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O chefe de gabinete da presidência da Câmara Municipal do Sabugal, Vítor Proença, representou por delegação de poderes o presidente do município, António Robalo, numa reunião do Conselho Executivo da Comunidade Intermunicipal das Beiras (Comurbeiras). O presidente da Comissão Política Concelhia do Sabugal, Nuno Teixeira, assinou uma declaração política onde considerou que a situação foi ilegal e causou embaraços aos restantes membros da Comurbeiras.

Reproduzimos, de seguida, a tomada de posição do presidente da Comissão Política Concelhia do Sabugal:

Partido Socialista - Sabugal«Declaração política da Concelhia do Partido Socialista do Sabugal

Votação ilegal do Chefe de Gabinete da Câmara Municipal do Sabugal obriga anulação de Votação.

Realizou-se ontem, dia 29 de Novembro, uma sessão ordinária da Assembleia Intermunicipal da Comurbeiras, Comunidade Intermunicipal (CIM) das Beiras.
Após ter sido entregue aos Deputados Intermunicipais, a minuta da ata número 06/2012, da reunião do Conselho Executivo desta mesma Comunidade, realizada no dia 20 do corrente mês, constatou-se que o Presidente da Câmara Municipal do Sabugal, não esteve presente, tendo delegado competências no seu Chefe de Gabinete que representou o nosso Município.
O excerto da ata que comprova esse fato: “Município de Sabugal, representado pelo Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara, Victor Manuel Dias Proença, que apresentou declaração, que se anexa, subscrita pelo Senhor Presidente do Município do Sabugal, António dos Santos Robalo, pela qual lhe confere plenos poderes de voto.”
Uma vez mais, o Senhor Presidente da Câmara demonstrou falta de rigor e de alguns conhecimentos para desempenhar o cargo para o qual foi eleito, assim como o seu Chefe de Gabinete provou não estar à altura do cargo para o qual foi nomeado. Ocupando o Chefe de Gabinete um cargo de nomeação e não um cargo de eleição, esta votação é ilegal, mesmo que o Senhor Presidente da Câmara lhe tenha delegado por escrito poderes para tal.
A responsabilidade e a obrigação de responder legalmente e estatutariamente (conhecimento da lei e dos estatutos e regulamentos destes Organismos) seria o mínimo a esperar da prestação do Senhor Presidente da Câmara e restante equipa da Presidência.
Este episódio, levou à anulação de todas as votações no âmbito da “Reforma Administrativa do Território” realizadas nessa reunião e ao embaraço de todos os presentes. O Sabugal foi desta feita falado pelas piores razões e questionamo-nos se esta situação não terá já acontecido outras vezes.
Esta situação lamentável, colocou em causa a “nossa” credibilidade e seria expectável da parte do Senhor Presidente da Câmara Municipal do Sabugal, tomar as devidas medidas para minimizar/remediar/corrigir a situação perante os Deputados Intermunicipais, o Conselho Executivo da Comurbeiras CIM e todos os Sabugalenses.
O Presidente da Comissão Política Concelhia do Sabugal
Nuno Alexandre Sanches Teixeira»

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O Capeia Arraiana aproveita:
…para publicar os nomes dos membros da Assembleia Intermunicipal.
Aqui.

…e para reproduzir o n.º 1, do artigo 19.º (natureza e composição) dos estatutos da Comurbeiras: «1 — O Conselho Executivo é o órgão de direcção da Comunidade Intermunicipal e é constituído pelos Presidentes das Câmaras Municipais de cada um dos municípios integrantes, os quais elegem, de entre si, um Presidente e dois Vice-Presidentes.»
jcl

Decorreu como estava previsto, o primeiro Magusto dos Sabugalenses, residentes no Concelho do Fundão. O cenário não podia ter tido melhor escolha, que recaiu num espaço envolvente à Capela de S. José, nas Quintas do mesmo nome, na Freguesia de Aldeia de Joanes.

Numa tarde com as cores outonais, com uma envolvência natural impar, no meio de duas serras, a sul, a Gardunha amarelecida, e a norte a Estrela vazia de neve, numa Cova da Beira, onde ainda se ouve o balido dos rebanhos, o mugir das vacas, que disciplinarmente se colocam para a ordenha, o zurrar dos burros e o canto suave de algumas aves.
Numas instalações adequadas a estes eventos, era já o princípio da tarde, quando começaram a chegar os primeiros Sabugalenses, alguns com as dúvidas do local, apesar de todo o percurso se encontrava devidamente assinalado.
Visitas a destacar, a do Pároco de Aldeia de Joanes, Padre Casimiro Mendes Serra, que quis associar-se a este encontro, por alguns momentos, atitude apreciada por todos os presentes. A segunda, do Padre Manuel Joaquim Martins da Bismula, num espaço que lhe é muito familiar, porque foi no seu tempo de Pároco de Aldeia de Joanes, que foi construído.
Numa simples auscultação a alguns participantes, fomos ouvir e registar as motivações que os conduzem a este evento:
Júlio Fernandes Martins – Quadrazais, depois de uma estadia por terras de França, encontrasse há 30 anos no Fundão, como gerente de lavandarias, onde também trabalha uma filha. Aprecio este convívio com os nossos conterrâneos.
Mário Luís Santos Dias – Bendada, está no Fundão há 29 anos, trabalha como técnico de confeções, e veio ao magusto para me encontrar com a malta do Concelho do Sabugal e gosto de conhecer as pessoas que aqui vem da nossa zona.
Joaquim Esteves Barbara – Alfaiates, há 15 anos no Fundão, no Posto da G.N.R. A viver a alguns anos no Fundão, desconhecia por completo, que aqui vivessem tantos naturais do Sabugal. Foi uma agradável surpresa. Estes encontros têm a particularidade de nos conhecermos melhor e relembrarmos as nossas origens.
Maria Teresa Carvalho Moreira Barreto Amaral – Aldeia do Bispo, há 22 anos no Fundão. Gosto de estar, de me reunir com as gentes do Sabugal, e estes encontros servem para nos conhecermos melhor. Veja, trabalhei 12 anos na Empresa Eres, com pessoas do Sabugal e não sabia. Aqui damo-nos a conhecer mutuamente.
Natália Fernandes Martins – Quadrazais, há trinta anos no Fundão, diz que estes encontros são muito positivos e servem para nos conhecermos.
Isabel Gonçalves Martins Leitão – Aldeia da Ribeira, há 27 anos no Fundão, trabalha como empresária de produtos alimentares. Estes encontros permitem conhecer pessoas da nossa zona arraiana. É uma feliz ideia, é bom o encontro.
Joaquim Lopes Pinto – Santo Estevão, há 42 anos no Fundão, comerciante. Gosto desta gente de alma arraiana, que é batalhadora, trabalhadora, dinâmica e vencedora em toda a parte. Estamos espalhados pelo mundo. São importantes estes convívios.
Maria Rita Martins Pinheiro Costa – Bismula, há 45 anos no Fundão, reformada. Estes encontros são interessantes. Tive pena de não estar até ao fim, não me foi possível. Não falharei o próximo. É uma forma de partilharmos com os nossos conterrâneos sabugalenses e fazermos um elo de ligação com as suas famílias.
Marta Marcos Barroso Ramos – Aldeia da Ponte, há 8 anos de Fundão, arquiteta. Diz que é uma boa iniciativa e participei com muita honra a cantar para os meus conterrâneos, num sítio fantástico, maravilhoso e encantador. Tenho pena de sair mais cedo, por compromissos já assumidos. No entanto, no próximo encontro espero estar presente.
Esta jovem arraiana com grandes dotes musicais, brindou-nos com lindas canções que empolgou todos os presentes, principalmente a canção dedicada a São Martinho.
Em todos os rostos havia alegria e felicidade por mais esta jornada de convívio dos Sabugalenses, com a certeza de que no próximo ano, se vai realizar neste local bucólico, na companhia da mãe natureza.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

No seguimento do almoço convívio de sabugalenses realizado no dia 1 de Maio, do corrente ano, surge agora um magusto no concelho do Fundão.
Os organizadores são os mesmos que estiveram na base do convívio de Maio: António Alves Fernandes, da Bismula e António Vicente Leal, da Bendada, ambos residentes naquele concelho da Cova da Beira.

O magusto acontecerá no dia 10 de Novembro de 2012 (sábado), a partir das 14 horas, no recinto da capela de S. José, nas Quintas de S. José, em Aldeia de Joanes.
O tradicional Magusto de São Martinho dos sabugalenses está aberto à participação de todos os interessados, bastando fazerem a sua inscrição pelos telefones de:
António Alves Fernandes, 275752726 / 962820107, ou António Vicente Leal, 275771937 / 933635637.
plb

A celebração dos primeiros dois dias de Novembro (dia 1 – Dia de Todos Os Santos; dia 2 – Dia de Recordação de Todos os Fiéis Defuntos) teve origem no Mosteiro dos Beneditinos de Cluny em França. Das duas datas importantes, a primeira não mais acontecerá, pois o feriado religioso foi retirado e as pessoas já não terão pelo menos um dia disponível para recordar os seus mortos mais queridos. Muito se deve às más e incríveis negociações da Igreja com o Estado Português.

É importante que nestas datas façamos uma reflexão da Fé que vivemos, e acreditemos numa vida nova e imortal. Na primeira, festejamos todos aqueles e aquelas que a misericórdia de Deus admitiu na sua presença, na entrada do Seu Reino. Na segunda, é o tempo da oração, da reflexão dos Fiéis Defuntos, por todos aqueles que partem com a necessidade de algumas purificações além-túmulo.
Há dias um amigo, em conversa sobre estes temas da Fé, perguntava-me se na sociedade em que vivemos ainda há santos e onde estão. Respondi-lhe de imediato que sim e muitos. Porém, quis explicar-lhe, na minha opinião, quem são os santos. Se nos deslocarmos a uma qualquer Igreja, lá encontraremos muitos, muitas vezes desconhecendo a sua vida e obra. Todos os anos levo as crianças da Catequese de Aldeia de Joanes à Igreja Matriz, para lhes proporcionar uma lição de história sobre esse monumento de interesse municipal e verifico que a maioria não sabe nem conhece as imagens dos santos, que ali estão para todos venerarmos.
Numa das aulas de Catequese, há uma lição muito interessante, sob o título «Sede Santos». Ali está a resposta muito concreta e simples: um santo é todo aquele que detesta o mal e se apega ao bem; aquele que se mostra firme nas dificuldades com muita alegria e esperança; aquele que cultiva o fervor sem perder a humildade; aquele que procura viver em paz com todos, ajudando os mais necessitados.
Estas minhas respostas, que foram ouvidas com muita atenção pelo meu interlocutor, convenceram-no, apresentando-lhe de seguida inúmeros nomes de santos, que através dos tempos subiram aos altares.
Também lhe acrescentei que o Concílio Vaticano II afirma que a santidade consiste na plena e perfeita identificação com Jesus Cristo. Todos os cristãos são chamados a ser santos, é um chamamento que abrange todos sem exceção. Há imensos caminhos, imensas maneiras, cada um com o seu modo de vida, na vida de todos os dias, na família, no trabalho, nos tempos livres, em todas as atividades.
Volto à pergunta: ainda há santos hoje? Recordo novamente as crianças da Catequese. A maioria responde-me que os seus avós são uns santos. Ajudam-nas, dão-lhe bons conselhos, amparam-nas contra o mal, ensinam-lhe os caminhos do bem com o seu exemplo, rezam com elas, ensinam-lhes os valores da vida, enfim são os seus companheiros dia-a-dia. E também muitos pais responsáveis fazem o mesmo.
E os jovens que se dedicam voluntariamente em muitas ações de solidariedade social e de prática da caridade. E aqueles e aquelas que partem com destino a terras de missão, trabalhando no progresso social, cultural e religioso e dão a vida por essas causas. E aqueles visitadores de hospitais, que limpam as lágrimas de doentes que já não têm força nas suas mãos, transmitindo-lhes palavras de fé e esperança. E os homens e mulheres que fazem pontes de amizade e união e são semeadores da paz e da concórdia. E caro amigo leitor, podia apontar muitos mais trabalhadores que nos dias de hoje sobem as escadas da santidade. E não são necessariamente católicos. Aqui tens os santos dos nossos dias. Andam junto de nós, vivem perto de nós. Estão aí. Estão ao teu lado.
O Evangelista S. Lucas, diz-nos que «hão-de vir do Oriente, do Ocidente, do Norte e do Sul, sentar-se-ão à mesa do Reino».
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

No último fim-de-semana de Agosto chegou a notícia do falecimento do Bispo Emérito de Angra do Heroísmo – Açores.

Nasceu há noventa e dois anos em Alcains – Castelo Branco. Frequentou os Seminários do Gavião, Alcains e Olivais. Em 1943 foi ordenado Padre em Portalegre e fez um percurso em diversas paróquias; foi professor no Seminário do Gavião, em alguns colégios e no ex-Liceu de Nuno Álvares em Castelo Branco. Foi um grande dinamizador da Ação Católica.
Em 1974 foi nomeado Bispo de Angra, onde se mantém até 1996. Tem na sua Diocese dois atos que os açorianos não esquecem: foi o grande impulsionador do Culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres e colaborou intensamente no processo de reconstrução das Ilhas Terceira, Graciosa e S. Jorge, depois de o sismo que as abalou em Janeiro de 1980.
Feita esta apresentação biográfica, vou à gaveta dos apontamentos, e lá encontro resquícios de um longo encontro com D. Aurélio Escudeiro em Castelo Branco. A edilidade albicastrense quis prestar homenagem a todos os sacerdotes do seu concelho. Pelas funções dirigentes que desempenhei e pelas ações cívicas que efetivei na Cidade de Amato Lusitano, fui convidado para essa Cerimónia de reconhecimento público a todos os agentes pastorais, na pessoa dos Párocos.
A seguir a um ato religioso fomos almoçar num restaurante local. Na mesa para onde fui encaminhado incluía-se D. Aurélio Granada Escudeiro, atualmente a residir em Alcains. Na troca de cumprimentos informo-o que trabalho em Castelo Branco e que casei em Aldeia de Joanes – Fundão.
Esta Freguesia era-lhe muito familiar e dizia-lhe algo. Numa longa conversa adiantou-me que o pai – João Lourenço Escudeiro – desempenhou durante muitos anos a tarefa de Feitor na Casa do Outeiro. Trabalho de muita responsabilidade. Por ele passava toda a estrutura rural, a funcionar ainda em moldes feudais, dado tratar-se de gente de sangue azul. Nas suas funções contavam-se: recrutamento de pessoal agrícola, pagamento dos seus soldos, distribuição de tarefas, o uso da disciplina e da justiça.
Também a sua mãe – Maria Belarmina Pinheiro – teve um papel importante naquela casa, colaborando com o marido.
D. Aurélio teve um irmão – Padre José – que desenvolveu um trabalho pastoral muito importante em prol das comunidades de emigrantes, principalmente na Alemanha. Da sua família, duas irmãs também se destacaram. Uma delas, de nome Evangelina, é Professora-Regente em Aldeia de Joanes, ensinando alunos até à terceira classe. A Escola funcionava numa das salas da casa do Joaquim de Almeida, que chegou a ter uma Taberna. A sua especialidade era vender a carne das rezes, que vendia diariamente e fazia os enchidos muito gostosos. Alguns chegaram à mesa do Papa João Paulo II, em Roma, através do Embaixador de Portugal que tinha raízes no Fundão.
Esta professora-regente casou com Joaquim Francisco Xavier, natural de Aldeia de Joanes, que abraçou a carreira militar na antiga Polícia de Viação e Trânsito, mudando a residência para Coimbra.
Com os pais cristãos praticantes, D. Aurélio deslocava-se à histórica Igreja Matriz de Aldeia de Joanes, a fim de assistir aos mais diversos cultos, tendo bem viva na sua memória a riqueza dos diversos altares e os cânticos religiosos entoados pelo povo.
Também me falou da festa do Espírito Santo, na Casa do Outeiro, sempre que a família Trigueiros assim entendia, chamando as gentes de Aldeia de Joanes para a prepararem. Esta realizava-se no recinto da Quinta. Aqui falou-me com muita vivacidade, lembrando-se das festividades nos Açores.
Recorda-se de ali receber as Boas Festas, o Compasso, a visita do Pároco de Aldeia de Joanes, anunciando Jesus Cristo Ressuscitado.
Com tantas ligações a Aldeia de Joanes, informei-o que hoje já não conhece estas paragens, onde os seus pais estiveram durante mais de uma década. Nos últimos anos Aldeia de Joanes tem bairros novos, uma fábrica de confeções, oficinas. Há um misto do rural com o urbano. É um dormitório do Fundão e está a crescer em termos demográficos e urbanísticos.
Assim convidei-o para uma romagem de saudade a estas terras que o acolheram na sua juventude, das quais tem boas recordações, oferecendo-lhe total disponibilidade para o transportar de Alcains a Aldeia de Joanes e vice-versa. Aderiu à ideia, dando-me todos os contatos para se concretizar este objetivo.
Apesar de diversos telefonemas, não se realizou a vinda, umas vezes porque já tinha compromissos e outras porque a débil saúde não lhe permitia viagens nem estadias alongadas.
Descanse em Paz a sua Alma…
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Lembrei-me de escrever sobre uma figura muito popular das nossas comunidades cristãs e paroquiais. Todos os que frequentamos a Igreja, conhecemos bem a missão e os serviços prestados por estes homens e mulheres. Nós também já partilhámos essas actividades em muitas cerimónias religiosas ajudando o titular do cargo.

Vou escrever umas notas sobre aqueles com quem me cruzei e a minha experiência neste serviço voluntário.
Da Bismula recordo o Manuel Cordeiro. Nós, ainda muito jovens, procurávamos ajudá-lo principalmente nas Eucaristias da semana, com horário matutino, porque os habitantes tinham de ir trabalhar para a faina dos campos agrícolas. Havia tanta competitividade, que muitas vezes os mais madrugadores se escondiam atrás do altar-mor, fazendo barulhos para afastar os mais preguiçosos. Era uma disputa muito saudável e louvável, sem censuras do Pároco. Lembro-me dos Jovens nestas andanças: Manuel Vaz, seu irmão Messias Vaz, António Alves Fernandes e seus irmãos Manuel José Fernandes e Francisco Alves Monteiro, José Lavajo Fernandes e tantos outros.
Em Setúbal, na Igreja de Santa Maria da Graça, hoje a Sé da Diocese, José Maria Fernandes Monteiro, meu saudoso Pai, durante um ano desempenha, em regime de substituição, o cargo de sacristão, que pertencia a Ernesto Santos Silva, morador na Rua da Paz, junto às muralhas medievais da cidade de Setúbal, a recuperar de uma grave doença. Regressado à sua função, José Maria Fernandes Monteiro fica com o encargo de diariamente ajudar à missa, na Igreja da Boa-Hora (Grilos), edificada em 1566, pela Ordem dos Agostinhos Descalços, onde há muitos anos está alojada a Comunidade dos Missionários Claretianos. Colocado em novo emprego, passaram os filhos a desempenhar aquela missão. Várias vezes coube-me ir desempenhar as funções amadoras de sacristão, principalmente nas férias. Era Superior da Casa, o Padre Carolino, homem bom, com um coração maior que Trás-os-Montes, província de onde era natural, que nos autorizava a colher e comer no quintal laranjas e tangerinas. Já o Padre António Monteiro de Terras de Jarmelo (Guarda), que conheci em Setúbal, era bem mais severo. Talvez fosse fruto de recalcamentos históricos pelo facto de D. Pedro, o Justiceiro, vingar a morte de Inês de Castro, arrasando aquelas povoações e arrancando o coração pelas costas a Pero Coelho de Jarmelo. Em contrapartida, este Rei atribuiu imensos privilégios aos pescadores de Setúbal…
Um dia, possuído de odores a laranja e tangerina, sou interpelado por este celebrante, que além da censura ditatorial, aplica-me o respetivo corretivo. Seguimos para o altar, ainda se celebrava a Eucaristia de costas voltadas para o povo. Ao colocar a almofada para se ajoelhar, o reverendo dá-lhe um pontapé, que parecia um golo do Eusébio, aqui na baliza de Santo Agostinho, que estava no altar muito sossegado com um livro numa das mãos. Foram os citrininos mais amargos que saboreei na cidade de Setúbal. Aqui foi muito negativa a minha experiencia de «sacristão».
Conheci em Setúbal, um sacristão, numa das maiores Paróquias Nacionais, refiro-me a S. Sebastião, um exemplo de dedicação e amor à camisola de serviço à Igreja. Refiro-me a João Maria Afonso Lopes, o «João Sacristão». Muito virado para a evangelização junto dos homens do mar, onde teve as suas origens, construiu uma Capela no Bairro do Faralhão, e durante muitos anos foi o impulsionador e organizador das Festas de Nossa Senhora do Rosário de Troia. O seu nome está perpetuado numa artéria da Cidade de Elmano Sadino, perto da Avenida do Coração de Maria, na Comunidade da Azeda de Cima.
Em Castelo Branco, um sacristão com nome militar – Fernando Sargento – era efetivamente um sargento na guarda dos tesouros da Sé Albicastrense, sempre vigilante durante décadas, falecendo quase centenário. Os Rotários de Castelo Branco prestaram-lhe uma justa homenagem pelos revelantes serviços prestados à comunidade cristã.
Em Aldeia Nova do Cabo (Fundão), durante mais de cinquenta anos, trabalhou para a Paróquia José de Oliveira, sendo substituído por João Gadanho, a quem as dificuldades visuais impediram de ainda estar a serviço.
Em Janeiro de Cima, encontrei uma persistente guardiã da igreja. Decorreu um evento cultural naquele local e a idosa responsável esteve sempre atenta na guarda de todo o património sagrado. Procurei descansá-la, dizendo-lhe que tudo iria correr bem, que os presentes eram gente séria, conhecidos da Junta de Freguesia local e da Câmara Municipal do Fundão, mas apesar de ouvir os meus conselhos, não descurou a segurança.
Termino este périplo em Aldeia de Joanes, onde uma dinastia de sacristães tem ocupado a respetiva cadeira durante muitos anos. Sebastião Nascimento Ramos e seu irmão Manuel Joaquim Ramos, em períodos alternativos, desempenharam a missão de ajudantes do senhor prior. Manuel Ramos tinha uma voz para os cânticos litúrgicos de encher a alma de quem o ouvia. Até arrepiava quando cantava estes versos:
Oh! Vós que passais
Em frente deste Sacrário.
Oh! Eles loucos não pensam
No amor do Santuário.

É ali que repousa
Naquela Hóstia de Amor e Luz
Vamos todos nesta hora
Desagravar o Bom Jesus.

Também nas festividades do Natal, Quaresma e Páscoa, entoava cânticos de grande musicalidade e fervor religioso. Nas diversas procissões era um general a comandar as tropas.
Há anos, com o seu falecimento, terminou esta Dinastia Sagrada, sucedendo-lhe Higino Serra Cruz, que desempenha um vasto trabalho de sacristão, sempre muito atento e preocupado; ainda é ministro da comunhão e elemento da Cáritas e da Equipa Litúrgica, substitui por vezes o Pároco, trata da limpeza da Igreja Matriz, arrumações e sempre que necessário põe em prática os seus vastos conhecimentos de marceneiro.
Estes homens e mulheres, no silêncio religioso das Igrejas, muitas vezes sem lhes ser reconhecida a atenção e o carinho que merecem por desempenhar tarefas fundamentais, nas atividades litúrgicas, na defesa do património dos templos, são voluntariamente os guardiões dos templos. Merecem reconhecimento e homenagem de todos.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Tudo na vida tem estórias, tem princípio e princípios e qualquer obra necessita de alicerces e projetos.

O Escutismo em Aldeia de Joanes nasceu de uma pequena semente, lançada por dois irmãos, Chefes de Escuteiros da Região de Setúbal, Francisco Alves Monteiro, autor do livro «História do Escutismo em Setúbal e na sua Região» e agraciado com o Colar Nuno Álvares e Joaquim Alves Fernandes soldador voluntário do Monumento do Centenário do Escutismo, em inox refratário, projetado pelo Arquiteto Amaral, Escuteiro do Agrupamento 484 da Anunciada, inaugurado no Parque do Bonfim, na Cidade do Sado. Estes Chefes já tinham realizado muitos acampamentos na Região do Fundão e em Aldeia de Joanes e verificado o grande número de crianças e jovens nesta Freguesia de Aldeia de Joanes, que necessitam de um projeto escutista.
Residia aqui um seu familiar, que também tinha sido Escuteiro em Setúbal, desempenhando inclusive as funções de Tesoureiro no Clã Nº1, do Agrupamento nº 62 da Ordem Terceira.
Em Castelo Branco teve dois filhos Escuteiros no Agrupamento 160, onde fizeram as Promessas de Lobitos. Por divergências causadas por dirigentes e assistentes, esse agrupamento foi suspenso, tendo os Pais, onde se incluía, criado o Grupo 67 da AEP. Por decisão da Assembleia Geral de 21/3/1986, foi-lhe atribuído o título de Sócio Honorário pelos relevantes serviços prestados.
Por decisão do Chefe Nacional Victor Faria em 14/6/1993, é-lhe concedido o Diploma de Mérito pelos serviços prestados ao CNE, particularmente aos Agrupamentos da Região de Setúbal do CNE.
Muitos outros Agrupamentos da Região de Setúbal lhe manifestaram a gratidão pelo apoio que sempre lhes dispensou.
Por aqui se percebe que este seu irmão escuteiro, com tantos incentivos e com tanta matéria-prima, pouco ou nada aproveitada, decidiu conversar com o Pároco para a possibilidade da fundação de um Agrupamento de Escuteiros em Aldeia de Joanes. Verifiquei desde a primeira hora uma apatia e censura à ideia. Com um beco sem saída, em Setembro de 2005, aconselhado por um Dirigente Nacional do CNE., escrevi uma carta ao Chefe Regional da Região da Guarda, sediada na Covilhã. Nessa missiva, pedia uma análise e uma apreciação, para a fundação de um agrupamento do CNE, na Paróquia de Aldeia de Joanes, motivada pela situação geográfica desta Freguesia, aumento da população, com muitas crianças e jovens ali residentes. Solicitava uma reunião que apontava diversos locais, inclusive a sua casa, com a presença do Pároco, do Chefe Regional, do Dirigente Luís Fernando Pereira.
A Chefia Regional, pelo ofício nº 177/05 de 10 de Outubro de 2005, chega a resposta, com oportunas condições, sobre a formação de um agrupamento do CNE, «sendo a principal a aceitação do Pároco», para o qual remeteram expediente.
Terminavam a carta informando-o que «a sua proposta tinha merecido muita estima, alegria e apoio», pedindo uma reunião com o Pároco para aquele fim, que nunca se concretizou, e das cartas não lhes conheço qualquer resposta.
Passam-se dois anos sem o processo avançar e alguém com vontade de este assunto entrar no rol de total esquecimento.
Perante este impasse, algumas vezes foi abordado para se criar um grupo da AEP em Aldeia de Joanes, mas não manifestei disponibilidades, apesar de receber apoio em todos os aspetos.
Com a chegada à Diocese da Guarda de D. Manuel Felício, e já com mais apoios administrativos e técnicos, foi lançada a ideia a este Bispo, e com a sua dinâmica e esforços, a obra começou a ser desenhada.
Assim, dá os primeiros passos, esta grande escola da formação da juventude em Aldeia de Joanes. Decorre um processo de inscrição de dirigentes e elementos. Na ordem de serviço nº 566 de 31 de Outubro de 2008, está oficializado o Agrupamento em Formação de Aldeia de Joanes, que depois de formado recebe o número oficial de 1335. O sonho era uma realidade, para a felicidade de muitos jovens escuteiros, dirigentes e pais.
Em 4 de Outubro de 2008, tomou posse o Dirigente Luís Fernando Santos Pereira – 8409000607004-, o Chefe Adjunto Nuno Paulo Duarte Rocha – 7709000120001-, e foi nomeado pela competente entidade eclesiástica um Assistente do Agrupamento, o Diácono Francisco da Cruz Lambelho – 0809001335002.
No dia 30 de Maio de 2009, há três anos, com a presença do Assistente Padre José Manuel Dias Figueiredo, Chefe Regional António Bento Duarte, do Presidente da Junta de Freguesia António Albino Sousa Carvalho e do Vice-Presidente da Câmara Municipal do Fundão, Dr. Paulo Fernandes, também Escuteiro, realizou-se O Dia das Promessas, onde quem é investido nunca mais o esquece.
Começou a Cerimónia com a Investidura do Dirigente Francisco Lambelho.

Da Alcateia nº 42 do Agrupamento 1335 de Aldeia de Joanes, fizeram a sua Promessa:
Adriana Ramos Pereira, Ana Carolina Martins Carvalho, André Santos Gomes, Beatriz Barata Pereira, Beatriz Marcelo Ramos, Bruno Gonçalves Marques, Diogo Alexandre Cardona, Duarte Dias Encarnação, Duarte Gonçalves Antunes, Eduardo Miguel Trindade Saraiva, Elodie Campos Mesquita, Fernando José Mateus Marcelo, Filipe José Dinis Domingues, Gonçalo Costa Duarte, Gonçalo Nogueira Costa, Guilherme Martins Lourenço, Henrique José Morgado Duarte da Silva, Inês Maria Mota Bonifácio, Joana Gonçalves Pires, Joana Raquel Batista Veríssimo, João Miguel Patrocínio Bastos, Leonor Dinis Domingos, Margarida Freire Rodrigues, Mariana Rodrigues Lambelho, Pedro Miguel Almeida Penetra, Pedro Miguel Santos Rocha,

Investidura e promessas do Grupo Explorador nº 43:
Alexandra Nunes Roxo, Ana Carolina Morgado Duarte da Silva, André Gonçalo Batista Veríssimo, André Manuel Patrocínio Bastos, Beatriz Maria Dias Encarnação, Bruna Filipa Brito Neves, Cyril Soares Campos, Diogo Marques Pires, Eugénia Morgadinho Martins, João Diogo Cruz Ponciano, João Pedro Marques Esteves , Jorge Miguel Marques Esteves, Rodrigo Monteiro Lambelho, Manuel João Monteiro Barbosa, Marta Isabel Pinheiro Lambelho, Nuno Miguel Freire Rodrigues, Patrícia Isabel de Brito, Rodrigo Monteiro Lambelho Proença, Tiago Gonçalves Marques

Investidura e promessa de caminheiras:
Mariana Gomes da Costa

Foram todos estes heróis os primeiros obreiros, que reconheceram em Aldeia de Joanes, numa festa de partilha e amizade, que o Movimento Mundial Escutista é uma Fraternidade sem fronteiras e que ao dar os primeiros passos para essa Fraternidade, são irmãos e amigos de todos os Escuteiros do Mundo. São os servidores de Deus, da Igreja, da Pátria, do amor à Natureza.
Não ficais esquecidos, vós que tendes aqui o vosso nome gravado, ficais na História do Escutismo em Aldeia de Joanes, esperando que os mais velhos, os mais responsáveis, agarrem neste bebé de três anos a merecer todos os cuidados e atenções. Se esta pequenina criança for abandonada, ninguém tem perdão…Está ali um bom viveiro. Que todos os responsáveis alimentem a CHAMA VIVA… desta Juventude Escutista.
Parabéns a todos os Escuteiros de Agrupamento 1335 de Aldeia de Joanes. Longa e feliz vida, que os presentes e vindouros escrevem a HISTÓRIA.
António Alves Fernandes, Aldeia de Joanes

A Cáritas Portuguesa para acompanhar com a contestação de que a crise, a mal fadada crise, está a ser usada para desinvestir no combate á pobreza e à fome, reuniu-se com a Cáritas Internacional e dessa reunião saíram estes dez mandamentos, que seguidamente enuncio, para um Mundo sem fome.

– Contribui para que todas as pessoas tenham o suficiente para comer.
– Não cobices o pão do teu vizinho.
– Não guardes para ti mesmo, os alimentos que fazem falta as pessoas necessitadas.
– Honra a terra e o trabalho para combater as mudanças climáticas, para todos terem uma vida mais longa e um a Terra melhor.
– Vive de acordo com o teu próprio estilo de vida.
– Não cobices a terra e a propriedade dos teus vizinhos.
– Que a política agrária seja para reduzir a fome e não para aumentá-la.
– Toma uma atitude perante Governos corruptos e os que os seguem.
– Ajuda a evitar conflitos armados e guerras.
10º – Combate a fome de forma eficaz, através de ajuda ao desenvolvimento.
António Alves Fernandes – Membro da Cáritas Paroquial de Aldeia de Joanes

Há tempos, uma instituição bancária, numa ação louvável, realizou uma exposição pedagógica para crianças sobre as origens e a evolução da moeda através dos tempos, enfim, como se deve gastar e poupar os proventos dos seus pais.

Há tanta variedade de moeda quanto olhares sobre ela. Uns olham para o dinheiro como um bem que é necessário saber administrar, outros vêem-no como um Deus, outros como um meio que todos compra e outros, que infelizmente são milhões, nem a cor lhe vêem.
Numa amena cavaqueira, saboreando um frango de uma capoeira doméstica, que não passou pelos vistos e carimbos da ASAE, e se estava bom! A conversa descambou para o vil metal. Todos fomos de concordância unânime: o dinheiro é o maior inimigo do homem, o maior causador de desgraças.
Desfilaram imensos casos sobre histórias de dinheiros. Assim, um irmão emprestou a outro determinada quantia. Passados uns tempos o emprestador começou a ter insónias, a andar nervoso, por causa do empréstimo. Vai à casa do irmão e pede-lhe a restituição do vil metal. Este pergunta-lhe as razões desta atitude. Responde-lhe que não tem qualquer desconfiança e nem precisa dele, mas não consegue dormir, passa as noites em branco, porque todas as noites antes de dormir lhe passava as mãos, acariciando-o como uma deusa. Este tipo de gestos ou rituais à Tio Patinhas e sua simbologia, dava-lhe diariamente felicidade, relaxamento e relaxe. O dinheiro substituía a mulher…
Um dia, um familiar deu determinada quantia a um cunhado. Este, ao receber as notas, deu-lhes beijos, talvez convencido de que estava a prestar algum culto ao Santo António. O mesmo familiar também foi comprar umas saladas a uma mulherzinha que vendia hortaliças na antiga Praça do Fundão. Quando lhe pagou, a Senhora agarrou nas moedas e beijou-as, pensando porventura que estaria a beijar os Pés do Menino Jesus… Mas logo o esclareceu: beijou as moedas porque eram as primeiras que recebia após tantas horas de estátua. Que grande crise…
Também um irmão emprestou dinheiro a uma irmã para aquisição de habitação própria. Como estava habituado a dormir com o capital, fazendo do colchão o seu cofre, o que talvez lhe aquecesse as nádegas no Inverno e as arrefecesse no Verão, não descansou enquanto não equilibrou as temperaturas do seu quarto de repouso.
Dizem que um Senhor Prior se negou a Celebrar a Eucaristia próxima da sua residência, porque os honorários litúrgicos não lhe pagavam as despesas da viagem, não davam para o petróleo, e lá ficaram os pobres dos fiéis, que já sofrem com tantos desprezos e esquecimentos, sem a Ceia do Senhor.
Um vizinho, que já foi contrabandista, tendeiro e arraiano, era visita assídua destes amigos à mesa do franguinho. Nos inúmeros encontros, quase diários, o homem só falava em dinheiro, em lojas alugadas, contas bancárias recheadas, considerava-se o maior capitalista da Cidade. Estava sempre a bater na mesma tecla do piano. A música era sempre o saltitar das moedas e o contador das notas. Já começava a desafinar para quem ouvia. Os intervenientes, intoxicados com tanto metal, sentiam-se pior que um fumador inveterado sempre a tossir. Um dia, resolveram acabar com aqueles discursos económicos e monetários. Assim, foi-lhe proposto fazer o balanço das suas riquezas culturais e espirituais, porque das outras riquezas já estavam mais do que esclarecidos.
– Diga-nos lá quem foi Mozart e o Profeta Isaías?
– Mozer e Isaías? Bem, penso que foram jogadores do Benfica.
– E o Rei Salomão?
– Bem, esse foi jogador do Sporting, mas está emprestado.
– E Eugénio de Andrade, que tem o nome da avenida onde você mora?
– Bem, esse gajo deve ter sido um homem importante para ter uma avenida. Parece-me que é cá destes sítios, mas eu nunca o vi aqui a trabalhar.
Perante tão desastradas respostas e ignorância reveladora, disseram-lhe que era a pessoa mais pobre que já conheceram, apesar de ter uma tulha de dinheiro. Andou um ano sem lhes falar, mas já reataram o convívio e nunca mais lhes falou no metal.
Quando surgiu o euro, um Sr. Prior, no alto do seu púlpito, queixava-se que na saca das esmolas só apareciam moedas pretas e muitas eram pequenas demais.
Uns adolescentes encontraram caídas umas moedas amarelinhas como o ouro e ficaram deslumbrantes com tão precioso achado. Esconderam-nas nos bolsos e mantiveram-se caladinhos, não fosse o diabo tecê-las e serem roubados. Passados uns tempos tinham derretido. Ficaram sem as moedas e nem sequer comeram o chocolate. Por um lado ainda bem, porque podiam apanhar uma diarreia inflacionária.
Há anos (hoje não há tempo, nem vontade) havia o hábito de levar o Cristo Ressuscitado às casas dos paroquianos na Páscoa. Na Zona da Covilhã era obrigatório dar uma nota de Santo António ou uma galinha. Dadas as grandes dificuldades das populações, não era fácil pagar esta imposição, e muitas pessoas sentiam-se na necessidade de pedir uma ou outra coisa emprestada. O sacristão, vendo o número de galinhas crescer na capoeira do Pároco e quase vazia a sua, arranjava artimanha de dar uma picadela na cabeça dos galináceos, que ficavam meio tontos, e quando avistava o ”Padre do Galinheiro”, sorria para o Cristo Ressuscitado e lamentava-se de não ter nota e as galinhas terem malina. Mal o Padre se apercebia da “doença “, o sacristão escolhia as mais robustas das e tirava-lhes logo bilhete para o seu capoeiro e uma ia direitinha para a panela da cozinha.
Há muitos outros casos cómicos, pois o dinheiro, ao corromper os homens, torna-se numa fonte de humor. Como aquele funcionário avarento, que queria que lhe pagassem num dia vinte e cinco horas de trabalho extraordinário, e ninguém o convencia que os dias só têm vinte e quatro horas.
Como alguém escreveu amar o dinheiro é a causa de metade dos problemas do Mundo, a falta dele é a outra causa.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Jesus Cristo, ao denominar-se «EU SOU O BOM PASTOR», encontrou umas das melhores definições para os seus conterrâneos, que conheciam bem os ambientes rurais e pastoris.

Quem já visitou as Catacumbas de Roma, lá encontra um ícone do Bom Pastor. Esta imagem transfere-nos para a missão sacerdotal.
O Papa Bento XVI insiste no celibato e recusa a ordenação de mulheres. Entendo que terão de se dar passos para inverter esta situação, porque até ao Concílio de Trento os Padres eram casados. São Pedro, um dos primeiros Apóstolos e o primeiro Papa, tinha família, era casado. Um dos milagres que Jesus Cristo realizou foi a cura da sua sogra. Quanto à ordenação de mulheres, parecem verificar-se razões impeditivas teológicas, mas numa sociedade moderna, em que a mulher desempenha todas as profissões (a minha mulher foi durante muitos anos diretora de um Estabelecimento Prisional), tem que se acabar com esta discriminação. Conheço mulheres a desempenhar funções de chefia e direção muito mais competentes que muitos homens. Acredito plenamente que a MULHER ainda terá o seu lugar no presbitério da Igreja, próprio, equilibrado, sensato, persistente, com a missão do grande amor de MÃE.
A Igreja Católica Portuguesa tem três mil e trezentos padres nos diversos serviços paroquiais e outros. No ano passado morreram cento e doze padres e só foram ordenados trinta e um, portanto um quarto dos que faleceram. Um terço tem mais de setenta anos e a idade média dos padres portugueses é de sessenta anos. Um presbitério envelhecido e gasto.
O Papa manda algumas farpas dizendo que não anunciamos teorias, nem opiniões privadas, mas a Fé da Igreja da qual somos servidores. E se não chegarem ou acabarem os servidores?
Alguns bispos dão alguns recados, assim o Cardeal Patriarca afirma que há a tentação de apresentar perspectivas e visões pessoais em vez de proclamar a Fé da Igreja.
O Bispo de Braga aponta as sete maravilhas da Igreja: a fé, a pobreza, o celibato, a alegria, a oração, a obediência e a unidade. Será que é isto que vemos no nosso presbiterado?
O Bispo de Leiria e Fátima diz que o sacerdócio é um sacramento social e apela a todos os sacerdotes para abandonarem as sacristias e irem ao encontro do mundo, optando por uma Nova Evangelização, que contrarie o eclipse de Deus e que atinja a sociedade. Concordo plenamente com esta mensagem. Quem dará passos em frente?
D. Clemente, Bispo do Porto, lembra que os pobres esperam respostas da Igreja e faz duras críticas à legislação, principalmente no sector da família e da procriação. Nos últimos anos com a lei do aborto foram feitos sessenta mil em Portuga, não se sabendo dos clandestinos.
O Bispo da Guarda, apelou aos sacerdotes para ajudarem os outros a escutarem o apelo de Jesus às vocações sacerdotais, o grande sofrimento da Igreja de hoje. Pediu-lhes para serem homens de acolhimento, o rosto acolhedor de Jesus Cristo, voltado para todas as pessoas sem exceção, o nosso ministério tem de promover a proximidade. Será que todos ouviram esta mensagem?
Na Páscoa, o Domingo do Bom Pastor, Pedem-nos para rezarmos a Deus, para que esse Dia Mundial das Vocações dê à Sua Igreja muitas e santas vocações sacerdotais e religiosas. A este propósito lembrei-me de uma situação de queixumes e lamúrias da parte de voluntários e voluntárias da pastoral prisional. Num encontro em Fátima lamentavam a falta de assistentes religiosos. O responsável Padre Dâmaso Lamber inquiriu todos os presentes e ninguém mandou o seu ou os seus filhos para o Seminário… e não estavam interessados para os mandarem frequentar no futuro.
Sei que no Distrito de Castelo Branco temos um Diácono, a desempenhar e bem essas funções, no sistema prisional.
Com os Seminários vazios ou quase vazios, há que encontrar alternativas. Já Camões avisava que todo o mundo é feito de mudança e mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
Os Bispos reuniram-se no Concílio de Trento e entenderam que deviam ter padres mais cultos e então criaram os Seminários para a sua formação. Sei por experiência própria a ação importante que tiveram na sociedade portuguesa. E hoje? Ainda se justificam? Porque é que os leigos não desempenham tantas missões no ministério da Igreja? Não seria importante concretizarem-se esforços para dar continuidade ao Concílio Vaticano II, que este ano comemoramos o seu cinquentenário?
Este tema dava para escrever um livro. Este texto é uma simples reflexão sobre o significado de um Bom Pastor. No meu modesto entender deve ser UM COMPANHEIRO DOS HOMENS NA FÉ.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Vivi e trabalhei mais de um quarto de século na harmoniosa, acolhedora e plana cidade fundada pelos Templários. Assim, criaram-se e cimentaram-se amizades, por cada esquina ou rua encontram-se amigos e conhecidos.

Com o cordão umbilical ligado a esses factos e às ex-actividades profissionais, que foram também de missão, quase todas as semanas me desloco de Aldeia de Joanes (Fundão) até Castelo Branco. É uma visita de efemérides, de recordações, uma romagem de saudade.
Não é possível esquecer a cidade onde nascem os nossos filhos e crescem com todas as valências sociais, religiosas, culturais, educativas e de tempos livres, num crescimento total.
Na última semana de Março, num dia de calor fora do normal para a época, com a pluviosidade ausente há muitos meses, e com preces para que chegue mais depressa à nossa moribunda agricultura, desloco-me à capital do distrito.
Logo que chego vou à Padaria para os lados dos Três Globos, que fabrica um pão de água gostoso e guloso e muita doçaria.
No caminho para o Oculista, a fim de resolver um aperto dos óculos, vejo em várias montras do comércio local um logotipo interessante, comemorativo do centésimo aniversário da Associação Industrial e Comercial de Castelo Branco, e concordo plenamente com o letreiro: «se não quer que o seu dinheiro vá para o Estrangeiro, faça as compras no comércio de proximidade».
Encontro no seu posto de trabalho uma Mulher, amiga, esposa e mãe. Está bonita! Com o pensamento nestes tempos quaresmais fez a sua Via Dolorosa. Há tempos, de um dia para o outro, foi-lhe diagnosticado um cancro. Começou a sua Via Cruxis. Diz-me: «naquele momento, estremeci, fiquei baralhada, revoltada. Passei por todos os tratamentos, foram meses infindáveis de sofrimento, de dor a vários níveis. Posso dizer que tive duas vidas: uma antes do cancro e outra depois. Agora abro a janela a cada manhã, com um profundo sentimento de gratidão, por mais um dia! Regressei definitivamente ao meu trabalho, rejuvenesci, cresceu-me o cabelo, estou elegante». E continua com as suas palavras de fé e esperança: «parece um absurdo, mas hoje posso dizer que o cancro fez com que a minha vida ganhasse um sentido completamente novo. Aprendi a dar mais sentido à vida e principalmente a Deus». Abençoada conversa com esta mulher, que ultrapassou as fronteiras do sofrimento, da dor, do desespero e da revolta. Hoje é uma MULHER NOVA, numa Páscoa que liturgicamente está a chegar.
Propus-lhe que falasse com uma familiar, também a sofrer destes problemas, para lhe transmitir palavras de esperança e de futuro, mas não estava do outro lado da linha telefónica.
Cruzo-me com um dos mais engenhosos serralheiros mecânicos do mundo, que a descolonização «exemplar», eu direi vergonhosa, forçou a sair de Angola e a regressar às suas origens – Castelo Branco. Está revoltado por tudo o que se passa na área política e sente-se injustiçado por todos os motivos. Recordei-lhe a arte de tocar harmónio com o nariz, esclarecendo-me que foi vocalista com a irmã Laurinda Silva e com Marco Teixeira na Orquestra Típica Albicastrense, fundada em 1957 pela Acordeonista Eugénia Lima em colaboração com um grupo de Albicastrenses.
Dirijo-me à Moderna Biblioteca, sita no antigo Quartel de Cavalaria, onde o meu conterrâneo Padre Carlos Moita Leal foi Capelão Militar. Antes piso as lajes graníticas gastas na porta de armas. Ali, bem preservada, lá se encontra uma colecção valiosa de painéis da azulejaria portuguesa, que aconselho uma visita, com temática militar: a marcha de guerra, o volteiro, posto à cossaca, teoria, limpeza dos solípedes, juramento de bandeira e licenciamento.
Na Biblioteca Municipal encontro os leitores assíduos. É o lugar por excelência onde todos tomamos conhecimento das últimas notícias e colocamos a leitura em dia.
Regresso ao Fundão com saudades de voltar sempre à Cidade dos Monges ou Guerreiros Templários, que nas ameias do Castelo andavam vestidos de branco.
António Alves FernandesAldeia de Joanes

Comemoram-se este ano os cinquenta anos da fundação do Agrupamento 160 do CNE na cidade albicastrense. As suas origens remontam aos anos 1957/58, em que D. Agostinho de Moura quis que o Escutismo fosse uma realidade em Castelo Branco.

A semente foi o Clan S. Miguel, a funcionar no Seminário Maior de Portalegre, de que faziam parte três jovens seminaristas José Dias da Costa, Luís Moreira Armando e João Ribeiro. Assim, Acácio da Silva Meira Rosado, Arnaldo Vieira, Maria Teresa Cardoso Salema, Mila Rosado, Joaquim de Sousa Castanheira, Padre João de Deus e Maria Graciete Santos Quintas, lançaram 1962 mãos à obra escutista e fundaram o escutismo em Castelo Branco, oficializado nos Serviços Centrais na O. S. nº 222, funcionando como sede no Arco do Bispo na sede da J.OC., e mais tarde na Rua Ruivo Godinho. Mais tarde passou para o edifício onde hoje funciona o Conservatório Regional de Música. Estava criada esta grande escola da vida com os valores do Escutismo e da Igreja para a juventude albicastrense.
No dia 14 de Abril na Biblioteca Municipal decorreu uma sessão comemorativa desta efeméride com dois momentos importantes: a inauguração no átrio da mesma de uma exposição sob o lema «AO ENCONTRO DA HISTÓRIA… RUMO AO CENTENÁRIO», e uma palestra do Chefe João Aramando, Membro do Comité Mundial do Escutismo, sobre o «ESCUTISMO SÉCULO XXI», tendo como moderador o Dr. José Pires, também escuteiro do Agrupamento de Castelo Branco.
Com o auditório da Biblioteca repleta de escuteiros, familiares e amigos, abriu a sessão o Chefe do Agrupamento José dos Santos Mendes que saudou todos os presentes, prestou homenagem aos dirigentes e escuteiros da atualidade, os que passaram por esta instituição, sem esquecer aqueles que já estão no eterno acampamento. Esta Escola de valores que é o escutismo merece que a cidade de Castelo Branco tem de apoiar, para bem da sua juventude.
O conferencista o dirigente João Armando pretendeu partilhar reflexões, para passar um pouco para os desafios do Escutismo no Século XXI. Já somos Escuteiros deste século. Lança algumas perguntas. Como éramos há vinte anos atrás? O Escutismo esteve sempre ligado à sociedade. É perigoso falar sobre o Escutismo neste século. O mundo mudou…e muito. Aqui aponto as mudanças:
Acesso à informação – o maior desafio que nos é apresentado é selecionar a informação. Temos de ajudar os mais novos a escolher a qualidade da informação. Hoje o acesso é imediato. Deve fazer-nos pensar.
Novas formas de comunicação – Hoje estamos ligados a todos. Hoje não estamos a falar sozinhos.Com os SMS, mails, telemóveis. Estamos em rede.
Novas formas de relacionamento – Não estamos sozinhos. Hoje temos muitos “ amigos” e partilhamos com eles muitas coisas.
Acesso aos recursos – Parece um paradoxo com a crise com que vivemos, mas sabemos a oportunidade de recursos que existem e se aproveitam.
Crescente mobilidade – Sabemos a deslocação que se verifica com as pessoas pelos mais diversos motivos. Vejam o que é isto em termos escutistas. Antes estávamos fechados e não passávamos de Badajoz. E hoje? Vejam os fluxos migratórios no nosso País, na Europa, no Mundo.
Sociedades multiculturais – hoje no nosso ensino há nas turmas alunos de várias nacionalidades. O Escutismo tem de repensar o seu oferecimento. Esta “ mistura “ podem trazer grandes benefícios para a Escola Escutista.
Mudanças demográficas – no Ocidente cada vez mais envelhecido. Em África, Ásia nascem mais pessoas. Portugal é o segundo país do mundo com menos natalidade. Não vamos ter crianças e dirigentes «velhos», na idade.
Novas formas de trabalho e organização – no século passado víamos a divisão de trabalho as hierarquias chefias. Hoje, as normas são diferentes com as novas tecnologias. Estão em mudança as relações laborais.
No CNE. Estamos habituados a uma organização com fluxos verticais de pedir ao outro. Algo terá de ser mudado. Ginasticar com novas formas de pensar e de nos organizarmos uns com os outros.
Oportunidades internacionais – todos conhecem os esquemas de voluntariado, Erasmus, oferta e troca de vivências esporádicas de turismo.
Globalização – cada vez mais estamos ligados aos sectores políticos, económicos, sociais e ambientais e naturais.
O mundo amanhã como será? Como será daqui a cinquenta anos? Como estará o Escutismo posicionado?
O futuro do escutismo passa por:
Valorizar experiências com significado.
Consciência coletiva de um mundo melhor – fazer parte da grande família, cuidarmos do local onde habitamos, a boa ação, seguida por outras ações.
Organização – que as pessoas se sintam bem no seu processo de desenvolvimento.
Tribos – em mantas de retalhos, no encontro do bem comum. Organização em grupos e na defesa dos seus interesses. Saber «cozer» esses retalhos.
A missão e o peso – das mulheres que vão aumentar o seu número na sociedade, e no escutismo são em maior número que os homens. É interessante e importante pensar neste facto para olhar para o futuro.
Que escutismo amanhã? – Apresento um caleidoscópio que passa por reforçar os propósitos educativos, centrar a atenção pedagógica a nível local, responder às exigências da própria multiculturalidade, equilíbrio entre a tradição e renovação, sentido vivencial da pedagogia escutista, reforçar realidades extra escutistas e diversificar a presença dos adultos.
Os sinais do futuro estão na missão educativa, ambiente de aprendizagem, experiência intensa (hard skills et softskills), espaço de liberdade e aventura, um ponto de encontro de amigos, mais global, mais internacional, mais urbano, adaptação aos diferentes «tubos» de digital, mais colaborativo e aberto e uma organização mais «plana», isto é o retorno do perfil do movimento, menos burocracias, nível local ao mundial, uso a fundo das tecnologias na comunicação, formação, entrada na era
Seguiu-se um debate vivo, com perguntas por parte dos jovens escuteiros e as respostas do conferencista sobre esta temática.
Era final de tarde quando abandonei as instalações da Biblioteca Municipal de Castelo Branco, sentindo-me muito feliz por ali ter estado. Dei o último olhar pela enriquecedora e histórica exposição, que aconselho uma visita. Vieram-me à memória tantos momentos felizes vividos, quando admirei as fotografias dos meus dois filhos quando no espaço da Senhora de Mercules,
Fizeram as suas Promessas de Lobitos, dos acampamentos, dos convívios, da amizade dos dirigentes como o Chefe Arnaldo, Félix, Mendes, Armindo, Fátima (Fatuxa), e a Chefe Etelvira, e tantos outros, que com os seus ensinamentos escutistas, os meus filhos aprenderam valores cívicos, de amor à natureza que nunca mais esqueceram. Nesta hora vai a minha gratidão para estes homens e mulheres que gratuitamente colaboraram e colaboram na formação global dos jovens albicastrenses e lhes apontavam e indicam caminhos de fé, de solidariedade, de verdade, de justiça e de amor à natureza.
PARABÉNS AO AGRUPAMENTO 160 DO CNE DE CASTELO BRANCO.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Um punhado de cidadãos de Alpedrinha sob a dinamização de Barata Roxo, foi feita homenagem a Zeca Afonso – a voz da utopia não morre, como escreveu o Jornal do Fundão. No dia 14 de Abril numa Adega na Zona Histórica do Cardeal Jorge da Costa, um grupo de amigos proporcionou uma tertúlia cultural sobre o criador das Baladas.


De uma forma informal Barata Roxo deu inicio à sessão agradecendo a presença de todos os presentes que enchiam por completo o espaço daquela Adega Tradicional. Espaço que o Zeca Afonso escolheria, porque gostava de atual em coletividades populares, de pescadores e operários, em convívios fraternos, em Tabernas… Deu a palavra ao Jornalista Fernando Paulouro Neves, que referiu que a música do Zeca está perfeitamente atualizada. Se recorrermos às letras das Baladas «os Vampiros, o Menino do Bairro Negro, No Lago Breu ou Balada do Novo Dia», estão completamente atuais, neste contexto social e político. Estão outra vez na moda porque a sua mensagem musical e poética passou para as juventudes dos nossos dias. As suas canções são um património de liberdade. Teve a capacidade e a disponibilidade para entender o tempo histórico que era o dele e que está atual. A sua obra é soberba de carater e com grande carga de compromissos. Ele cantava as liberdades e os seus poemas não precisam de datas.
A Dr.ª Maria Antonieta Garcia fez um testemunho de convivência pessoal com este trovador em Belmonte e principalmente no ensino na cidade e acompanhamento das suas atuações em muitas coletividades e grupos desportivos populares e no Centro Cultural de Setúbal, que ainda hoje existe. No ensino preocupava-se muito com os estudantes pobres e nunca se preocupava com os honorários das suas atuações, não vivia para o dinheiro.
Também falou sobre as suas músicas, que nos inventava os filhos da madrugada, abrindo portas de liberdade, sofreu com as notícias de soldadinhos que não voltavam, de meninas de olhos tristes, de exílios, de prisões, de fome…. Ajudou os presos políticos e chegou a ter casa em Monsanto para se fosse necessário se refugiar e passar mais facilmente para Espanha. A viagem da vida parou cedo e «já não volto à Beira».
António Alves Fernandes, leu um texto escrito pelo seu irmão Ezequiel Alves Fernandes, que em 1969, na Turma do 2º R do Ciclo Preparatório da Escola das Areias em Setúbal foi aluno do Professor de História Dr. José Afonso. Dizia aos alunos de uma Turma problemática, com muitos repetentes, com idades dos doze aos dezassete anos, alunos de bairro de lata, subnutridos, que «a História que vou ensinar é contada pelos Homens do Mar, sentida nos Lugares e vivida pelos Povos, que fazem a História».
Se este não fosse um País de labregos, com colossal desonestidade, que medram em asfixia mediocridade de cariz inquisitorial, provavelmente o País respirava a Obra Humana, Intelectual, Musical e Poética de Zeca Afonso.
Nesta ação cultural foram declamados poemas e cantadas baladas de Zeca Afonso. Um grupo musical do Fundão composto pelos dois irmãos Freires, por Adelino e a sua jovem filha, fecharam com chave de ouro esta tertúlia de um punhado de amigos.
Á meia-noite os presentes unidos, cantaram a senha, o hino que tem o nome de «Grândola, Vila Morena».
Em cada rosto respirava felicidade, fraternidade e igualdade…
Parabéns a este punhado de cidadãos que tiveram memória, que recordaram o Trovador do Povo.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

No primeiro de Maio concretizou-se um desejo das gentes do Concelho do Sabugal, que por diversos motivos, principalmente profissionais, residem no Fundão.

Reuniram-se no Restaurante «O Fernandes» mais de meia centena de aderentes a esta feliz jornada de confraternização, com o objetivo de vivências comuns. Ali estiveram gentes do Sabugal, Valongo do Coa, Vila do Touro, Alfaiates, Bendada, Casteleiro, Quadrazais, Foios, Rapoula do Coa, Ozendo, Aldeia da Ribeira, Aldeia da Ponte, Santo Estêvão, Rebelhos, Rebolosa, Forcalhos, Bismula, Soito e uma ou outra que a memória me atraiçoa.
Contámos com a presença do Dr. Paulo Fernandes, Presidente da Câmara Municipal do Fundão, com raízes no Concelho do Sabugal, que falou sobre as dificuldades sentidas pelos nossos avós e pais, fazendo-os emigrar. Deixou uma mensagem de esperança e de cada um contribuir dentro das suas capacidades, para potenciar as inúmeras qualidades que estas terras têm.
Um dos organizadores, António Vicente Leal, natural da Bendada, realçou o significado deste encontro num estreitar de laços fraternos e para nos conhecermos melhor.
O Ezequiel Alves Fernandes, apresentou em Power-point, um documentário, onde percorreu o Concelho do Sabugal na vertente histórica, salientando os monumentais, Castelos do Sabugal, Vilar Maior, Sortelha, o Convento de Sacaparte, as Pontes de Sequeiros, e Vilar Maior. Nos aspetos culturais a Capeia Arraiana, a religiosidade das Festas que celebram a Padroeira, as Irmandades, com destaque para a de São Sebastião da Bismula, as festividades do Natal, Semana Santa e Entrudo.
Não esquecendo o grande rio Côa, a Serra da Malcata, e toda a mater naturam. No sector gastronómico realce dos enchidos, o célebre bucho, as trutas, o cabrito, os queijos, o mel e os produtos artesanais.
As quadras e metáforas inseridas, foram recolhidas das Obras Literárias do Dr. Manuel Leal Freire, e as fotografias da autoria de Francisco Monteiro, Ezequiel Fernandes e João Fernandes. Fechou-se com chave de oiro este I Encontro, ao som da canção do Adeus…
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

«Um Santo é alguém que apesar dos limites e defeitos, vive plenamente a Vida de Deus»; Comissão da Causa da Canonização.

Há muito que andava com o desejo de fazer um texto sobre o Santo Padre Cruz – Padre Francisco Rodrigues da Cruz, que nasceu em 29/7/1859, na Vila de Alcochete, no Distrito de Setúbal. Esta vontade está alicerçada nas muitas conversas que os meus saudosos Pais Bismulenses – José Maria Fernandes Monteiro e Maria da Piedade Alves Lavajo – entabulavam sobre a vida deste Homem e Padre, que conheceram nas décadas de sessenta do século passado, e a quem se confessaram, tendo por ele uma devoção muito especial. A minha Mãe tinha na sua mesinha de cabeceira uma pequena imagem do Santo Padre Cruz, pedindo-lhe a sua protecção, inclusive para o seu Clube, o Clube da nossa família – O Vitória de Setúbal. Infelizmente, nem sempre o Padre Cruz ouviu as suas orações, mas a minha Mãe explicava-me que a culpa era dos jogadores, que em frente ao guarda-redes e sozinhos falhavam os golos escandalosamente. E tinha muita razão…
Fez os estudos secundários em Lisboa e o Curso de Teologia na Universidade de Coimbra. Aos vinte e três anos foi ordenado sacerdote. Torna-se director do Colégio dos Órfãos de Braga, Director Espiritual de S. Vicente de Fora e Professor de Filosofia no Seminário de Santarém, que por motivos de saúde teve de abandonar.
Em Dezembro de 1940 entrou na Companhia de Jesus e em 1942 visitou a Madeira e os Açores.
Um dia fui cortar o cabelo no Fundão, dando conhecimento ao barbeiro da minha intenção de escrever sobre o Padre Cruz. Este olhou para mim, fixou-me e disse-me: «eu ajudei muitas vezes na missa em Alpedrinha o Santo Padre Cruz, que visitava regularmente a nossa histórica Vila». Joaquim Mendes Caldeira, Barbeiro há mais de cinquenta anos, na Praça do Município do Fundão e o seu conterrâneo Doutor António Ribeiro, ex-Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alpedrinha, foram acólitos e seus acompanhantes.
Devo a estes dois senhores as pistas que me deram para basear todo este texto, pois viveram de perto todas estas vicissitudes, o que lhes confere uma importante credibilidade. Seria bom o poder local dar maior visibilidade a estes factos, com uma maior investigação, e gravar o seu nome na toponímia de Alpedrinha, ou outro gesto que perpetue a sua memória.
O Padre Cruz tinha em Alpedrinha um grande amigo, Alexandre Inácio, notário em Benavente.
Chegava a Alpedrinha através da via ferroviária e subia a pé com o breviário, o terço, uma malinha, vestido com a sotaina e o seu chapéu, numa modéstia total.
Celebrava a Eucaristia na Igreja Matriz, no altar lateral de Nossa Senhora de Fátima, sempre com a presença da população de Alpedrinha. Muitas vezes visitava os doentes do Hospital da Misericórdia de Alpedrinha sob a orientação das Irmãs Hospitaleiras Franciscanas, hoje o Lar da Terceira Idade.
Estes dois acólitos muitas vezes o acompanharam à Estação de Caminho de Ferro de Alpedrinha. Numa das vindas, o Santo Padre Cruz demorou mais tempo que o previsto com os «seus doentes», como ele costumava dizer e o horário do comboio já lá ia. Todos estavam preocupados, mas o Padre cruz sossegou-os: «o comboio não sai da estação de Alpedrinha sem eu chegar». Conseguiu-se que o único automóvel de Alpedrinha fosse colocado à sua disposição e lá partiram. A verdade é que o comboio lá estava parado, sem se saber as razões deste facto, com grande descontentamento geral e sem explicação, e só começou a sua marcha a caminho de Lisboa, quando o Padre Cruz subiu para uma carruagem, sendo saudado por todos os passageiros que o reconheceram e admiraram a sua santidade. Todos diziam que tinha sido um milagre.
Todos nós sabemos que este sacerdote se dedicou totalmente a visitar doentes, reclusos, pessoas marginalizadas e carenciadas. Hoje fala-se muito na caridade e talvez se pratique pouco. Este simples, humilde e pobre Padre, é uma referência moral e cristã, sobretudo para todos aqueles que têm responsabilidades litúrgicas e não só… Este grande discípulo do Santo Cura de Ars, conduziu a sua missão ímpar, ultrapassando todas as fronteiras e colocando o homem no centro do mundo.
Infelizmente muitas vezes me desloco ao Cemitério de Benfica em Lisboa para me despedir de familiares e amigos. Nunca deixo de rezar junto ao seu mausoléu, onde há sempre pessoas a perpetuar a sua memória. É possível que qualquer dia o festejemos nos altares, porque a vida das pessoas já o santificou.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

O Padre Manuel Joaquim Martins nasceu nos primórdios da Primavera de 1939, na Freguesia da Bismula. Os seus Pais viviam junto à Igreja Matriz, que mais tarde foi destruída, reconstruindo a actual, sem qualquer espólio patrimonial e religiosos da anterior, a não ser o aproveitamento das suas pedras.

Seu Pai, Manuel Martins Salgueira, participou no Contingente Militar Português na I Grande Guerra de 1914 em Flandres – França. Ali sofreu as agruras de uma guerra injusta e desumana, regressando são e salvo à sua Bismula, onde casa com Rita Martins. Desta união conjugal nascem duas raparigas e cinco rapazes. O trabalho agrícola era árduo, sem horários, sem férias, sem subsídios, e assim sobreviviam, como a maioria dos habitantes bismulenses.
O seu filho Manuel Joaquim Martins, feito o exame da 4ª Classe no Sabugal, como ordenavam as normas escolares, vai trabalhar nas fainas agrícolas. Os Pais por motivos económicos não o deixaram ir para o Seminário. Porém, com o apoio dos seus conterrâneos, Padre Carlos Leal Moita, do Padre José Eduardo Videira e da sua Tia Célia Martins, Religiosa das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, os Pais autorizam-no a ir fazer as provas de admissão ao Seminário do Fundão, onde está seis anos. Ingressa de seguida no Seminário Maior da Guarda, onde durante quatro anos frequenta o Curso de Filosofia e Teologia chegando ao Presbitério.
A Ordenação Sacerdotal decorre no dia 19 de Agosto de 1962, na Histórica Vila de Trancoso. Segue-se a celebração da Missa Nova, em 26 daquele mês, na sua Terra Natal – a Bismula, que contou com a anuência e adesão de todo o povo bismulense. Foi seu padrinho o bismulense, Dr. Manuel Leal Freire e Esposa.
Inicia a sua caminhada de Pároco, como Coadjutor da Sé da Guarda, auxiliando o Padre Isidro. Seguem-se as Paróquias de Vilares e Carnicães do Arciprestado de Trancoso. Tive a oportunidade de num Verão o visitar e conviver, acompanhando-o numa velha mota, que passava por caminhos quase intransponíveis, em missão apostólica. Era um padre simples, humilde, muito próximo do povo, preocupado e atento às pessoas e dinâmico com a juventude. Tinha tido um grande mestre, o Padre Ezequiel Augusto Marcos, Pároco na Bismula, que lhe legou importantes ensinamentos e os colocou ao serviço do seu trabalho sacerdotal.
Uma terrível doença atirou-o para o Sanatório Sousa Martins na Cidade da Guarda, Unidade Hospitalar inaugurada com pompa e circunstância pelo Rei D. Carlos I e a Rainha D. Amélia, onde permaneceu vinte meses. Apesar de doente, aproveitou este facto para fazer apostolado junto dos outros doentes. Só um doente sabe e compreende melhor a dor e o sofrimento do seu próximo. Assim, junto dos seus companheiros doentes presta-lhes assistência espiritual e humana, ajuda-os a ter esperança, estimula-os, anima-os, mentaliza-os para terem fé, a acreditar na Primavera da Vida, em dias de sol e de felicidade. Todos o escutam, todos verificam que é um Padre com uma mensagem evangélica. A receptividade a estas verdades ajudam aqueles doentes a vencer obstáculos, os malefícios físicos, psíquicos e outros de uma malvada doença: a tuberculose.
Recuperado totalmente, são-lhe atribuídas as Paróquias de Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo, do Arciprestado do Fundão. Não dispõe de Casa Paroquial, mas graças ao seu dinamismo e com o apoio dos seus paroquianos é-lhe construída uma habitação com toda a dignidade, junto à Igreja Matriz de Aldeia de Joanes. Também é da sua iniciativa, com o apoio da Paróquia de Aldeia de Joanes, que numa Missa Campal e Primeira Comunhão de Crianças, naquela Zona Rural, preparadas pela Catequista Maria Manuela Marques Bernardo, se decidiu fazer-se ali uma Capela. João Franco Diamantino e Teresa Brito Nogueira ofertaram o terreno e uma Comissão começou a recolher donativos para a construção nas Quintas de S. José, da actual Capela com o mesmo nome, onde celebrava a Eucaristia e se ensinava a Catequese. Fez obras de restauro na Igreja Matriz de Aldeia de Joanes, sem ajudas oficiais.
Converso com muitas pessoas que eram jovens, quando o Padre Manuel Joaquim Martins foi Pároco nestas Paróquias, durante dezasseis anos. Falo com muitas pessoas que com ele trabalharam durante os dez anos de Assistente do Agrupamento 120 do Corpo Nacional de Escuteiros do Fundão. Tenho trocado impressões com ex-colegas professores e ex-alunos e alunas da Escola Secundária do Fundão. Dizem-me que estava sempre próximo de todos, a sua casa sempre aberta para receber, para dar conselhos, dar uma palavra amiga, resolver os problemas das Paróquias, e não esquecia os jovens paroquianos em serviço militar, com quem trocava correspondência, e, chegados do Ultramar, visitava-os e contava com eles na sua missão evangélica.
No acompanhamento com os jovens apontava-lhes os valores do Evangelho, e, com eles celebrava todos os Sábados, na Igreja Matriz do Fundão, uma Eucaristia muito participativa com centenas de rapazes e raparigas. Em Aldeia Nova do Cabo celebrou uma Eucaristia com instrumentos musicais com os jovens que foi pioneira na Diocese da Guarda.
Do Fundão parte para a Zona Pastoral de Trancoso e um novo desafio lhe é colocado com a atribuição de outras Paróquias tendo Freches no centro da sua actividade Prebisteral. Dá aulas em Trancoso, Celorico da Beira e em Vila Franca das Naves. Actualmente é Pároco de Vila Franca das Naves, Póvoa do Concelho, V. Mouro e Feital.
O Padre Manuel Joaquim Martins foi um agente cultural, social e religioso, porque teve responsabilidades públicas e esteve sempre mais interessado, em alguma coisa, do que em ele próprio.
Com quarenta e nove anos de serviços às comunidades cristãs, este Bismulense, tem honrado a sua Terra Natal – a Bismula – e a Igreja de que é um simples servidor. Trabalhou sempre nos projectos que Jesus Cristo indicou nos seus Evangelhos.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Vivemos o Tempo Quaresmal. O espaço de preparação para a Grande, a Maior Festa da Igreja – A Ressurreição de Jesus Cristo. S. Paulo, numa das suas Cartas, avisa-nos que «se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação e vã a nossa fé…».

Regresso às minhas memórias e recordo as manifestações e vivências desses Tempos Quaresmais e Pascais. Viviam-se, com total participação, as Procissões dos Passos, os Jejuns e Abstinências, as Músicas e os Cânticos Quaresmais. Havia também um respeito pelo silêncio, retirando-se o barulho aos sinos e saíam para a rua as matracas. Sentia-se e respirava-se a religiosidade.
Com a dinâmica, liderança, força, fé e sentido de missão do Pároco da minha aldeia (Bismula), o Padre Ezequiel Augusto Marcos, nunca mais esqueci a Via Crucis, onde toda a comunidade bismulense participou. Foi a melhor lição de Catequese que vivi. A Via Sacra era uma oração diária durante a Quaresma, com a participação ativa do pároco, dos movimentos da catequese, da ação católica, da irmandade e outros.
Hoje, na maioria das Paróquias, esta oração é uma efeméride longínqua e quase desconhecida, embora em todas as nossas igrejas estejam bem expressas as imagens ou retratos do Caminho do Calvário de Jesus Cristo. Sei que o analfabetismo religioso é grande e muitos não sabem o que representam aqueles quadros. Neste deserto de indiferença, salvaguardo o Agrupamento 1335, do CNE, de Aldeia de Joanes, que por iniciativa própria, vai organizar uma oração de Via Sacra, nesta comunidade paroquial, um ato e exceção única, que será na noite de 4 de Abril.
Neste Caminho do Gólgota, muitos fogem ou se escondem, mas também muitos ficam e o seguem, com olhos de fé na construção dos projetos de Deus, no projeto da sua salvação.
Com estes últimos, vou caminhar e partilhar a Via Sacra, parando e refletindo em cada uma das catorze estações.
Na primeira estação – Jesus é condenado à Morte – seria importante que cada um de nós O visse e corrigisse a injustiça do seu Julgamento. Muitos cristãos, ainda hoje, pela sua fé, são condenados à morte.
Na segunda estação – Jesus toma a Cruz aos Ombros – vejo a vida de muitos cristãos, que suportam a cruz do desemprego, da exclusão social, das incompreensões, das perseguições, dos ultrajes, e outras tropelias.
Na terceira estação – Jesus cai pela Primeira Vez – sinto as quedas que todos nós damos e assim verificamos as nossas fragilidades humanas. Quem cai é alguém que desfalece, não deve ficar sozinho.
Na quarta estação – Jesus encontra sua Mãe – lembrei-me da minha lição de Domingo, na Catequese, «Ele é o Senhor da Vida», e da oração de S. Maximiliano Kolbe: «Mãe Santíssima, por vosso amor, eu me ofereço neste duro cárcere de Auschwitz, mesmo que aos outros seja concedido voltarem para casa. Permanecerei esquecido e desposado a sofrer por Vós. Ofereço-me a Vós, Maria, para que encontre a morte neste campo de concentração no meio de homens hostis e indiferentes.»
Na quinta estação – Jesus é ajudado por Simão de Cirene – apercebi-me que é difícil partilhar, dar e disponibilizar as nossas vidas ao serviço dos outros, dos que precisam. Lembro muitos que praticam o voluntariado nos hospitais, nas cadeias ou nos lares, vejo Simões de Cirene, anónimos em muitas instituições, na sociedade.
Na sexta estação – Verónica enxuga o Rosto de Jesus – lembrei-me daqueles que limpam as lágrimas dos doentes de oncologia em estado terminal, que já não dispõem de forças para as limpar… São Rostos de Cristos Vivos.
Na sétima estação – Jesus cai pela segunda vez – muitos ficam indiferentes perante a segunda queda do seu próximo, é sempre um problema dos outros, não lhes diz respeito, alguns ainda se riem…
Na oitava estação – Jesus encontra as Mulheres de Jerusalém – recordei o sonho de Martin Luther King: «Sonho que um dia os homens se vão levantar e compreender que foram feitos para viverem como irmãos. Sonho que a justiça correrá como a água. Os homens irão transformar as espadas em arados e as lanças em foices. As estrelas da manhã cantarão em maravilhosos coros, e os filhos de Deus, gritarão de alegria.»
Na nona estação – Jesus cai pela terceira vez – urge olhar para a fraqueza humana.
Na décima estação – Jesus é despojado das suas Vestes – vemos como O Senhor sofreu todos estes vexames por amor, por nosso amor, para nos fazer santos, para nos redimir.
Na décima primeira estação – Jesus é pregado na Cruz – aprendemos a não alimentar o ódio no nosso coração contra aqueles que nos ofendem, porque todos nós temos defeitos. Aprendamos a força do perdão, que apregoamos e rezamos na oração do Pai Nosso.
Na décima segunda estação – Jesus Morre na Cruz – rasgam-se os véus de uma vida inútil, sem sentido, sem partilha, sem comunhão.
Na décima terceira estação – Jesus é descido da Cruz – pedi as palavras de S. João «se um grão de trigo caído na terra, não morrer, fica sozinho. Mas, se morrer, dá muito fruto.»
Na décima quarta estação – Jesus é colocada no sepulcro – recordei também o Evangelista S. João, quando Jesus diz: «EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA; QUEM ACREDITA EM MIM, AINDA QUE VENHA A MORRER, VIVERÁ.»

Desejo a todos os meus leitores uma Páscoa de fé na ressurreição de Jesus Cristo.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Ir ao mercado foi um acontecimento que me fascinou desde criança. Na minha terra natal, Bismula, concelho do Sabugal, no fim de cada mês realizava-se este evento comercial, onde o meu irmão Manuel José Fernandes vendia todos os melões do meloal, propriedade do meu pai, enquanto o meu irmão Francisco Alves Monteiro vendia pão espanhol, que era muito apreciado naquela zona arraina.

Nas aldeias vizinhas de Alfaiates, Miuzela e Vila do Touro, calcorreei caminhos com o meu progenitor José Maria Fernandes Monteiro, levando animais e produtos agrícolas para vender. Os mercados mensais eram os eventos mais importantes da transacção de mercadorias e produtos. O meu primeiro fato que levei em 1958, para a Escola Apostólica de Cristo Rei em Gouveia, dirigida por padres alemães, foi comprado no mercado de Alfaiates. Em Vila do Touro comi a melhor carne assada pelo meu conterrâneo António Joaquim Videira, que estava um pouco acanhado, mas as ordens da autoridade da freguesia, são neste caso, para se cumprirem. Na Miúzela saboreei umas belas sardinhas, acompanhadas com água, porque era-me proibido beber o vinho famoso daquela região. Era bom ir ao mercado porque sempre folgavam as nossas costas do trabalho rural, sempre se convivia, comia-se com mais gosto, compravam-se mercadorias e animais de quatro patas.
O Mercado mensal do Fundão é um acontecimento regional de grande importância comercial, social, económica, de encontros e desencontros e de convívio das gentes do concelho, extensivo aos Concelhos da Covilhã, Belmonte e Castelo Branco. Ali se cruzam muitas e diversas mercadorias, mas acima de tudo as pessoas.
Entro pelo lado nascente e olha-se para o placard da necrologia para saber se uma pessoa familiar ou amiga faleceu. Desta vez lá estava o amigo Filipe de Sousa Monteiro, mestre na arte da serralharia, na Firma Miguel Reis do Fundão e na Cerâmica de S. Pedro em Alcaria, que desceu à terra pelas 16h30 em Aldeia de Joanes.
Junta-se o amigo alentejano que há tempos não via e lá se veio lamentar de umas dores que não o largam. Seguimos para o espaço do mercado. Conta-me uma história da sua juventude, ao passarmos por uma jovem muito bonita e a beleza feminina é para ser admirada. Trabalhava na Carris e tinha uma meia casinha alugada na Mouraria. Um dia deu abrigo a uma moura, que tinha perdido o marido recluso numa Cadeia da Capital por desfalques a uma empresa de venda de automóveis. Como trabalhava por turnos autorizou-a a dormir na sua cama. Queria respeitá-la, mas um dia de muito frio a sua amiga convidou-o para entrar no vale dos lençóis. O aquecimento recíproco foi deveras proveitoso. Passados meses parecia que a relação podia dar frutos menos desejáveis e de pronto-socorro alguém interveio. Um amigo deu-lhe uma caixa de preservativos e nunca mais teve problemas, inclusive com a dona da casa que tinha o marido lá para as Minas de São Domingos no Alentejo, ficando tudo em família. Ainda hoje ouvi na comunicação social que os Portugueses dão meças ao mundo. Ainda bem!
Enquanto avançávamos e nos cruzávamos com novos e velhos, com reformados ou gente desenfiada que devia estar no seu posto de trabalho, talvez dispensada pelos seus chefes, o meu amigo alentejano conta-me outra história. Há dias entrou numa dessas Igrejas, onde um Pastor gritava que estava a chegar a hora do milagre e que todos deviam colocar a mão no local onde tinham as suas maleitas, requerendo a intervenção divina. A mulher colocou a mão no coração e ele no meio das pernas. Esta maleita chamou-lhe a atenção, porque o referido Pastor faz alguns milagres, mas não ressuscita instrumentos mortos há muitos anos.
Vamos caminhando por meio das tendas de trapos, roupas, sapatos…Algumas estão cheias de mulherio que se acotovelam para comprar roupas de uso pessoal, enquanto ali perto uns carteiristas espreitam uma distracção para dar um golpe fatal, e eu encontrei lá dois que foram clientes no Estabelecimento Prisional de Castelo Branco. De um lado grita-se «aqui é tudo barato, é quase dado, ó freguês, ó freguês, venha ver a qualidade da nossa mercadoria e veja os nossos preços, venha ver as nossas roupas para a criançada, venham, venham, não tenham vergonha de comprar barato». Vejo um vendedor de altifalante em punho como estivesse num comício político, a procurar vender pijamas e roupa interior, e graças aos apelos de compra tinha a sua banca repleta de clientes. Era um formigueiro humano. O som é importante, não é por acaso que junto às Igrejas existem campanários com sinos, para chamar os cristãos às liturgias.
Numa tenda de etnia cigana discutiam-se assuntos de religião, o jejum, a Quaresma, caso muito estranho, e fiquei a saber pela voz do dono daquela banca, que é nesta altura que os cristãos bebem água benta. Com este tempo, não benta já temos. E, a este propósito, no lado poente, encontro um ex-trabalhador do Jornal do Fundão que me diz: «estamos entregues aos Pedros. O que está lá em cima não manda chuva, está cansado de ver tanto malandro. O de baixo é pior que uma calamidade de uma austeridade e crise seca». Também me contou que há dias foi à Missa e que o senhor Prior pediu que quem quisesse ir para o Céu, colocasse a mão no ar. Todos levantaram a mão, menos um idoso. O dito Prior perguntou-lhe o motivo e ele respondeu-lhe que também queria ir, mas ainda não tinha pressa. Quando encontro um simpático e grande conversador, combino logo mais encontros. Assim trocámos os nossos endereços e deu-me o seu email: Alfredoloureiro@come.bebeoquepodeenaodeve. Achei muito interessante e com piada.
Faço a viagem de retorno e cruzo-me com o advogado caminheiro com o seu boné da Adega Cooperativa do Fundão. Desde que fizemos uma digressão a Lisboa para participar numa manifestação de vinicultores, que durante algumas horas percorremos a Baixa de Lisboa, partindo do Marquês de Pombal até ao Terreiro do Paço, com milhares de participantes, que queriam que fossem alterados os graus da taxa da alcoolemia no código da estrada. Por essa acção de luta em favor do consumo do vinho nacional, conseguiu-se subir essa taxa para 5%., ficámos amigos. Almoçamos nessa ocasião no Restaurante A Laurentina de António Pereira natural de S. Jorge da Beira, onde são só consumidos produtos agrícolas da Região do Fundão. Escolhemos uma da especialidade da casa, o bom bacalhau assado com batatas a murro, bem temperado com azeite e vinho da Cova da Beira. Também tem feijão com carne e couves à moda de S. Jorge da Beira. A sua saudação é sempre a mesma: paz e amor. Estas duas palavras encerram tudo de bom para pessoas. Num local assavam-se frangos. Seguimos em frente e passou uma viúva repleta de preto. O meu amigo recita-me: «Luto preto é vaidade / De quem se veste a rigor / O meu luto é a saudade / E a saudade não tem cor».
Os locais de venda das árvores e plantas agrícolas estão à pinha. Ainda bem, porque é necessário plantar e semear. Também no sector dos galináceos e dos ovos há clientela. Bons sinais de vida, para que estas terras não desapareçam.
No sector da venda das ferramentas anda há braços para trabalhar a terra. Tratada dá-nos tudo, é generosa.
Duas horas passeei por este mundo que é importante e dá vida ao Fundão.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Todos os anos, no primeiro fim-de-semana de Outubro vou em excursão, com as gentes de Aldeia de Joanes a Fátima, inserido na Grande Peregrinação Franciscana, que se realiza a nível nacional. É interessante que a veneração a S. Francisco de Assis, tem alguma implementação na zona circundante do Fundão. Imagens, capelas e conventos são sinais dessa presença. Na viagem e na Cova da Iria, cruzamo-nos e encontramos oriundos de Aldeia Nova do Cabo, de Alpedrinha, de Castelo Novo e do Fundão.

É interessante ir em comunidade, compartilhar e partilhar os nossos farnéis, estarmos numa proximidade de uns com os outros.
Dormimos, descansamos na Casa de Nossa Senhora de Fátima, das Servas de Jesus, da Diocese da Guarda. Ali temos a simpatia e simplicidade das Irmãs e todas as condições para partilharmos as nossas refeições.
Chegados no Sábado, deslocámo-nos para a Igreja da Santíssima Trindade, onde em conjunto com milhares de «Irmãos Franciscanos», da Família Franciscana, assistimos à Eucaristia, presidida por um Bispo de Moçambique, em que não faltou a pregação inflamada, interessante, oportuna, mas curta do Padre Vítor Melícias, exaltando a mensagem fraterna de Francisco de Assis e da Obra Franciscana em Portugal e no Mundo.
O Grupo Coral das Irmãs Franciscanas com a sua música litúrgica e vozes apuradas, convidam-nos para um ambiente de espiritualidade e de fraternidade.
Á noite, com tempo de verão, milhares de pessoas incorporam-se na Procissão das Velas, com um caudal comovente de luz e de fé.
No Domingo de manhã, percorri as proximidades da Igreja da Santíssima Trindade. Fico sempre encantado com a sua beleza e grandiosidade. Paro junto das diversas portas imponentes e trabalhadas com inscrições evangélicas de salvação. No seu interior, admiro e medito no painel em tons dourados, suavíssimo atrás do altar, obra com simbologia bíblica. Olho para a figura simples, forte, escura e poderosa na sua agonia de um Cristo Crucificado. Junto ao altar a imagem branca de Nossa Senhora, com muita espiritualidade e leveza, fazendo-me lembrar uma jovem camponesa trajada à moda das pastorinhas. No centro do altar, um relicário com um pedacinho de uma pedra do túmulo de S. Pedro de Roma a dar-nos a imagem da universalidade da mensagem de Fátima.
Cá fora, olho para aquela altíssima e estilizada cruz e mais à frente a Estátua de João Paulo II. Aqui fico em silêncio alguns minutos. Não posso ir a Fátima sem fazer uma visita obrigatória a este saudoso Papa. Desta vez toquei-lhe acentuadamente no seu manto pontifício, como que o agarrei e pedi-lhe muito baixinho uma graça muito especial, que só ele ouvisse, porque há sempre muita gente junto dele. Foi-me concedida, bem-haja, João Paulo II.
Ali está, numa escultura notável, repleta de piedade e comovente autenticidade, concebida por um seu conterrâneo, com a anotação das viagens ao Santuário de Fátima.
Terminadas as Cerimónias Dominicais, com o inesquecível adeus à Virgem, regressamos a Aldeia de Joanes, num são e agradável convívio, numa jornada franciscana muito feliz e de espiritualidade.
Regressámos às nossas normalidades da vida, com cadências, ritmos, com altos e baixos, pressas e paragens e esperanças. São estes momentos de espiritualidade que nos devem fazer mais fortes e seguros para resistir às inúmeras dificuldades e austeridades. Porém, devemos estar sempre vigilantes e activos.
Uma palavra de simpatia e agradecimento, para o Senhor Higino Serra Cruz que todos os anos organiza esta Peregrinação da Família Franciscana, e desta vez, me proporcionou escrever estes «OLHARES DE FÁTIMA» e a todos os acompanhantes de Aldeia de Joanes.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Alguns sabugalenses residentes no concelho do Fundão vêm manifestando o desejo de saberem quantos conterrâneos imigraram para a Cova da Beira. Até hoje, existiu apenas o desejo e nada mais. Nesta data, António Alves Fernandes, natural da Bismula e António Vicente Leal, natural da Bendada, vão concretizar esse desejo.

Assim, nada melhor que uma boa mesa. No dia 1 de Maio, no restaurante Fernandes, sediado na estrada entre Aldeia de Joanas e Telhado, no local da Borralheira, haverá um almoço extensivo a todas as pessoas do concelho do Sabugal, extensivo às respectivas famílias, residentes no Concelho do Fundão.
As inscrições estão abertas até 22 de Abril do corrente ano, para António Alves Fernandes, com telefone 275752726/962820107 e António Vicente Leal com o telefone 275771937/933635637.
Ementa do Almoço:
– Sopa das Festas
– Cozido à Portuguesa
– Salada de Frutas
– Bebidas – Refrigerantes – Água e Vinho
– Café
O Preço desta refeição será de 10 euros, para maiores de dez anos. Para os menores de cinco a dez anos o preço será de 5 euros.
Inscreva-se e junte-se a nós – venha conviver!
Venha conhecer e recordar velhos tempos.
António Alves Fernandes

Nasce na Primavera de 1923, em Terras Beirãs, na Freguesia de Vila Cova à Coelheira, num ambiente rural, de uma família de agricultores, a dois passos da sede do Concelho – Seia – já com indústrias ligadas à manufactura dos tecidos, da lã, do queijo e do turismo da Serra da Estrela.

Feito o exame da 4ª Classe ingressa no Seminário do Fundão no ano de 1936. Em Agosto de 1946, um ano depois do fim da II Grande Guerra é ordenado sacerdote, vivendo o País uma grave crise económica, como a de hoje, talvez com diferenças, havia a cultura dos valores, da palavra, da ética, da honra e da dignidade.
Inicia a sua missão sacerdotal nas Minas da Panasqueira, em S. Jorge da Beira, onde vive e convive com a problemática social e humana das gentes mineiras, dos seus dramas, das mulheres viúvas, dos filhos órfãos, da exploração desenfreada e da maldita doença da silicose.
Regressa ao Fundão, sendo Pároco nas Donas, onde baptizou um menino, que mais tarde foi Primeiro-Ministro de Portugal, em Valverde, apoia o Seminário Menor do Fundão e os rapazes do Abrigo de S. José.
Em 1959 é convidado para ir trabalhar com os Jovens do Patriarcado de Lisboa, saindo da Diocese da Guarda, como aconteceu a muitos outros dinâmicos sacerdotes.
Em 1968 é nomeado Pároco em Venda do Pinheiro onde tem o seu nome inscrito na toponímia e em Torres Vedras. Sei, conheço uns medíocres e míopes que não vêem com bons olhos estas distinções, mas deve fazer-se justiça a quem a merece, fruto de trabalho, de missão evangelizadora, não se acomodam.
Em 1973 é professor no Montijo, e nomeado Assistente Regional do CNE de Setúbal, conforme ordem de serviço da Junta Central nº323 de Abril, desse ano, mantendo-se até 1994, isto é durante vinte e cinco anos, digo bem, vinte e cinco anos ao serviço dos jovens escuteiros
Durante este percurso e nos anos de 1975 a 1980 é Director do Externato Diocesano Manuel de Mello, no Barreiro, nos anos de 1980 – 1993 Director do Colégio Frei Luís de Sousa de Almada e Director Espiritual do Seminário Diocesano de Setúbal.
Em 1993 é nomeado por essa figura impar do episcopado português – D. Manuel Martins, Vigário Geral da Diocese de Setúbal.
Conheci o Padre Alfredo Brito nos anos oitenta em diversas actividades escutistas da Região de Setúbal, e nos convívios que mantinha com os meus familiares. Marcou-me muito pela proximidade que mantinha com o movimento escutista, não faltando às reuniões e eventos que exigiam a sua presença. Também vi sempre neste sacerdote uma grande liderança e de diálogo construtivo, não se perdendo com banalidades, futilidades, enfrentado com rigor, disciplina, autoridade e aprumo os problemas e tomada de decisões.
Não há jovem escuteiro da Região de Setúbal que não conheça a acção, a missão deste Assistente Regional, do Padre Alfredo Brito.
Em 1986 pelos importantes serviços prestados ao Escutismo, é o primeiro elemento deste movimento da Região de Setúbal, a receber a máxima condecoração daquela instituição, O Colar Nuno Álvares.
Ao Centro de Educação e Ambiente da Arrábida, propriedade da Junta Regional de Setúbal é-lhe atribuído o nome de Padre Alfredo Brito.
O Livro «A História do Escutismo em Setúbal e na Região», de Francisco Alves Monteiro, um escuteiro que fez caminhada com o Padre Alfredo Brito ilustra muito bem através de fotografias e de textos a obra impar, deixada por aquele inesquecível Assistente Regional.
Há oito anos o Divino Chefe chamou-o para o eterno acampamento e regressou á terra que o viu nascer, às suas origens graníticas e serranas. Bem-haja Padre Brito pelo que fez na formação da Juventude. Este texto é para MEMÓRIA FUTURA!
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Era uma mulher franzina, de estatura meã, com uma alma grande. Era uma mulher que cedo ficou viúva e mãe de cinco filhos. Perante esta situação civil e social viu-se a braços com a criação de tão grande prole, se compararmos com os dias de hoje, em que um dos motivos principais para o deficit da natalidade são os aspectos económicos das famílias, e nem o poder político nem a Igreja se preocupam muito com isso.

Era uma das mulheres mais idosas de Aldeia de Joanes. Mulher rija como o aço, com uma força assente no granito e hercúlea, deitando as mãos ao leme familiar. O barco era o trabalho duro no campo, ali e acolá. Era necessário ter alguns cêntimos para alimentar os filhos. O local de trabalho incerto e contratos por umas horas ou dias no amanho de umas plantações, no cultivo de terrenos agrícolas. Há pessoas que se cruzam na nossa vida que nunca mais esquecemos. A Senhora Celeste ficou na nossa memória e dos meus filhos, que a tratavam como mais uma avó. Alma simples, qual Teresa de Calcutá, bondosa, sempre risonha, transmitia felicidade. Hoje já não sorrimos, já não nos cumprimentamos, andamos tristonhos, sempre muito ocupados com o nada, muito cheios de serviço, boa desculpa para nada se fazer, para os outros serem as nossas bengalas, com o medo que ainda nos venham exigir ou cobrar qualquer imposto. É melhor fingir que não nos vemos… Podem vir a chatear-nos a pedir um conselho, uma ajuda. O melhor é fugir…
A Senhora Celeste ensinou-me muito. Não sabia ler nem escrever mas tinha o Curso Superior de Ciências Humanas na Universidade da Vida. Quando às vezes um filho nosso fazia alguma asneira, lá estava a apara raios da Senhora Celeste. Além da dedicação ao trabalho, amava os nossos filhos, amava as pessoas.
Com os filhos na diáspora, ainda passou alguns tempos nos Estados Unidos e na França. Antes de apanhar o avião, o que lhe criou imensa confusão, procurei explicar-lhe que era o transporte mais seguro do mundo.
Numa tarde quente de Fevereiro recebo a notícia da sua morte quando me dirigia para a Capital. Acompanhava-me o meu filho mais novo, e saíram-lhe dos seus olhos umas lágrimas dolorosas e sentidas.
Algumas vezes a visitei. Muitas vezes a passar pela estrada nacional Aldeia de Joanes – Telhado, no Largo de Santiago, ouvia a minha voz e trocávamos afectividades. Reconheço que da minha parte merecia mais visitas. Visitar os idosos é uma obrigação cívica e moral.
A Senhora Celeste, nome maravilhoso, nome que se enquadra no pensamento religioso, é uma grande alma, e sempre que as suas forças lhe permitiam nunca faltou às suas obrigações.
A Senhora Celeste, esposa, mãe, viúva, trabalhadora rural, assalariada algumas vezes, ainda trabalhou nas limpezas das vias públicas, a cargo da Junta de Freguesia de Aldeia de Joanes.
São estas mulheres portuguesas, simples, anónimas, que construíram e constroem Portugal.
Foram estas mulheres que no tempo das Caravelas ou da Guerra do Ultramar foram a retaguarda do nosso patriotismo. Relembro Fernando Pessoa: «Ó Mar Salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal, quantas mães choraram…»
Sei que alguns fariseus, quais sepulcros caiados de branco ou de vermelho, se interrogam, «mas este vem com esta crónica, com esta conversa, a falar de uma mulher que quase ninguém conhece». Ora, foi no ambiente destas mulheres que nasci, cresci e me alicercei como HOMEM. Foi lá que vi, num meio rural, como aqui, mulheres com as ferramentas e a informática da época: o berço de madeira, a enxada, a foice, o arado, o sacho, a cesta da merenda às costas, quase vazia, a ida aos cartórios civis ou religiosos, a serem recebidas, muitas vezes, como pessoas de segunda ou terceira classe, como acontecia nos comboios, enquanto muitos desses fariseus assentavam o traseiro nos cafés, nas poltronas, nos camarotes das ficções, nas mesas das honrarias, nas mesinhas com toalhas de rendas a tomar o chá das cinco, que o da manhã já lá foi, a receber e a comer o prato de lentilhas.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Ao ler este título, perguntam quem é esse Fatela? Aqueles que vivem em Aldeia de Joanes, Freguesia povoada pelos Templários e situada na Cova da Beira, conhecem-no.

O Fatela nasceu nesta Aldeia, um cidadão simples, humilde, católico praticante, que muito cedo começou a trabalhar. Aprendeu o ofício de saber lidar e tratar os móveis e aí gastou muitas das suas forças profissionais. Por motivos de saúde reformou-se prematuramente. De seguida tem o falecimento da esposa. Uma desgraça para os pobres nunca vem sozinha. Para afagar tantas dores envereda pelo consumo exagerado do álcool. Quem não tem um vício?
Ficou com a companhia da única filha, que se destacou durante seis anos como Catequista na Comunidade Paroquial de Aldeia de Joanes, levando dois grupos a fazer a Primeira Comunhão. Também foi evangelizadora na sua terra. As exigências da procura de uma profissão, de um emprego, como acontece a milhares de jovens do interior deste País, forçaram-na a emigrar para o litoral. O Pai, o Fatela, fica só. Fica nas paredes sombrias e frias da sua residência, tendo como companhia a Capelinha de Nossa Senhora do Amparo, de grande devoção para as gentes de Aldeia de Joanes, que em Agosto lhe fazem uma festa e lhe prestam reverência.
Ainda trabalhou numa empresa de venda de materiais de construção no Fundão, mas o tal vício obriga-o a abandonar aquelas actividades.
Também a Junta de Freguesia lhe deu trabalhos esporádicos de limpeza de caminhos vicinais e outros. Num desses trabalhos, com o seu companheiro a suar por todos os poros, chamei-o para lhes dar uma bebida refrescante. Quis um copo de vinho tinto em vez da cerveja fresquinha. Se todos nós bebêssemos vinho português, a nossa agricultura estaria bem melhor.
Foram muitos os encontros com o Fatela nos Cafés de Aldeia de Joanes. Era um homem de trato afável, delicado, não criava problemas a ninguém, apenas prejudicava a sua saúde e a sua reforma. Um dia, tive de fazer o papel de regedor dos costumes e não lhe autorizei que bebesse mais um copo de vinho, atendendo à medida já ultrapassada em todos os níveis possíveis, e fui levá-lo a casa. Este gesto cimentou mais a nossa empatia e estava sempre a relembrar-lhe que tudo na vida tem limites e muito mais limites aquilo que prejudica a nossa saúde.
No dia 15 de Fevereiro de 2012, num Lar situado na aldeia mais alta de Portugal, partiu para a vida eterna, na data em que fazia 61 anos de idade, indo festejá-los no Reino de Deus. No dia seguinte foi o funeral em Aldeia de Joanes.
Na Igreja Matriz, nas Cerimonias das Exéquias, o Povo cantava «Eu caminharei na presença do Senhor» e um elemento do Grupo Coral com uma voz celestial cantava que «O Senhor é a minha Luz e a minha Salvação». O Evangelho de S. Mateus apontava e iluminava: «vinde a Mim os que andais oprimidos, os humildes de coração».
O Celebrante teve o cuidado de mencionar o nome completo do defunto, o que é muito louvável. Irrita-me quando, por questões de crise ou austeridade, apenas mencionam um só nome. Desta vez foi bem pronunciada e sufragada a alma de António Salvado Afonso Fatela.
No funeral registou-se e notou-se a presença do elenco da Junta de Freguesia, o Presidente da Assembleia de Freguesia e todos os proprietários dos Cafés de Aldeia de Joanes, revelando que acima dos negócios há sentimentos, solidariedade e dor.
Estranhei a ausência de representação da parte dos Catequistas da Comunidade Paroquial de Aldeia de Joanes, mas os homens às vezes têm a memória curta.
Já o sol estava a esconder-se nesta tarde fria de Fevereiro quando o corpo do Fatela – António Salvado Afonso Fatela – desceu à terra, onde todos nós também desceremos.
Paz à sua alma…que descanse em Paz.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Aleluia! Aleluia! A nossa Selecção Nacional dos Padres de Futsal é Campeã Europeia. Trouxe para Portugal a Taça dos Campeões Europeus.

A Prova Desportiva realizou-se na Hungria. Participaram doze países europeus. Os finalistas foram Portugal e a Croácia, que vencemos por 5-4, tendo recorrido à marcação de grandes penalidades, visto que o jogo terminou empatado. Consta que não baptizaram os árbitros com aqueles nomes que nós chamamos às vezes (eu em particular), principalmente quando a nossa equipa está a perder.
Os senhores abades portugueses tiveram a ajuda dos deuses, porque foram bafejados por uma pontinha de sorte, mas a sorte protege os audazes. São recebidos em ambiente de apoteose no Aeroporto Sá Carneiro, no Porto. Esta foi a grande notícia que me chegou num jornal diário, em letra minúscula e lá para o seu meio. Na outra comunicação social não vi uma imagem ou alguma notícia escrita.
É interessante saber que estes jovens sacerdotes não têm qualquer apoio. Sem patrocínios, apenas podem contar com a ajuda de Deus e do seu esforço físico e técnico, pois jogam por prazer. Pagam as deslocações do seu bolso, que rondam os quinhentos euros. Têm a oferta dos equipamentos e a cedência gratuita dos pavilhões onde treinam aos domingos de tarde e pouco ou nada mais. Dão um bom exemplo a muitos grupos desportivos, clubes e associações que andam sempre na pedincha de apoios do erário público.
Esta Selecção Nacional dos Clérigos é formada por jogadores do Norte de Portugal. Pertencem às Dioceses do Porto, Viana do Castelo, Braga, Vila Real e Lamego. O representante da Diocese de Lamego deve ter-se treinado antes da posse do actual titular. Pelo que ouvi e li, a oratória daquele Prelado, é pior que os discursos do defunto Almirante Américo Tomás, pior que as intervenções televisivas do Jorge Jesus (embora com resultados práticos) ou do Esteves, que desmoralizariam qualquer cristão, quanto mais um futebolista padre.
Verificámos que os representantes da nossa Selecção são todos do Norte do País. Seria bom espalhar a prole por todo o território nacional cristão, passando pelos Açores e Madeira.
Na Diocese da Guarda temos um Bispo que é um bom atleta, já fez mais do que uma vez a Caminhada a Santiago de Compostela na Galiza. Se mandasse na Federação Portuguesa de Atletismo, já lhe teria atribuído uma medalha, porque a merece inteiramente. Não sei, no entanto se há garra para os futebóis. Quanto à Diocese de Lisboa, deveria sair mais uma norma antitabagismo: vi pessoas tão cansadas, que já não têm forças para saudar um qualquer samaritano que por aquelas bandas apareça, caído na Feira da Ladra.
Quanto à Diocese de Setúbal, saiu de lá o melhor treinador que já conheci, homem corajoso, dinâmico, de vivências sociais e desportivas, capaz de levar muitas equipas a ganhar muitos campeonatos.
Quanto às outras não conheço, tive um breve contacto com o Bispo de Aveiro, de estatura meã, mas com genica para recrutar um ou outro elemento, porque os homens não se medem aos palmos.
É bonito, patriótico e religioso saber que elementos responsáveis na Igreja são Campeões da Europa. Deram uma pedrada no charco da crise e da austeridade e logo com cinco golos marcados nas balizas adversárias.
Despir as batinas, vestir uns calções e calçar umas chuteiras também é evangelizar. Nesta missão e acção, conheci o Padre Ezequiel Augusto Marcos – Vilar Formoso, Padre Manuel Joaquim Martins – Aldeia de Joanes, o saudoso Padre Francisco dos Santos Vaz – Bismula, Padre António Cecílio – Manteigas, Padre João de Deus – Vila Nova de Tazém, e Padre Carlos Manuel Jacob Foitinho – Missionário de S. João Baptista – Gouveia.
Não sei se Sua Santidade, o Papa Bento XVI, lhes irá atribuir uma medalha da Santa Sé ou equacionar a canonização futura da equipa. O saudoso João Paulo II, Papa que amava e praticava o desporto, lembrar-se-ia destes bravos padres portugueses, que ganharam a Taça dos Campeões Europeus em Futsal, ainda por cima em país do Leste Europeu. Não tenho dúvidas.
Para estes senhores priores que, além da sua missão nas comunidades cristãs, ainda têm tempo para o Desporto, DEO GRATIAS, continuação de mais êxitos desportivos, e um TE DEUM de acção de graças.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

«A velhice é isto, ou se chora sem motivo, ou os olhos ficam secos de lucidez»; Miguel Torga.

Esta temática tem, nos últimos dias, sido alvo de muitas notícias, comentários, análises, seminários e debates. Muita conversa como convém, talvez para na prática esquecer o milhão de idosos que vive na solidão, quatrocentos mil sozinhos e seiscentos mil em lares. Muitos optam e procuram a solidão envergonhada, viver e morrer sozinhos. Outros têm medo da solidão que os mata. Há quem afirme: «deixei de os conhecer e eles deixaram de me conhecer a mim».
Portugal, com quase dois milhões de idosos, é o quinto país do mundo mais envelhecido e está em segundo lugar na Europa, resultado de uma política deficitária no apoio à família e de uma mentalidade anti-natalidade. Por este caminhar, daqui a quarenta anos, segundo estudos demográficos, o nosso País tem 80% da população envelhecida. Estes números não te assustam?
Os poucos benefícios da velhice são, por enquanto, os descontos nos transportes públicos, o que desperta a inveja de alguns, que, contudo, não têm inveja da minha idade. A velhice, como disse José Saramago, consiste afinal em sentir como perda irreparável o final de cada dia.
De há uns anos a esta parte tenho visitado alguns lares e registo as minhas observações, muitas delas são surrealistas.
O Envelhecimento chega a todas as idades, mesmo àqueles que hoje são bisnetos. Uma utente de um Lar queixava-se que um bisneto não a visitava, porque os pais do menino, netos daquela senhora idosa, têm medo que «doença da velhice» o infecte o contagie.
Uma Assistente Social, digníssima Técnica de Serviço Social, como gosta de ser tratada, telefonou para os familiares de um utente que tinha acabado de falecer. A resposta que recebe é esta: «mas ele ainda estava vivo, mas que grande chatice». Quero esclarecer que esta pobre criatura não tinha nada, refiro-me aos aspectos materiais, tinha apenas uma reforma de miséria.
Uma utente pede-me sempre que a visito: «o senhor é muito amigo do meu filho, peça-lhe que me venha visitar porque eu gosto muito dele e tenho muitas saudades de o ver».
Um assistente religioso aristocrata de um lar, só aceitou o cargo quando a Mesa da Santa Casa da Misericórdia lhe garantiu uma avença mensal. E, há uns anos, dizia-me um Bispo novato que «a visita aos lares da terceira idade era da competência e da responsabilidade dos párocos». E eu a pensar que o Evangelho de Jesus Cristo era Caridade.
Um Provedor de uma Santa Casa da Misericórdia deste país, numas conferências sobre temática social, disse à plateia que tinha muitos Cristos. Eu, que estava noutra onda, entendi que tinha em sua casa uma colecção de Cristos, idêntica à do grande poeta José Régio, que já visitei em Portalegre. Eu e alguns presentes ficamos na expectativa e avançou com esclarecimentos. Tinha muitos Cristos, estavam vivos e eram em grande número: eram a centena de utentes do Lar que dirigia, cada um com o seu jardim das oliveiras, a sua paixão, a sua via-sacra.
Há tempos visitei um Lar no Couto Mineiro e, em boa hora participei na Eucaristia celebrada por um jovem e polémico sacerdote. O Celebrante olhou para a grande assembleia de participantes, em contraste absoluto com o que se verifica hoje nalgumas paróquias, e afirmou que se sentia pequenino, uma criança perante tantas bibliotecas vivas, perante tantas pessoas que não sabem ler nem escrever, mas que têm o mestrado na Universidade da Vida: «Olho para os vossos cabelos brancos, para as vossas rugas na cara, para alguns rostos de felicidade, mas também de sofrimento e fatiga. Quantas lições a receber de vós. Vou sentar-me aqui e vou pedir-vos para falarem das vossas experiências, da vossa sabedoria.» Assisti a uma aula que me iria a ajudar a obter o mestrado na área social da terceira idade com todas as suas valências e humanidades.
Uma utente centenária, ao ser entrevistada para um diário nacional, afirmou: «já perdi a esperança de viver muitos anos, mas nunca perdi a esperança de sorrir todos os dias». Bonita frase para quem anda com o rosto triste, amedrontado e dando a ideia de que deve algo.
Há pessoas que são alérgicos às visitas aos lares, onde têm familiares, porque ficam incomodadas com os cheiros da «velhice» e têm medo de que alguma doença os infecte.
Conheço um filho único que foi a um lar apresentar a sua noiva aos pais. Mas quando lá chegou e os viu doentes, quase inconscientes, disse à noiva que se tratava de um casal de rendeiros e que os seus verdadeiros pais andavam a passear.
Um Provedor, ao tomar posse desta missão, palavra que muita gente desconhece, apresentou-se às funcionárias desta forma: «esta casa não é minha, é nossa. Temos aqui seres humanos, débeis, carenciados, mas que têm de ser tratados com muita dignidade e amor».
Há tempos um filho deixou uma última mensagem num ramo de flores brancas: «Mãe, perdoa-me, porque nem sempre fui o filho que tu merecias». Este filho nunca faltou com apoio à sua mãe.
Gabriel Garcia Marquez, grande escritor e pensador, Prémio Nobel da Literatura, escreveu que «a solidão é o contrário da solidariedade e o segredo de uma velhice agradável consiste apenas na assinatura de um honroso pacto com a solidão».
António Alves FernandesAldeia de Joanes

Há muito que não visitava a Capital do Império. É uma cidade que me fascina, que me encanta. Ali trabalhei, ali nasceu o primeiro filho. Porém, desta vez fiquei surpreendido e preocupado.

Os preços a subirem em flecha, mais altos que as Torres da Basílica da Estrela. Os táxis a aguardar clientes que não aparecem. Fui a uma grande superfície comercial perto do Parque Eduardo VII. Entrei na catedral do consumo para comprar um cobertor. Entrei num labirinto e dizem-me que tenho de subir ao sétimo andar. Um cobertor com descontos custa mais de sessenta euros. Tudo em saldos, mas sem grande procura, com excepção nas marcas da moda. Á saída um slogan «por cada rico um pobre». Não concordo, há mais que um pobre, por cada rico. Há muitos pobres… Um grupo de jovens bem constituídos falam de assaltos, são sinais dos tempos que vivemos. Calcorreio as ruas e em frente à Penitenciária de Lisboa, visitas esperam ordem para entrar, com um aviso que devem chegar meia hora mais cedo. Passo por diversas lojas que compram ouro. Uma loja tem o descaramento de publicitar que compra ouro estragado, velho, usado e partido. Partido por quem e com quem? Entrei e a gentil menina disse-me que tem de usar esta linguagem comercial. «E esta hei?», como dizia o Fernando Pessa. Estão a surgir por todos os lados como já surgiram as lojas dos chineses. Se estes enveredam nestes negócios com o apoio do governo chinês, os nossos comerciantes dos metais preciosos dão uma queda maior que o paquete Costa Concórdia. Há uma procura desusada na procura dos metais, que o digam os ladrões e os receptores dos mesmos. Roubam-se os sinos, os cabos telefónicos, ouro, prata e tudo o que rende dinheiro. Este é um negócio que está a dar e sem fiscalização, sem ASAE, é um verdadeiro negócio da China. É comprar e fundir. Não custa nada e é só lucro. Enfim, parece-me que todos querem comprar ou roubar a ilusão do ouro para esquecer a idade do latão.
Nas paredes da Mãe de Água uma frase: «greve geral – 24 de Nov». Apreciei a caligrafia num vermelho vivo, numa escrita a lembrar os meus tempos de Escola Primária, quando usávamos as canetas de aparos molhados em tinteiros, inseridos nas carteiras de madeira.
Á entrada de um grande terminal de transportes, tropeço nesta frase: «o aumento dos transportes públicos é um roubo aos utentes». Desembolso fatalmente todos os meus trocos e entro no autocarro. À minha frente surge um cartaz «goze a viagem, vá de transportes públicos». Com o aumento dos preços somos mesmo gozados.
Também num mural uma frase: «corruptos, manquem-se». Cuidado, porque depois não há ortopedistas e serviços de saúde que cheguem para tratar tantos mancos.
Percorro uma avenida com endereços de escritórios de advogados e das suas sociedades. Encontro um velho amigo, que me despede em grande velocidade, porque tem de ir estudar e preparar o recurso de uma sentença judicial, porque este também é um negócio que dá chorudos lucros.
Vejo o pequeno comércio quase vazio, cafés, casas de produtos da alimentação, vestuário e outros.
Vejo na Avenida Miguel Torga, e nem queria acreditar: um amolador e afiador de facas e tesouras e afins, apoiado a uma velha bicicleta, despertado a sua atenção e presença com um sinal sonoro próprio. Ele bem olha para os prédios de diversos andares, mas nem um sinal de vida. Ninguém de avental aparece e de saias muito menos. Andam por outras bandas, talvez pelo Bairro Alto e outros locais limítrofes.
Numa companhia de saúde quase ninguém corresponde aos bons-dias. Será que estas e outras saudações já pagam imposto? Não é só aí. É em quase comportamento comum todos os lugares.
Um jovem parecido com um repórter de imagem entrega-me gratuitamente um jornal onde leio-o diversas notícias. Em letras muito minúsculas como convém a esta sociedade relativista, o Papa afirma que «os emigrantes não são números, mas sim os protagonistas do anúncio do Evangelho no mundo contemporâneo». Em 2010 um quarto dos condutores que faleceram de acidente tem álcool no sangue, 1,2 gramas e 7,1% tem substâncias psicotrópicas. As cadeias estão cheias e não estão lá muitos que andam por aí a passear. Um político diz-nos que «somos um país de novelas». Concordo, mas não só.
Termino com as palavras que li de Guerra Junqueiro, poeta transmontano, anticlerical, que fez a transição do século XIX para o XX e da Monarquia para a República, sobre o Povo Português há mais de cem anos: «um povo imbecilizado, resignado, humilde, macambúzio, fatalista e sonâmbulo…um povo enfim que eu adoro porque sofre e é bom e guarda ainda na noite a sua inconsciência como um lampejo misteriosos da alma nacional». Continua actualizada a opinião de um dos maiores poetas portugueses.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

A dívida da Câmara Municipal do Sabugal à empresa Águas do Zêzere e Côa (AdZC), ascendia no final do ano de 2011 a um valor superior a 1,8 milhões de euros, devidos pelo serviço de abastecimento de água e de saneamento prestado pela empresa ao Município, a que acrescem juros de mora.

Segundo os dados disponibilizados pela AdZC, dois terços da dívida da Câmara Municipal do Sabugal é relativa a facturas emitidas há mais de seis meses, cujos pagamentos o Município mantém em atraso.
Em média a AdZC factura mensalmente à Câmara Municipal do Sabugal 166 mil euros, dos quais 82 mil euros se reportam ao serviço de abastecimento de água e 84 mil ao tratamento das águas residuais. Tendo em conta os valores em dívida e os fornecimentos mensais que serão efectuados, o Município terá de despender durante o ano corrente uma verba próxima superior a 3,8 milhões de euros para que tudo fique regularizado.
Os municípios que integram a AdZC vêm contestando as tarifas praticadas pela empresa, o que levou a um acumular de valores em atraso. Os municípios intentaram uma acção contra a AdZC onde solicitam a declaração de nulidade do contrato de concessão entre o Estado e a empresa.
O Fundão lidera a lista dos municípios devedores, contestando uma dívida acumulada de 7,5 milhões e reclamando 40 milhões da empresa. Esse facto tornou polémica a notícia de que o presidente da Câmara do Fundão, Manuel Frexes, vai integrar a administração da Águas de Portugal (AdP), empresa maioritariamente detida pela AdZC.
O total da dívida dos 15 municípios que integram o sistema multimunicipal da AdZC ascende a cerca de 35 milhões de euros e já levou a, pelo menos, 130 injunções (meio de certificar as dívidas das autarquias) no valor de 26 milhões, esclarece a empresa na Internet.
Fazem parte do sistema os municípios: Almeida, Belmonte, Figueira de Castelo Rodrigo, Fundão, Guarda, Manteigas, Mêda, Penamacor, Pinhel, Sabugal, Fornos de Algodres, Gouveia, Oliveira do Hospital, Seia e Aguiar da Beira. O município de Celorico da Beira é utilizador do sistema.
plb

Tinha elaborado um texto sobre a PAZ para lembrar a todos os meus Leitores, que no primeiro dia de cada ano civil, celebramos o «DIA MUNDIAL DA PAZ», que deve estar na preocupação de cada ser humano. Porém, entendi substituí-lo por um texto maravilhoso e actual, um hino à PAZ, que o Bismulense – José Maria Fernandes Monteiro, meu saudoso Pai, que agora faria 107 anos – escreveu na década de setenta do século passado, muito bem inserido no Livro Pater Famílias, da autoria do meu irmão Ezequiel Alves Fernandes, que poderá brevemente fazer uma terceira edição. Com humildade e respeito, vou transcrevê-lo:

O que é a Paz
A Paz é a ausência de guerra.
A Paz é não sermos racistas.
A Paz é a confiança entre todos.
A Paz é a amizade entre as nações.
A Paz é a família a conversar.
A Paz é todos sermos felizes.
A Paz é igualdade, liberdade e fraternidade.
A Paz é quando os filhos beijam os pais quando chegam do trabalho.
A Paz é a Noite de Natal.
A Paz é Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Paz é o riso das crianças
A Paz é uma rosa a desabrochar.
A Paz é uma criança a dormir.
A Paz é a luz do sol que nos ilumina.
A Paz é fazermos bem a quem nos faz mal.
A Paz é cuidar dos pobres.
A Paz é o casamento entre homem e mulher.
A Paz é consolar os que sofrem.
A Paz é dar de comer aos famintos.
A Paz é vestir os nus.
A Paz é quando não destruímos a vida.
A Paz é quando vivemos na graça de Deus.
A Paz é a melhor coisa deste mundo.

Acabamos de festejar o nascimento do Mensageiro da Paz, e, conforme nos indicava o Profeta Isaías «todo o calçado ruidoso da guerra e toda a veste manchada de sangue serão lançados ao fogo, e tornar-se-ão pasto de chamas, porque um Menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. É O PRINCÍPE DA PAZ.»
Muitas famílias neste País acenderam e acendem uma vela, como um gesto de PAZ e de solidariedade para com a Cáritas, numa Campanha da «Distribuição da Luz da Paz». É um símbolo da verdadeira luz e representa a vontade de construir um novo mundo de justiça e PAZ.
«Bem-aventurados os construtores da PAZ.»
Desejo a todos os meus amigos e leitores um Novo Ano com muita saúde e as maiores felicidades pessoais. Que todos nós no dia-a-dia façamos um grande esforço para a construção desse bem que é a PAZ. BOM ANO 2012.
António Alves FernandesAldeia de Joanes

Noite de Dezembro fria e noveirada. Aproximava-se a hora do jantar de aniversário de uma das prestigiadas colectividades desta cidade. Todos os anos me inscrevo porque devemos festejar estas efemérides. Chego ao restaurante e nem viva alma. Apenas o dono e os empregados. Está tudo atrasado porque se espera por uma individualidade vinda da capital.

Enquanto aguardo vejo as notícias, sem antes o chefe da casa me esclarecer que anda quase tudo a gamar. É nas auto estradas sem custos, com portagens, as licenças municipais para tudo e mais alguma coisa a subir vertiginosamente com custos a exceder o dobro, as da saúde com uma vistoria de minutos, passa para cá mais de cem euros, é os medicamentos, é tudo …
Qualquer dia fecho a porta porque não posso suportar tantos encargos fiscais.
Olho para as notícias da TV e é o desfilar infindável do rosário da crise.
Assaltos de todas as formas e feitios, é o roubo das caixas multibanco, das ourivesarias, dos restaurantes, dos cafés, dos fios de ouro, e até na minha aldeia, Bismula, que nunca é notícia, este dia foi-o em todos os órgãos de comunicação social escrita e falada, porque uns larápios foram aos postes dos telefones, serraram-nos e levaram os fios de cobre de milhares de metros, deixando-a sem comunicações.
Um vice-reitor de uma universidade diz que a maioria da geração da actual classe política veio de universidades privadas e mais não digo…Que quer dizer este ilustre senhor? Foi a crise?
Por causa da crise está à venda no Bairro Alto – Lisboa, uma Igreja por dois milhões de euros, esperando que não vendam o Céu, porque os pobres já lá não chegam.
Também por causa da crise ouvi uma boa notícia, o preço das Eucaristias não vai subir de preço mantendo-se os dez euros por intenção e o remanescente vai para a Diocese.
Estava-se na crise, quando chegou o desejado dirigente acompanhado pela direcção e entidades oficiais, já alguns dos inscritos para o manjar iam mordiscando o pão com manteiga, azeitonas, pedaços de chouriça e morcela.
Vem a crise dos discursos, e o Presidente aos costumes disse nada, convidando todos para que no próximo ano estivessem presentes, se entretanto o S. Pedro não os chamar para prestarem contas dos nomes bonitos que chamaram ao árbitro, aos jogadores e aos associados de outros clubes, dando a palavra ao autarca de freguesia que foi uma malícia ouvi-lo, ainda por cima é todo virado para o vermelho. Lá foi adiantando que ainda vem longe as eleições, que não trás nada na manga por causa da crise, que tem duas filhotas uma do clube da concorrência e a outra sim do aniversariante. No próximo ano espera estar presente com a filha.
O autarca municipal que é da cor verde salvou a honra do convento, começando por cumprimentar o Sr. Presidente que acaba de conhecer. Eu digo, talvez pela malvada crise quando foi eleito não foi apresentar cumprimentos à edilidade municipal, como mandam as regras protocolares. Destacou a acção social e centro de encontros da referida colectividade, à qual desejou as maiores felicidades.
A seguir falou o representante da tribo maior, que veio da capital do império, começando por esclarecer o atraso. Era a primeira vez que vinha ao Fundão, apanhou muito nevoeiro que lhe dificultou a viagem, mas chegou ao destino. Não aconteceu o mesmo ao nosso Rei D. Sebastião, que o Povo continua à espera, num dia ou noite de nevoeiro. Informa que veio a custo zero. Será que não pagou as malditas portagens? Se a crise de golos não for como as finanças do país, espera ser campeão do futebol indígena.
Perante tanta crise, o profissional da rádio meteu no saco o gravador e foi-se embora, porque não podia colocar no ar tanta falta de qualidade oratória.
Por causa da crise, a Banda Musical não colocou colunas de som na sala, mas ouviu-se e bem.
Que mais irá acontecer. Maldita crise. Que vá para o Diabo que a carregue.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

«A consciência da nossa identidade como povo obriga ao conhecimento da nossa – Cultura Rústica – não apenas das suas manifestações vivas, mas também das suas formas periclitantes ou que vivem tão-somente na memória dos mais velhos»; Michel Giacometti.

Nasceu em Janeiro de 1929 em Ajaccio – Córsega. Criado por um tio a desempenhar funções coloniais, partilha o seu universo infantil com crianças de origem espanhola e árabe.
Nos anos de 1947-1952 realiza em Paris estudos de música e arte dramática. Fundou e dirigiu revistas culturais e de poesia. Cria uma Companhia de Teatro e participa em vários estágios de arte dramática.
Viajou pelo Norte da Europa e participou em cursos de etnografia. Em todas as Ilhas da Zona Mediterrânica investiga as tradições populares.
Em boa data de 1959 veio para Portugal onde iniciou um trabalho impar e militante de investigação cultural e popular dos portugueses. Faz uma recolha musical e etnográfica e não dispõem de apoios. Mune-se de microfone e gravador com uma velha carrinha percorre este País agrícola e com muitos tradicionalismos na recolha de valores musicais populares.
Inicia a primeira campanha em 1970 no Baixo Alentejo e Algarve, percorrendo diversas aldeias.
No mesmo ano faz uma digressão pelo Alto Alentejo e visita Malpica do Tejo na Beira Baixa.
Em 1971 inicia a terceira digressão à Idanha-a-Nova – Beira Baixa. Os contactos com Fernando Paulouro, jornalista, actual Director do Jornal do Fundão e seus apoios, passam a dedicar aqui uma maior atenção. Capta a imagem e a voz de Catarina a «Chita» de Alcongosta. Regista os sons e o despique dos Bombos de Lavacolhos com os do Souto da Casa.
Em Aldeia de Joanes faz um documentário das ceifas e das sachas do milho, além de Cânticos da Quaresma nas traseiras da Casa do Cruz. Participam nestas gravações as gentes de Aldeia de Joanes cujos nomes vou registar para ficarem para memória futura. Cantaram e participaram nos trabalhos rurais: Esperança Veríssimo, Filomena Ramos, João Mendes, António Manuel Ramos, Maria da Conceição Lambelho, Francisco Marques da Cruz, Jerónimo Bernardo Lambelho, Maria do Carmo Lambelho, Ana Gonçalves de Oliveira, Etelvina Monteiro, Esperança Lambelho, José Oliveira Marques, Albino Simão Ramos, Ana Almeida e Glória Roxo Campos.
A quarta digressão é passada em Trás-os- Montes, Minho e Douro Litoral. Fez uma profunda investigação em mais de sessenta campanhas, percorreu mais de seiscentas e cinquenta povoações e recolheu mais de duas mil espécimes musicais.
A sua passagem por Aldeia de Joanes ainda está bem viva e ainda há tempos foi recordado com a exibição do documentário gravado e filmado com as suas gentes.
A Assembleia de Freguesia de Aldeia de Joanes, por unanimidade, atribui-lhe o nome de uma rua em homenagem e prova de reconhecimento por ter dado a conhecer ao mundo as canções musicais através do programa da RTP, «O POVO QUE CANTA».
Giacometti foi um génio da etnografia e da musicologia do Povo de Portugal. «O POVO QUE CANTA», nunca o esquecerá e está vivo na sua memória.
Ainda não está tudo descoberto da sua obra. Foi um romântico, um pesquisador que palmilhou os caminhos do nosso universo sonoro, à procura de tesouros, com um calendário agrícola e cristão.
No dia 24 de Novembro de 1990 faleceu em Faro. Por sua vontade está a descansar em Paz na Freguesia de Peroguarda no Alentejo.
Bem hajas caro Michel Giacometti.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Há momentos na vida que esta devia fazer uma paragem, por diversos circunstancialismos. Assistir ao funeral do Padre Mário, no Fundão devia ser um desses momentos, mas é assim este ciclo. Senti-me comovido, emocionado e no final das cerimónias fúnebres um grande vazio.

Cedo entrei na Igreja Matiz do Fundão, depois de apresentar condolências, foi sentar-me no último banco daquele templo. Iniciou-se a recitação do terço, tendo como dinamizador o Bispo Emérito da Guarda – D. António dos Santos, que acompanhei, todos os presentes acompanharam, enchendo-me a alma ao ver esta atitude de um ex-representante da Diocese. Respirava-se um grande silêncio. Entretanto um grupo de Irmãos da Santa Casa da Misericórdia, faz uma vigilância junto dos restos mortais do Padre Mário. A hora da Eucaristia rapidamente chegou. Pela coxia central da Igreja avançava o cortejo de mais de cinquenta sacerdotes, dois diáconos sendo encerrado pelos Bispos D. Manuel Felício e D. António dos Santos. Observei no rosto do Bispo da Guarda dor e tristeza. Enquanto se deslocavam para o altar, o Grupo Coral, sob a batuta do Maestro Geada entoava o cântico da aleluia, seguida do salmo: «os que temem o Senhor é grande a sua misericórdia e vinde benditos do meu Pai, receber a herança do meu Pai».
Os Bombeiros Voluntários do Fundão faziam a guarda de honra a um dos seus homens que há vinte e cinco anos os acompanhou como capelão, como assistente religioso.
A primeira leitura é feita pelo Presidente da Câmara Municipal do Fundão, aliás todo o executivo ali estava presente. O Diácono Francisco Lambelho fez a leitura do Evangelho de S. João.
D. Manuel Felício tomou a palavra e dirigiu-se aos inúmeros assistentes. A sua intervenção sintetiza-se numa frase: «O Cónego Mário foi um grande modelo de virtudes humanas e sacerdotais». Realçou as diversas instituições em que o Cónego Mário se dedicou de alma e coração. Deixou-nos um testamento espiritual e humano. Contando com Jesus Cristo Ressuscitado, viveu dando-se ao serviço dos outros. Viveu com paixão a sua vocação sacerdotal. Viveu sessenta e um anos de sacerdócio em diversos serviços. A maior parte do tempo passou-o no Fundão, a sua terra adoptiva e que pediu para aqui ser sepultado. Viveu com grande amor ao Seminário onde desempenhou diversas actividades. Louvemos o Senhor por este sacerdote que teve a capacidade de dar, de ajudar, da sua prudência, do bom conselheiro, com ajuda preciosa para a Diocese da Guarda.
Todos precisamos da misericórdia de Deus e vamos pedi-la. Na fé ganha-se não se perde. Esta é a verdade de que o Cónego Mário vai continuar no meio de nós.
A Oração dos Fiéis foi concretizada pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Fundão, de quem o Padre Mário era o Presidente da Assembleia Geral.
A oração dos Fiéis Defuntos foi feita pelo actual Reitor do Seminário do Fundão, que pronunciou o nome completo do Padre Mário de Almeida Gonçalves, pedindo a misericórdia divina à sua alma.
No final das Cerimónias Religiosas, o Presidente da Associação dos Antigos Alunos dos Seminários do Fundão e Guarda, que traçou o percurso do Padre Mário, que também pronunciou o seu nome completo, principalmente na Associação e na missão dos Bombeiros, salientando algumas frases chaves que durante alguns anos lhes dirigiu. Terminou recitando um poema recolhido do seu bloco de notas: «Tenho uma viagem marcada / Quando a faço, não sei / Do que tenho, não levo nada / Só levo o que dei».
Transcrevo as palavras que meu irmão me mandou como comentário ao artigo que lhe enviei sobre o Padre Mário: «Há mortos que vivem todos os dias vivos e há vivos que estão mortos todos os dias». O Padre Mário de Almeida Gonçalves está sempre vivo.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes

Há mais de uma década, cruzei-me acidentalmente no Fundão com o Padre Mário, desconhecendo a razão porque estabelecemos diálogo durante alguns minutos. Logo ali, talvez por termos sangue beirão, entrámos em empatia. Além da agradabilidade da nossa conversação, de um certo sentido de humor, da sua humildade, dois factores pesaram para durante estes anos mantermos uma amizade profícua, o Padre Mário era quase meu conterrâneo e tinha o nome do meu filho mais novo.

Pertencemos ao mesmo Concelho do Sabugal. O Padre Mário natural de Monte Novo – Pousafoles do Bispo, e eu da Bismula, situada no Planalto das Terras do Ribacôa, que o Tratado de Alcanizes, no reinado D. Dinis, agregou à Coroa Portuguesa.
A partir daquele dia muitas outras vezes nos cruzámos pelas ruas do Fundão, trocámos impressões sobre diversos temas, das nossas origens, das nossas gentes, das vivências e pastoral da Igreja. Ele com muitas responsabilidades em diversas acções, principalmente de dirigir a vida de um Seminário Menor.
Quis o destino que a seguir ao nosso conhecimento pessoal, em regime de substituição do Pároco de Aldeia de Joanes, conjuntamente com outros sacerdotes amigos, participasse às exéquias de um meu filho, o acto mais doloroso vivido. Nunca mais esqueci as palavras de solidariedade, de conforto, de esperança, de fé, de amizade, que me transmitiu no final da cerimónia fúnebre.
Nas diversas visitas ao Seminário por inúmeras actividades, sempre me recebeu com os braços e coração abertos, sem cerimónias, com simplicidade, com muita fraternidade e proximidade. Notei que fazia parte da sua família, do grupo dos seus amigos.
Numa das últimas visitas à Instituição, já há muito que não era Reitor, mas ali tinha os seus aposentos, com marcação prévia do dia e hora, disse-lhe que era a minha intenção, ofertar-lhe um livro sobre o meu Pai e ver um pequeno filme sobre a sua apresentação. Acedeu e disse-me que viesse preparado para jantar. Cheguei mais cedo que o combinado e recebeu-me no seu quarto, dei-lhe uma explicação dos fundamentos do «Pater Famílias», título do livro, que dava uma panorâmica religiosa, política, social e cultural das nossas origens, com uma personagem principal, o meu Pai – sua vida e obra.
Convidou-me para a Eucaristia com os alunos numa pequena capela e, qual é o meu espanto, que nem metade participava. Estranhei tanta ausência, perguntei-lhe os motivos e o Padre Mário encolheu-me os ombros… e disse-me que estavam a estudar.
Seguimos para o refeitório comunitário e fiquei ao seu lado, conversando sob os olhares estranhos de outras personagens, com a ideia de que estava ali um intruso, um estranho…que era eu. De seguida partilhámos as imagens que o computador nos ia apresentando numa sessão que demorou uns vinte minutos.
Muitas vezes se deslocou à minha Paroquia de Aldeia de Joanes, principalmente na Celebração da Eucaristia e no acompanhamento dos Funerais. As suas homílias eram curtas mas de grande riqueza evangélica.
Nas cerimónias fúnebres admirava a sua tenacidade e a sua religiosidade. Não ia no carro, mas sim a pé, e com a sua voz forte e firme rezava o terço por alma do defunto, seguido por todos os acompanhantes naquela oração.
Há dias no Hospital da Covilhã dei-lhe o último abraço. Tive essa convicção dada a gravidade da sua doença.
Este é um pequeno testemunho de quem acompanhou esporadicamente um Padre que desempenhou diversas missões, um homem de acção e de trabalho, sem esquecer as suas facetas humanas, sociais e de proximidade com o povo.
Com a sua morte, ficamos mais pobres, partiu mais um obreiro da seara do Senhor, perdeu-se um HOMEM E CIDADÃO do Fundão. Perdi um amigo e um conterrâneo.
António Alves FernandesAldeia de Joanes
(Veja aqui um artigo de Pinharanda Gomes sobre o Cónego Mário)

«Pelo S. Martinho vai à Adega e prova o Vinho» – adágio popular.

Este é a sexta homilia que faço relacionada com este Santo, Padroeiro do Fundão, mas principalmente com o Vinho. Hesitei se o devia fazer nestes tempos de crises económicas, de valores, éticas, mas como não cobro honorários por este serviço, não serei atingido por qualquer imposto. Tenho só um receio é se aquele ministro de falas mansas, a lembrar um cordeirinho, vá a qualquer TV pública ou privada a anunciar mais um imposto a quem faz publicidade ao vinho. É possível que aquela calma sonora a aprendeu nos balidos dos rebanhos de Manteigas. Também havia lobos e ouvi-os muitas vezes naquelas zonas serranas. Nestes últimos tempos terá havido alguma transumância. Como alguém escreveu «ele é o GPS do Governo». Parece um daqueles actores alemães refugiados nos Estados Unidos que faziam sempre de espiões soviéticos, nos filmes da Guerra Fria. Mansinhos, mansinhos, mas com o veneno na ponta das botas.
Caros Irmãos, segundo investigações arqueológicas, há mais de cinco séculos que a China cultiva a vinha. Passou a estender-se por todo mundo conhecido da época, como hoje fazem os seus comerciantes, com lojas abertas isentas de horários e impostos por todas as esquinas como antigamente as nossas tabernas e agora as nossas universidades. Aqueles estão a atirar para o empobrecimento e a desgraça os nossos pequenos retalhistas e até já os ciganos, vendedores ambulantes se queixam, estão a fazer-lhe desleal concorrência.
Com a histórica vinícola da China, verificamos que a Humanidade há mais de cinco mil anos anda a apanhar bebedeiras. É obra…
Caros Irmãos, na Sagrada Escritura, no Livro do Génesis, Noé também cultivou a vinha e bebia bom vinho. Não está confirmado oficialmente, mas dizem as más línguas, que à socapa levou para a sua Arca, uma grande pipa de vinho.
Rezam as crónicas recolhidas da mitologia grega que Dionísio era o Deus do Vinho.
O Povo Romano também plantava e fazia o néctar dos deuses, escolhendo-lhe o nome de Baco. O simbolismo da Adega Cooperativa do Fundão é a imitação de uma estatueta romana encontrada em Castelo Novo, representando alguém com um cesto de uvas à cabeça.
Caros Irmãos, no Evangelho de S. João 2, 1-12, há a descrição do Primeiro Milagre de Jesus Cristo, como o sinal do Reino de Deus. Aconteceu nas Bodas de Caná, na Galileia, para as quais Ele, sua Mãe e os Discípulos foram convidados. Um caso insólito, faltou o vinho. Sua Mãe, apelou ao Seu Filho, para tentar resolver o problema. E o Senhor mandou encher as talhas com água e transformo-a em bom vinho, melhor que o primeiro servido. Em Portugal também muitos taberneiros imitam muito mal aquele milagre, deitando água no vinho.
Carlos Irmãos, não é por acaso que o vinho inspirou santos, poetas, artistas e fadistas.
S. Francisco Xavier, o Grande Missionário do Oriente, em 1514, ofertou ao Rei do Japão, garrafas de bom vinho da cepa portuguesa.
Eugénio de Andrade, grande poeta português escreveu, «…a embriaguez é o leite entornado das estrelas».
O meu conterrâneo e parente Manuel Leal Freire, grande poeta, escritor, etnógrafo, jornalista, escreve, «…mais vinho, que é sangue eterno, / Mais vinho, que faço eu. / Ai se o vinho leva ao Inferno, / Primeiro nos mostra o Céu.»
Caros Irmãos, há muitas qualidades de vinho. O da Sabedoria, que inspira poetas, artista e intelectuais. O do Amor, que dá cá um entusiasmo nas aventuras amorosas… O de todos os dias, que nos dá força e alento em todas as horas de trabalho, às vezes funcionando como um verdadeiro doping. E o Vinho da Morte, que se bebe em excesso, nos leva à cirrose, à morte na estrada, no trabalho, em casa arruinando o bem-estar da família, destruindo-a…
Caros Irmãos, tendes a liberdade democrática de vos embebedar, de beber até cair. Mas, Irmãos, cuidado com as consequências. Não espereis por milagres, assumi as vossas responsabilidades. Ao soprar no balão podeis ir para a prisão. Não vos queixais, porque multas pagais e sem carta de condução ficais.
Caros Irmãos, festejemos o S. Martinho com bom vinho que bebido com moderação, faz bem ao coração, principalmente o tinto da Adega Cooperativa do Fundão. É cá uma pomada…
Se não me ouviste Caros Irmãos, irei pregar para outra Paróquia. Que S. Martinho nos dê a suas bênções e bom vinho. Assim seja. Amém.
António Alves FernandesAldeia de Joanes

O autor da «Rota dos 5 Castelos em 3D do concelho do Sabugal», Nuno Dias, apresentou mais um trabalho para promoção e divulgação do património histórico da região beirã. O projecto «Valverde em 3D», retrata digitalmente em três dimensões os edifícios mais importantes da freguesia de Valverde, no concelho do Fundão.

Valverde 3D

«Valverde em 3D» foi um projecto desenvolvido de modo a promover e divulgar digitalmente, em três dimensões (3D), os edifícios mais importantes da aldeia de Valverde, do concelho do Fundão. É um projecto pioneiro para uma aldeia de Portugal, sendo Valverde a «primeira aldeia de Portugal» a ter os seus edifícios mais importantes em 3D. A transposição do papel e da fotografia para a imagem animada por programas digitais possibilita serem vistos por qualquer pessoa em qualquer parte do Mundo, no maior portal geográfico do Mundo – o Google Earth.
O Projecto «Valverde em 3D» foi apresentado no dia 9 de Abril de 2011 aos seus habitantes, no Pavilhão Desportivo, na festa comemorativa do Dia da Freguesia.
Na «Visita Virtual 3D» projectada na sessão e disponível no blogue oficial foram visualizados os seguintes edifícios: o depósito da água, a igreja matriz, o museu D. João de Oliveira Matos, a Junta de Freguesia, a capela do Espirito Santo, a escola primária, o pavilhão desportivo, a capela de São Domingos e a capela do mártir São Sebastião, esta última situada na anexa Carvalhal.
«Além do “Valverde em 3D” sou, também, o autor da “Rota dos Cinco Castelos em 3D do concelho do Sabugal”, um projecto que lancei em 2009 e visou promover e divulgar os cinco castelos e que tem como objectivo promover e divulgar a nossa região», declarou ao Capeia Arraiana o autor, Nuno Dias, aproveitando para mostrar a sua satisfação pela divulgação do seu trabalho nos mais importantes meios de comunicação nacionais.

Blogue oficial de Valverde. Aqui.
Página no Sketchup com os 5 Castelos do Sabugal. Aqui.

Nuno Dias é natural do Fundão, Castelo Branco. Actualmente é freelancer na área de Modelação 3D e estudante de Licenciatura em Engenharia Civil na Universidade da Beira Interior, onde também é formador do curso «Iniciação ao Autocad».
aps

A Resiestrela inaugurou o sistema de produção de electricidade a partir do biogás obtido através do tratamento dos resíduos sólidos de vários concelhos da Beira Interior, entre os quais o do Sabugal.

Segundo informa a agência Lusa, a transformação do biogás em electricidade far-se-á com recurso a um sistema de produção que exigiu um investimento de 900 mil euros por parte da empresa que gere os resíduos sólidos em 14 municípios da Beira Interior.
O sistema permite captar, encaminhar e queimar o biogás criado pelas camadas de resíduos sólidos da região da Cova da Beira que até ao início da década de 1990 foram acumuladas na lixeira do Souto Alto, no Fundão.
A lixeira foi substituída em 2001 por novos aterros e pela Central de Compostagem da Quinta das Areias, também no concelho do Fundão.
O investimento permite gerar receitas «que contribuirão para a sustentabilidade económica e financeira do sistema intermunicipal», explica Carlos Pais, administrador-delegado da Resiestrela.
A queima do biogás vai colocar em funcionamento um gerador com 800 kilowatt para produção de energia eléctrica, a ser exportada integralmente para o sistema eléctrico de abastecimento público.
O investimento faz parte do plano de acção do sistema multimunicipal de gestão de resíduos sólidos para «cumprimento de exigências nacionais e comunitárias para o sector e para sustentabilidade do sistema e da concessão nas suas vertentes ambiental, social e económico-financeira», destaca a empresa.
A Resiestrela é responsável pela concessão do sistema multimunicipal de triagem, recolha selectiva, valorização e tratamento de resíduos sólidos urbanos dos municípios de Almeida, Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Fundão, Guarda, Manteigas, Penamacor, Pinhel, Sabugal e Trancoso.
A empresa serve actualmente uma população de 221.195 habitantes.
plb

JOAQUIM SAPINHO

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