You are currently browsing the category archive for the ‘Tradições’ category.
Requeijão até fartar, iscas de fígado, molho de escabeche, taborna, caldudo, roupa velha, sei lá… são recordações, são saudades na pituitária. São sabores arreigados, entranhados em nós. Alguns deles, hoje proibidos: nunca mais os provarei. Eram comidas do arco-da-velha…

Começo com um aviso prévio ao leitor. Hoje alguns autores escrevem, e põem no fim dos textos uma notinha assim: «Este artigo não respeita o novo Acordo Ortográfico por expressa vontade do autor». Pois bem, eu quero fazer uma declaração bem mais abrangente: «Este texto não só não respeita o tal Acordo, como ainda acrescento que não respeita as normas de escrita da língua portuguesa oficial nalguns casos concretos de rigorosa expressão oral do Casteleiro. Isto, para dispensar a dispersão de aspas a cada pé de passada.»
Vamos, então, aos sabores especiais…
Alguns destes pitéus tinham um circuito muito específico: passavam pelas tascas, pelos reservados das tascas – melhor ainda, enquanto se jogava às cartas a doer, dias inteiros (não tanto nós, mas mais a geração anterior à nossa que, tida e achada era na tasca. Muitas vezes, a petiscar pratinhos deliciosos destes que aqui refiro hoje).
Outros tempos…
Até as batatas fritas com ovos estrelados parece que eram melhores do que as de hoje – e se calhar eram mesmo. E as baratas salteadas? Uih!
Mas há coisas que acabaram mesmo. Como o chicharro de escabeche, por exemplo. Ou jaquinzinhos de escabeche. Parece que o modo como esse molho era obtido o tornava explosivo dentro do organismo. Portanto, adeus, fala-se dele, mas nunca mais o provarei. Hoje sabe-se que faz muito mal. Isso, que se chama educação alimentar, junto com as naturais debilidades do organismo… tornam essas iguarias proibidas.
Ou seja: nunca mais me toca nos dentes.
Quando o Rei faz anos
Comer uma bica, espalmada, saborosa. Comer um doce, espécie de biscoito popular, grande, alto ao centro – ou, melhor ainda, um esquecido. A mesma coisa mas com massa diferente e bem mais doce.
Papas, aquele pitéu à base de carolo (farinha de milho) – que delícia. Eram feitas pelas ceifas e pela malha.
Ou então uma roupa velha, mistura especial de batata partida aos quadradinhos pequenos, couve, alho etc.. Também se chamam batatas salteadas, batatas arranjadas – era assim que se chamava este prato. São um pitéu que «faxavor»…
Miga de feijão com trigo – que coisa boa!
Disto, ainda se vai provando agora de vez em quando, quando o Rei faz anos.
Comidas do outro mundo
Torresmos, que se chamavam carne gorda bem retchinada – eis algo absolutamente proibido hoje. Queijo curado a sério, daquele de apeguilhar com o pão.
Lá de vez em quando, uns tartulhos e talvez até uns míscaros. Sempre com muito cuidado, por causa dos venenos destes «bichinhos». Para prevenir, punha-se um objecto de prata dentro da panela quando estavam a cozer. Se escurecesse – alto e pára o baile, que é venenoso…
E o requeijão. Ena! Que maravilha.
As iscas de fígado, a taborna (pão frito em azeite, mas de forma muito especial). A verdadeira taborna era aquela que se fazia no lagar no dia em que se ia lá fazer o azeite.
O caldudo ainda nos lembra de vez em quando. Era um sabor especial: as castanhas secas, piladas, feitas em caldo. Uma coisa castanha, bem líquida, com as castanhas a boiar. Delícia, também.
Por vezes alguém recorda:
– E as sopas de cavalo cansado?
Sabe o que é isso? Água, um pouco de vinho, açúcar, pão lá dentro… Muito bom!
Do porco, três especialidades muito apreciadas cá para estes lados, sem deitar fora nada do resto: a bucheira, a morcela (a única feita a sério é a da minha terra, mas a daqueles tempos de quando eu era jovem: sem artifícios: só sangue, gorduras, pão e cominhos); e ainda os ossos do porco (a coluna vertebral do bicho), que se comiam pelo Carnaval.
Consegui impressioná-lo, leitor?
Era mesmo essa a intenção: pô-lo a lamber os lábios de saudade ou de inveja…
Bom proveito.
Nota final: Quero registar com grande alívio que uma tal «Anabela» poderá afinal ser mulher ou homem, ser do PSD ou do CDS mas nunca do PS, ao que me dizem; que afinal a minha intuição inicial me guiou bem; e que oficialmente o PS se desvinculou do comentário insidioso ou pior ainda. Refiro-me, naturalmente, a alguns dos comentários inseridos aqui. Leia e pense pela sua cabeça, como é sempre aconselhável.
«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
«Feitura do carvão. Vi, claramente visto, o lume vivo.» Há cerca de oito dias o meu amigo Victor Fernandes, Presidente da Junta de Malcata, telefonou-me para me convidar a participar numa jornada que tinha a ver com a feitura do carvão, através da cepa da torga, ou canaveira, como por cá também se diz.
Fiquei, agradavelmente surpreendido, e logo comecei a orientar a vida de modo a que me fosse possível ir à simpática freguesia de Malcata onde somos sempre muito bem recebidos e bem estimados.
Cheguei por volta das 9.30 horas e alguém me disse que os «carvoeiros» já estavam para a serra. Fiquei um pouco embaraçado mas, de repente, apareceu-me o anjo salvador. O Rui Chamusco.
Passados dez minutos chegámos ao local onde cerca de duas dezenas de malcatanhos trabalhavam e outros iam servindo a jeropiga, dizendo que era para aquecer, já que o frio era mesmo de rachar.
Enquanto os mais entendidos iam retirando dos buracos o carvão que já estava feito e arrefecido outros circundavam uma outra fogueira onde estava a ser consumida uma grande quantidade de cepas.
Os mais entendidos iam ajeitando o lume de modo a que as cepas ficassem mesmo no ponto e, quando muito bem entenderam, começaram a escavar terra em volta do lume com a qual iam cobrindo e abafando as cepas que, por sua vez, se iam convertendo no apreciado carvão. Mas que arte, meus senhores! Sob o comando de um Senhor, já bastante maior, como dizem os espanhóis, mais dois ou três iam desenvolvendo as mais diversas tarefas também com as mais diversas ferramentas onde o enxadão é rei.
Já mesmo ao fim da manhã eis que chegava o Tó Peneira com o seu lustroso burro que havia de transportar as quatro sacas de carvão que estava pronto a ser consumido ou comercializado se fosse nos tempos de antigamente.
Por volta das 12.30 horas a maioria das pessoas chegavam à sede da associação onde já um grupo de voluntários e voluntárias tratavam do merecido almoço.
Logo que o burro foi descarregado chamaram todos os presentes para junto do balcão do bar poderem tomar um aperitivo. Num ambiente de pura e franca harmonia todas as pessoas bebiam e conversavam animadamente e o tema principal era mesmo o carvão.
Às 13.00 horas, tal como estava previsto, toda a gente se sentou à mesa onde foi servida carne em abundância acompanhada por um saborosíssimo arroz de feijão e couve que a Carla confeccionou. Parabéns, Carla, extensivos às outras moças que contigo trabalharam nas mais diversas tarefas.
Depois do café e copa e sob a orientação dos incansáveis – anfitriões – Vitor, Presidente da Junta e Rui Chamusco, Presidente da Associação, organizou-se o cortejo onde o burro, todo vaidoso, nos conduziu por várias ruas da Freguesia onde o acordeão do Rui e o pessoal dos bombos animaram toda a freguesia. Quem tem um Rui tem um Cristiano Ronaldo!
Confesso que fiquei maravilhado com esta festa do carvão que julgo ser merecedora de honras de televisão para que a ilustre e simpática Dina Aguiar pudesse divulgar através do seu muito apreciado programa «Portugal em Directo».
Mas para substituir as televisões – faltosas – surgiu o João Paulo e o irmão Tiago Cabral que com uma Câmara e uma máquina fotográfica fizeram um trabalho que prometeram meter em DVDs para que esta actividade possa ser divulgada porque, sinceramente, merece.
Parabéns a todos os malcatanhos quer tivessem ou não participado nesta inolvidável jornada!
Os nossos antepassados agradeceram.
«Nascente do Côa», opinião de José Manuel Campos
(Presidente da Junta de Freguesia de Foios)
jmncampos@gmail.com
A Confraria do Bucho Raiano do Sabugal marcou presença no segundo Grande Capítulo da Confraria da Marmelada de Odivelas que se realizou este sábado, 24 de Novembro, no Mosteiro de São Dinis e São Bernardo.
CONFRARIA DA MARMELADA DE ODIVELAS – 24-11-2012 |
Fotos Capeia Arraiana e José Valverde – Clique nas imagens para ampliar |
jcl
Passou de cem o número de confrades e amigos do Sabugal e do bucho raiano que no sábado, dia 10 de Novembro, se juntaram no Clube Náutico Al Foz, em Alcochete, para conviver e degustar os bons sabores das nossas terras.
Fotos de Daniel Salgueiro e José Carlos Calixto
A Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela (ADRUSE) organizou no domingo, 11 de Novembro, em São Paio, concelho de Gouveia, um festival com o objectivo de divulgar a gastronomia regional com especial destaque para as sopas.

Organizado pela ADRUSE o XIII Festival de Sopas da Serra da Estrela teve lugar em São Paio, concelho de Gouveia e recebeu cerca de 1.500 visitantes. No festival foram servidas 28 variedades de sopas confeccionadas por 24 particulares e instituições dos concelhos que integram a zona de intervenção da associação: Gouveia, Seia, Manteigas, Celorico da Beira, Fornos de Algores e Guarda.
Os visitantes puderam provar, entre muitas outras, sopa da pedra com castanha, sopa de míscaros, aveludado de nabiça, sopa à moda do rancho e sopa de rabo de boi.
A Confraria da Urtiga, de Fornos de Algodres, foi uma das participantes, e apresentou uma sopa de cogumelos com urtiga. A cozinheira, Clara Paraíso, esclareceu que «a base da sopa leva batata, cebola, abóbora e boletos» sendo depois adicionada urtiga. «A urtiga é uma planta que tem muito potencial», explicou Rosa Costa, da confraria, acrescentando que «voltou a entrar na confecção das refeições de muitos habitantes da região».
O festival incluiu um concurso, cujo júri foi presidido por Justa Nobre, que distinguiu a «sopa da pedra», confeccionada pela Associação Musical Sampaense (Gouveia) como o galardão de «Melhor sopa do festival». A especialista defendeu o consumo de sopa por ser «sinónimo de saúde e de boa alimentação» e aconselhou as pessoas a comerem «sopa ao almoço e ao jantar». Foram também atribuídos os prémios «Sopa de castanhas», «Sopa de São Martinho», «Outro tipo de sopas» e «Profissionais de restauração».
O presidente da Câmara Municipal de Seia e presidente da ADRUSE, Carlos Filipe Camelo, valorizou a iniciativa hoje realizada por contribuir para a divulgação da gastronomia regional e por incentivar o aparecimento de novas sopas.
«Em cada festival que acontece há coisas novas que aparecem, utilizando produtos antigos que fizeram sempre parte daquilo que era a tradição de uma região como a da Serra da Estrela», disse na ocasião o autarca.
Muitos dos visitantes que passaram pelo recinto do festival deslocaram-se propositadamente ao concelho de Gouveia para degustarem as sopas tradicionais.
O Festival de Sopas da Serra da Estrela foi co-financiado pelo subprograma 3 do PRODER e contou com a colaboração do Município de Gouveia, da Junta de Freguesia de São Paio, entre outras entidades.
jcl (com agência Lusa)
Sem querer alimentar questões estéreis, porque, de um modo geral, parece-me que todos estamos de acordo, não posso deixar de fazer algumas referências à questão da capeia (parece que o Sabugal não tem mais soluções e questões para resolver, mas…) e ao comentário de João Valente, sobre algo que sugeri.
É com algum sentimento de raiva que vejo como vamos debatendo questões enquanto os grandes decisores se estão, passe a expressão, marimbando para nós. A não ser assim, o País ter-se-ia desenvolvido de forma mais harmoniosa, menos assimétrica e talvez houvesse menos problemas que aqueles que agora temos em Portugal.
O concelho do Sabugal é bem o exemplo da incúria dos sucessivos governos e um espelho do Interior. Com uma grande extensão o Sabugal só não tem perdido território, porque, quanto ao resto: população e serviços, por exemplo, é o que se sabe. E nem se pode dizer que a culpa pode ser só imputada aos governantes locais, pois a corda da fronteira sofre do mesmo mal. É por isso que recorrentemente insisto que ninguém fará nada por nós; a mudança far-se-á ou não pela nossa ação ou pela falta dela. Não estamos entregues à nossa sorte, mas perto disso.
É pela perspetiva estrutural, mas também conjuntural, que nos vamos agarrando àquilo que pode ajudar ao desenvolvimento ou, pelo menos, a evitar o definhamento. Compreende-se, assim, que por argumentos racionais, mas também emocionais, haja quem, exageradamente, considere a capeia arraiana a maior indústria do concelho. Consciente dessa importância, na economia dos afetos e na identidade cultural, a câmara do Sabugal resolveu acrescentar valor e preservar aquilo que é uma marca única. A classificação da capeia como Património Cultural Imaterial e as jornadas que decorreram dias 19 e 20 de outubro, no Auditório Municipal, subordinadas ao tema «Pensar a tauromaquia em Portugal – diversidade, valorização, sinergias», são um bom exemplo.
As jornadas apresentaram um vasto leque de assuntos e pessoalmente só posso lamentar não ter podido estar presente em todas as intervenções por razões profissionais. Infelizmente também não terão estado tantas pessoas quantas as que seria desejável, algumas com obrigações, mas as coisas são mesmo assim. Talvez noutro contexto temporal fosse mais apelativo – a festa dos touros quer calor. Ainda assim, perdeu quem esteve ausente, como por exemplo a intervenção de Luísa Mendes Jorge, arraiana, da Faculdade de Medicina Veterinária, que apresentou alguns dados preliminares sobre um estudo com caráter científico sobre o impacto socioeconómico da capeia arraiana. Aguardo com expectativa a conclusão desse estudo que trará alguma luz sobre um aspeto a propósito do qual tanta gente opina, mas ninguém apresenta dados concretos.
Reconhecida essa vertente económica da capeia, considera-se que deve potenciar-se sem, contudo, adulterar a sua essência. Na intervenção que tive fiz questão de frisar esse risco; que o sucesso mediático da capeia pudesse ser causa da transformação em algo que não corresponde a uma manifestação de cultura popular, que emanou do Povo e é propriedade do Povo e de mais ninguém. Foi nesses termos, como salientou Paulo Costa, da Direção-geral do Património Cultural, que a capeia arraiana obteve a classificação. Portanto, há uma matriz que engloba várias facetas, nomeadamente o contexto geográfico, o facto de ser uma festa do Povo, consequentemente não comercial, como acontece com outras manifestações tauromáquicas, e, ainda que «cada terra com seu uso», é essa diversidade e unidade que a tornam única, razões mais que suficientes para «não andar com o forção para todo o lado» e manter as coisas nos termos da inventariação. Pela parte que nos toca, em Aldeia Velha continuarão os carros de vacas, continuará o Rol e tudo o resto que é ancestral, continuar-se-á a receber bem quem quiser aparecer, mas sem esquecer que é o folguedo dos da terra.
Postas as coisas nos termos anteriores, não devemos esquecer que nestas terras vive gente, que gostaríamos que mais gente se mantivesse e outra regressasse e que todos tivessem uma qualidade de vida adequada aos tempos atuais, preservando as tradições, mas sem aquela ideia que basta o ar puro e a paisagem para se viver feliz.
É por isso que não vejo mal nenhum em ter iniciativas que possam ajudar as pessoas. A capeia é a capeia, o rock é o rock. Uma coisa não tem nada a ver com outra. No entanto, nada impede que a Raia tenha um grande festival de verão para a juventude que seja potenciado pelas nossas tradições. O pão é o pão e o queijo é o queijo, mas nada nos impede de comer pão com queijo e se for pão centeio, malhado ao mangual e moído num moinho recuperado, para não esquecer como se fazia antigamente, acompanhado de um queijinho de cabra, daqueles que nós conhecemos, nem perde o pão nem o queijo.
«Raia e Coriscos», opinião de António Pissarra
O habitual almoço anual da Confraria do Bucho Raiano na região de Lisboa realiza-se no dia 10 de Novembro, no Clube Náutico Al Foz, em Alcochete.

O almoço anual na região de Lisboa da Confraria do Bucho Raiano está aberto a todos os sabugalenses e amigos do Sabugal que desejem inscrever-se, independentemente de serem ou não confrades da Confraria.
Os interessados podem inscrever-se por estas vias: enviando e-mail para o endereço confrariabuchoraiano@gmail.com, ou telefonando para os números 966823786 ou 963084143.
jcl
Como escrevemos em artigo anterior a classificação da Capeia Arraiana no registo do Património Cultural Imaterial foi um passo importante para a preservação da sua identidade, mas isso não basta. É preciso acrescentar-lhe valor de modo a ser fator positivo contra o despovoamento.
Felizmente que na atualidade existem as redes sociais, a blogosfera, os sites, se democratizou o acesso a meios para recolha da imagem fixa e em movimento… Enfim, qualquer cidadão deixou de ser um mero consumidor para passar a ser também um produtor de informação, aquilo que se convencionou designar por Web 2.0, consubstanciada no conceito de prosumer (produtor/consumidor).
Podemos concluir que, das mais diversas formas, a capeia arraiana tem a sua divulgação assegurada. No entanto, no imenso «matagal» de informação, há, por vezes, dificuldade em selecionar a informação relevante daquela que é inútil ou mera opinião não escrutinada. Não é o caso deste blogue que procura cumprir com os princípios do jornalismo, seja ele expresso em que meio for.
A capeia arraiana «não nasceu ontem». Contudo, o Mundo mudou muito nas últimas três ou quatro décadas e a nossa região não foi excepção. Recordam-se certamente os da minha idade, e um pouco mais velhos, alguns mais novos também, que quase todas as aldeias tinham escola; que as discotecas Poço, Teclado, Upita, da Vila do Touro… estavam sempre cheias, ao fim de semana e principalmente no Verão. Até na Colónia Agrícola vingou um estabelecimento do género. As escolas secundárias do Sabugal e da Guarda e o próprio Instituto Politécnico estavam cheios de jovens que haviam cursado o primeiro ciclo do ensino básico nas respetivas aldeias. Pois é, hoje são cada vez menos. As escolas fecharam (sou contra o modo radical como fizeram a reorganização escolar no concelho, nomeadamente quando há cerca de uma década destacava na primeira página do Nova Guarda a reabertura da escola da Nave por haver mais de 10 crianças), nasceram os lares e são cada mais aqueles que embora sejam do concelho, por cá terem o seu sangue, nasceram um pouco por toda a geografia nacional e noutros países, com destaque para a Europa.
O que mantém a ligação à Raia? Quase todos são unânimes em reconhecer o papel da Capeia Arraiana. Essa marca de identidade que distingue um arraiano de qualquer outro cidadão do Mundo. A capeia não é, portanto, só uma manifestação de cultural regional. É muito mais e pode ser muito mais e, nesse aspeto, gosto de ser pragmático. É que a Raia, as suas gentes, a sua economia, o seu desenvolvimento ou definhamento, não se pode resumir só ao mês de agosto, esse tempo de encontro com a tradição e os amigos que nos enche e reconforta a alma. Quem por aqui vive precisa de ter recursos para viver com dignidade, sem ter que partir.
É certo que todos reconhecemos as implicações económicas que a capeia tem, pelas razões atrás apontadas: na construção civil, no comércio, em geral, e na agricultura e venda de produtos regionais… e tantas outras atividades.
Os tempos são de crise e organizar a capeia não é propriamente barato. Apesar da boa vontade é cada vez mais difícil angariar fundos para pagar as despesas, fundos que, normalmente, saem dos bolsos dos cidadãos de cada localidade (por exemplo em Aldeia Velha cada rapaz solteiro contribui com 80 euros para o Rol). Assim, deixo aqui algumas sugestões, envolvendo uma possível Associação da Capeia, sem fins lucrativos, para ajudar a economia da capeia e não só, fazendo com que os visitantes também dêem algum contributo que não só nos bares.
Uma das ideias passa por criar um passaporte da capeia, com eleição do capeeiro-mor, envolvendo o pagamento de 1 euro por cada carimbo colocado em cada encerro, em cada capeia, em cada garraiada, etc.. O dinheiro seria distribuído em função dos carimbos obtidos por cada evento.
Outra sugestão vem na sequência das referências anteriores sobre a mudança da matriz social, cultural e demográfica e passa por criar um grande festival de verão, que designo por Rock in Raia, o qual poderia ocorrer durante quatro ou cinco dias, envolvendo o Festival do Forcão e algumas capeias, com serviço de autocarros da «aldeia do rock» para as capeias e encerros, juntando, assim, a tradição com a modernidade, trazendo mais gente a animar a economia local e a venda de produtos regionais e de merchandizing relacionado, numa matriz musical de cunho marcadamente ibérico. Vários amigos meus sabem que é uma ideia que me povoa a cabeça há já alguns anos e que, inclusivamente, apresentei na Câmara do Sabugal.
Para já deixo estas reflexões, com a certeza de que pensamento sem ação não passa de mera teoria. Apresentarei futuramente mais algumas sugestões e procurarei ter alguma iniciativa com quem quiser colaborar, com a certeza de que nada se faz sem muito trabalho e amor à causa.
P.S.: Não posso deixar de realçar aqui a organização da Jornadas sobre tauromaquia a decorrer no dia 19 e 20 de outubro. Quando tantas vezes criticamos a falta de iniciativa, devemos recordar que estes eventos e a classificação da capeia como Património Cultural Imaterial, também não aparecem ser trabalho e proatividade.
«Raia e Coriscos», opinião de António Pissarra
A histórica cidade de Trancoso ganhou mais colorido este sábado, 22 de Setembro, com a realização do I Encontro das Confrarias das Beiras, iniciativa da Confraria das Sardinhas Doces de Trancoso com apoio da Câmara Municipal e empresa municipal Trancoso Eventos.

As confrarias gastronómicas das Beiras reúnem este sábado, 22 de Setembro, em Trancoso. O primeiro encontro é uma iniciativa da Confraria das Sardinhas Doces e conta com o apoio do município e da empresa municipal de Trancoso.
Um encontro de saberes e sabores, de experiências que nasceram na lonjura dos tempos e foram transmitidas de geração em geração, uma componente real e importante da Cultura Portuguesa, autêntica expressão do povo que guarda em si segredos da mesa de «arte de bem comer e bem beber» entendida esta como uma herança histórica, etnográfica e gastronómica mas também de elementos que se conjugam com a actividade agro-pecuária.
As Confrarias, ao conjugarem os cidadãos num objectivo de promoção, preservação e divulgação de produtos locais ou regionais ou de animais como é o caso do Cão Serra da Estrela, estão a preservar o património material e imaterial e contribuir para o desenvolvimento sócio-económico onde é de destacar o Turismo nas suas vertentes gastronómica, monumental, paisagística, o artesanato e as tradições.
Programa
09:30 – Recepção às Confrarias e Sardinha de honra.
10:30 – Sessão de boas vindas de Júlio Sarmento, Presidente da Câmara Municipal de Trancoso e representação teatral dos alunos do 2º ano do C.A.S.C. Escola Profissional de Trancoso.
10:45 – 1.º painel – A Gastronomia/As Confrarias e as Comunidades Locais. Moderador: Dr. Carlos Camejo. Participantes: As Mãos fadadas das Freiras (Santos Costa); Os Comeres da Beira na Idade Média (Armando Fernandes); A Singularidade das Comunidades Locais: Contributos de uma Confraria (Olga Cavaleiro).
11:45 – 2.º painel – Contributo das Confrarias para o desenvolvimento de uma Região. Moderador: Dr. Amaral Veiga. Confrarias Gastronómicas, baluartes de promoção e do desenvolvimentodos Territórios (Madalena Carrito); O contributo das confrarias para a promoção do produto endógeno (Luís Baptista); As confrarias e o Príncipe Kropotkin (Carvalho Rodrigues).
Debate
13:30 – Almoço: Hotel Turismo de Trancoso.
15:30 – Momento Musical: Coro da Santa Casa da Misericórdia de Trancoso.
15:45 – Encerramento. O Poder Local e as Confrarias locais e regionais (Júlio Sarmento).
16:00 – Visita a Trancoso.
17:00 – Lanche partilha com produtos das Confrarias.
jcl (com Gab. Comunicação e Imagem da C.M. Trancoso)
«AS TERRAS SÃO TODAS IGUAIS. AS GENTES É QUE SÃO DIFERENTES!» Esta abertura vem a propósito da minha ida ao encerro da Freineda, na passada sexta-feira, dia 8, do corrente mês de Setembro.
Quando pela zona da Raia só já vive de saudade em relação às festas do mês de Agosto, com particular destaque para os encerros e capeias, eis que é anunciado um encerro que deixa deslumbrados todos quantos se dignam ir até à Freineda, essa simpática localidade, também raiana, mas já do concelho de Almeida.
Fui lá, pela primeira vez, no passado ano – 2011 – e já fiz promessa de ir todos os anos.
Na passada sexta feira fui com o meu amigo Chico Lei, num carro de dois lugares, mas logo atrás de nós seguia o jipe do Lei Chão com mais quatro ou cinco fojeiros. Alguns iam pela primeira vez mas já com algumas boas referências.
Quando chegámos ao local do Taco, também conhecido pelo «Mata Bicho», fomos cumprimentados por alguns amigos que por lá temos e logo nos puseram completamente à vontade. «O que está aqui é para todos!» E o que lá havia. Quantidade e qualidade tanto de comida como de bebida.
«Ó pessoal, toca a aproximar. Isto é para todos. Então já provaram a sangria? E o branquinho? Mas o tinto também não é mau.»
Nas mesas abundava o presunto e o chouriço, entre outras especialidades, mas o leitão acabou por ser rei.
Entretanto iam chegando muitos cavaleiros, carrinhas, tractores e motas que, após uma passagem pelo local do Taco, davam uma arrancada até ao sítio onde se encontravam os toiros prontos para as mais diversas faenas do encerro.
A febre, tanto dos humanos, especialmente dos cavaleiros, como dos bichos era, de tal ordem, que arrancaram todos numa barafunda e correria louca a ponto de me fazerem lembrar as guerras nos desertos de alguns países e que a televisão, infelizmente, nos vai mostrando.
Como o terreno é muito plano também dá para tractores, motas, jipes e carrinhas, correrem na perseguição dos bichos.
Os participantes, numa gritaria infernal, faziam-se ouvir dizendo: «O amarelo já fugiu, os cabrestos também já andam longe mas já lá vêm outra vez. Toca gente a subir para os respectivos veículos para se aproximarem o mais possível dos animais.»
Por fim lá os aproximaram do caminho e em marcha lenta fizeram dois ou três quilómetros até que acabaram por chegar próximo do povoado onde entraram já em grande correria, como é habitual, tendo acabado por entrar na praça com sucesso.
Confesso que gostei de tudo mas, de sobre maneira, da simpatia dos freinedenses que não deixam os créditos por mãos alheias.
Um especial carinho e agradecimento para o amigo Tó Reis, Gonçalves, Mário Rocha e Zé Manel-prof. (entre muitos outros) que fazem questão de servir bem todas as pessoas a ponto de as fazerem sentir igual ou melhor que na sua própria terra.
Um grande Bem-Haja e viva a Freineda por ser um exemplo!
«Nascente do Côa», opinião de José Manuel Campos
(Presidente da Junta de Freguesia de Foios)
jmncampos@gmail.com
Já em tempos, então diretor de um jornal, me referi à Raia Sabugalense nos termos que o faço neste título. Fi-lo, e faço-o, com a convicção que assim é relativamente ao potencial turístico que esta região pode ter, principalmente no mês de agosto. Pode argumentar-se que a comparação peca por excesso. Talvez, mas também penso que temos aproveitado por defeito as possibilidades que a Raia, as suas tradições seculares e o seu património humano e natural oferecem para uma realidade socioeconómica que poderia apresentar outro cariz.
Habitualmente me manifesto sobre a injustiça que tem sido feita com o esforço de tantos sabugalenses que tiverem que partir à procura de um futuro melhor, principalmente em terras de França. O seu esforço, os seus sacrifícios, contabilizaram-se em números, nas remessas de dinheiro que enviavam para Portugal. Apesar disso, também por culpa própria, essas verbas serviram principalmente para desenvolver outras regiões. É certo que havia/há muita gente que teve arte para ganhar dinheiro, mas faltou-lhe sabedoria para o investir, nomeadamente no concelho. Investimento que criasse emprego e mais riqueza para todos, impedindo o êxodo que se tem observado nas últimas décadas. Faltou também, talvez, uma estratégia por parte dos responsáveis autárquicos que ajudasse a que as coisas fossem diferentes.
Voltando às comparações com as Terras do Sul, podemos dizer, para os mais pessimistas, que também o Algarve não está cheio o ano inteiro, mas sabemos como um bom verão pode «salvar» o ano inteiro. Salvaguardadas as devidas distâncias, também a Raia pode ter um bom verão que ajude o resto do ano. Quem não gostaria de ver nas diversas aldeias o movimento que se verifica no verão? Também os empresários algarvios desejariam o mesmo. Tal não é possível quando se fala de prestação de serviços e não na produção de produtos transacionáveis.
Apesar de as duas atividades serem distintas, uma e outra podem estar ligadas, nomeadamente, na Raia, no que aos produtos tradicionais se refere, e são estes, aqueles que são diferentes e que constituem uma marca de identidade, que podem ser uma mais-valia para o concelho.
A classificação da Capeia Arraiana como Património Cultural Imaterial, pelo Instituto dos Museus e da Conservação, pode ajudar, mas vale de pouco se não se lhe acrescentar valor. Não se trata de regular, por lhe retirar autenticidade, uma manifestação de cultura popular, que emanou do Povo, é vivida pelo Povo e paga pelo Povo. A Capeia não pode ser vítima da sua notoriedade mais recente e deve ser fiel ao seu passado. No entanto, pode haver algumas iniciativas que potenciem este fenómeno, sem deixar de ser aquilo que sempre foi: uma festa do Povo.
Quando este verão, em Nave de Haver, observei uma banca de uns nossos vizinhos espanhóis a vender miniaturas de forcões a 10 euros, pensei para comigo: «Caramba, generosa é a gente da Raia, todos lá vão buscar e ninguém leva para lá nada!» Será que a culpa é de quem tem iniciativa ou de quem a não tem? Certamente é de quem a não tem. E já é tempo de fazer alguma coisa. Voltaremos ao assunto, apresentando algumas sugestões.
«Raia e Coriscos», opinião de António Pissarra
António Pereira de Andrade Pissarra é natural de Vila Garcia, concelho da Guarda, tem 50 anos, é professor de comunicação social no Instituto Politécnico da Guarda e foi o último director do Jornal Nova Guarda. Casado em Aldeia Velha, concelho do Sabugal, tem dois filhos, e mantém uma forte relação sentimental com as tradições raianas. Estudou na Guarda, leccionou em Évora, onde frequentou o curso de engenharia agrícola (que não concluiu), licenciou-se em Tecnologias da Informação aplicadas à educação, fez o mestrado em comunicação educacional multimédia e frequentou o doutoramento em processos de formação em espaços virtuais na Universidade de Salamanca. Actualmente é presidente e fundador do Guarda Unida Futebol Clube.
O Capeia Arraiana dá as boas-vindas ao jornalista e professor universitário António Pissarra que inicia hoje uma série de crónicas sob a rúbrica «Raia e Coriscos». O nosso bem-haja por ter aceite o convite para integrar e valorizar este painel da opinião raiana.
jcl e plb
Está patente ao público, na Galeria de Arte do Paço da Cultura, na Guarda, uma exposição denominada «Morcela da Guarda – Tradição, Saber e Sabor». A mostra, cujo catálogo (bilingue) contém um texto da autoria do sabugalense Paulo Leitão Batista, é uma iniciativa da Câmara Municipal da Guarda e da Pró-Raia.

A exposição denominada «Morcela da Guarda – Tradição, Saber e Sabor» é uma iniciativa da Câmara Municipal da Guarda, contando com o apoio da Pró-Raia, e tem por objectivo enaltecer um dos mais genuínos e característicos produtos gastronómicos da região. Através de registos fotográficos e videográficos percorrem-se os caminhos da memória para se reviver a tradição das matanças do porco, que ainda há uns anos aconteciam nas aldeias, onde todas as famílias cevavam e matavam um «marrano» para dele retirarem alimento para todo o ano.
O porco era a mantença da casa, na medida em que fornecia carne e enchidos, que todos a apreciavam, confeccionados segundo os saberes que foram transmitidos em gerações sucessivas.
A partir do sangue retirado no momento da matança confeccionava-se um dos mais genuínos enchidos portugueses: a morcela. A da Guarda há muito que adquiriu nome e estatuto, sendo uma das mais apreciadas do país.
O catálogo da exposição contém textos de dois estudiosos das tradições regionais: Paulo Leitão Batista e Norberto Gonçalves. O primeiro, que também é chanceler da Confraria do Bucho Raiano, do Sabugal, escreve sobre a morcela enquanto primeiro enchido da matança, e aborda temáticas como «a ceva do marrano», «o tempo das matanças», e a própria «confecção das morcelas». Já Norberto Gonçalves apresenta um texto intitulado «De faca e alguidar», através do qual descreve o antigo ritual da matança.
O catálogo é de edição bilingue (português e inglês), e os textos são enquadrados por um conjunto de fotografias colhidas numa matança à antiga feita numa aldeia do concelho da Guarda. O vistoso e bem concebido catálogo contém ainda um conjunto de receitas modernas em que a morcela é o ingrediente principal.
No acto de inauguração da mostra, o presidente do Município da Guarda, Joaquim Valente, assumiu que uma das formas pelas quais a edilidade egitaniense irá defender o seu produto gastronómico de excelência será através da criação da Confraria da Morcela, que a Câmara irá apoiar.
Porém o primeiro passo para o lançamento da futura Confraria da Morcela da Guarda está dado e, para isso, nada melhor do que ter chamado a escrever o catálogo da exposição o chanceler da Confraria do Bucho Raiano.
A exposição, inaugurada no dia 12 de Julho, pode ser visitada até ao dia 15 de Setembro, de terça a sábado, das 14 às 20 horas.
Reportagem da LocalVisão Guarda. Aqui.
E porque sempre achei ridículas as falsas humildades aqui deixo um público louvor à enorme qualidade do texto do catálogo da exposição da autoria do Paulo. E só ficou por fazer a tradução para castelhano…
jcl
O mês de Agosto é, por excelência, o mês das férias e o mês das festas. No concelho do Sabugal, e mais propriamente na zona raiana, assumem diferentes proporções por causa das capeias à moda da raia. As capeias com forcão. Já muitos emigrantes me segredaram que se não fossem as capeias não viriam todos os anos ou que até mesmo se esqueceriam deste terrão.
Este ano notei que havia mais gente nos Foios e na raia em geral. À medida que nós, responsáveis autárquicos, nos vamos preocupando com os mais diversos melhoramentos nas nossas freguesias mais atractivas e mais convidativas se tornam.
Até há uns anos atrás o progresso e o desenvolvimento foi criar as condições básicas para que cá se pudesse viver com dignidade mas, desde há algum tempo a esta parte, e uma vez que o essencial está feito, passámos a dedicar-nos mais à limpeza e a bordar, por assim dizer.
Quase, um pouco por todos os lados, começam a surgir espaços de convívio e de lazer para que, cada vez mais, possamos viver e receber convenientemente quem nos visita.
Começando pela nascente do rio Côa e ao longo do seu leito, e das suas margens, começam a surgir bonitos e encantadores espaços de lazer. Refiro, com muito agrado, as praias fluviais de Foios, Quadrazais, Sabugal, Rapoula do Côa, Badamalos, Valongo, Vale das Éguas – e talvez mais algumas – que já vão sendo as delícias de muitas pessoas. Mas quanto ainda há para fazer por esse rio abaixo?!
Tive o cuidado de observar e estudar o comportamento humano das mais diversas criaturas por estas nossas paragens.
O emigrante, termo que pouco gosto de aplicar, está cada vez mais integrado e é cada vez mais, como todos nós, mais cidadão do mundo. Vivemos na tal aldeia global. E ainda bem.
Os mais novos, já terceira geração, oferecem-se para serem mordomos das capeias e desempenham cabal e orgulhosamente o cargo.
Os pais e os avós sentem-se igualmente vaidosos pelo facto dos filhos e netos continuarem a respeitar e a alimentar as raízes. É um autêntico fenómeno.
E os namoros e os casamentos que se vão arranjando por cá? É outro facto curioso.
Quantos namoros e casamentos já aconteceram através destes contactos e conhecimentos em férias?
Tenho verificado que os emigrantes já não gastam dinheiro como noutros tempos. Também reconheço que são cada vez menos uma vez que a grande maioria já regressaram definitivamente.
Mas, apesar de tudo, quando há gente há movimento que faz mexer toda a economia local e regional.
Os queijos das cerca de quinhentas cabras que há nos Foios esgotam-se e mal chegam para as encomendas. Os cabritos e os borregos ainda não nasceram e já estão destinados. Os padeiros, os proprietários dos minimercados, bares e restaurantes trabalham desalmadamente como acontece nas zonas das praias.
Há que fazer como a formiga. Recolher e guardar no Verão para comer no Inverno.
Tive oportunidade de ver que os bares e os restaurantes dos Foios funcionaram bastante bem. Tanto o restaurante do viveiro das trutas «TrutalCôa» como o «ElDorado» foi quase sempre casa cheia durante o mês de Agosto.
Quanto aos bares e esplanadas, incluindo o bar dos mordomos, também registaram muito boa afluência.
Depois das contas feitas e tornadas públicas verifiquei que sobrou algum dinheiro tanto aos mordomos das festas religiosas como aos mordomos das capeias.
Para eles um reconhecimento público pelo trabalho, esforço e dedicação para que tudo tivesse corrido como correu. Parabéns. Para o ano haverá mais.
Tenho verificado que a maioria dos residentes em França não se aguentam por lá o ano inteiro. São já muitos, sobretudo os que vivem na parte Sul de França, que vêm duas e três vezes à terra natal.
Vinde porque nós estamos sempre de braços abertos para vos receber.
«Nascente do Côa», opinião de José Manuel Campos
(Presidente da Junta de Freguesia de Foios)
jmncampos@gmail.com
Torrelavega, capital de la comarca de Besaya (Cantábria), acogió en sus fiestas de la Virgen Grande 2012 a las cofradías gastronómicas, que acudieron a la llamada de la Cofradía del Hojaldre, para arroparlos en su IX Gran Capítulo.

Situada en el amplío valle dónde confluyen los ríos Saya y Besaya, es la capital de la comarca del Besaya y con sus más de 57.000 habitantes la segunda ciudad y la más industrializada de la comunidad autónoma de Cantabria.
Su historia se documenta a partir del siglo VIII, cuando dependía del monasterio de Yermo, en Cartés y de la abadía de Santa Juliana, en Santillana. De la Vega, como ya se conocía el lugar, toma el nombre de la familia de los Garcilasos –como también es llamada- considerándose a Garcilaso de la Vega I como fundador de la villa, siendo históricamente el solar de la casa noble de la Vega, cuya torre complementó el nombre con el que era conocida y que ha llegado hasta nuestros días. Dicha torre de sillería y tres cuerpos fue mandada construir por Leonor de la Vega y su hijo Iñigo López de Mendoza –marqués de Santillana- en el siglo XV y se ha conservado hasta 1937, así como su capilla, en cuyo solar se ha levantado la actual iglesia de la Virgen Grande.
Sobre la primitiva capilla adosada a la torre, se levanto en su momento la iglesia de la Consolación, y entre los años 1956 y 1964 la actual iglesia de la Virgen Grande, que alberga la talla de la Virgen del siglo XV de Lapayese. De carácter racionalista fue realizada por el arquitecto Luis Moya Blanco, reproduciendo el formato utilizado poco antes para la iglesia de la Universidad Laboral de Gijón, ejemplar obra de la postguerra española.
Extinguido con Leonor el linaje de la Vega, el solar pasa a los duques del Infantado, que concentran desde el siglo XV la administración de justicia e impuestos. Su industrialización comenzó en 1753, con la apertura del “Camino harinero o de las lanas” entre Reinosa y Santander, que favoreció la creación de diversas fábricas, transformando a partir del siglo XIX su primitivo aspecto agrario en industrial, con la apertura de las minas de Reocín en 1857 y la salmuera de Polanco en 1857. Precisamente por su industrialización y por el importante incremento demográfico, en 1895 la regenta María Cristina le otorga el título de ciudad.
Sin embargo Torrelavega nunca ha perdido su carácter agrario y ganadero, contando desde 1767 con mercado semanal, otorgado por Carlos III. De 1844 data el recinto de la Llama, lugar de ubicación de su prestigioso mercado semanal de ganados hasta 1974, en el que se traslada al recinto del “Mercado nacional de ganados Jesús Collado Soto”. Este recinto, conocido popularmente como la Cuadrona, es con sus 140.000 metros cuadrados cubiertos, el de mayor superficie de España y uno de los más importantes en cuanto a volumen de operaciones.
A la bulliciosa ciudad hemos llegado por la carretera de Asturias, cuya construcción data de 1800, para arropar a los cofrades hojaldres que rindan tributo a su popular producto, en la celebración de su IX Gran Capítulo, el caluroso domingo 19 de agosto de 2012.
Los actos comenzaron a primera hora de la mañana con la concentración de las Cofradías que hemos acudido al Capítulo, en la calle Santander, en dónde fuimos recibidos por los Cofrades locales con los que compartimos desayuno en la Cafetería Pilo Urbano, en la que se nos agasajo con estupendos canapés, hojaldres y polkas, al ritmo de la música y los bailes que corrían a cargo del «Grupo de danzas Virgen del Campo» de la vecina Cabezón de la Sal.
Las cofradías asistentes, a la que hay que sumar la anfitriona, han sido las cantabras de la «Anchoa de Cantabria de Santoña», «Respigo de Laredo» «Orujo de la Liébana», «Quesos de Cantabria», «El Zapico», «Nacimiento del Río Ebro» y la «Academia Cantabra de Gastronomía». Las asturianas de «Doña Gontrodo», «Quesu Gamoneu», «Orden de los Caballeros del Sabadiego», «Vino de Cangas», «Oricios», «Amigos de los Nabos», «Gastrónomos del Yumay» y «Amigos de los Quesos», junto con la del «Vino de la Rioja», «Vino de la Ribera del Duero», «La cerveza de Madrid», «La Alubia de Tolosa», la francesa «Confrarie Saint Romain» y la portuguesa «Confraria da Amadora». La representación de la Cofradía de los Amigos de los Quesos del Principado de Asturias, estuvo compuesta en esta ocasión por Armando Álvarez, Monchu Llana y el que suscribe, mientras que Estela –en silla de ruedas, aún convaleciente de su rotura de peroné- represento junto a María Luisa Llavona a la Cofradía Doña Gontrodo.
Concluida la concentración llego el momento de inicio del Capítulo en sí, con la marcha cívica por las calles de Villamojada –como la llamó Benito Pérez Galdos en su novela Marianela – en dirección al Ayuntamiento, dónde concluiría. La marcha la iniciaba el casi centenario grupo «Picayos de la Virgen de las Nieves» de Tanos (Torrelavega) que fue creado en 1916, a la que siguió la Cofradía anfitriona con un grupo de miembros repartiendo en el desfile las «polkas» a los transeúntes que observaban la misma, seguida del resto de Cofradías, cerrando la misma el mencionado Grupo de danzas Virgen del Campo.
El Ayuntamiento – en no muy buenas condiciones de habilitabilidad por cierto – esta ubicado desde 1906 en el palacio que Demetrio Herrera construyó en 1888, destacando en él sus escaleras principales de mármol y el salón de sesiones con su bóveda y pinturas románicas realizadas por el catalán Ramón Fraxenet.
En la fachada del engalanado edificio y bajo la bandera de la ciudad –por cuyos colores sus habitantes son llamados «portugueses» – se realizo la foto de familia de todos los cofrades de las respectivas Cofradías, antes de acceder al mismo a través del pasillo de aros que portaban los miembros del grupo de danzas.
En la comida de hermandad, hemos degustado un menú compuesto, por aperitivos de hojaldre de la Cofradía, marmita de bonito, e solomillo al tostadillo de Liébana con su guarnición. Postre: «Homenaje a la Cofradía del Hojaldre».
Los vinos elegidos han sido: vino blanco de la DOP Rueda (aunque en progama figuraba Ribera del Ansón, de la IGP Vino de Cantabria Costa) el tinto «Solar Viejo reserva vendimia seleccionada» con D.O.P.Rioja y el cava «Cantabria Infinita Brut» elaborado por Segura Viudas.
Muy correcto menú, con un exquisito postre elaborado en la confitería Hojaldres, por Germán Erquicia, uno de los cofrades más entusiasta y gran colaborador de la Cofradía, compuesto por una torrija de hojaldre borracha y dos tipos de tartas de hojaldres diferentes.
Al concluir la comida y antes de tomar el café, Javier Marcano como Gran Maestre, hizo público en compañía de sus compañeros cofrades que han formado parte del jurado, del veredicto del «I Concurso de pincho elaborados con hojaldre» organizado por la Cofradía en colaboración con la AEHC (Asociación empresarial de hostelería de Cantabria). En él han participado 42 establecimientos, que ofertaron sus elaboraciones desde el 10 al 19 de agosto a un precio de 2,5 euros que incluía pincho y bebida. El jurado seleccionó a 8 establecimientos: el Refugio de Tanos, bar Cabrero, restaurante Villa de Santillana, la Gárgola, restaurante Urbano´s, bar Mundial, restaurante Al Natural y cafetería Pilo Urbano. Los dos últimos han sido los finalistas, los otros 6 han recibido mención, siendo el vencedor final la cafetería Pilo Urbano (en la que había tenido lugar el desayuno de recepción del Capítulo) con su elaboración: «pincho de hojaldre de queso de cabra, cebolla caramelizada y mousse de pimiento rojo».

Luis Javier del Valle Vega
Paulo Leitão Batista tem sido um atentíssimo «repórter» das capeias que neste Verão decorreram na Raia sabugalense. Nós, os leitores do blogue «Capeia Arraiana», estamos-lhe todos muito gratos por isso, sobretudo aqueles que, como eu, não puderam assistir ao vivo.
A propósito do texto de Paulo Leitão Batista intitulado «Os malabarismos das capeias» peço-lhe licença para acrescentar algumas «notas» antropológicas e históricas.
Na verdade, estes saltos acrobáticos remontam a uma tradição antiquíssima. Muito provavelmente, aqueles que, de forma tão ágil e corajosa os praticam nas nossas capeias, fazem-no tão espontaneamente que nem lhes passa pela cabeça que, na ilha de Creta, há cerca de 3500 anos, outros como eles faziam o salto mortal por cima de touros sagrados. Numa das fotografias aqui reproduzidas podemos ver um fresco do Palácio de Cnossos que nos mostra três momentos de um salto acrobático ritual. Os cretenses da época minóica veneravam o touro como símbolo da fertilidade e estas “acrobacias taurinas” efectuavam-se no âmbito de cerimónias religiosas. Muito provavelmente foram estas práticas que deram origem ao mito do minotauro.
Mas o curioso é que este ritual permaneceu na memória popular dos povos da orla mediterrânica e ainda hoje persiste: no sul de França efectuam-se as chamadas «corridas landesas» (courses landaises), nas quais jovens como o Frank ou o Balhé saltam por cima de vacas bravas ou dos pequenos touros da Camargue, conforme podemos ver nas fotografias. Também em várias regiões de Espanha encontramos uma prática semelhante, chamada «recorte»: rapazes destemidos e fisicamente bem preparados, chamados “recortadores”, saltam por cima de touros bravos, neste caso animais encorpados e poderosos.
As capeias arraianas sempre tiveram este segundo momento: depois do forcão «corria-se» o touro, com ou sem acrobacias. É sobretudo a pensar nesta segunda parte que Joaquim Manuel Correia chama «folguedo» à capeia. Ainda bem que estes rapazes, muitos deles «franceses-arraianos», alegram as capeias com a sua agilidade. Cabe-nos aplaudi-los.
Lembro-me bem de alguns dos mais «leves» rapazes de Aldeia do Bispo fazerem saltos espantosos, tanto por cima dos bois como para cima das calampeiras. Quando eu era garoto, dizia-se que o mais «leve» de todos era o António da Ti Claudina, também conhecido por António das Meninas: com as suas calças de pana metidas dentro das meias e as suas alpergatas espanholas, foi durante muitos anos um verdadeiro «líder» das capeias de Aldeia do Bispo. Morreu há pouco, com 93 anos. Merece descansar em paz e que a terra lhe seja leve.
«Na Raia da Memória», opinião de Adérito Tavares
ad.tavares@netcabo.pt
A Comissão de Festas de Santa Eufêmea 2012 da Freineda, no concelho de Almeida, organiza um Festival de Pára-quedismo com quatro grupos de saltos no dia 16 de Setembro. Os pará-quedistas vão ser transportados por uma aeronave que levará voo do aeródromo da Dragoa, na Ruvina, para depois saltarem sobre o Largo de Santa Eufêmea na Freineda. A angariação de donativos para as populares festas da freguesia raiana tem decorrido ao longo do ano em diversos encontros de convívio e confraternização. O Capeia Arraiana esteve presente num desses momentos…

A tarde daquele dia 11 de Agosto esteve mui caliente mas o pôr-do-sol trouxe consigo um ar fresco que aconselhava a alguns agasalhos. No Largo da Igreja Matriz da Freineda, junto à fachada da casa que, durante meses, serviu de quartel ao general Wellington, duque inglês que comandou as tropas que defendiam Almeida das invasões francesas, os panelões já estavam ao lume. Na mesa ao lado cerca de uma dezena de quilos de arroz alinhavam na formatura ao lado do sal e das latas do feijão.
«Temos por tradição organizar almoços e jantares para angariar dinheiro de forma a fazer face às despesas», começa por nos explicar José António Reis, um militar da Força Aérea que nunca vira a cara quando se trata de promover a sua terra. «Este jantar vai ser servido com carne de vitela oferecida pelo ganadero Emilio, de La Alamedilla, a quem estamos muito gratos porque já em diversas ocasiões fez questão de mostrar que é um grande amigo da nossa terra», acrescenta o nosso anfitrião. A seu lado Emilio ouvia atentamente e aproveita para meter a sua cucharada: «Já fui mordomo da Carroça. É mais uma fiesta inventada pelo Gonçalves que mete garrafón e paletas porque no dia 17 faltava qualquer coisa. A mi me gusta essa fiesta!»
Enquanto se acrescentavam mais umas mesas e uns bancos corridos porque, afinal, as previsões foram ultrapassadas e era necessário acomodar cerca de uma centena de freinedenses que aderiram à «prova da vitela do Emilio» era tempo do aperitivo numa adega mais conhecida por «Bodega do Reis». O espaço tornou-se apertado para tantos amigos que se sentaram em roda da mesa presidida pelo Pedro, filho do Jordão das Batocas. «Não falho um encerro. Ainda hoje estive em Vilar Formoso. Vivam as Capeias», brinda o Pedro secundado por todos os presentes.
A noite terminou com o jogo do galo onde os participantes de olhos vendados (mas pouco) tentavam acertara num ovo que dava direito a levar para casa um galo vivo oferecido pela Comissão de Festas. Os mordomos (casais) de Santa Eufêmea (de acordo com a grafia da Freineda) em 2012 são: Carlos Tavares, Mário Rocha, Edgar Gonçalves, Licínio Gonçalves, Carlos Pereira e João Pedro.
Mas… ainda falta falar dos pára-quedistas? Claro que sim. A Freineda, e toda a Raia, vão assistir pela primeira vez a um festival de pára-quedismo. No dia 16 de Setembro a Comissão de Festas de Santa Eufêmea 2012 da Freineda vai proporcionar momentos inéditos. O avião vai estar estacionado no aérodromo da Dragoa, na Ruvina, concelho do Sabugal, e levantará voo para levar os pára-quedistas em duas vagas de manhã e duas da parte da tarde: os saltos sobre o Largo de Santa Eufêmea, na Freineda, com seis «páras» de cada vez estão marcados para as 11:00 e para as 11:45 e para as 16:00 e 16:45 horas. As festas da Freineda obrigaram a antecipar para 8 e 9 de Setembro, em Vila Nova da Barquinha, a Taça de Portugal de Pára-quedismo com Precisão de Aterragem.
O Capeia Arraiana associa-se à Comissão de Festas de Santa Eufêmea 2012 da Freineda apoiando este momento inédito em terras raianas.
jcl
O termo Charro aparece-nos com vários significados.
Umas vezes, para designar uma das várias regiões naturais por que se divide a província de Salamanca – o Campo Charro – uma extensíssima chapada de cereais e montado, contraposta às alcantiladas arribas do Douro, às serras de Gata e de Francia, aos condados de Penharanda ou ducados de Tormes, a famosíssima Casa de Alba.
Não falta também quem, generalizando, use a palavra como sinónimo de camponês salamantino na sua autêntica pureza e genuinidade.
Desprimorando mais o vocábulo alguns dizem-no sinónimo de rude, grosseiro, inculto.
E é neste sentido que genericamente se fixam os dicionaristas… por todos Domingos Vieira no seu celebérrimo tratado Tesouros da Língua Portuguesa.
E constata-se aqui uma desfocagem que de algum modo faz deslissar o tema para um ângulo de observação que é aquele que aqui se pretende imprimir-lhe.
O termo – admitem os investigadores, radicará no vasconso, idioma muito rude e, fiel às origens – significa linguajar rude, próprio de gente iletrada e isolada do mundo, contrapondo- se ao falar fidalgo, grave, ou de acordo com as regras da escola.
Na Aldeia da Ponte ou nas Batocas da minha meninice, ainda me diziam que eu, por frequentar o ensino primário na cidade da Guarda, falava à grabe e o Gregório Nave, meu contraparente por afinidade, por viver na Nave Longa, fazenda raiana, onde lidava muito com albergarios e alamedilhos, falava charro.
Ora, o charro é mesmo um dialecto, um português ainda carregado de leonismos e já mesclado de castelhano, que se falava até há pouco, e ainda há quem o use, nas terras de Xalma.
«O concelho», história e etnografia das terras sabugalenses, por Manuel Leal Freire
Os encerros e as capeias arraianas na Raia sabugalense têm um novo protagonista. Chama-se José Manuel Monteiro Duarte mas todos o conhecem por «Fininho». O ganadero tem apresentado nos dois últimos anos excelentes curros com destaque para a recente Capeia de Aldeia do Bispo onde houve um reconhecimento unânime da qualidade dos toiros em praça. «No dia em que acabarem os encerros e as capeias a Raia perde a sua identidade», diz-nos quem sabe do que fala numa conversa descontraída onde confessou que agora o grande objectivo é fazer uma corrida no Campo Pequeno, em Lisboa.

José Manuel Monteiro Duarte, o «Fininho» como é conhecido na Raia sabugalense, nasceu há 41 anos na freguesia de Famalicão da Serra, concelho da Guarda.
«Comecei sozinho em 1994», lembra o ganadero no início da nossa conversa no Café do César, na Ruvina, onde chegou à hora marcada acompanhado da mulher Joaquina. A entrevista esteve inicialmente marcada para a quinta onde tem os toiros mas um calendário muito preenchido no mês de Agosto deixou essa visita para futura oportunidade. O terreno com muitos carvalhos vai desde o caminho agrícola da descida da Laje da Guarda até ao rio Côa contornando o cabeço da Senhora das Preces, local de romaria dos ruvinenses.
Voltando às memórias dos primeiros tempos diz-nos que aprendeu muito com o ganadero Manuel Rui, para quem trabalhou e a quem namorou uma filha. «Era o maior das touradas», diz com admiração.
– Qual foi a primeira capeia que realizou na Raia sabugalense?
– A primeira corrida, uma garraiada, com toiros meus teve lugar a 10 de Junho de 1994 numa praça desmontável em Famalicão da Serra. Fui comprar os animais ao Ribatejo e no primeiro ano e meio fiz 19 corridas. A minha primeira corrida na Raia foi em Aldeia do Bispo na tradição capeia do Carnaval. Nesse tempo ainda tinha os toiros a pastar em Famalicão mas tomei a melhor decisão da minha vida. Optei por vir sozinho para a terra dos toiros. Aqui é que é o Mundo das touradas e dos cavalos. Nesse tempo, no tempo do Emiliano e do Paco, os encerros tinham muito peso. Curiosamente, de há dez anos para cá, voltaram a ter muita participação e fui obrigado a comprar cabrestos. Os encerros trazem muita gente. No dia em que acabarem os encerros e as capeias a Raia perde a sua identidade.
– Considera-se um ganadero?
– Em vinte anos já realizei mais de 400 corridas em concelhos como o Sabugal, Guarda, Almeida, Bragança, Águeda, Aveira, Penamacor ou Castelo Branco. Fiz um enorme investimento nestes dois últimos anos para mudar a forma de trabalhar melhorando os pastos, a alimentação e o transporte dos toiros separados em gaiolas. Considero que tenho todas as condições para ser reconhecido como ganadero e tenho ganas de triunfar. Além disso faltava-me um braço direito que encontrei na minha mulher Joaquina com a qual faço uma equipa. Foi como encontrar uma agulha no palheiro. A Joaquim passou de guardadora de ovelhas para tratadora de toiros. Foi uma mudança radical mas que está a valer a pena. Tem evoluído muito rapidamente e de forma surpreendente na maneira de ver e perceber o que é bom para o forcão. Já vai a pé fechar os toiros e as vacas de quatro e cinco anos.
– Como aconteceu aquela colhida no encerro de Nave de Haver?
– Já apanhei cornadas valentes há cerca de 15 anos com um toiro em pontas. Já este ano, em Nave de Haver, levei umas cambalhotas valentes no encerro a cavalo. Acontece. Normalmente ando no meio dos toiros sem problemas. Eles têm muita sensibilidade e percebem se estamos com medo ou não mas temos de mostrar que quem manda somos nós. São animais que aprendem depressa e que sabem quem os traba bem. Há momentos em que me deito na majedouro onde comem mas também já tive de subir a correr para os carvalhos mais perto.
– Como se escolhe um toiro para o forcão?
– Para bater bem ao forcão o toiro tem de ser macio e meigo. Os que levei à Capeia de Aldeia do Bispo, na semana passada, eram todos perfeitos. Tenho as corridas separadas em cada parque porque não convém juntar animais de ganaderias diferentes. Cada toiro faz uma corrida ao forcão e depois vai para o matadouro. Prefiro o gado português e já estou a trabalhar com várias ganaderias para preparar as corridas do próximo ano. Para criação própria tenho vacas de ventre a parir desde há cerca de três anos.
– Há cuidados especiais para preparar uma corrida como o Festival «Ó Forcão Rapazes»?
– Foi a Joaquina que escolheu a ganaderia Ortigão Costa mas tivemos em conta o orçamento. Os nove toiros (mais um sobrero de reserva) para o Festival «Ó Forcão Rapazes» têm apresentação, idade, peso, terapio e qualidade para não falharem. A «Ortigão Costa» é uma ganaderia de muita tradição que manda toiros para o Campo Pequeno, para Espanha e para França. A responsabilidade e o número de corridas e encerros obrigou-me a aumentar a equipa com alguns amigos que me acompanham. No entanto ainda não dá para viver exclusivamente das corridas. Os alimentos estão muito caros e, por isso, fora da época alta trato dos animais e dedico-me à venda de lenha.
– A temporada de 2012 está a correr de feição…
– Está a correr muito bem. Um passo importante que dei para chegar aqui foi um encerro nos Fóios há três anos em que me deram muito valor porque já há mais de 40 anos que não encerravam o gado todo. Esta temporada destaco os encerros e capeias de Aldeia do Bispo, Rebolosa, Fóios e, claro, o Festival da praça do Soito. Outros momentos importantes foram o encerro de Nave de Haver e a corrida em Vale da Mula que está a ganhar muito peso na região. Em Vila Boa animaram-se e voltaram a fazer uma corrida após mais de 20 anos muito por culpa dos meus amigos Manuel António, do filho e do Manuel «Forneiro» que também me andam a ajudar. (Enquanto conversávamos ficou apalavrada com o mordomo Carlos Pina Solito a garraiada da Bismula para o dia 22 de Agosto).
A Joaquina foi uma espectadora atenta de toda a conversa e apenas interveio para destacar as qualidades do nosso entrevistado. «O Zé Manel nasceu para ser ganadero. Está-lhe no sangue. Às vezes para embolar um toiro senta-se em cima dele com um àvontade como se estivesse a lidar com gado manso.»
A terminar o «Fininho» confessou um desejo: «Agora tenho como grande objectivo fazer uma Capeia Arraiana na Catedral em Lisboa.»
Contactos: Telemóvel: 963 912 967. Facebook: Ganaderia José Manuel Duarte Fininho.
Os toiros do Festival Ó Forcão Rapazes podem ser vistos Aqui.

O José Manuel Duarte surpreende por manter uma expressão quase inalterável ao longo da conversa. Transmite convicção, gosta de pormenorizar os factos e percebe-se que tem as ideias arrumadas.
jcl
Capeia Arraiana, tradição única no mundo criada pelos nossos preservada por nós…
A pouco tempo do concelho parar!
Já é habitual nesta altura os rebuliços que se começam a sentir por estas terras da raia, o mês que todos esperam está preste a iniciar e o ponto alto destas «férias» é definitivamente a tradicional Capeia Arraiana que este ano tem um sabor especial pela classificação como património imaterial da humanidade. Como já é hábito tudo começa na Lageosa da raia que tem o principal papel da abertura desta maratona de eventos/capeias em diversas aldeias. Passando durante o restante do mês pela capeia do Soito, Aldeia do Bispo, Nave, Aldeia da Ponte, Ozendo, Alfaiates, Forcalhos, Fóios e por fim Aldeia Velha que encerra este que é o período festivo do conselho.
Contudo importa referir e estabelecer que esta nossa tradição já embutida no nosso sangue raiano partiu á muitos anos pelos «nossos» que como o passar dos tempos se veio a actualizar e apaixonar muitos dos que por esta altura aqui passam e vivem esta adrenalina. São diversos os comentários que se ouvem em cada esquina sobre esta tradição, é já instintivo referenciar qual o touro que bateu melhor, qual a melhor, onde se vê melhor espectáculo, qual o melhor forcão, a garra das pessoas, os sustos que se viveram ali e aqui entre muitos outros dizeres que tornam esta tradição ainda melhor e com o espírito de ser maior e melhor.
Principais razoem para a construção deste wallpaper tipográfico onde podemos encontrar todas as frases, palavras, dizeres, sentimentos, objectos, organizadores, entre muitas outras coisas que estão presentes do mundo da Capeia Arraiana que merece a nossa maior estima. Podemos encontrar nesta pequena imagem uma enchente de tradição, e de passada sendo este o principal propósito que todos a analisem, se identifiquem e partilhem para que esta tradição seja conhecida pelo ser real valor.
E como slogan nada melhor do que Capeia Arraiana, tradição única no mundo criada pelos nossos preservada por nós…
É com agrado que deixo aqui o meu trabalho para que todos o possam apreciar, partilhar e utilizar para comunicar a nossa tradição.
Edgarfernandes|design | facebook.com/EdgarFernandesS | Nave’12
Os capinhas, ou maletas, que se vão tornando uma raridade, foram durante décadas um elemento integrante da capeia arraiana, a maior e mais viva tradição cultural do concelho do Sabugal.
Diversos estudiosos, entre etnólogos, antropólogos, historiadores e outros cientistas sociais, têm tropeçado com as capeias, encontrando aí um apetecível campo de estudo para desbravar, dada a peculiaridade que o espectáculo reveste. De onde lhe vêm as origens? Representa um ritual? É obra do acaso? J. Leite de Vasconcelos, ilustre etnólogo e estudioso da cultura popular portuguesa, reparou no forcão, máquina de lidar o touro deveras original, e descreveu em pormenor o curioso engenho: «Um triângulo de uns cinco metros de altura formado de varas muito grossas e atravessado por outras menores». Apresenta um esquema gráfico do forcão, nele indicando, através de letras, os vários posicionamentos dos lidadores. Destaque para o rabiador, o homem que dirige os movimentos do triângulo segundo os ataques do touro.
Na colecção leitiana de recortes de jornais lá surge também um artigo de Karl Marx (pseudónimo de Carlos Alberto Marques, grande escritor, geógrafo e etnólogo de Vale de Espinho), sob o título «Uma Corrida de Touros na Lageosa», publicado em 1926 no semanário regionalista «O Sabugal». Karl Marx relata em estilo incisivo o folguedo (assim se designava a capeia arraiana), evidenciando o entusiasmo, a alegria, a emoção e, bastas vezes, a aflição, que rodeia esta peculiar manifestação taurina. E o espectáculo não é só o rodopiar nervoso do forcão ao centro da praça improvisada. É, antes que tudo, o encerro dos touros trazidos de Espanha, da Genestosa, onde pastam em manadas. São os foguetes que restalam, sinal de festa e diversão. É o samarra, ou tamborileiro, que com seus rufos incendeia o corro. São os rapazes arrojados que, dum e doutro lado, avançam e passam junto ao animal com casacos, cobertas ou sacas. São os pouco ágeis que se afoitam à praça e logo são colhidos, para exaltação geral. São, finalmente, os capinhas ou maletas.
Em quem são os capinhas? São toureiros amadores, vindos de Espanha, que participam nas capeias arraianas para se exercitarem na arte do toureio. O autor valdespinhense descreve-os magistralmente no seu artigo:
«O capinha é um pobre de Cristo que no Inverno morre de fome ou se ocupa em trabalhos servis e que no Verão oferece em holocausto à sublime arte tauromáquica o seu cicatrizado corpo; de terra em terra, andrajosamente vestido, com uma capa de clara cor debaixo do braço, conta as touradas pelo número de ferimentos. É um apaixonado que, nesta escola donde quasi nunca sai, se treina para entrar na eternidade nas chaves de um toiro, diante de um público que o aclame, diante de uma mulher por quiem se muere. O capinha canta lindas malagueñas pelas tabernas, estende a capa a colher donativos e vai deixando umas gotas de sangue na terra que os outros regam com suor. Faz umas sortes arriscadas, espeta uns ferros e sobre tudo sonha com a glória.»
Na verdade, nas nossas aldeias, a capeia arraiana não é capeia se não incluir a apreciada e muito aplaudida exibição dos arrojados capinhas, em cujos redondéis se praticam no toureio, sonhando actuar um dia na praça de uma grande cidade de Espanha, onde triunfem recebendo aplausos e aclamações, cortando rabos e orelhas.
Paulo Leitão Batista
A AAR-Associação dos Amigos de Ruivós tem programado para o período entre 4 e 6 de Agosto diversas actividades desportivas, culturais e associativas. O convívio entre sócios e amigos da freguesia de Ruivós inclui a Festa da Cerveja (entre 4 e 6 de Agosto), mais uma edição da concentração de motos antigas (no sábado) e na segunda-feira, 6 de Agosto, a Assembleia Geral Ordinária e a Garraiada Nocturna com Forcão.
(Clique nas imagens para ampliar.)
Gonçalo Pires (Presidente da Direcção da AAR)
Se para ser cargueiro não se exigia mais que uma mediana robustez de peito e pernas e para ser empresário o problema era de fundo de maneio e capacidade de relacionamento, o guia, só o poderia ser, se aliasse a um perfeitissimo conhecimento do terreno, uma velocidade e capacidade de carga que a Natureza só concede excepcionalmente e, acima de tudo, uma coragem a roçar o temerário.
Este vocábulo guia, na sua simplicidade dissilábica é dos que mais linhas exige dos dicionaristas e dos que mais nótulas e comentários lhes suscita.
Comum de dois, quando relativo a pessoas – que podem ser celícolas, como o anjo da guarda, simplesmente feminino quando referido a autorizações de marcha ou despacho – os tratadistas dizem, para a primeira hipótese, que guia é pessoa que conduz outra ou outras, a ou as acompanha e lhe ou lhes mostra o caminho.
Para a segunda hipótese, tanto pode ser roteiro que indica o caminho que se há-de seguir, como obra que encerra instruções; como a famosa carta de guia de casados do nosso Dom Francisco Manuel de Melo,,,
Nas operações de contrabando, a primeira tarefa é a da escolha da rota – caminho pouco simpático e acessível às patrulhas fiscais, de horizontes muito curtos e com obstáculos naturais a corridas de perseguição.
Mas, porque há sempre o receio de qualquer iscariotes que faça denúncias ou se espera comunicação dos vigilantes de serviço que inculquem perigo para o delineado trajecto, logo desde a primeira hora se estabelecem alternativas. E, conjecturando-se sempre a hipótese de aparecimento de guardas ou carabineiros, estudam-se cenários de diversão, a partir dos possíveis nós de intervenção.
Iniciada a travessia, o lugar da frente pertence sempre a um guia, que leva uma pseudo-carga, logo abandonada a voracidade dos homens do fisco, caso apareçam.
Mas o guia não foge do perigo, busca-o mesmo para decobrir e entreter possíveis apreensores. A carga serve de negaça. Mas quando dela se despoja, atira para os ares com um fortíssimo ahhuu que alerta toda a fila.
Os cargueiros, embora no encalce, vão separados um a um por algumas dezenas de metros. E, enquadrados – de tantos a tantos, segundo o valor das cargas, podendo ser um para dois, no caso de mercadorias muito caras – por outos guias, que à ordem de debandada, fornecem aos seus protegidos, novo itinerário. Aliás, quando um cargueiro, por mais timorato ou acossado, perde a carga, o seu guia tudo fará para recuperá-la.
Meu pai, que foi guarda fiscal, contou muitas vezes, apontando o autor comum dos mais famosos guias de toda a Raia, que o Zé Júlio, das Batocas, se safou com três cargas de estanho, de vinte e cinco quilos cada uma, fugindo com elas pelos brejos…
Houve muitos guias que deixaram fama, como o Chicata, das Naves, o Berrnau, que sendo da Bismula, passava por batoqueiro, em virtude de viver amancebado com uma estalajadeira das Batocas… Os mais decantados de todos foram, no entanto, os quadrasenhos.
Porque alguns morreram crivados de balas pelos civiles que, vindos das crueldades da Guerra Civil de Espanha, tinham pouco respeito pela vida – sua e dos outros…
Os folhetos de cegos davam-se conta dos insucessos:
Era valente e sem manha
Amado pelos cargueiros
Quando ia para Espanha
Foi morto pelos carabineiros
Assim rezava o libreto, alusivo ao Aristides Perricho, que se podia transcrever só com mudança do identificativo para Leu, Léi, Balhé ou Balecho, nome de alguns dos caídos nas ravinas de Gata e Gredos.
«O concelho», história e etnografia das terras sabugalenses, por Manuel Leal Freire
O mês de Agosto carrega sempre o secreto apelo do regresso às origens para os que estão longe. No concelho do Sabugal faz povoar as aldeias, abrir as persianas, lotar os bancos das igrejas e encher os lugares públicos com um estranho mas familiar linguajar mesclado aqui e ali de expressões e palavras de origem francesa. Mas, para muitos dos sabugalenses é o tempo da mãe de todas as touradas – a capeia arraiana – espectáculo único que andou escondido esotericamente nas praças das nossas aldeias e que, agora, de há uns anos para cá parece ter perdido a vergonha e tudo faz para se dar a conhecer ao mundo. A tradição manda que as touradas com forcão, precedidas de encerro, se iniciem na Lageosa no dia 6 de Agosto e terminem em Aldeia Velha no dia 25. E que se oiça bem alto o grito: «Agarráááio»
DIA | FREGUESIA | EVENTO |
3 e 4 | Soito | Garraiadas/Largadas |
6 | Lageosa da Raia | Encerro e Capeia Arraiana |
6 | Ruivós | Garraiada Nocturna com forcão |
7 | Soito | Encerro e Capeia Arraiana |
8 | Rebolosa | Encerro e Capeia Arraiana |
10 | Soito | Tourada à portuguesa nocturna |
12 | Aldeia da Ponte | Tourada à portuguesa |
13 | Aldeia do Bispo | Encerro e Capeia Arraiana |
13 | Seixo do Côa | Garraiada |
14 | Nave | Capeia Arraiana |
15 | Aldeia da Ponte | Encerro e Capeia Arraiana |
15 | Ozendo | Encerro e Capeia Arraiana |
16 | Vale de Espinho | Garraiada |
16 | Vale das Éguas | Garraiada nocturna com forcão |
17 | Alfaiates | Encerro e Capeia Arraiana |
17 | Fóios | Capeia Arraiana Nocturna |
18 | Soito | Festival «Ó Forcão Rapazes» |
20 | Forcalhos | Encerro e Capeia Arraiana |
21 | Fóios | Encerro e Capeia Arraiana |
25 | Aldeia Velha | Encerro e Capeia Arraiana |
Fonte: Rota das Capeias da Câmara Municipal do Sabugal |
«A Capeia Arraiana não é uma tauromaquia qualquer. Como uma espécie de religião em que se acredita, não basta assistir, é preciso participar, ir ao encerro, comer a bucha, beber uns goles da borratcha e voltar com os touros, subir para as calampeiras, ser mordomo, ser crítico tauromáquico, discutir a qualidade dos bitchos da lide ou, simplesmente, ser fotógrafo da corrida que não deixa ninguém indiferente, corre na massa do sangue, provoca um nervoso miudinho, levanta os pêlos do peito, atarracha a garganta e perturba o sono. É um desassossego colectivo que comove.» António Cabanas in «Forcão – Capeia Arraiana».
jcl
O contrabando era nas terras raianas um modo de vida legitimado pela comunidade e fonte de receitas para quase todos.
Amigos meus, que, no Sabugal, exerceram funções de magistrados judiciais – juízes de direito e procuradores – me relataram repetidamente que, inquirindo, aos costumes, em sede processual, réus, queixosos e simples testemunhas, quanto à profissão exercida, muitas vezes ouviram a resposta: «sou contrabandista».
Pessoas, que viveram longos anos como cargueiros de jorna, não se haviam tais depoentes apercebido da ilegalidade da condição, pelo que se lhes afigurava tão legítimo ser contrabandista como pastor ou cavão, moço de servir ou carregador de número.
Aliás, para um raiano, de qualquer extracto social ou grau académico, a actividade sempre será de baixo delito e nunca será pecaminosa para aqueles que arriscam a vida como carregueiros e guias e, nem mesmo desqualifica socialmente os que se sujeitam à perda de património.
Outro tanto não se poderá já dizer de onzeneiros que se aproveitam das aflições ou debilidade financeira dos operacionais, para engrossar a conta, emprestando a juros altíssimos dinheiro próprio ou adrede sacado na banca, com exorbitâncias inimagináveis.
Comecemos a nossa análise pelos cargueiros de jorna, recrutados noite a noite para levarem a bom termo uma dada porção de mercancia – cinquenta quilos nas de valor semelhante ao da uva mijona, vinte a vinte e cinco nas de valor mediano e cargas levíssimas quando a coisa era valiosa. De café, artigo permanente numa transacção de séculos, as cargas rondavam os vinte quilos. Mas a incursão aventurava-se muito para além da linha de fronteira por dez léguas ou mais.
Durante a Segunda Grande Guerra, a Espanha, conotada com as potências do Eixo e devedora para com a Alemanha dos meios de combate propiciados a Franco, sofria internamente de terríveis carências e queria propiciar a Berlim materiais que lhe eram vedados, mas se poderiam obter em Portugal.
Minérios de estanho e volfrâmio, além de outros de grande raridade, passaram a Raia de Poço Velho aos Fóios, ocupando todas as noites centenas de cargueiros alombando cada um os seus vinte e cinco quilos.
A viagem era curta e de pouco risco, que, do lado espanhol, não havia apreensões e do lado de cá o trânsito só era condicionado quase rente ao limes.
Aos milhares de toneladas, mas em cargas individuais de quintal, passavam todas as noites para centros de armazenagem que iam dos Campanários de Azaba a Sant Esteban de Bejar deperdícios de borracha – da virgem à das ligas mais pobres – e de cornos de qualquer animal que os tivesse ostentado.
Foi meia década de pleno emprego.
O rapazola que acabara de tomar corpo cabonde podia ganhar a jorna todas as noites. E os homens feitos enquanto aguentassem dispunham de igual oportunidade.
A jorna ia dos vinte escudos na veniaga dos cornos aos cinquenta na dos minérios. Atendendo a que um cavador ganhava ao dia dez escudos a seco e cinco a de comer, trabalhando de sol a sol, e que neste jornadear, Espanha vai, Espanha vem, o percurso se faria, correndo tudo bem em quatro, cinco horas, a paga era tentadora.
E até estudantes em férias se atreviam a experimentar embora depois as pernas e sobretudo as costas dessem de si.
Com a rendiçao incondicional da Alemanha, acabou aquele ciclo.
E uma nova era de quase emprego só surgiu com o contrabando de vacas mas já no fim da era do escudo.
Cada passador trazia só uma rez e recebia, se a operação se finalizava com êxito, cinco contos de reis. Os rapazes da Confraria dos Solteiros não queriam outro modo de vida e muitos bons e honrados pais de família obtiveram um excelente reforço para os seus quase sempre muito baixos orçamentos de passigo.
«O concelho», história e etnografia das terras sabugalenses, por Manuel Leal Freire
No dia 10 de Junho, a partir das 15 horas, o Largo de Santa Catarina, na Rebolosa, volta a receber os acordeonistas e tocadores de realejo da região, evento que já alcança a 10ª edição.
A organização, a cargo da Junta de Freguesia e da associação local, espera mais de 20 acordeonistas, na sua maior parte oriundos das diversas terras do concelho do Sabugal.
O Festival de Acordeão da Rebolosa afirmou-se já como um dos grandes eventos da Raia, contando sempre com a adesão de muitos tocadores, que alo exibem a sua arte, e de muito público, que gosta de ouvir os acordes da música tradicional.
Como habitualmente, após a actuação dos tocadores amadores, haverá uma segunda parte com a actuação de um profissional do acordeão. Este ano será Rui Alves o artista convidado.
plb
Os habitantes de Ruivós recriaram a Paixão e Morte de Jesus, na Sexta-feira Santa, pelas ruas da paróquia. Às nove e meia da noite reuniram-se, junto ao Cemitério de Ruivós, largas dezenas de pessoas para assistir à recriação do momento mais significativo da fé dos cristãos.
O cenário era verdadeiramente bucólico. A noite tornou-se amena, deixando brilhar a lua cheia. Nas ruas havia apenas luz de candeias, tochas e fogueiras. Os personagens estavam vestidos a rigor, com roupas da época. Dos 5 aos 80 anos, todos os actores deram um fulgor especial à vivência das últimas horas da vida terrena de Jesus.
No papel de Jesus Cristo esteve João Reis, do Grupo de Teatro «Guardiões da Lua», que arrancou os mais sinceros elogios por parte dos espectadores. Os restantes 81 personagens eram maioritariamente habitantes de Ruivós, contando-se também alguns paroquianos de Ruvina, Vale das Éguas e Badamalos.
O texto da peça de teatro, com 5 actos e 10 cenas, foi uma adaptação da paixão de São João, com algumas aportações de outros evangelistas.
O primeiro acto começou no Largo do Cemitério, com Jesus a enviar dois dos seus discípulos a preparar a Ceia Pascal. Já dentro da Capela de São Paulo, os presentes assistiram a duas ceias pascais: a primeira de uma família moderna, a segunda a evocar a última Ceia de Jesus.
No segundo acto, no Horto das Oliveiras, assistiu-se à oração de Jesus e à sua prisão, levada a cabo pelos príncipes dos Sacerdotes, pelos anciãos do Templo e pelos soldados judaicos e romanos.
O terceiro acto teve lugar no Largo da Fonte, junto das casas de Anás e Caifás, onde Pedro negou conhecer o seu mestre.
Já no Largo da Igreja estava instalado o Sinédrio e a Casa de Pilatos. O quarto acto foi muito participativo, tendo a multidão acusado veementemente Jesus e pedido a Pilatos a sua morte.
A caminho do Calvário, apareceu Verónica, Simão de Cirene, Maria de Nazaré e as mulheres de Jerusalém.
No quinto acto atingiu-se o clímax da peça. Jesus foi despido das suas vestes e cruxificado. Já na cruz, ouviram-se as célebres últimas “sete palavras” de Jesus antes de morrer. No momento em que Jesus morreu brilhou no céu um relâmpago e ouviu-se um forte trovão.
Todo o percurso foi feito em silêncio religioso. No final o sentimento comum era de emoção e preenchimento espiritual.
O pároco, responsável pela encenação, fez um agradecimento a todos os que colaboraram e contribuíram para que esta actividade fosse possível, agradeceu a presença de tão numerosa assembleia e desejou a todos uma boa Páscoa.
Organizaram esta peça de teatro a paróquia e a junta de freguesia de Ruivós. Apoiaram esta actividade as «Confecções Torre», a Câmara Municipal do Sabugal, a Sabugal+ E.M. e a paróquia de Aldeia da Ponte. Colaboraram na organização uma dezena de costureiras e mais de uma dezena de pessoas na montagem e apoio técnico.
Padre Hélder Lopes
Excelente iniciativa e excelente direcção de «actores». Os nossos parabéns ao Padre Hélder pelo dinamismo que tem colocado na sua pastoral.
jcl
A Rota das Judiarias foi considerada pelo Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, como «a mais decisiva das redes para o turismo português».

Esta afirmação consta da entrevista dada por Francisco José Viegas ao semanário «Expresso» de 24 de Março e constitui, sem dúvida, o reconhecimento da importância do património judaico para a afirmação do interior do País enquanto destino turístico.
E não poderia deixar aqui de realçar o papel que, a nível do Concelho do Sabugal, a Talinha e a sua Casa do Castelo e o Quim Tomé têm vindo a desempenhar numa luta, por vezes contra tudo e contra todos, para que a nossa terra integre de pleno direito e sem qualquer hesitação esta Rota das Judiarias.
Mas esta entrevista contém dados ainda mais importantes para o Concelho, quando o Secretário de Estado fala de outras Rotas às quais o Sabugal terá de pertencer obrigatoriamente, como são as Rotas dos Castelos da Raia ou dos Monumentos Medievais em Ambiente Rural.
E, mais ainda, quando é reafirmado o papel do nosso vizinho Concelho de Belmonte enquanto «coração da rota das judiarias».
Face aos propósitos enunciados, é hora de, sem esquecer, bem pelo contrário, o caminho desbravado, o trabalho já feito e os seus protagonistas, definir uma estratégia coletiva em que todos os interessados tenham lugar, percebendo que esta pode ser uma das últimas oportunidades de desenvolvimento do Concelho.
:: ::
ps 1 – «Ultimamente já não sinto a necessidade de vir aqui partilhar o que quer que seja e não me tenho preocupado muito com isso, o que me leva a pensar que o melhor será fazer uma pausasinha e aguardar que o bichinho se forme novamente e aí, das duas uma, ou bebo um bagaço ou regresso e escrevo um post ou mil, logo se vê, de modo que o que por aqui se conclui é que isto não é um adeus definitivo, mas apenas um até já.» Foi com tristeza que li este post inserto no dia 23 de março no Blogue «Sabugal Tarrento».
Fui tendo alguns «desaguisados» com o responsável por este Blogue, mas sempre considerei o mesmo como importante para o Concelho do Sabugal. Espero sinceramente que seja apenas um até já muito breve…
:: ::
ps 2 – A morte de um escritor da qualidade de Antonio Tabucchi, italiano de nascimento, mas português de coração e de opção, pois era legalmente português desde 2004, é um momento triste para a cultura portuguesa. Honrar a sua memória é, sobretudo, ler ou reler as suas obras.
:: ::
ps 3 – Mais uma vez tive o privilégio de assistir a um concerto dirigido por Gustavo Dudamel, jovem maestro (31 anos) venezuelano e já considerado um dos melhores maestros vivos. Para quem muito gosta de falar mal do poder político da Venezuela aconselho a ler alguma coisa sobre o assim denominado «El Sistema», política de formação musical das crianças e jovens venezuelanos, enquanto instrumento de organização social e desenvolvimento comunitário. Dudamel é o produto mais conhecido do «El Sistema» venezuelano.
:: ::
ps 4 – Ainda falta mais de um mês, mas aqui deixo o alerta. Susana Baca, cantante peruana, estará no Porto (Casa da Música) a 9 de maio e em Lisboa (CCB) a 10 de maio. Para quem não conhece basta ir ao Youtube para se perceber o quão extraordinária é a sua música e a sua voz. Imperdível.
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
rmlmatos@gmail.com
El 17 de marzo de 2012, Oliveira do Hospital, en Portugal, acogió los actos del XXIII Gran Capítulo de la Cofradía Queijo Serra da Estrela. Descripción, fotos y vídeo del mismo. Como cada año desde 2007, en el que la Cofradía de Amigos de los Quesos del Principado de Asturias se hermanó con la Cofradía del Queijo Serra da Estrela, acudo a Oliveira do Hospital, a celebrar con nuestros «hermanos portugueses» su Gran Capítulo, su gran día del año.

En esta ocasión a diferencia de los dos últimos años, en el que acudimos solos Estela y yo, nos acompañaron los amigos Jorge Martínez, Jesús Solís y Aquilino Suárez, por lo que la Cofradía de Amigos de los Quesos y la del Quesu Gamoneu estuvieron representadas por dos personas y Doña Gontrodo sólo por Estela.
Siguiendo la costumbre de los últimos viajes, hemos aprovechado para hacer un poco de turismo y conocer dos ciudades que no conocíamos: Peso de Regua y Viseu. La una cabecera del Alto Douro Vinhaterio y la otra la principal ciudad de la región Däo-Laföes.
Peso de Regua, fundada a la vera del río Duero, consiguió de su puerto fluvial su sustento económico, del mismo salían los barcos rabelos, típico barco portugués de vela, encargados de transportar las barricas de vino de oporto de las bodegas sitas en la zona, hasta Vila Nova de Gaia y Oporto. En la actualidad la creación de presas en diferentes zonas del río en los años setenta, impide que los mismos sigan ejerciendo su función, obligando a realizar el transporte por carretera. Hoy en día, la ciudad ha crecido considerablemente, dependiendo prácticamente su economía de la actividad vinícola, de la que es cabecera.

Allí hemos comido estupendamente en uno de los restaurantes de vanguardia de Portugal, “Castas e Pratos”, ubicado en unos antiguos almacenes de graneles, pegados a la estación del ferrocarril, que cuenta con unas modernas y acogedoras instalaciones integrados en un peculiar marco. Su comida tradicional evolucionada de alta calidad y su amplía carta de vinos elegida como la mejor de Portugal en 2011, lo han ubicado en pocos años entre los grandes del país vecino.
Viseu, con más de 100.000 habitantes, es una de las ciudades más antiguas de Portugal, cuya existencia se remonta a la época castreña y tuvo una gran importancia en la época romana. Aglutina historia y modernidad, con restos romanos, iglesias que marcan el paisaje urbano y casas solariegas de arquitectura sobria, pero de imponente granito. Su Catedral, del siglo XVI aunque comenzada en el XII, bien merece una visita, como la iglesia de la Misericordia y el museo Grao Vasco, todo ello en la Adro de Sé, una de las plazas más bonitas de Portugal. La Plaza de Rossio, dónde está ubicado el Ayuntamiento y la cava de Viriato, con la escultura en honor del héroe lusitano, que parece ser estuvo asentado largo tiempo en la ciudad, son otras de las visitas obligadas.

La modernidad de Visseu es palpable en el Centro Comercial Palacio de Gelo, dónde esta ubicado el Bar de Gelo, abierto en el año 2008, es único en Portugal y uno de los siete existentes en Europa. Tomarse un cóctel –única posibilidad existente, con la variante de con o sin alcohol – en sus instalaciones es una experiencia única, que no debe perderse.

La siguiente parada fue en Caldas de Senhorim, entre Nelas y Oliveira do Hospital, dónde nos esperaban nuestros anfitriones. Este año, los actos del Capítulo se ceñían al sábado, no habiendo la clásica cena de recepción de los viernes. Ello no quitó para que disfrutáramos junto con Pedro Couceiro, su esposa Fatima y su hijo Nuno y de Antonio Serra Amaral y su esposa Gracia, de una estupenda cena en el restaurante Zé Pataco y de la gastronomía tradicional de la región Däo-Laföes, dónde no faltaron la Chanfaina y los arroces con costela y con marisco, todo ellos regado con los vinos de Däo, que para eso estábamos en el territorio de esta DOP.
A pesar de la gran sequía que hay en todo Portugal este año, la mañana del sábado amenazaba lluvia en nuestra salida de Meruge, el bello pueblo dónde Pedro y Fatima tienen su residencia, y antes de llegar al nuevo recinto ferial de Oliveira la misma hizo su aparición, estando presente casi toda la mañana, desluciendo en buena parte el amplio programa que la Cámara Municipal tenía dispuesto para la XXI Festa do Queijo Serra da Estrela e outros produtos locais de qualidade.
El programa de actos del Gran Capítulo, no contenía actos en la mañana del sábado, lo que permitió una visita tranquila a los múltiples puestos de todo tipo que había en el ferial, con largas paradas en los puestos de las cinco queserías acogidas a la Denominación de Origen Protegida “Queijo da Serra de Estrela” que tienen su sede en el municipio de Oliveira do Hospital, y cuyos responsables son ya conocidos de nuestras visitas anteriores.
A la hora de la comida, nos desplazamos al centro de la localidad, al restaurante Johnny´s, donde dimos cuenta de buenas carnes de vacuno. Al amigo Pedro le gusta llevarnos a sitios diferentes en cada comida o cena, y ello nos permite ir conociendo la diferente oferta gastronómica que existe en el municipio.
Había tiempo para el descanso, que mis compañeros de viaje aprovecharon, pero el que suscribe tenía trabajo. Un año más formaba parte del jurado del Concurso gastronómico “Com queijo Serra da Estrela”, teniendo el placer de ser el único de los miembros que ha estado en el mismo desde su inicio, en el año 2010. Esta edición tenía como novedad el cambio de nombre de concurso de dulcerías por concurso gastronómico, abriéndose a elaboraciones saladas, y que había cuatro elaboraciones realizadas por establecimientos profesionales, contando también con dos elaboraciones de alumnos de la Escuela de hostelería local. Al concurso se han presentado 14 elaboraciones, en el que se ha vuelto de poner de manifiesto la versatilidad del queijo, en sus diferentes elaboraciones, en la cocina.

A las 17,30 horas comenzó el desfile de las veintisiete Cofradías españolas y portuguesas asistentes al Capítulo, que previamente nos habíamos ido concentrando en el recinto ferial, precedidos de la “banda Zambumbadas dos Pastores de Unhais da Serra” y de la Cofradía anfitriona.
Las cofradías portuguesas del Almas Santas de Areosa e do Leitäo, As Sainhas de Vagos, Barco Rabelo, Bucho de Arganil, Bucho Raiano de Sabugal, Cabritu da Serra do Caramulo, Cäo da Serra da Estrela, Carolos de Vila Nova de Oliveirinha, Chanfana, Doçaria de Tentúgal, Gastronómica de Bacalhau, Gastronómica de Laföes, Gastronómica de Madeira, Gastronómica do Norte Alentejano, Gastronómica de Pinhal do Rei, Gastronómica de Toiro Bravo, Gastronómica de Sever do Vouga, Gastronómica e enofilos de terras de Carregal do Sal, Leitäo de Barraida, Medronho de Tabúa, Ovos Moles de Aveiro, Queijo San Jorge y Sardinhas doces de Trancoso; las españolas de los quesos de Cantabria y del queso Manchego y las asturianas, formamos el vistoso desfile desde el recinto ferial en la parte norte de la ciudad, hasta la iglesia parroquial de la Exaltación de la Santa Cruz.
Allí se hicieron las fotos de familia, primero una sola de los miembros de la Cofradía anfitriona y otra conjunta de todos los asistentes. Las escaleras de esta iglesia de 1751, levantada sobre otra del siglo XIII y XIV, es el marco perfecto para tener un bonito recuerdo de esta acogedora ciudad.

El desfile continuó rodeando el parque “Ciudad jardín” dejando a la derecha la bella capilla de Santa Ana, y concluir el vistoso desfile en la casa de cultura César Oliveira, lugar dónde se celebraría el acto oficial del Capítulo, volviendo de esta forma al recinto que nos había acogido hace años, ya que los dos últimos se habían realizado en el salón noble del Ayuntamiento, aquí llamada Cámara Municipal.
El Capítulo estuvo presidido por el Gran Mestre de la Cofradía, Manuel Freire Leal, escoltado por Diogo Albuquerque, Secretario de Estado del Ministerio de agricultura, desarrollo rural, medio ambiente, marítimo y ordenación del territorio del Gobierno de Portugal y el alcalde de la localidad José Carlos Aleixandro. A los que acompañábamos el que suscribe como representante de la Cofradía de Amigos de los Quesos del Principado de Asturias, Madalena Carrito presidenta de la Federación de cofradías gastronómicas de Portugal (compuesta por 70 cofradías) y los cofrades locales Joao Madanelo (Escribano) y Miguel Serra Amaral (Secretario), ejerciendo como maestro de ceremonias, el Gran Conseillero y alma mater de la Cofradía Pedro Couceiro.
Una vez más la Cofradía ha tenido el bonito gesto y amabilidad de situarnos en la presidencia y cedernos la palabra en la celebración del Capítulo, y más cuando estaban presentes otra Cofradía hermana (Queijo San Jorge) y la que los había apadrinado en su momento (Quesos de Cantabria).
Como años anteriores mi intervención de agradecimiento fue en portugués y en ella tuve un emotivo recuerdo para el difunto cofrade del Queijo, Carlos Magalhanes, cuya viuda Rosé se encontraba entre nosotros. Carlos era un enamorado de nuestra tierra asturiana, fue junto con Pedro Couceiro de los primeros que he conocido, y con él mantenía continuo contacto, siendo su fallecimiento fue un duro golpe. No fue posible devolvernos la visita que le hicimos el año anterior, a su residencia en el bello lugar de Mont´Alto en Arganil, con motivo de la celebración del Capítulo anterior. Descanse en paz.
Las intervenciones del Gran Mestre, del Alcalde, del Secretario de Estado, la mía propia y de la Presidenta de la Federación, precedieron al juramento de los numerosos cofrades de mérito y los de número – 8 más con lo que ya suman 78 cofrades-, y a la presentaciones de María Eugenia Lemos sobre como distinguir el queso con DOP.
Hélio Loureiro, cocinero reputado portugués, que presta sus servicios profesionales en el Hotel Palacio de Oporto, tiene un programa de cocina en la televisión portuguesa y es colaborador de la Festa do Queijo, en el que en esta edición y en la anterior realizó en directo un “show-cooking” con elaboraciones con el queso Serra, fue nombrado Cofrade de Mérito. Con Hélio he tenido el placer de ser compañero suyo en la edición anterior y en la presente del concurso gastronómico.

Este era un Capítulo para celebrar, si en del año anterior se había presentado la candidatura con la que la Cofradía, presentaba al queso que defienden como candidato a una de las 7 maravillas gastronómicas de Portugal, este año tocaba reconocer a todos los involucrados por haberlo obtenido, de diferente forma.
A las Cámaras Municipales de toda la comarca de la Serra de Estrela, se les nombraba Cofrades de Mérito. Los alcaldes de Aguiar da Beira, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Seia y Tabúa, accedieron al estrado a recibir los honores y jurar como cofrades. Estas ocho Cámaras fueron junto con la de Oliveira do Hospital – que no fue nombrada, al serlo ya- las que dieron el apoyo oficial a la candidatura.
El otro reconocimiento se realizaba a los ganaderos suministradores de leche y a las cinco queserías elaboradoras de queso, pertenecientes al municipio de Oliveira do Hospital, acogidos y registrados en la Denominación de Origen Protegida Queijo Serra da Estrela. Todos los presentes recibieron su diploma “7 Maravillas de la Gastronomía” como parte involucrada principal, en la obtención del galardón obtenido por votación popular de todos los portugueses. Otros no lo pudieron recoger al estar trabajando, y es que la hora de entrega coincidía con la hora del ordeño de la tarde.
El concurso “7 Maravillas de la Gastronomía” se celebro por iniciativa de la RTP1 (Radio televisión portuguesa) siendo está la primera y única vez que se realizaba. El 10 de septiembre, la ciudad de Santarém, acogió la entrega de los reconocimientos a los productos premiados. Y allí estuvo una nutrida representación de la Cofradía y de la Cámara Municipal, para recoger el reconocimiento del Queijo Serra da Estrela como la maravilla gastronómica de Portugal en la sección “Entradas”, recibiendo ni más ni menos que 900.000 votos.
Los otros seis nombramientos han correspondido, a:
– Sección de sopas: El caldo verde.
– Sección de pescado: Sardinha asada.
– Sección de mariscos: Arroz de marisco.
– Sección de carnes: Leitäo (lechón) da Bairrada.
– Sección de caza: Alheira de Mirandella, y
– Sección de repostería: Pastel de Belém.
Para celebrar que en el acto, estábamos presentes todas las Cofradías que defendemos quesos en la península ibérica, en la que sólo faltaba la del Idiazabal, no quisieron desaprovechar la ocasión para hacerlo ver al resto de asistentes, y un representante de cada una de ellas subió al escenario, dónde han entregado un recuerdo del encuentro y dado por concluido el acto oficial. Los representantes de las portuguesas de San Jorge y Serra da Estrela, las españolas del de Cantabria y Manchego, y las asturianas del Principado de Asturias y del Gamoneu – que asistía por primera vez a este Capítulo- subimos hermanados al estrado.

Cabe destacar que después del acto oficial, ha tenido lugar el encuentro oficial entre dos de las tres únicas Cofradías de la península ibérica, cuyos cofrades son únicamente mujeres, la portuguesa de As Saiñas, de Vagos, en Aveiro y de Doña Gontrodo, de Oviedo. Ellas, junto con las Peralta de Portugal y la de Venecia, son las cuatro únicas europeas compuestas únicamente por mujeres. Seguro que de este encuentro, saldrán estupendas relaciones.
El Capítulo concluyó con la cena de hermandad realizada en la cercana Casa dos Espíritos, bonita discoteca habilitada para recoger la misma, dónde el catering del restaurante Visconde de Touriz (Taugá) fue el elegido para servir el menú. Este estuvo compuesto por:
– Buffet de entradas, compuesto por: queso Serra da Estrela y Serra da Estrela velho, queijinhos de oblea frescos pimenta e ervas, mantenga de oblea do Monte Maior, queijo creme, iogurte das nossas obleas con mel, henchidos das Beira, Leitöa da Bairrada y Chanfana. Estas dos últimas gentileza de las Cofradías que defienden estos productos, presentes en el acto.
– Crema de zanahoria con cubos de naranja y miel.
– Borrego Serra da Estrela al horno con castañas, y
– Requesón Serra da Estrela con dulce de calabaza, cosa dulce con queso Serra (realizada con receta de Hélio Loureiro), otros dulces y frutas y pastéis de Tentúgal y ovos moles de Aveiro, gentileza igualmente de otras dos Cofradías presentes.
Estupenda cena, regada con los estupendos vinos de la D.O.P. Däo, que abarca la zona limítrofe con Oliveira, a un precio muy razonable de //35// € y que dio paso a una agradable velada de un buen grupo, con la discoteca ya funcionando como tal.

De domingo, atendiendo la invitación del matrimonio Mendes –Carolina y Joan- nos desplazamos a la localidad de Alvôco das Várzeas, perteneciente al municipio de Oliveira, dónde disfrutamos de su hospitalidad y de su bello pueblo.
Tocaba el almuerzo de despedida con toda la familia Couceiro, en Casa Carlos, en la cercana localidad de Ponte de tres Brazos. Lo dicho Pedro, no se cansa de mostrarnos ofertas gastronómicas diferentes, y nosotros encantados.
Las compras en Oliveira, dónde aún es posible adquirir productos a precios más que interesantes, fueron la despedida a un espléndido fin de semana, dónde un año más pudimos renovar nuestro hermanamiento y estrechar los lazos de amistad que nos unen con una buena parte de los cofrades queseros. En mayo, con motivo del Gran Capítulo de Doña Gontrodo, tendremos ocasión de corresponderles todas sus atenciones.
«Vivir sin amigos, no es vivir.» Cicerón, Marco Tulio (106-43 a.C).
Luis Javier del Valle Vega
El 17 de marzo de 2012, dentro de los actos de la XXI Festa do Queijo Serra da Estrela, en Oliveira da Hospital, se ha celebrado este III concurso, en el que he tenido el placer de ejercer de jurado. O artigo junta recetas y fotografías de los platos.

Nuestra Cofradía hermana, del Queijo de la Serra da Estrela, celebra su Gran Capítulo coincidiendo con esta festa o feria, motivo por el cual me desplazo todos los años a esa acogedora ciudad portuguesa. Dentro de los múltiples actos que organiza la Cámara Municipal, se encuentra este concurso, en el que he tenido el placer de estar invitado como jurado en las tres ediciones del mismo, en el cuál he compartido compañeros diferentes, siendo el único que ha asistido a las tres ediciones.
El concurso se realizó dentro del marco de la XXI Festa do Queijo de la Serra da Estrela e outros produtos locais de qualidade, ante la presencia del público asistente a la misma.
Las novedades de este año han sido básicamente dos, una la presentación de platos salados, lo que ha motivado el cambio de nombre, pasando de ser concurso de dolçerias a gastronómico, y la segunda la presentación de profesionales y establecimientos de hostelería. Al igual que en la edición anterior, se han presentado alumnos de la Escuela de hostelería del municipio.
Los platos presentados a concurso tenían que contener Queijo Serra da Estela, en algunas de sus variedades o algunos de sus derivados, es decir Queijo Serra curado, Queijo velho de la Serra, fresco y requesón. Los concursantes presentados han sido catorce, tres más que en la edición anterior, suministrando la organización a los miembros del jurado un folleto con las recetas de los platos presentados. Los premios, en metálico, para los tres primeros clasificados de eran de 100 €, 75 € y 50 €, respectivamente.
El jurado lo hemos formado cinco personas, el cocinero Helio Loureiro, que cuenta con el programa Gostos y Sabores de la RTP, presta sus servicios profesionales en el Hotel Palacio de Oporto y es colaborador de la Festa, en el que realiza en directo un show-cooking; Soledad Abrantes, cocinera del restaurante de la Cámara Municipal de Oliveira; Antonio Moniz Palme, representando a la Cofradía del Queijo Serra da Estrela; Zacarías Puente, representando a la Cofradía del Queso de Cantabria, y el que suscribe en representación de la Cofradía de Amigos de los Quesos del Principado de Asturias. Estaba igualmente prevista la presencia de Mariana, de la quesería Dos Lobos, en representación de los productores de quesos, que al final no pudo asistir. La concejal de cultura de la Cámara Municipal, María Silvia, coordinó el concurso.
La puntuación ha realizar total, comprendida entre 1 y 20 puntos, estaba compuesta por 5 apartados, cada una con un porcentaje diferente. En concreto, estos eran: degustación (40 %), presentación (30 %), originalidad de la receta (15 %) otras consideraciones del jurado (10 %) y viabilidad comercial (5 %). Aunque había que especificar entre salado o dulce, los premios no distinguían unos de otros, ni si eran de profesionales o de aficionados.
La prueba de los diferentes platos, se ha realizado delante del público asistente y en un momento del mismo, nos han visitado las autoridades que recorrían la feria, que no han dudado en degustar la que se estaba evaluando en ese momento. El sobrante de cada elaboración podía ser degustado por el público asistente.
Los tres primeros premios, han correspondido:
Primer Premio:
Categoría: Dulce.
Nombre plato: Delicia de la abuela serrana.
Nombre del participante: Restaurante Principe da Cidade.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
– 5 huevos.
– 100 gramos de azúcar.
– 1 dl de agua.
– 4 dl de natas.
– 400 gramos de queso fresco de oblea.
– 1 bote de leche condensada.
– 100 gramos de galletas María.
Elaboración:
1 – En un tazo verter las yemas de los huevos, el azúcar y el agua.
2 – Poner a fuego, moviendo siempre, hasta que este ligado y retirar del fuego.
3 – Batir bien las natas, junto con el queso y la leche condensada, hasta que quede una mezcla homogénea.
4 – Batir las claras de los huevos y mezclar bien con las dos mezclas anteriores.
5 – Triturar bien las galletas y decorar con ellas.

Segundo Premio:
Categoría: Salado.
Nombre plato: Hojaldre de queso.
Nombre del participante: Escuela Hostelería de Oliveira do Hospital.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
– Masa filo.
– Manteca de oveja.
– Queso da Serra.
– 1 dl de natas.
– 100 gramos de nueces.
– 2 hojas de gelatina neutra.
– Sal.
– Pimienta.
Elaboración:
1 – Pintar la masa filo con la manteca y hornear a 180º C.
2 – Batir las natas y mezclar con la sal y la pimienta.
3 – Picar bien las nueces y mezclar con la gelatina previamente derretida.
4 – Colocar una base de masa filo con queso Serra y poner encima otra base de masa filo. Encima colocar la mousse de nuez y terminar con otra capa de masa filo.
5 – Decorar al gusto.

Tercer Premio:
Categoría: Dulce.
Nombre plato: Quesada de requesón con cabello de ángel.
Nombre del participante: María Isabel Mendes.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
– 330 gramos de requesón.
– 2 huevos.
– 8 yemas de huevos.
– 200 gramos de azúcar.
– 100 gramos de cabello de ángel.
– Canela.
Elaboración:
1 – Mezclar el requesón con el azúcar.
2 – Posteriormente añadir los 2 huevos, las 8 yemas, el cabello de ángel y un poco de canela en polvo.
3 – Mezclar bien todos los ingredientes.
4 – Verter el preparado en moldes, previamente untadas con un poco de manteca.
5 – Cocer en el horno a una temperatura de 180º C.

El resto de participantes, han sido:
Categoría: Salado.
Nombre plato: Olibeiräo.
Nombre del participante: Joao Manuel Martins Quaresma.
Localidad: Santa Ovaia.
Ingredientes:
– 200 gramos de masa de pan de trigo o de centeno.
– 100 gramos de Aldeira Beira Alta. La Aldeira es un embutido de diferentes carnes troceadas.
– 100 gramos de queso de oveja curado y seco.
– 100 gramos de manzana Bravo Esmolfe (es un tipo de manzana local).
– 1 yema de huevo.
Elaboración:
1 – Con un rollo de cocina, extender la masa de pan hasta obtener un grosor de 0,5 cm, y cortar en cuadrados de 10 cm.
2 – Retirar la piel del embutido y cortarlo en rodajas.
3 – Pelar la manzana, quitarle el corazón y cortarlas en rodajas.
4 – Cortar el queso rodajas finas.
5 – Colocar encima de la masa, el embutido, la manzana y el queso.
6 – Hacer un bollo con la masa, cerrando bien los laterales.
7 – Pintar la masa con la yema del huevo, y cocer en el horno a 200º C durante cerca de 10 minutos.

Categoría: Dulce.
Nombre plato: Cascada de Estrela.
Nombre del participante: Isabel María Gouveia Ribeiro Neto.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes, para 4 personas:
– 1,5 dl de agua hirviendo.
– 50 gramos de manteca.
– 60 gramos de harina, tipo 55.
– 2/3 huevos de considerable tamaño.
– 1 requesón de unos 200 gramos.
– 200 gramos de dulce de frambuesa.
– 100 gramos de dulce de cabello de ángel.
– 100 gramos de geleatina de frambuesa
– Nueces y raspas de chocolate para decorar.
Elaboración:
1 – En un tazo verter el agua y la manteca, hasta que comience a hervir.
2 – Retirar del fuego y mezclar muy bien con la harina. Poner al fuego hasta que quede la mezcla suelta.
3 – Echar la mezcla en una manga pastelera y hacer unos bollos pequeños, que se meten en el horno, previamente calentado durante 20 minutos.
4 – Una vez cocidos, retirar y dejar enfriar.
5 – Mezclar bien el dulce de frambuesa y el requesón.
6 – Hacer un corte en los bollos y rellenar con la mezcla anterior.
7 – Disolver la gelatina de frambuesa con el cabello de ángel, las nueces y el chocolate.
8 – Verter por encima de los bollos y meter al frigorífico a enfriar.

Categoría: Dulce.
Nombre plato: Tarta de requesón con dulce de calabaza.
Nombre del participante: Restaurante típico Marques.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
– 1 base de masa hojaldrada.
– 3 huevos.
– 3 cucharas grandes de azúcar.
– 1 cuchara grande de harina.
– Dulce de calabaza al gusto.
– 20 cl. de natas.
– 1 requesón.
Elaboración:
1 – Colocar sobre la masa hojaldrada en una fuente y cubrirla con el dulce de calabaza.
2 – Mezclar bien los huevos, con las natas, el azúcar, el requesón y la harina.
3 – Verter sobre la fuente.
4 – Poner a cocer en el horno a 180º / 200º C.

Categoría: Dulce.
Nombre plato: Quesada de requesón.
Nombre del participante: Silvio Antonio da Costa Lourenço.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
Para la masa de la quesada.
– 500 gramos de harina.
– 200 gramos de margarina.
– Agua.
Para el relleno.
– 300 gramos de requesón.
– 100 gramos de harina.
– 200 gramos de azúcar.
– 4 huevos.
– 50 gramos de margarina.
– Un poco de canela.
– 0,50 cl de leche.
Elaboración:
1 – Preparar una masa para la quesada, con la harina, margarina y agua.
2 – Mezclar el requesón con el azúcar, y luego con los huevos, la margarina, la leche y la canela.
3 – Forrar moldes con la masa y verter la mezcla anterior.
4 – Cocer en el horno a una temperatura de 180º /200º C.

Categoría: Dulce.
Nombre plato: Bizcocho de requesón con dulce de calabaza.
Nombre del participante: Anabela Lobo Osório.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
– 300 gramos de requesón.
– 200 gramos de azúcar.
– 4 huevos.
– 0,50 dl de leche.
– 50 gramos de margarina.
– 10 gramos de levadura en polvo.
– 350 gramos de harina.
– Dulce de calabaza al gusto.
Elaboración:
1 – Batir bien las claras con el azúcar, y juntar con las yemas, la leche, la margarina y el requesón.
2 – Juntar la mezcla anterior bien con la harina y la levadura.
3 – Untar un recipiente redondo hondo con manteca.
4 – Verter la mezcla en el recipiente y meter a cocer en el horno.
5 – Una vez frío, partir por la mitad y rellenar con el dulce de calabaza. Igualmente con el dulce decorar la parte superior.

Categoría: Salado.
Nombre plato: Lazos de requesón con presunto.
Nombre del participante: Vitor Rafael Osório Cruz.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
– Harina, para hacer masa hojaldrada.
– Margarina, para hacer masa hojaldrada.
– 300 gramos de requesón.
– 3 huevos.
– 100 gramos de jamón serrano.
– Hierbas aromáticas.
Elaboración:
1 – Hacer una masa hojaldrada, con la harina, la margarina y agua.
2 – Preparar una mezcla con el requesón, los huevos, el jamón y las hierbas aromáticas.
3 – Cortar la masa hojaldrada en rectángulos y rellenar con la mezcla anterior. Enlazar los extremos con una tira de jamón.
4 – Cocer al horno.

Categoría: Salado.
Nombre plato: Tartaletas con requesón y salmón ahumado.
Nombre del participante: Bárbara Marina Osório da Cruz.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
– Harina, para hacer masa hojaldrada.
– Margarina, para hacer masa hojaldrada.
– 300 gramos de requesón.
– Salmón ahumado al gusto.
– Hierbas aromáticas.
– 2 yemas de huevos.
Elaboración:
1 – Hacer una masa hojaldrada, con la harina, la margarina y agua.
2 – Hacer unas tartaletas con la masa, colocar en moldes y cocer al horno. Dejar enfriar una vez sacadas.
3 – Mezclar bien el requesón, las hierbas aromáticas y rellenar las tartaletas.
4 – Decorar con el salmón ahumado.

Categoría: Dulce.
Nombre plato: Pudín de requesón.
Nombre del participante: Vitor Manuel Martins da Cruz.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
– 400 gramos de requesón.
– 500 gramos de azúcar.
– 12 huevos.
– 1 cuchara de licor de almendras.
– 300 gramos de harina.
– Canela al gusto.
– Corteza de 1 limón.
Elaboración:
1 – Mezclar bien el requesón con el azúcar, y luego con los huevos, el licor de almendra, la corteza del limón y la harina.
2 – Verter la mezcla en un molde.
3 – Cocer al baño maría.

Categoría: Salado.
Nombre plato: Serrabulho doce con queijo da Serra.
Nombre del participante: Boutique Hotel Quinta de Geia.
Localidad: Aldeia das Dez.
Ingredientes:
– Medio bol de sangre de cerdo cocida.
– 1 bol de azúcar.
– 100 gramos de almendras laminadas.
– 1 palo de canela.
– 2 cucharadas de tocino de cerdo derretido.
– 2 bollos de pan.
– 1 bol de queso Serra
Elaboración:
1 – Hacer un almíbar con el azúcar y un poco de agua.
2 – Echar al almíbar, las almendras, el palado de canela y la sangre de cerdo troceada.
3 – Una vez cocido un poco, añadir los bollos de pan cortados en láminas finas y con el tocino de cerdo.
4 – Dejar hervir todo junto durante 2-3 minutos y echar el queso cortado en tacos pequeños.
5 – Decorar con almendras laminadas, unos trozos de queso y palos de canela.
Servir como un postre.

Categoría: Dulce.
Nombre plato: Queijatina.
Nombre del participante: Escuela de Hostelería de Oliveira do Hospital.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
– 3 yemas de huevos.
– 150 gramos de azúcar.
– 50 ml de miel.
– 1 requesón de unos 300 gramos.
– 2 hojas de gelatina.
– 250 ml de natas.
– Agua.
Elaboración:
1 – Batir las yemas de los huevos.
2 – Hacer un jarabe con las la miel, el azúcar y un poco de agua.
3 – Verter el jarabe sobre las yemas y batir y mezclar muy bien.
4 – Batir las natas y mezclar bien con la mezcla anterior.
5 – Mezclar bien todo lo anterior con el requesón.
Enfriar, y servir con en vasos con grosellas y galleta laminada.

Categoría: Dulce.
Nombre plato: Tentación serrana.
Nombre del participante: Carina Micaela Neto.
Localidad: Oliveira do Hospital.
Ingredientes:
– 1 requesón de unos 300 gramos.
– 6 yemas de huevos.
– 100 gramos de azúcar.
– 1,5 dl de agua.
– 100 gramos de galletas.
– 100 gramos de almendras laminadas.
– 1 palo de canela.
– 1 corteza de limón.
Elaboración:
1 – Preparar un jarabe, con el azúcar, el palo de canela, la corteza de limón y un poco de agua.
2 – Mezclar bien las yemas con el requesón desecho y mezclar todo con el jarabe anterior.
3 – Engordar la mezcla anterior con las galletas y las almendras, en el fuego.
4 – Verter lo anterior en un molde y meter a cocer al horno.
5 – Decorar al gusto.
Observaciones: Esta mezcla se puede aprovechar para rellenar unos pasteles de masa quebrada.

Una vez más se ha puesto de manifiesto la versatilidad del queso en cocina, y que el concurso se va consolidando, si el primer año habían participado 7 concursantes, el año anterior fueron 10 y este 14, lo que significa un buen incremento. También es positivo que al mismo se hayan sumado profesionales, lo que igual a corto plazo deriva en realizar dos apartados, uno para profesionales y otro para aficionados. Lo mismo ocurre con preparaciones saladas, que es la primera vez que se presentan, al igual que en el apartado anterior, haber si en próximas ediciones, es posible hacer dos categorías.
Sin embargo, a mi entender, habría que ver la forma de potenciar el queijo Serra curado, como ingrediente principal, en las tres ediciones hay un exceso de elaboraciones que tienen como base el requesón (siempre de oveja) en detrimento de otros tipos de producto como el queso fresco, el amanteigado, el curado o el velho. En esta edición diez recetas (71,42 %) tenían como base el requesón, por solamente una de queso fresco y dos con queso curado, y uno ha echado en menos la fuerza tan peculiar del queso Serra, sobre todo cuando esta amanteigado, como dicen allí.
Mi felicitación a la Cámara Municipal por llevar a cabo esta iniciativa, y animarles a que la difundan entre sus ciudadanos y los asistentes a la festa, es un complemento ideal y puede ser un buen soporte de la semana de gastronomía “Paladares da Beira Serra, um outro sabor” que se desarrolla en el municipio durante la semana de la festa.
Igualmente agradecerles, tanto a la Cofradía Queijo Serra da Estrela como a la Cámara Municipal, que hayan pensado en mi persona, para formar parte del jurado del mismo.
«Se gana por lo que se sabe, no por lo que se hace.» Larreta, Enrique (1875-1961) novelista y diplomático argentino.
Luis Javier del Valle Vega
Na sua extensão raiana o Interior pontua-se com pequenos povoados, sóbrios e graníticos, que sobem os montes e decoram os vales. Pouquíssimos habitantes ocupam, ainda, esta faixa cuja população mingua velozmente neste enigmático início de século. Trata-se, no entanto, de gente que armazena na memória saberes e sabores infindáveis.

Falo de pessoas e sítios de encanto. Lugares onde a história deixou marcas e onde as gentes (de boa fé) amalgamam história e lendas.
Mas, nestes lugares de que falo, vivem-se, em cada presente, tempos etiquetados com ausências. Apagam-se, em cada dia, hábitos e tradições. Têm vindo a esmorecer os seus mais carismáticos ambientes e contextos. Urge, portanto, salvar o que, ainda, for possível.
Esta zona, vizinha de Espanha, é terra de invernos excessivos e verões escaldantes. Ora, tais contrastantes evidências, condicionam e sugerem alimentação a contento.
Por outro lado, o moldar da história tem dependido (consideravelmente) da alimentação e, esta, tem vindo a adaptar-se a condicionalismos históricos vencendo dificuldades e diminuindo desigualdades. Eis, portanto, onde me parece morar a razão pela qual a criatividade tem progredido no ensejo de superar carências e limitações.
Aceite-se, então, a evidência de que a utilização da tradição alimentar pode gerar dinâmicas e, eventualmente, (re)constituir recursos regionais ou locais.
Claro que é possível lançar interesses e, até, curiosidades susceptíveis de constituir fortes motivações para quem visite ou pretenda visitar.
Também não escasseiam enormes paixões que intimam os naturais a regressar definitiva ou temporariamente. Só não sobeja , por enquanto, quem arrisque aproveitar tradições (seiva deste povo) para as difundir, tornando-as rentáveis. Refiro-me, concretamente, a potencialidades gastronómicas, capazes de constituir motivação de visita ou regresso sendo certo que há sabores só possíveis de comprovar em contextos e lugares próprios.
São, portanto, reais os desafios.
Aqui trago, hoje, servindo de exemplo, a «morcela doce».
Em toda a zona jarmelista os sentidos podem ainda abrir-se para o sabor (já algo suspenso) desta morcela especial. Sabor que me surge, a mim, tão natural como o frio do inverno ou tão doce como o quente calor da lareira, companheira perene das noites inverniças.
Poder-se-á, então, incumbir a “morcela doce” de alguma missão mais importante?
«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
Se o testamento do galo é já uma das tradições, ressuscitar outras de índole cultural, social e religiosa é reviver as memórias, usos e costumes de antanho, dos nossos antepassados; é honrar a memória de todos os que nasceram no Casteleiro, vivem ou jazem no eterno descanso; é engrandecer e dar a conhecer melhor este lindo e risonho Povo que é o Casteleiro, assim o esperamos.
O Centro de Animação Cultural do Casteleiro, como já o fizera a Junta de Freguesia, no dia 19 de Fevereiro passado, Domingo de Carnaval, pelas 15 horas, no Largo de S. Francisco, reviveu, uma vez mais, através dum grupo de jovens e crianças, o testamento do galo.
Lidas, por cada uma das crianças, quadras do testamento do pobre galo, no Lar e no Largo de S. Francisco, provocando alegria, gargalhadas e aplausos, o galo foi, desta vez, oferecido ao Sr. Professor Jerónimo Jorge Amarelo. Parabéns a todos.
Daniel Machado
O Restaurante Zé Nabeiro no Soito tem um prato único no mundo que dá pelo peculiar nome de «Canja de Cornos». Edição da jornalista Paula Pinto da Redacção da LocalVisãoTv (Guarda).

Vodpod videos no longer available.

Autoria: LocalVisãoTV posted with Galeria de Vídeos Capeia Arraiana
jcl
Comentários recentes