é o mau exemplo dado às camadas jovens e a todas as crianças que vêm nos jogadores os seus ídolos. Os formadores e responsaveis das camadas jovens falam já de centenas de inscrições a menos no início do ano, os milhares de jovens actualmente nas camadas de formação assimilam rapidamente os gestos e actos menos positivos dos seus ídolos e rapidamente contestam as decisões dos treinadores. E este foi o que me motivou a escrever sobre este assunto, porque nesta maranhada toda, no que diz respeito à formação dos jovens, pouco se ouviu falar dos verdadeiros valores do desporto, da alegria de jogar e fazer parte de uma equipa e que participa em grandes competições. Os jovens são formados para serem o Zidane ou o Figo, Ronaldo ou Messi. A formação é feita, muito, à base de imagens temporárias de pessoas que tiveram e têem prazer em jogar, que mostravam prazer em defender as cores de um país e pouco à base dos valores humanos do respeito, do trabalho, da sinceridade, do Fair-Play. A maioria dos jovens conhece os jogadores Zidane ou Figo, mas poucos conhecem a pessoa e o homem que são o Zidane e o Figo, poucos conhecem os valores do respeito, da justiça, do trabalho, da disponibilidade para serem o Zidane ou o Figo dos próximos campeonatos do mundo.
Dois pontos, que achei importantes em volta desta novela, que me levaram a esta reflexão: o chauvinismo francês e as fracas bases na formação desportiva actual.
«A selecção gaulesa» – uma novela que vai continuar ainda por alguns (muitos) episódios, que vai fazer correr muita tinta nos jornais pelo menos aqui por França.
E viva Portugal.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

A educação tem sido de há alguns anos a esta parte, orgiem de discórdias, estratégia política, fonte de discussão. Os governos, uns atrás dos outros, têm cortado nas ajudas mas também no essencial.

Paulo AdãoDo lado dos governantes, quando se elimina uma classe ou se fecha uma escola, não é só apenas um corte nas ajudas, mas uma machadada num dos pilares da sociedade.
Do lado dos professores, alguns (e muitos) têm tentado defender uma profissão que foi ao longo de muitos anos algo de indispensável para a formação dos jovens e adolescentes. Outros, infelizmente, defendem apenas o tacho que os alimenta. Do lado dos pais e dos alunos, exigencias de facilidades, de bem-estar, de garantias de sucesso: os governos e as escolas é que devem garantir a passagem de ano de um aluno. Isto é o mundo ao contrário. Muitos já se esqueceram que os nossos pais faziam 10 quilómetros pela manhã e outros 10 quilómetros pela tarde para irem à escola, com livros e o farnel de almoço, pois noutros tempos não havia cantinas escolares nem eram muitos os que tinham possibilidade de ir almoçar a casa. Quem não se lembra nos invernos frios da Raia, levar as brasas por vezes em baldes de lata para as braseiras que aqueciam as nossas salas de aulas?
Tudo isto é passado e mais que esquecido, hoje os problemas são bem diferentes. Os alunos são transportados até às portas da escola, as escolas oferecem as maiores comodidades, em vez de livros, alguns começam a transportar no saco um computador ou uma pen numérica onde arquivam e guardam todos os seus deveres e documentos.
Criaram-se as comissões de pais e alunos, reduziu-se o tempo de escola, tudo num sentido de evolução e de progresso. Naqueles tempos, quando alguém conseguia fazer a quarta classe e depois ir para um colégio, para um seminário e conseguir ir para a universidade era motivo de orgulho para toda a família.Os alunos, eram os primeiros a festejarem os exames da quarta classe e todos os outros que se seguiam e eram esses alunos mesmos os primeiros a fazerem um esforço sem limites, para conseguirem ultrapassar essas provas. E verdade seja dita, era muitos aqueles que festejavam o ultrapassar desses exames.
Hoje tudo é diferente. Passar um exame é apenas mais uma prova chata, na qual ganha o que for mais esperto. Ao longo do ano, vai-se de vez em quando às aulas para conhecer a cara do professor e trocam-se alguns números de telefone com os novos colegas. Depois no momento do exame logo se vê.Que seja o que Deus quiser. Da parte dos governos, é preciso dar boa imagem, a percentagem de sucesso deve ser alta para não dar má imagem do país nem das escolas.
Nestes últimos dias, o governo francês têm discutido muito a propósito da educação e do sistema escolar. O sistema escolar francês, parece ser muito pesado para os alunos, a percentagem de sucesso não é das mais elavadas. O ano passado, o tempo escolar de quatro/cinco dias por semana foi reduzido a quatro dias no sistema primário. No secundário ainda hoje se praticam os quatro dias e meio.
Como é sempre bom copiar por alguem, o governo francês aposta no «sistema alemão», onde a manhã dedicada ao ensino e a tarde ao desporto. No entanto este sistema tem sido alvo das maiores criticas na Alemanha, onde os resultados estão muito aquem e por vezes contrários às expectativas. O governo francês vai no entanto abrir e dar espaço à uma discussão pública para «modernizar» o sistema escolar neste sentido.
Em Portugal falou-se durante esta semana na passagem do 8.° para o 10.° ano através dum só exame, coisa que não é do gosto de pais e responsáveis de educação.
Ontem mesmo, assisti à uma reportagem onde se mostravam todas as técnicas para falsear os exames, onde se viam os alunos fazer uso de todas as artimanhas para conseguirem ultrapassar os exames. Nada é deixado ao azar. A internet oferece hoje todos os meios e maneiras para se conseguir um bom resultado. Em troca de alguns euros, encontram-se os resultados dos exames, mesmo antes de estes serem feitos.
Quais serão os resultados de tudo isto? Não teremos no futuro ainda mais engenheiros, advogados, médicos e tantos outros especialistas sem diploma? Ou será que vão todos aprender durante as suas vidas profissionais? É esta a educação nos nossos dias?
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

Durante este fim-de-semana, a famosa avenida dos Campos Elísios em Paris, foi palco de uma original iniciativa tornando-se numa gigantesca amostra das espécies animal e vegetal, num enorme palco natural, num imenso jardim.

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Paulo AdãoUm fim-de-semana nos Champs Elysées, sem carros, cerca de dois milhões de visitantes, aproveitaram do bom tempo e do sol, para passearem entre agradáveis cheiros e cores por vezes muito dificeis de aperceber em Paris. A ideia nasceu há pouco mais de dois anos, de um artista e organizador de acontecimentos e espectáculos de rua, que já em 1991 tinha transformado esta mesma avenida num gigantesco campo de trigo.
A colocação e exposição de todas estas espécies exigiram muita preparação e organização. Durante algumas noites que precederam este fim-de-semana, foi um vaivém de camiões, uma dança de máquinas a descarregar, parcelas de terra, plantas e animais.
O fim-de-semana (prolongado pelo feriado de Pentecostes) foi muito quente em Paris, o que fez com que um maior número de pessoas tivessem saído e tivessem ido visitar este imenso jardim. O presidente da República e primeira dama também estiveram presentes. Enquanto o presidente aproveito do evento para tentar tranquilizar alguns agricultores, a primeira dama mostrou-se muito interessada pelas couves, pelos animais e por aquilo que eles comem, tentando dar uma imagem de alguém que se encontra próximo da classe popular e agrícola.
Os resultados foram positivos, os organizadores estão contentes com o número de visitas, 1 milhão e 900 mil visitantes entre domingo e segunda-feira. Os agricultores, que representaram as suas zonas de origem, dizem ter conseguido com esta «exposição», mostrar à sociedade a riqueza dos produtos agricolas franceses, defendendo com «unhas e dentes» os produtos franceses.
Para resumo, havia cerca de 8 000 espécies vegetais espalhadas no quilómetro que separa o Arco do Triunfo à rotunda dos Campos Elísios. Foi feita uma pirâmide de frutas e legumes com sete metros de altura, que foi no final oferecida à associação «Restos du Coeur», que distribui ao longo do ano, milhares de refeições aos mais necessitados. Feijoeiras, bananeiras, ananás, couves, vacas, cabras, ovelhas, cavalos, galinhas e tantos outras espécies, tudo esteve presente nesta gigante amostra natural da riqueza agrícola francesa.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

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A «Reforma» aquilo que todos esperam durante anos e que hoje muitos desconfiam, não virem a receber. Ao longo da vida profissional, todos aspiramos pela merecida reforma, mas não é segredo para ninguém o estado actual das reformas por toda a Europa.

Paulo AdãoEm Portugal ouvia-se sempre falar das reformas dos «emigrantes», das reformas que vinham de França ou de outros países.
Hoje, a França, como toda a Europa, atravessa graves problemas económicos e financeiros, a falta de emprego atinge niveis elevados, a longevidade humana foi aumentando. Com isto, existem cada vez menos pessoas em actividade e mais em fase de usufruir da tão esperada reforma. As estatisticas, são claras, em 1960 existiam 4 pessoas activas para cada reformado, em 2050 haverá apenas 1,2 pessoas em actividade para cada reformado. Em 2020, o número de reformados, ultrapassará o número de activos. Com a crise financeira, a França apresenta desiquilibrios em 2010 que eram esperados apenas para lá de 2030.
Com este panorama há muito que se temiam mudanças. Todos desconfiámos delas, mas niguém quereria que chegassem tão cedo. Este fim de semana, o governo francês, anunciou as primeiras linhas de discussão. Linhas de mudanças que vão antes de mais, fazer correr muita tinta nos jornais e noticiários, alterações que vão provocar manifestações, greves, descontentamento geral.
Este governo já nos tinha habituado ao «trabalhar mais para ganhar mais». Agora sem surpresas, o governo apresentou as linhas «mestras» deste tema: prolongar a idade legal de obtenção da reforma e fiscalizar mais, os altos salários e a riqueza individual. Muitas questões estão em aberto e estas linhas de discussão não se apresentam como a solução ao problema.
Um tema quente que promete muita discussão e que merece sem duvida muita discussão de quem de direito. Pena é, que tudo promete ser resolvido, como diz a oposição socialista, «durante os jogos do mundial, não deixando tempo às pessoas para reagirem».
Estatísticas recentes, mostram mesmo, que a maioria da população francesa (74%) não acredita no debate deste problema, achando que o governo têm já, tudo decidido. Ao mesmo tempo, apenas 35% acham haver uma igualdade de direito de expressão no que diz respeito à este tema.
Um tema que afecta a comunidade portuguesa presente em França, aqueles que próximo da idade de reforma sentem a ameaça de dever trabalhar mais algum tempo do que o previsto; para os mais novos com as dificuldades actuais de encontrar trabalho, um prolongamento dos anos de trabalho ou da idade de reforma, transforma-a numa miragem longínqua.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

Alguém ainda se lembra da Gripe das Aves? Claro, foi substituída pela gripe dos porcos, airosamente rebaptizada de Gripe A. Quem ainda se lembra dos planos de contingência e do previsto uso de máscaras? Eu lembro, vinha aí uma pandemia, uma tragédia das grandes! Ainda bem que passou ao lado. Livramo-nos de boa!

Vous êtes riches! - António Cabanas

António Cabanas - «Terras do Lince»Ou terá sido o terramoto do Haiti que nos fez esquecer a Gripe, como os escândalos de corrupção fizeram esquecer o terramoto e o Benfica e o Papa juntos apagaram a novela das inquirições.
Aparentemente, terá havido na questão da gripe um erro de cálculo. Como na meteorologia, em que as massas de ar se desviam das rotas previstas pelos meteorologistas e as borrascas se abatem ou esbatem de forma imprevista, também aqui houve um erro de cálculo. Aliás já o tinha havido com a gripe das aves. Foi também o caso da doença das vacas loucas e de tantos outros medos que intermitentemente nos assustam. Mas talvez não tivesse sido apenas um erro de cálculo. É que, ao contrário da meteorologia, no caso das gripes houve também cálculos certeiros, que só falharam por defeito, como os milhões arrecadados pelos donos das grandes farmacêuticas que produzem vacinas; os mesmos milhões desembolsados pelos estados, que o mesmo é dizer pelos contribuintes, para as pagar; os milhões de litros de desinfectante vendidos para lavar as mãos da tinhosa estirpe da gripe suína ou ainda os milhões de aves inocentes que foram sacrificadas, e os milhões de euros de prejuízos que os avicultores tiveram de suportar.
Por detrás estão sempre os poderosos que manipulam a informação científica e a colocam na comunicação social sempre ávida de desgraças e pouco propensa a investigar a veracidade do que lhe fornecem. É a terrível arma da propaganda do medo, propalada por quem tem dinheiro para pagar publicidade camuflada em notícias cirurgicamente difundidas. Sempre haverá um Rumsfeld qualquer preparado para vender doses aos milhões. Pelo meio há os governos incautos, dispostos a gastar o que têm e o que não têm para agradar aos seus governados, não vá perder-se o poder devido a uma hipotética mortandade nacional. Há ainda os hipócritas que tentam vender as sobras que já ninguém quer e há os pobretanas estados africanos que quando a esmola é grande, desconfiam. Porque na política pode ser-se preso por ter cão e por não ter, o melhor mesmo foi oferecerem-se as vacinas aos países amigos, não viesse a opinião pública reclamar do desperdício!
Mas porque deixou então de falar-se da gripe? Porque era apenas uma treta! Assim mesmo lhe chamou, em devido tempo, a Ministra da Saúde finlandesa que acabou demitida pela frontalidade e honestidade demonstrada numa entrevista. Afinal estava coberta de razão, só que nem sempre é conveniente ter razão.
Numa das minhas últimas estadias em França, um Maire amigo andava numa roda-viva, envolvido na nobre missão de saúde pública de sensibilizar os seus munícipes para a vacinação em massa que ocorria no próprio Hotel de Ville (Paços do Concelho). Ele próprio fora o primeiro a dar o exemplo! Lembrei-me logo do escândalo que estalou na Alemanha quando constou que não haveria vacinas suficientes, e que só os vips seriam vacinados, versão imediatamente alterada para uma vacina de primeira e outra de segunda. Passou-me também pela retina o filme Titanic e os salva-vidas onde só cabiam os ricos. Perguntou-me então o Maire como estava a decorrer a vacinação em Portugal e se eu já estava vacinado! Que não, que os autarcas em Portugal eram tratados como persona non grata, e que seriam os últimos a ser vacinados se vacinas chegassem! Como eu já não me constipava há mais de sete ou oito anos e não seria um viruseco qualquer, ainda por cima vindo do porco, a deitar-me por terra, se não morria da doença, muito menos morreria da cura! Rimo-nos quando acrescentei que, como a vacina tinha efeitos indesejáveis, eu ficaria para contar a história. Uns meses após o regresso, não pude deixar de sorrir com a notícia de que o governo francês não sabia o que fazer a tantos milhões de vacinas! Veio-me então à memória uma frase que dissera ao meu amigo francês: Vous êtes riches!
«Terras do Lince», opinião de António Cabanas

(Vice-Presidente da Câmara Municipal de Penamacor)
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Foi este o sentimento encontrado neste fim-de-semana face ao mesmo acontecimento: a nuvem de cinzas, do vulcão Islandês, Eyjafjöll. Esta nuvem, que têm sido capa dos maiores jornais, noticia de abertura de todos os jornais televisivos e radiofónicos, provoca dois sentimentos muito diferentes, ou mesmo opostos em pessoas muito parecidas.

Paulo AdãoEm Paris, Versailles e Bordeus as férias de Primavera, começaram apenas nesta sexta-feira, e como já vai sendo hábito, esta paragem escolar de duas semanas, proporciona a alguns portugueses (entre outros) uma breve estadia no nosso País, uma visita rápida antes da época de verão às praias de Lisboa e Algarve. Infelizmente, pelos motivos que todos conhecemos, muitos acabam por ficar por cá, outros ainda esperam por um avião que os possa levar até à nossa capital. Nestes, o sentimento é de tristeza, impotência, alguma incompreensão.
Mas há os outros, aqueles que vivem há anos perto dos aeroportos e que desde há alguns dias, vivem uma tranquilidade, um silêncio que não conheciam. Encontrei um casal luso-espanhol, que me dizia: «Em 35 anos, nunca tinhamos almoçado no nosso jardim. Quando comprámos a casa, diziam-nos que passavam aqui perto, que se viam, que se ouviam um pouco… que depressa nos habituaríamos. Realmente habituámo-nos, mas é impossivel almoçar no jardim, porque os aviões passam todos os dois minutos.»
Nas vilas e cidades que circundam os aeroportos de Paris existem muitos portugueses e muitos destes viveram neste último fim-de-semana, dias que desconheciam, dias sem o barulho dos aviões a cruzarem os céus todos os dois minutos.
Um outro português, dizia-me em ar de brincadeira que «devia ser assim todos os fins-de-semana, sem haver vulcões, podiam fechar os aeroportos aos fins-de-semana. Agora que não andam, é que me apercebo do barulho que fazem quando passam em cima da minha casa».
E assim vai o mundo, cada um com os seus sentimentos e vontades, cada um com sensibilidades diferentes face à mesma situação.
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

O famoso restaurante português Pedra Alta junto ao aeroporto de Orly, nos arredores de Paris, foi «visitado» por dois malfeitores na noite da passada segunda-feira.

Paulo AdãoEm pleno serviço de jantares, o famoso restaurante português, Pedra Alta, em Athis Mons, junto ao aeroporto de Orly, foi alvo de uma visita inesperada. Perto da meia-noite, quando se servia o jantar a cerca de 70 pessoas, dois homens chegaram de mota e entraram no estabelecimento com os respectivos capacetes. Um deles aponta uma arma para a sala o segundo aponta directamente a um empregado, exigindo de seguida que lhe entregasse a dinheiro da caixa. O empregado tentou explicar que não possui a chave recebendo em «troca» uma pancada de pistola na cabeça. O director-adjunto, tentou nesse momento extrair a chave do bolso, mas o gesto surprenendeu talvez os malfeitores que interpretando mal o gesto acabaram por disparar, atingindo-o no peito. «Um ferimento, que felizmente se revelou superficial», esclareceu o gerente Hélder, que chegou ao local momentos depois do assalto.
Restaurante Pedra Alta - ParisO proprietário do restaurante explicou ainda que «os estragos poderiam ter sido piores e mais graves, pois a bala que atingiu o director-adjunto fez ricochete num pilar e poderia ter atingido algum dos muitos clientes que assistiram a tudo impotentes.
Os malfeitores acabaram por fugir, como tinham chegado, de moto, levando com eles a totalidade das receitas da noite, alguns milhares de euros, deixando ainda as palavras intimidatórias: «Não se mexam, ou terão muitos problemas.»
Alguns clientes ficaram em estado de choque e tiveram de ser transportados ao hospital.
Alguns dos clientes, ficaram no local dando o apoio e a ajuda necessária aos 25 empregados e gerente deste restaurante, reconhecido pelos peixes e mariscos, cozinhados à boa moda portuguesa.
O serviço retomou normalmente no dia seguinte e a direcção promete reforços nas medidas de segurança.
(Texto adaptado de notícias em jornais franceses.)
«Um lagarteiro em Paris», crónica de Paulo Adão

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Fernando Sardinha, velha glória do Sporting Clube do Sabugal, faleceu em França, onde residia, tendo ido a enterrar no dia 23 de Março em Brive, Bordéus.

José Manuel Carvalho PereiraContava 74 anos e o seu verdadeiro nome era Fernando Santos, mas todos o conheciam por «Sardinha». Na juventude foi um dos mais conhecidos jogadores de futebol do Sporting Clube do Sabugal. Os mais antigos recordam-no como o lendário defesa central dos anos de 1960, quando o clube vivia apenas da boa vontade e do altruísmo dos seus jogadores.
O Sardinha era um defesa que jogava com garra e era difícil de ultrapassar pelos adversários. Ao facto de ser bom jogador, juntava uma personalidade muito marcante. Era aberto e alegre, e a sua permanente boa disposição contagiava os que lidavam com ele.
Embora bom jogador de futebol o Sardinha trabalhava como modesto empregado da empresa de transportes Viúva Monteiro, no Sabugal, e a necessidade de sustentar melhor a família levou-o a emigrar para França. Fixou-se em Brive, perto de Bordéus, onde existe uma expressiva comunidade de sabugalenses, e por lá ficou até que a morte o surpreendeu.
Há uns anos havia tido a infelicidade de ver morrer um filho jovem, que era atleta de alta competição em França. Durante muitos anos andara algo deprimido, em consequência dessa fatalidade, mas aos poucos fora recuperando a sua personalidade viva e alegre. Ultimamente vinha todos os anos, no verão, ao Sabugal, onde gostava de passar a festa da Senhora da Graça entre os seus conterrâneos e amigos.
plb

O Sud-Expresso moderniza-se. O mítico comboio da CP, com ligação diária de Lisboa à Hendaia, é o mais antigo da Europa em circulação. Liga, desde 1887, Santa Apolónia a Hendaia e a Paris por TGV. A partir deste 1.º de Março moderniza-se e passa a utilizar material Talgo. Os passageiros passarão a dispor, por exemplo, de quartos com duche privativo, entre outras novidades.

Paulo AdãoEste comboio, faz parte da memória e da vida de muitos portugueses e de muitos raianos. Quantos não têm histórias e anedotas para contar? Quantas não foram as vezes, que quando chegava a Vilar Formoso, os lugares e as couchettes estavam já ocupados? Neste comboio, entravam todos aqueles que se deslocavam para França ou outros paises da Europa, nele entravam aqueles turistas com menos possibilidades financeiras e para quem o comboio era o transporte mais económico. Além disso, o ambiente e as experiências vividas durante as viagens, eram únicas.
Quando chegava a Vilar Formoso, sempre perto da meia-noite, os lugares estavam ocupados e as pessoas dormiam a bem dormir. Lembro-me de um ano, os nossos lugares estavam ocupados por turistas alemães bêbados que nem uma porta. O revisor tinham optado por «fechá-los» todos no nosso compartimento, e nós tivemos de viajar de pé, no corredor até Hendaia.
Sud-Express - Lisboa - Vilar Formoso - Hendaye - IrunDeste velho Sud-Expresso, ficam as memórias das velhas carruagens, da mudança de máquinas em Vilar Formoso ou Fuentes de Oñoro, devido à diferença de bitolas existente – o Talgo, tem a vantagem de poder circular nas diferentes bitolas, europeia e ibérica – e das mudanças de humor entre os revisores portugueses e espanhóis.
Ao Sud-Expresso, estarão sempre ligadas as memórias dos incêndios que não permitiam a sua passagem, dos atrasos que faziam perder a ligação ao TGV em Hendaia. Ficou também na memória, aquele grave acidente em Alcafache, em 1985, onde várias dezenas de pessoas perderam a vida, quando regressavam das suas férias para mais um ano de trabalho.
A partir de hoje, o Sud-Expresso muda de visual. As velhas carruagens são trocadas pelos modelos Talgo, modernos e com melhores condições.
Com esta modernização o Sud-Expresso tem tudo para continuar a ser o mais antigo comboio da Europa em circulação sem interrupções.

Formado, geralmente, por seis carruagens o Sud-Expresso sai diariamente de Lisboa (Santa Apolónia) às 16.06 e chega a Hendaia às 07.10 do dia seguinte (horário local). O TGV sai em direcção a Paris às 07.53 e termina a sua viagem na capital francesa (Gare Montparnasse) às 13.45. Na volta, o TGV sai de Paris às 15.50 e chega a Hendaia às 21.23. O Sud-Expresso parte, às 22.00, rumo a Lisboa, onde chega às 11.03 do dia seguinte (horário português). Na estação de Vilar Formoso, as locomotivas da CP-Comboios de Portugal são trocadas pelas da espanhola RENFE, e vice-versa.

Blogue dedicado ao mítico comboio. Aqui.
«Um lagarteiro em Paris», opinião de Paulo Adão

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O ressurgimento do racismo na Europa constitui um fenómeno deveras preocupante. Parece que a memória colectiva deveria ter ainda muito frescos os terríveis acontecimentos que o nazismo desencadeou, há pouco mais de 60 anos. Os horrores do holocausto nazi deveriam ter vacinado os europeus contra anti-semitismos e xenofobias de todo o tipo. No entanto, aquilo a que se assiste é a um despudorado negacionismo, à tentativa absurda de reinventar a História, como se o nazismo nunca tivesse existido.

Adérito Tavares - Na Raia da MemóriaAlgumas vozes bem-pensantes tentam desdramatizar o actual surto racista, atribuindo-o apenas a jovens skins exibicionistas ou a ultra-nacionalistas boçais. Porém, deixam na sombra o neo-nazismo na Alemanha e na Áustria, o neo-fascismo na Itália e o fenómeno Le Pen em França, a pátria da «liberté, egalité et fraternité», a terra de Voltaire e da tolerância. É preocupante constatar que quase um quarto dos Franceses vota num homem que considera o holocausto um fait-divers sem importância histórica, ao mesmo tempo que acirra os ânimos contra todos os estrangeiros, sobretudo os das «raças» africanas. Tudo isto sem falar do inenarrável presidente do Irão.
E, no entanto, quantos «nativos» europeus podem garantir qual é a sua «raça»? Aliás, o próprio conceito é hoje recusado pela moderna antropologia. Basta lembrarmos que toda a humanidade descende de seres que, há apenas duzentos mil anos, tiveram o seu berço na África. Mesmo sem irmos tão longe, basta termos presente a contínua miscigenação a que as sucessivas migrações submeteram a população europeia. Somos todos mais ou menos descendentes de celtas, teutões, etruscos, latinos, judeus, godos, hunos, germanos, árabes, berberes, negros, etc.
Veja-se o nosso caso particular: a partir do século XV foram trazidos para Portugal muitos milhares de escravos africanos. Em 1551, só na cidade de Lisboa existiam dez mil escravos negros. Onde estão agora? Completamente disseminados na população. Os seus descendentes podemos ser qualquer de nós: eu, o leitor, o seu vizinho ou o skinhead arrogante que espanca um caboverdiano indefeso.
E que tem tudo isto a ver com o título desta prosa? Regressemos ao fio da meada: o leitor sabia que o marquês de Pombal era descendente de um clérigo e de uma escrava negra? Exactamente. Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras e marquês de Pombal, ministro omnipotente de el-rei D. José!
Ora aqui temos algo que podia calar o mais aguerrido dos aprendizes de racista da nossa praça: Portugal foi governado, durante 27 anos, pelo descendente de uma escrava negra! E ninguém se atreve a negar-lhe inteligência, clarividência, cultura. Foi uma personalidade enérgica, um espírito determinado, um homem empreendedor, cuja marca sobre o nosso percurso colectivo é ainda hoje bem visível, embora polémica. Um homem que submeteu a nobreza do mais puro e ancestral «sangue azul», eliminou todas as resistências eclesiásticas ao despotismo iluminado e promoveu a ascensão da burguesia mercantil, industrial e financeira. A personalidade de Pombal foi tão vigorosa e dominadora que o povo lhe chamava «o Carvalhão» (daí o nome do Arco do Carvalhão, em Lisboa, numa zona situada em antigas terras do Marquês).
Em 1761, Pombal proibiu o tráfico esclavagista na metrópole e declarou todos os escravos existentes em Portugal livres e forros. Se algum destes libertos conhecesse a ascendência do grande ministro teria por certo abençoado o ventre da escrava que gerara o antepassado de Sebastião José de Carvalho e Melo.
Quando falamos de racismo e de racistas, convém não esquecer que Hitler teve uma bisavó judia. E, quem sabe, talvez o senhor Le Pen tenha tido uma tetravó argelina! A moderna biologia pode hoje traçar com toda a facilidade o percurso retrospectivo dos nossos genes e até provar com segurança que o mais empedernido e dogmático dos skins é afinal descendente de Gengis Cão!
«Na Raia da Memória», opinião de Adérito Tavares

ad.tavares@netcabo.pt

Entre as iluminações de Natal, a moda e as comemorações dos 150 anos do nascimento de Jean Jurés, esse grande socialista francês assassinado no início da I grande Guerra, uma visita a Paris permite sempre algumas descobertas e outras tantas agradáveis sensações. A razão da actual visita é o Marché de Nöel, onde Penamacor participa com artesanato e produtos locais, designadamente com os da marca «Terras do Lince».

Terras do Lince em Paris

António Cabanas - «Terras do Lince»No momento em que escrevo este artigo, encontro-me nessa grande urbe da cultura e da arte, terra adoptiva do penamacorense Ribeiro Sanches e terra adoptiva, dizem, de quase 1 milhão de portugueses. Penamacor geminou-se há três anos com Clamart, cidade dos arredores de Paris, com mais de 50 mil habitantes concentrados em cerca de 9 mil hectares, o que nem é muito, comparado com outros dormitórios da capital gaulesa. Inversamente, Penamacor, com 6 mil habitantes, ocupa 55 mil hectares, o que torna esta geminação aparentemente atípica mas com muitas vantagens para a parte portuguesa: desde logo um benefício para os residentes portugueses, não só penamacorenses, mas de todas as regiões, que sentem da comunidade de acolhimento e também do poder local, um tratamento de descriminação positiva que não havia antes; depois para os empresários penamacorenses que aqui descobrem excelentes oportunidades de colocação dos seus produtos, não só em Clamart, mas em toda a metrópole parisiense; enorme vantagem ainda para o turismo de Penamacor e da região, pelos muitos clamartanos que, naturalmente, quererão descobrir a sua «ville jumelée».
A razão da actual visita é o Marché de Nöel, onde Penamacor participa com artesanato e produtos locais, designadamente com os da marca «Terras do Lince». Os marchés de Nöel são típicos em muitas cidades francesas, sendo famosos o de Strasbourg e o dos Champs Elysées. Em Clamart, foi a primeira vez, e a Câmara Municipal, entidade organizadora, convidou para participar, não só os comerciantes locais, mas também as cidades e vilas geminadas.
Realço, a propósito, a grande oportunidade que constitui para os nossos empresários o nicho de mercado da saudade, nesta grande região de Paris, com grande potencial de crescimento quer em termos qualitativos, quer quantitativos. De visita ao Cândido, para promoção da marca «Terras do Lince», foi com satisfação que demos de caras, logo na entrada do armazém, com as azeitonas e tremoços do Luís Tomé, da Bemposta (Farinha e Tomé, Lda.), mas também com os queijos e o mel da Meimoacoop. Sedeado na mítica e quase lusa Champigny, o Cândido é o maior armazenista e distribuidor de produtos portugueses em Paris. A tarefa a que nos propomos está ainda mais facilitada por o chefe de vendas ser das Quintas da Torre (perto do Pedrógão), caminho aberto para a negociação. Aqui concordamos em absoluto com as propostas de João Valente, na sua recente crónica do Capeia «agricultura sustentável», e a marca «Terras do Lince» será um bom veículo para os produtores de Penamacor e Sabugal. Da distribuidora parisiense sentimos total abertura aos produtos da referida marca, assim nós e os nossos empresários saibamos fazer o trabalho de casa: sem grandes produções, a aposta só poderá ser a qualidade e o gourmet.
Já quanto ao Turismo são as andanças de quem viaja que põem a nu as nossas carências. Localizada a meio de duas capitais europeias e de outras duas cidades mais pequenas, Porto e Salamanca e um pouco mais longe Valladolid, a nossa região nem se pode queixar dos acessos rodoviários. Por aí, até estamos bem localizados, em duas ou três horas acede-se a estes grandes centros urbanos. Já no que respeita a distâncias mais longas que exijam o avião, não podíamos estar pior: somos a região portuguesa que mais longe está de um aeroporto e será fundamental no futuro a construção de uma estrutura aeroportuária que nos possa desencravar a esse nível. Sabemos todos que hoje na Europa o avião é o transporte mais barato para passageiros que não viajem em grupo. Numa altura em que o turismo tende a aumentar à medida que baixa o custo das viagens e aumenta o conforto das mesmas, o interior bem pode aproveitar o elevado potencial turístico que constituem os seus emigrantes.
Os muitos amigos franceses e portugueses que conhecemos através desta geminação e que nos visitam, adoram a nossa região, mas apontam o incómodo da deslocação desde o aeroporto como o maior obstáculo à assiduidade das suas visitas.
O crescimento exponencial do alojamento turístico da Serra da Estrela e regiões limítrofes, na última década, ficará comprometido no futuro próximo se não se resolver esta lacuna. O novo aeroporto de Lisboa é uma boa oportunidade para o interior exigir um aeroporto regional – uma pequena migalha de Alcochete chegará – de forma a acolher pequenos aviões que façam o transbordo do Porto ou de Lisboa, ou mesmo que voem da Europa. Se soubemos usar esta estratégia para os estádios (com algumas migalhas lá se arrelvaram uma série de campos de futebol do Interior!), por maioria de razão se deverá exigir do governo essa medida de justiça e equidade geográfica. Aqui, seria bom que os líderes locais se entendessem quanto à melhor localização e se evitassem os umbiguismos do costume. Como o Sr. Primeiro-Ministro é da Covilhã que o faça na Covilhã, onde até há cursos superiores de aeronáutica e um aeródromo, e fica o problema resolvido.
A macrocefalia do litoral e a falta de estratégia nacional em matéria aeroportuária tem efeitos nefastos para o país, designadamente para Lisboa e Porto: muitos raianos voam para a Europa a partir de Valladolid dado os grandes aeroportos serem mais caros e afugentarem as empresas de low cost. Em breve se voará também a partir da Extremadura que se prepara para construir o seu aeroporto internacional, roubando mais mercado a Lisboa e Porto e, assim, quando Portugal tanto necessita do mercado espanhol, são os espanhóis que exploram o mercado nacional.
«Terras do Lince», opinião de António Cabanas

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Estava marcado para dia de São Martinho, o primeiro Magusto da Raia, organizado pela Associação Raiar, na região de Paris. A meio da manhã, membros da associação, começaram a preparar o local, para receber como pertence todos os convivas raianos que queiram aparecer.

Paulo AdãoNo local, foram expostos vários artigos, alguns muito antigos, artigos das alfaias agricolas da nossa região, o forcão em miniatura, peças de artesanato e várias obras de arte, concretamente as pinturas do Francis Veras da Silva, de Aldeia do Bispo. Foram também expostas algumas fotografias antigas que relembraram actividades agricolas e ainda duas serigrafias, amplamente conhecidas, da autoria de Alcinio Vicente, reprensentando Cristo e o Encerro.
O dia levantou-se com algum nevoeiro, mas rapidamente o sol apareceu e deu lugar à uma tarde fresca mas «ensoleillé».
Os participantes foram chegando ao local, os assadores começaram a fumejar e pouco tempo depois começou à saborear-se as excellentes castanhas e a jeropiga, vindos da nossa região. O bom ambiente amigavel, da raia, não faltou, o David (filho do Francis Veras) deu ainda alguns «toques» de acordeão, houve castanhas e jeropiga (filhós, bolos, sumos e cerveja), durante toda a tarde.
Como anunciado, organizou-se um mini-torneio de petanque. Seis equipas divertiram-se e mostraram as suas habilidades neste jogo. No final foram distribuidos prémios aos vencedores.
O número de participantes, (um pouco mais de 50 pessoas), ficou aquém das expectativas da organização, sendo dia feriado, esperava-se maior número de participantes, mas para o ano haverá mais, se Deus quiser.
Um abraço desde Paris
«Um lagarteiro em Paris», opinião de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

A Associação Raiar de Aldeia do Bispo organiza no dia 11 de Novembro na região de Paris o «Magusto da Raia».

Paulo AdãoA Raiar – Associação de Aldeia do Bispo – tem organizado diversos eventos, em terras de França e em Aldeia do Bispo, nomeadamente convívios anuais, exposição e debate sobre as origens de Aldeia do Bispo e terras de Riba-Côa na região de Paris, a instalação de uma mesa de orientação no Malhão, a criação e organização de percursos pedestres – a rota do Malhão, já terminada, sinalizada e em fase de certificação pelos organismos correspondentes –, e a limpeza e revalorização de espaços públicos em Aldeia do Bispo.
A Raiar vai, este ano, organizar aquilo a que chamou «Magusto da Raia» na região de Paris. O objectivo principal é reunir à volta das castanhas e do São Martinho, o maior número possivel de arraianos e amigos da Raia Sabugalense e reforçar através desta tradição, a amizade que sempre reinou entre as diferentes aldeias.
O programa «oferece» uma tarde alegre e divertida para rever amigos e como o local proporciona isso mesmo, um grande «Torneio de Petanque».
O encontro está marcado para dia 11 de Novembro, a partir das 14.00 horas, no Boulodrome de la ville de Paris, Stade Léo Lagrange, Rue des Fortifications, PARIS 12ème.
O lema da festa raiana é: Vem e diverte-te. Traz um arraiano contigo.
Um abraço desde Paris.
«Um lagarteiro em Paris», opinião de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

As aldeias de Vale de Espinho e de Alfaiates, no concelho do Sabugal, estão de luto. O mini-bus envolvido num trágico acidente de viação em França onde perderam a vida quatro portugueses e cinco ficaram gravemente feridos era conduzido por Joaquim Vicente, morador em Alfaiates, que faleceu no desastre. Entre as vítimas conta-se ainda um casal de emigrantes natural de Vale de Espinho.

Acidente FrançaAs quatro vítimas mortais e os cinco feridos do acidente ocorrido, no sábado, em França, são emigrantes na região de Paris naturais do Sabugal e de Gonçalo no distrito da Guarda. O motorista Joaquim Vicente, que faleceu no desastre, vivia em Alfaiates e tinha larga experiência de transporte de emigrantes. Entre as vítimas contam-se Manuel José Dias Martins e a esposa Lídia Varandas, naturais de Vale de Espinho.
O mini-bus que transportava os emigrantes portugueses de volta a Portugal para iniciar as férias de Verão despistou-se na auto-estrada A20 pelas 12.45 horas locais numa descida em Bonnac-la-Côte, perto de Limoges.
As circunstâncias do acidente ainda não estão esclarecidas mas sabe-se que o táxi português, que levava um atrelado, terá embatido noutro automóvel, ainda na sua faixa, antes de perder o controlo e atravessar o separado central da auto-estrada e chocar na faixa contrária com um carro holandês ou outro francês. O condutor holandês morreu e os seus dois filhos sofreram ferimentos graves. No total estiveram envolvidas no acidente quatro viaturas e 18 pessoas, cinco das quais escaparam ilesas.
Em declarações à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Alfaiates, Francisco Baltasar, informou que «Joaquim Vicente, de 63 anos, era um profissional com uma empresa de transporte de passageiros sediada em Landes, França, há cerca de 20 anos e que fazia regularmente este tipo de viagens entre Portugal e França transportando emigrantes da região».
O acidente vitimou ainda o casal Manuel José Dias Martins e a esposa Lídia Varandas que eram naturais da freguesia de Vale de Espinho. O Jornal de Notícias relata a emoção vivida por José Joaquim e Rosa Fernandes, moradores em Vale de Espinho, no Sabugal, que ainda não acreditam no que aconteceu aos vizinhos Manuel e Lídia. «Temos as chaves da casa. Contávamos com eles a qualquer momento. Quando recebemos a notícia do acidente, a meio da tarde de sábado, foi um choque muito grande» confessa Joaquim visivelmente inconformado com a sorte dos vizinhos e amigos. «A Lídia tinha uma paixão pelas suas flores», lembra Rosa Fernandes, apontando as hortenses azuis na moradia onde casal, emigrado perto de Paris, e agora reformado passava muitos meses do ano.
«Ele trabalhou muitos anos nas obras. Era pintor. Ela dedicava-se a trabalhos domésticos. Fizeram vida e criaram dois filhos que por lá continuam. Mas nunca deixaram de vir aqui passar uma temporada», recorda ao JN, Maria dos Anjos Pires, outra vizinha e amiga de infância.

O mês de Agosto simboliza para muitos emigrantes as vacances e o regresso às origens. As terras do Sabugal enchem-se de emigrantes, de festas e alegria. Infelizmente este ano tudo começou de forma trágica.

Às famílias enlutadas o Capeia Arraiana endereça sentidos pêsames.
jcl

Em Paris, na Rue Montorgueil, por volta das duas hora da tarde, uma mulher sai do carro, tira o seu vestido e caminha pelas estreitas ruas dos «bistrot’s» a cantar uma música que sai de um brinquedo (parece um Magalhães!) filmada por um operador de câmara.

Durante o clip, perante o espanto dos transeuntes, aparecem mais duas mulheres até que a última delas alcança um cruzamento e tem que esperar no semáforo.
O primeiro single da dupla francesa Make The Girl Dance, «Baby, Baby, Baby» sai a 1 de Junho de 2009.

Campanha publicitária irreverente para promover um novo grupo musical. Sempre gostámos de música francesa. Mas deviam falar às modelos das… papas Maizena.
jcl

Em França publicou-se um livro intitulado «O Telegrama – Do outro lado do rio», dedicado à emigração portuguesa para aquele país, vista por jovens da segunda e terceira geração.

O Telegrama – Do outro lado do rioA edição é da Association Cap Magellan e o livro, abundantemente decorado com fotografias das pessoas e dos lugares, começa com o testemunho do jovem Daniel: «A história que vos vou contar é a do meu pai, Manuel Martins, hoje com 60 anos. Durante a sua infância, viveu na pequena aldeia de Aldeia do Bispo da Raia, no concelho do Sabugal, a sessenta quilómetros da Guarda, onde as actividades económicas se resumem à criação de animais: vacas, ovelhas, porcos e galinhas, assim como ao contrabando.» E a história prossegue contando a aventura vivida pelo pai para chegar a França em 1964, passando a salto as fronteiras e escondendo-se nas montanhas, com a ajuda de um engajador, a quem pagou 20 contos.
Seguem-se depois outras histórias, contadas por outros jovens portugueses que vivem em França, Suíça e Canadá, países onde nasceram e onde estão perfeitamente integrados.
O prefácio é assinado pelo Embaixador de Portugal em Paris, António Monteiro, que manifesta um grande apreço pela iniciativa: «É pouco habitual a publicação de livros com depoimentos de jovens, sobretudo quando o seu tema central é a vida dos pais e as causas que os levaram um dia aos caminhos da emigração. Não é fácil falar de nós próprios, testemunhar sobre passagens e períodos das nossas vidas que tantas vezes são motivo de mal-estar e de sofrimento».
Aqui deixamos a sugestão de leitura de uma boa obra, em francês, para quem pretende conhecer melhor as experiências vividas pelos nosso conterrâneos e compatriotas, na busca de uma vida melhor.

A obra pode ser consultada Aqui.
José do Bernardo

Quando se fala de Paris, pensa-se na torre Eiffel, no rio Sena, no Lido ou Moulin Rouge. Em Paris são organizados eventos de grande envergadura, o Salão do Automóvel ou o Salão da Agricultura. É sobre este último que escrevo estas palavras.

Paulo AdãoEstá aberto desde sabado passado e até ao dia 1 de Março o Salão da Agricultura, uma das maiores exposições organizadas anualmente em Paris, onde os modelos são os animais. Animais das mais variadas raças e espécies, de França e outros países, são preparados durante todo o ano, para poderem aguentar 15 dias de exposição, aceitarem carinhos e festas de milhares de visitantes.
Este ano, esperam-se mais de 600.000 visitantes. Os melhores ou mais originais, particiam em concursos, desfilam em passerelles em frente de centenas de cusiosos, jornalistas, especialistas e em frente aos juizes que vão dar o seu voto, pela beleza, pelo seu comportamento.
Além dos animais, é o salão onde se apresentam novidades relacionadas com a agricultura. Este ano, por exemplo, este salão quer dar enfaze às energias renováveis, quer mostrar que a agricultura se moderniza tendo na mira os problemas ambientais.
Salão da Agricultura de ParisComo acontece quase todos os anos, peguei na minha familia e fomos passar algumas horas ao salão, apreciar esta riqueza, que de uma maneira ou de outra é o principio e o fim de tudo. O que seria uma sociedade sem agricultura, sem vacas ou cavalos? O que seria a raia sem touros?
Como em todas as exposições que visito, procuro sempre, com alguma curiosidade (e com muito orgulho) algum expositor português, alguma bandeira portuguesa. Este ano, encontrei apenas um pequeno espaço, dedicado ao Perdigueiro, um cão de raça que todos conhecemos. Lá estava um bonito exemplar desta raça, com uma bandeira de Portugal bem esticada e em altura. Talvez houvesse outros, mas não encontrei. O tempo também foi pouco.
O que mais me surpreende sempre, é a grande diversidade de raças de vacas e touros, de cavalos. É impressionante estar à alguns centimetros de alguns animais, mais altos que nós, que pesam mais de 1500 Kg e que finalmente até são de uma beleza rara. Mais que um salão, é realmente uma passerelle de moda animal.
«Um lagarteiro em Paris», opinião de Paulo Adão

paulo.adao@free.fr

A França, vive hoje um movimento social dos mais esperados e talvez participados. Desde creches, liceus, universidades, pessoal médico, passando pelos serviços de correios, Impostos, transportes públicos, comunicação social pública, Electricidade de França, France Telecom, contoladores aéreos, entre outros, a maioria destes serviços estão mais que perturbados. Consoante a região, a adesão é diferente. Maior aderência nas regiões de maior densidade populacional onde alguns serviços estão pura e simplesmente fechados.

Paulo AdãoTodos os sindicatos fizeram apelo para este dia de greve. Sejam eles funcionários públicos ou privados, o lema é o mesmo: exigir do governo maior poder de compra, mais emprego, melhores garantias e condições de trabalho, por outras palavras, trabalhar menos e ganhar mais. Alguns empregados do privado, de sectores ligados ao automóvel, também aderiram a este dia de greve e manifestam em conjunto com os funcionários públicos, com os estudantes, com professores, enfermeiros, funcionários dos transportes públicos, entre outros.
Mas no meio disto tudo, quem sofre mais com estas greves? Quais são os resultados no final destes dias?
Que dizer dos pais que não sabem onde deixar os filhos porque as escolas estão fechadas? Que dizer dos empregados do sector privado, que não têm transportes para se deslocarem para os seus locais de trabalho, que decidem dormir no local de trabalho, que abalam de casa às 3 ou 4 horas da manhã para poderem estar no local de trabalho às 8 ou 9 horas?
Manifestação em ParisNum momento de crise, como este, quanto perdem as empresas publicas ou privadas, pelos empregados que não vão ou não podem ir trabalhar? Quantos pais de família perdem dias, perdem poder de compra, perdem os empregos porque as greves não lhe permitem viver o seu dia a dia com tranquilidade.
Esta manhã, na escola frequentada pela minha filha, alguns professores vestiam uma t-shirt amarela, com a frase «Non-Greviste». Depois de terem aderido e participado em precedentes manifestações e greves apaerceberam-se que têm um dever primordial: dar aulas, ensinar crianças e jovens que querem ainda aprender os verdadeiros valores da vida, do trabalho, da sociedade.
Nos últimos dias, apareceram grupos de contestação e protesto contra as greves, muita gente, do privado e do público, começam a estar fartos destes dias negros, destes dias que para defender a liberdade de alguns, não se respeita a liberdade dos outros, fartos de serem vitimas.
Pessoalmente não sou conta as greves, sou sim contra este tipo de greves, em que a mioria protesta sem saber porquê. Sou contra esta liberdade de fazer greve e através da qual não se respeita a liberdade daqueles que querem ir trabalhar. Sou contra este tipo de greves que paralisam uma cidade, um País acentuando a crise dos mais pequenos, tirando ainda mais poder de compra aqueles que já pouco têm.
Será que a greve serve apenas para exigir direitos e regalias? Não teremos nós também devers e obrigações?
Paulo Adão (de Paris)

A compter du 1er janvier 2009, les véhicules neufs recevront un nouveau numéro d’immatriculation. À partir du 1er mars 2009 pour les véhicules d’occasion lors d’un changement de propriétaire, d’adresse, ou lors de toute autre modification affectant la carte grise.

Novas matriculas em FrançaCe numéro composé d’une série de 7 caractères alphanumériques (2 lettres, 1 tiret, 3 chiffres, 1 tiret et 2 lettres) sera attribué chronologiquement dans une série nationale unique.
La nouvelle plaque, avec des caractères noirs sur fond blanc, devra faire apparaître, sur sa partie droite et sur un fond bleu, un identifiant territorial comprenant un numéro de département au choix, surmonté du logo de la région dans laquelle est situé ce département.
Un numéro d’immatriculation sera attribué définitivement au véhicule, de sa première mise en circulation jusqu’à sa destruction.
Le propriétaire pourra faire immatriculer son véhicule partout en France, quel que soit son lieu de domicile, auprès d’un professionnel de l’automobile habilité (garagiste, concessionnaire, etc.) ou d’une préfecture. Un certificat d’immatriculation provisoire, valable un mois et comportant le numéro définitif lui sera remis dès paiement des taxes et lui permettra de circuler immédiatement. Il recevra ensuite, dans un délai d’une semaine au maximum, la carte grise à son domicile par envoi postal sécurisé.
Dans le cas d’un déménagement dans un autre département ou encore dans le cas de l’achat d’une voiture d’occasion déjà immatriculée dans le nouveau système, le propriétaire n’aura plus l’obligation d’effectuer une modification du numéro d’immatriculation du véhicule.
António Pires

Acaba, assim, mais uma das referências da minha meninice. As célebres matrículas amarelas das «bagnoles» que chegavam todos os anos nos primeiros dias do mês de Agosto vindas lá dos lados de Vilar Formoso.
jcl

JOAQUIM SAPINHO

DESTE LADO DA RESSURREIÇÃO
Em exibição nos cinemas UCI

Deste Lado da Ressurreição - Joaquim Sapinho - 2012 Clique para ampliar

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