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Enquanto por cá discutimos quem ganhou o debate entre Dupont e Dupond, na noite de sexta-feira passada, ou então a televisão transmite directos sobre a chegada da equipa do Futebol Clube do Porto, após a sua vitória na Liga não sei de quê, os nosso vizinhos espanhóis estão a dar uma lição ao mundo.

João Aristides DuarteAcampados há vários dias na Puerta del Sol, em Madrid, grupos de manifestantes jovens e menos jovens estão a fazer uma Revolução. Essa revolta já alastrou a diversos países europeus e de outros continentes.
Ninguém os demove da Puerta del Sol, que se transformou na Praça Tahrir da Europa. Apesar de o Governo ter proibido essas manifestações, alegando que se estava em período de reflexão eleitoral, o certo é que os manifestantes não desmobilizam. Sabe-se que os Sindicatos da Polícia espanhóis já declararam que não vão
O que pedem os manifestantes na Puerta del Sol? Coisas tão simples como «Liberdade de Expressão», «Reforma da Lei Eleitoral» e «Nacionalização da Banca».
Em alguns dos cartazes que os manifestantes exibem pode ler-se: «Assim, não!», «Banqueiros ladrões», «Povos da Europa, Levantai-vos» ou «PP e PSOE, o mesmo capital».
Os manifestantes começaram por ser uma espécie de «Geração à Rasca» espanhola, mas a revolta depressa alastrou e comprometeu outras gerações.
Realmente é de admirar que surja na Europa um cartaz onde está escrito «Liberdade de Expressão», uma vez que essa mesma Europa se diz tão democrática. Cartazes desse teor fazem-me lembrar os que eram exibidos pelos manifestantes pró-democracia, nos idos de 1989, na RDA.
Afinal, parece que, por esta Europa tão civilizada e tão democrática, algo também está podre. É bem verdade que, quando se verificam tantas situações escandalosas, como os prémios aos gestores, as benesses aos banqueiros que arruínam a economia, as pessoas se revoltem… Os partidos do «arco da governação», em Espanha (sempre o PP ou o PSOE) acham que está tudo anestesiado com a «bola» e nunca pensaram que isto fosse mesmo a sério. Mas está a ser.
João DuarteÉ por serem sempre os mesmos a governar, em Espanha, que se pede a reforma da Lei Eleitoral, de modo a que se termine com esse bipartidarismo que só pode levar à frustração. É aquele estilo de «ora governas tu, ora governo eu», a única coisa que muda são mesmo os «boys», porque de resto é tudo igual. Em Portugal é a mesma coisa. Só não vê quem não quer. Já sobre os «banqueiros ladrões» em Portugal, nem vale a pena falar… O escândalo é tamanho que daria para uma série de Revoluções. Mas os tais “brandos costumes” são capazes de explicar alguma coisa.
No entanto, por cá, as pessoas estão mesmo anestesiadas e não se revoltam. Até tinham mais razões para o fazer, uma vez que irão sofrer com as medidas decididas pela Troika estrangeira e pela Troika portuguesa (PS/PSD/CDS). Serão os portugueses masoquistas? Ou, dito de outra maneira, quando é que os portugueses começam a ser como os espanhóis?
O título da minha crónica tem a ver com a imagem que a acompanha: realmente, eu estou completamente à vontade sobre isso. Desde a época em que pude votar, nunca, «jámé» os partidos do «arco da governação» contaram com o meu voto. E já lá vão mais de 30 anos. Uma coisa é certa: nunca tive, assim, razões para me arrepender do meu voto.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Eduardo Catroga, chefe da equipa negocial do PSD, para os PEC’s, tem protagonizado verdadeiras cenas hilariantes nos últimos tempos. Também conhecido pelo «Homem das Cartas», uma vez que já escreveu várias missivas ao Governo a pedir explicações sobre aspectos da política económica, foi identificado como «cliente do mês dos CTT», num site humorístico na Internet.

João Aristides DuarteEduardo Catroga é apontado como o futuro Ministro das Finanças de um Governo chefiado pelo PSD, mas têm sido tantos os tiros no pé que este homem tem dado, que não sei se conseguirá atingir o seu objectivo.
O PSD só se pode queixar de ter escolhido este homem como porta-voz do partido para as questões económicas, uma vez que as trapalhadas são tantas que não sei como ainda o deixam emitir opiniões.
Catroga está reformado e aufere uma pensão no valor de 9.600 euros mensais. A pensão é paga pela Caixa Geral de Aposentações, devido ao seu desempenho como professor catedrático a tempo parcial 0% (alguém explica o que isto quer dizer? Para qualquer leigo na matéria isto significa não fazer nada) e o seu trabalho no sector privado.
Segundo ele próprio explica, para simplificar, a pensão é paga pela CGA, quando esta instituição não tem obrigação de pagar pensões de quem trabalhou no sector privado.
Já foi Ministro das Finanças e estive ligado à criação das famigeradas Parcerias Público Privadas, que se iniciaram no Governo Cavaco Silva, e, agora, tanto são criticadas por parte do PSD e CDS.
Foi enquanto Ministro das Finanças que se efectivou a privatização do Banco Português do Atlântico, onde Jardim Gonçalves era Presidente. O BPA foi, depois incorporado no BCP, de que Jardim Gonçalves passou também a ser Presidente. Foi com o dinheiro do crédito do BPA que Jardim Gonçalves fundou o império BCP. Tudo bons rapazes… Muito bons rapazes…
Ultimamente, Eduardo Catroga tem produzido declarações verdadeiramente hilariantes, como aquele que se deveria passar a taxa de IVA reduzido da cerveja para a taxa normal, quando a cerveja já é taxada a essa mesma taxa normal de IVA. No mesmo dia, disse que afinal se estava a referir ao vinho («Era o vinho, meu Deus, era o vinho…»).
Voltou à carga com outra declaração em que afirmava que se devia baixar a Taxa Social Única em 4%, para, logo depois, acrescentar que, afinal a descida deveria ser de 8%.
Apesar de reputados economistas (até próximos da Troika governativa PSD/PS/CDS) referirem que a descida da Taxa Social Única não faz aumentar a competitividade das empresas, Eduardo Catroga continua a insistir na mesma tecla.
Mas a última e mais hilariante declaração de Eduardo Catroga aconteceu numa entrevista à SIC, onde referiu que o PS e PSD se entretêm a discutir «pintelhos», em vez de discutirem o que é essencial. Foi a risota geral… Em tudo o que é fórum da Internet estas declarações foram usadas até à exaustão.
Eduardo Catroga, realmente, não diz coisa com coisa. Sócrates e o PS esperam bem que o PSD não deixe cair aquele que é apresentado como o futuro Ministro das Finanças do PSD, para poderem dormir mais descansados.
Já com a escolha do cabeça de lista do PSD por Lisboa aconteceu outro tiro no pé, aqui tanto por parte do candidato (Fernando Nobre), como por parte do PSD. Assim, não fico admirado com o resultado das sondagens. Sei bem, no entanto, que tanto o PSD como o PS (e o CDS), que assinaram o memorando da Troika nada de bom irão trazer para o Povo português. Votem neles e, depois, queixem-se.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Não se tem falado noutra coisa nos últimos tempos. A Troika é motivo de assunto em todos os «mass media» e, até, nas conversas do dia-a-dia do cidadão comum. A Troika junta o FMI, o BCE e a UE no ataque aos mais elementares direitos dos portugueses. Direitos esses que tanto custaram a ser conquistados por sucessivas gerações de portugueses.

João Aristides DuarteAs receitas da Troika são as habituais: mais neoliberalismo, mais cortes nas prestações sociais, aumento dos impostos ou cortes nas deduções fiscais.
Em contrapartida a Banca portuguesa vai receber 13 mil milhões de euros da comparticipação decidida pela Troika.
Eu lembro-me bem de ouvir os banqueiros, ainda há um ano, dizerem que a Banca portuguesa era muito sólida, muito mais sólida do que a Banca de qualquer um dos países da zona euro. De repente, tudo mudou e são os banqueiros que insistem para que seja concedida ajuda externa a Portugal, para serem eles os beneficiários de uma parte dessa mesma ajuda
Já nem vale a pena falar de tudo o que aconteceu há uns anos atrás, quando rebentou a «bolha» imobiliária nos Estados Unidos. Parece que toda a gente foi acometida de uma verdadeira amnésia e já ninguém se lembra. Para os que apoiam a ajuda externa, que vai contra a soberania portuguesa, nada aconteceu antes.
Foi exactamente o rebentar do escândalo da «bolha» imobiliária que fez precipitar esta crise.
Na Irlanda, por exemplo (um dos países que também teve que recorrer à ajuda externa) o Estado teve que investir milhares de milhões de euros na Banca para esta ser capitalizada. Quando essa mesma Banca estava a ter lucros fabulosos com a especulação imobiliária, não quis saber de nada. Por isso, muitos irlandeses dizem, e com razão: »Porque é que eu tenho que ajudar a Banca?»
TroikaPor cá também se passou algo de semelhante com o BPN. Foi só um pequeno desvio de cinco mil milhões de euros que teve que ser assumido pela Caixa Geral de Depósitos, o Banco do Estado. E toda a gente sai impune desse verdadeiro escândalo, como se nada se tivesse passado.
As parcerias público/privadas, um verdadeiro negócio da China que estão a arruinar o país começaram no consulado de Cavaco Silva como primeiro-ministro. Não pode, por isso, o actual Presidente da República, andar a apelar aos portugueses para que façam sacrifícios, quando parte da culpa por aquilo que aconteceu deve ser-lhe imputado.
Aliás, como é natural e toda a gente tinha obrigação de saber, quem nos tem (des)governado nos últimos 35 anos é responsável por esta crise. Isto não aconteceu, de repente, por qualquer cataclismo com origem divina. Vem de trás.
Está mais que provado que as receitas que foram aplicadas ao longo destes últimos 35 anos conduziram a este resultado. E, tome-se em atenção que já houve duas anteriores intervenções do FMI no país (em 1977 e em 1983).
O que causa mais admiração é o facto de, apesar de tudo o que se sabe, os portugueses continuarem a apostar nas mesmas políticas que nos conduziram a este estado. Basta ver as sondagens, que colocam os apoiantes da ajuda externa (melhor dizendo da ingerência estrangeira num país soberano) com valores próximos dos 80% de votantes. Será que os portugueses são masoquistas?
Nunca houve tanta informação disponível e, mesmo assim, os portugueses continuam a achar que as receitas da Troika e dos apoiantes portugueses da ingerência estrangeira são as melhores para o nosso país. Passado pouco tempo está quase tudo arrependido das suas opções de voto nas eleições.
Não será tempo de os portugueses dizerem «Basta!» a estas políticas que só nos têm conduzido ao desastre?
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Anda agora muito na moda, espalhada pelos homens do «arco do poder» ou «arco da governação» a expressão de que todos somos culpados pela situação a que o país chegou. Como se sabe, nem toda a gente percebe que isto é uma daquelas frases que de tanto serem repetidas se acabam por tornar verdades indesmentíveis, mesmo que sejam as mais puras das mentiras. Como, aliás, é o caso…

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»O que os do «arco da governação» não querem que se diga é que eles, e só eles, são os responsáveis pela situação criada. Desde há 35 anos que esses ocupam o Poder em Portugal. Não adianta dizer que os outros também têm culpa… Esses têm rosto e nome. São todos do PS, PSD e CDS. Os outros nada contribuíram para isso.
Ou quer dizer, então, que eu já gastei 300.000 milhões de euros com o TGV sem ainda estar construído um único metro de linha? E, esperem pela pancada, que esses nunca dão «ponto sem nó»: quando aquilo for anulado as grandes empresas de construção (os chamados consórcios) irão receber mais uma série de indemnizações milionárias que, todos nós, os culpados, iremos ter que pagar com língua de palmo.
As parcerias público/privadas saíram todas da minha cabeça. Como é que eu não tive essa ideia há mais tempo? Se a coisa dá prejuízo, o Estado paga, se a coisa dá lucro, esse lucro vai para os privados… Verdadeiro negócio da China. Só da minha cabecinha pensadora poderia ter saído esta ideia. Alguém do «arco da governação» se lembrava disto? Não, que esses só defendem o interesse nacional e são homens com grande sentido de Estado.
Fui eu e mais uns poucos que encomendámos os submarinos? Claro que fomos… Nós sabíamos bem que era isso que o Povo mais queria…
Fui eu o culpado pela nacionalização dos prejuízos do BPN, que atingem um buraco financeiro enorme? Sem dúvida que sim… A golpada do BPN teve rostos. Esses andam por aí como se nada se tivesse passado e, claro, mais uma vez, todos somos culpados. Se eu nunca tive uma conta nesse Banco, se nada ou quase nada sabia sobre esse Banco, sou culpado pela golpada. Claro, é assim… Toma lá que é democrático.
Mário Soares declarou na rádio, há dois dias (após ter feito uma série de elogios a Passos Coelho), que sim, que todos somos culpados. Bem, não se sabe se o Soares já está com o actual Presidente, que é mudo e anda a ouvir Passos. Será Alzheimer? Ou «somebody put something in the drink» do Soares? Nunca se sabe…
Agora anda por aí a troika… Mas não se espere nada de novo. «All Quiet On The Western Front» é a palavra de ordem. Para já a troika decidiu que o IVA do golfe está muito bem a 6% e o IVA do leite achocolatado fica bem a 23%. Nem uma palavra do PR, nem de nenhum dos do «arco da governação»… All Quiet. Como, aliás, todos nós os culpados, sabemos vamos passar a dizer «O golfe nosso de cada dia» ou «Isso é o meu ganha-golfe». O Povo pode lá passar sem golfe!!!
Mas, não se iludam… Ramalho Eanes já avisou… Virá aí outra «troika» a seguir às eleições. Agora já não a «troika» do FMI/BCE/UE, mas sim a «troika» do «arco da governação» constituída pelo PS/PSD/CDS. O chamado Governo de «salvação nacional». Cada vez que ouço esta expressão até me arrepio todo!!!
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

O Banco Central Europeu é aquela instituição do chamado «internacionalismo monetário» que empresta dinheiro aos Bancos a juros de 1%, para estes o emprestarem a Portugal a taxas de 8%. Ao contrário do que se pensa, este Banco Central Europeu pouco ou nada tem a ver com a União Europeia.

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»Segundo os Estatutos do BCE este não poderá receber instruções das instituições, órgãos ou agências da União Europeia.
O BCE é detido por várias instituições financeiras, nomeadamente o Danmarks Nationalbank com 1,7216 por cento, o Deutsche Bundesbank, com 23,4040 por cento, o Bank of Greece, com 2,1614 por cento e o Banque de France, com 16,5175 por cento.
O Bank of England, de um país que não faz parte da Zona Euro, detém 15,9764 por cento do BCE.
Ficamos, então, a saber que o BCE pertence aos Bancos Centrais de vários países da União Europeia. Mas, agora, a pergunta que se impõe: a quem pertencem os Bancos Centrais dos diversos países da União Europeia?
Os Bancos Centrais dos países não gostam de divulgar os seus accionistas, mas o Banca D’Italia publicou na Internet uma lista das instituições que são detentoras do seu capital. E, assim, fica-se a saber que, entre muitas outras, são as seguintes (entre parênteses Cota de Participação/Número de votos): Intesa Sanpaolo S.p.A. 91.035/50, UniCredit S.p.A. 66.342/50, Assicurazioni Generali S.p.A. 19.000/42, Cassa di Risparmio in INPS 15.000/34, Banca Carige S.p.A. – Cassa di Risparmio di Genova e Imperia 11.869/27, Banca Nazionale del Lavoro S.p.A. 8.500/21, Banca Monte dei Paschi di Siena S.p.A. 7.500/19, Cassa di Risparmio di Lucca Pisa Livorno S.p..A. 3.668/11, etc. etc.
Total de quotas: 300.000. Total votos: 539.
Entre esta floresta de Bancos privados no capital do Banco Central italiano há, apenas duas participações do Estado Italiano correspondentes a 42 votos, menos de 10%.
E os Bancos privados pertencem a quem? Apenas um pequeno exemplo: O Banco Unicredit conta entre os próprios accionistas um banco líbio, o grupo Allianz (Alemanha), um banco inglês com um cadastro assustador (Barclays: ajuda ao governo do Zimbabwe, acusações de reciclagem de dinheiro, envolvimento no comércio de armas…), uma sociedade americana (BlackRock) com participação inglesa (Merlin Entertainments) e a Autoridade de Investimentos da Líbia.
Resumindo: o BCE é privado, mas é ele que emite as moedas e notas do Euro.
Se o BCE é independente da União Europeia e de propriedade dos bancos nacionais, que são privados, o mesmo BCE não passa dum banco privado.
Resumindo, mais uma vez, a economia da União Europeia está nas mãos dos interesses privados e não dos interesses dos Povos que os constituem.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Esta semana li um artigo curiosíssimo na Internet. Foi publicado no jornal «Cinco Quinas on-line» e intitula-se «Carta de Um Aldeão do Interior de Portugal». Depois de se referir à vida dura do campo, como se ainda estivéssemos nos anos 50 do século passado, o tal aldeão refere que não tem televisão a cores, só tem televisão a preto e branco, como se alguém ainda acredite nessa peta.

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»Depois vem, claro, o famoso e sempre habitual discurso sobre os ordenados dos políticos, os tais que falam na televisão a preto e branco, numa linguagem que o aldeão não entende.
Refere que os políticos só dizem mentiras e estão sempre a dizer que só falam verdades.
Segundo o articulista, nas aldeias as pessoas são logo temperadas na forja do ferreiro, com a têmpera certa. Com isso, continua o articulista, a força dos aldeãos vem de dentro e são tão verdadeiros quanto a existência do aço.
Mas este senhor quer enganar quem? Não se sabe que os tais políticos são de todo o lado, seja de aldeias ou cidades? Não é verdade que o Sócrates não é nada da Covilhã, mas sim de uma aldeia de Trás-os-Montes, chamada Vilar de Maçada?
Depois da lengalenga do costume sobre o facto de os tais políticos só virem pedir votos e dizerem que resolvem todos os problemas, o articulista chega à conclusão que é tempo de dizer basta.
Na parte final do artigo, o seu autor ameaça os «políticos» escrevendo que se voltarem a pedir votos na aldeia, a gente logo lhe canta.
E passa, depois, às exigências que são, grosso-modo, as habituais nos tais críticos dos «políticos»: que os deputados sejam naturais do distrito, que haja só 100 deputados, que os ordenados dos «políticos» baixem, pelo menos 50%, e mais uma série de coisas do mesmo género. Realmente, o deputado Francisco Assis não é natural do distrito da Guarda, mas alguém quer saber disso? Quando as pessoas votam, não estão sempre a dizer que votam no Sócrates ou no Passos Coelho? Então, para quê essa preocupação com os deputados terem de ser do distrito?
E, se nada disto acontecer, escusam de aparecer outra vez pela aldeia, já que chegou a altura de dizer basta, conclui o articulista.
Ora, é tempo de dizer basta mas é a esta conversa destes políticos de café (que estão sempre a dizer que não são políticos, mas muito gostam de falar de política) ou de escrita, uma vez que toda a gente sabe que é mais que certo que nas próximas eleições votem nos mesmos, ou seja naqueles que os têm enganado desde há mais de 30 anos. Salvadores da Pátria não existem, nem nunca existiram. Vai uma apostinha que votam nos mesmos?
PS, PSD e, algumas vezes CDS. É isto que o aldeão do interior de Portugal conhece. Tudo o que passe daí já é muita areia para a sua camioneta.
Se num ano foram enganados pelo PSD que prometeu mundos e fundos, nas eleições seguintes já se sabe que o voto só pode ser ou no PSD ou, quando muito, no PS. Para além disso não dá. O boletim de voto tem lá mais de dez espaços para colocar as cruzinhas, mas o que querem, o aldeão só consegue ver três!!!! E não adianta explicar. Ele lá sabe porquê…
Depois vêm com esta teoria de que é preciso mudar? Vão mas é pentear macacos!!!! Há mais de 30 anos que Portugal é governado pelos mesmos: ora do PS, ora do PSD, com ou sem o CDS, mas não adianta…
E, se fossem só os aldeãos a fazer isto… o pior é que os citadinos, apesar de saberem de tudo (ou terem obrigação de saber) continuam na mesma. Depois, ainda se queixam? Afinal, têm ou não o que merecem?
Quero dizer que eu, também sou um aldeão (nascido aldeão, que, entretanto alteraram-me o estatuto para “vilão”), do interior de Portugal, devo ter sido temperado noutro aço no ferreiro, mas não caio na esparrela, há mais de 30 anos, de votar nesses que fecham centros de saúde, correios e escolas e só não fecham, definitivamente, o interior porque não têm coragem. Esses não podem, nunca, contar com o meu voto. Sejam de cá da aldeia, ou sejam da cidade. Nunca, jamais, em tempo algum… E mai nada!!!
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Vinte e um. É este o número mágico, inventado num qualquer gabinete, como se se tratasse da descoberta da pólvora. Será o número do «Joker» do Totoloto? Será o número da terminação da Lotaria? Será o número que corresponde à maioridade, como antigamente?

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»Qual quê? Este é o número mínimo de alunos que as escolas do 1.º Ciclo podem ter para terem sucesso, segundo decidiram essas «cabeças pensantes» do Ministério da Educação, no ano passado.
Tudo o que for abaixo desse número só significa insucesso educativo e, portanto, encerramento compulsivo das escolas.
Toda a gente pergunta… Porquê 21 e não 18, 19, ou outro número qualquer? As «cabeças pensantes» que decidiram isso lá saberão porquê, mas não explicam nada.
Decidiram, está decidido e ai de quem se atreva a contestar esse número mágico que é logo colocado na galeria das velharias e considerado um «atrasadinho». A malta do PS (também se pergunta como é que gente tão socialista desistiu de fazer o socialismo!!!), completamente cega, sectária e seguidista em relação a este número, não tem qualquer argumento para esgrimir em sua defesa. Mas, defendem o número mágico com unhas e dentes…
Descobriram que, ao contrário do que qualquer pessoa de bom senso sabe, nas escolas onde há mais de 21 alunos se aprende mais, se trabalha melhor e as medidas relacionadas com o encerramento das escolas visam melhorar as condições que favoreçam a promoção do sucesso escolar e o combate ao abandono. O combate ao abandono, perguntarão? Sim, que os do PS não brincam em serviço e sabem bem (só eles) que nas escolas do 1.º Ciclo há abandono escolar. Usam estes argumentos para esconder o único argumento possível de utilizarem, que seria o de se tratar, unicamente, de mais uma das tais «medidas» economicistas. Mas Cavaco Silva também nunca se pronunciou contra o encerramento das escolas, o que leva a crer que ele concorda com essa “medida”.
Numa carta aberta que escrevi, no jornal «Nova Guarda», em Junho passado; ao Dr. Fernando Cabral, ex-deputado pelo círculo eleitoral da Guarda, até referi que o Prof. Carlos Ceia, docente na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, diz textualmente, num artigo do jornal «Público»: «Qualquer professor de qualquer país do mundo sabe que com um grupo de trabalho pequeno as hipóteses de sucesso são muito superiores e só quem está muito, muito distante da realidade da escola pode, com honestidade intelectual, defender o contrário.» Mesmo assim, não há quem tire o número mágico da cabeça do pessoal do PS. O tal ex-deputado teve o descaramento de, no número seguinte do «Nova Guarda» escrever que há que respeitar as opiniões diferentes, não contestando um único dos meus argumentos, nem sequer as palavras do Prof. Ceia. Como político mainstream que é até se deu ao luxo de me tratar por Dr. João Aristides Duarte, quando eu detesto esses títulos académicos.
Com estas políticas o Interior está condenado, mas os fanáticos do PS não se importam. É preciso é não contrariar o número mágico. E depois da descoberta de que com a implementação dessa «medida» também mágica que é a distribuição de frutas nas escolas, o sucesso educativo está aí, em grande, os fanáticos do PS ficaram ainda mais felizes. O que eles não sabem é que não é preciso mais «medidas» nenhumas porque 100% de sucesso (ou quase) anda aí a pairar em todo o lado (quem é professor sabe bem do que falo).
Que interessa que a Câmara do Sabugal gaste quase um milhão de euros em transportes escolares, por ano, e passe a gastar mais se mais escolas encerrarem? O que interessa é que as escolas tenham o tal número mágico de alunos.
Lembro aqui que, em Junho do ano passado, foram aprovadas duas moções na Assembleia Municipal, contra o encerramento das escolas. Uma foi aprovada por unanimidade (e resultou da junção de uma proposta da Câmara Municipal com uma proposta do PS) e a outra, da autoria dos membros eleitos pela CDU, continha esta passagem : «A Assembleia Municipal do Sabugal repudia, veementemente, tal pretensão inscrita na Resolução do Conselho de Ministros n.º 44/2010, de 1 de Junho, por ser altamente lesiva dos interesses dos munícipes do concelho e solicita ao executivo camarário que não dê o seu aval ao encerramento de escolas do 1.º Ciclo do concelho de Sabugal, com menos de 21 alunos, pelo menos até estarem garantidas as condições ideais, nomeadamente a inauguração dos Centros Educativos e o seu completo apetrechamento, em recursos humanos e materiais.» Foi aprovada com algumas abstenções de membros do PS e, até, votos contra, de membros da mesma bancada.
Ora, que eu saiba, ainda não estão construídos os Centros Educativos, logo, em consciência, não poderá o Executivo Camarário dar o seu aval às pretensões (e pressões) do Ministério da Educação para encerrar escolas do 1.º Ciclo no concelho do Sabugal.
De qualquer maneira eu não espero nada de melhor dos lados do futuro Governo PSD/FMI. Tudo sempre para pior, parece ser o lema actual…

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Post-scriptum (para não escrever PS): Como político que sou (e faço gala de o ser) gostei de ver a manifestação da Geração à Rasca (eu também estou à rasca, com instabilidade profissional, a trabalhar com 50 anos, a 120 km de casa). Para os mais velhos foi como que um regresso ao 25 de Abril e para os mais novos uma nova maneira de encarar o mundo. Gostei, também, de ver a festa e os Homens da Luta, Vitorino, Rui Veloso, Fernando Tordo e Blasted Mechanism a cantar numa carrinha, como não se via desde o PREC. Mas transcrevo aqui um poema de Ruben Maria Moreira Brandão que encontrei no livro «25 Anos de Abril», de 1999:

Uma revolta na rua
Não muda país nenhum
Se ela não continua
Por dentro de cada um

«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte
(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Cavaco Silva, o Presidente da República que no mandato anterior nunca se podia pronunciar sobre quase nada, resolveu, agora, na tomada de posse para o seu novo mandato de cinco anos, pronunciar-se sobre uma série de coisas. Isto é, o Presidente República pintou a manta…

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»Só que Cavaco Silva não existe só agora. Foi primeiro-ministro durante dez anos e Presidente da República durante o mandato do Governo de Sócrates (com o qual, aliás, concordou em tudo o que era fundamental e levou à actual situação). Não basta lançar umas frases-feitas do género «A pessoa humana tem de estar no centro da acção política. Os portugueses não são uma estatística abstracta. Numa República social e inclusiva, há que dar voz aos que não têm voz». Porque aqueles que têm memória lembram-se bem do que foi a governação de Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro e a nula preocupação com a pessoa humana que, então, evidenciava. Interessava era a economia.
Quem tem memória lembra-se bem de que nas eleições para a Assembleia da República, após o fim da era Cavaco primeiro-ministro, a campanha eleitoral foi baseada exactamente nisso. Afastar de vez o estilo tecnocrático de Cavaco e seus apaniguados e dar um andamento mais humanista à governação. Foi isso que o PS fez, com Guterres, nos cartazes onde estava escrito (e eu lembro-me bem) «as pessoas não são números». Cavaco Silva também vem, agora, apregoar que «o exercício de funções públicas deve ser prestigiado pelos melhores, o que exige que as nomeações para os cargos dirigentes da Administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária dos nomeados ou pelas suas simpatias políticas.» Ó Diabo!!! Esta é que não!! Então eu não me lembro que, quando Cavaco foi primeiro-ministro nomeou Zita Seabra para coordenar o Secretariado Nacional para o Audiovisual e assumir a presidência do Instituto Português de Cinema. Zita foi, mais tarde, ainda durante a vigência do Governo Cavaco, presidente do Instituto Português da Arte Cinematográfica e do Audiovisual. E alguém conhecia a Zita Seabra algum mérito nessas artes cinematográficas? Claro que não… foi nomeada, apenas, porque vinda do PCP, era necessário exibi-la com um troféu do PSD, a que, entretanto, aderira. Bem prega Frei Tomás!!!
Já sobre os jovens Cavaco Silva disse no seu discurso de tomada de posse que é tempo de eles fazerem ouvir a sua voz e que mostrem às outras gerações que não se acomodam, nem se resignam. Mas, alguém, alguma vez os proibiu de fazerem ouvir a sua voz? Porque será que eles têm andado caladinhos e só, agora, despertaram? Não será, também culpa de quem lhes prometeu «mundos e fundos» com os dinheiros comunitários, deixou criar mil e uma universidades privadas, com mil e um cursos (alguns dos quais não serviam para nada)? Quem se lembra sabe bem que tudo começou quando Cavaco Silva era primeiro-ministro. Também referiu que os sacrifícios que estão a ser pedidos aos portugueses têm que ter um limite. Está já aí o PEC IV da iniciativa do Governo, com mais “medidas” das tais. Veremos o que fará Cavaco Silva. Se apoia as “medidas” ou se não as apoia por achar que é tempo de um novo ciclo político, agora com o PSD ao comando. Mas dessas bandas também não se espera nada de muito diferente, senão vejamos:
– Tornar despedimentos ainda mais fáceis e baratos.
– Celebrar “contratos” orais.
– Reforçar o negócio privado com a saúde.
– Privatizar a RTP1, concessionar a RTP2 e acabar com a RTPN.
– Cortar deputados, freguesias e câmaras municipais.
– Pagar ordenados aos juízes… «à peça».
– Reduzir, ou mesmo acabar com o IRC para as empresas.
– Nomear embaixadores com perfil de gestão.
– Criar cheque-ensino e mais escolas privadas, como «opção».
– Aumento dos ordenados dos políticos, para serem os melhores a ocupar os cargos.
Ou seja, mais do mesmo, ou ainda pior. E Cavaco Silva vai deixar que os sacrifícios não tenham limites?
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Continua a luta dos anti-políticos. Agora circula pela Internet um e-mail convocando as pessoas para uma manifestação que querem que reúna um milhão de pessoas em Lisboa, pela demissão da classe política portuguesa.

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»Já recebi várias vezes e não passei nem passarei a nenhum dos meus contactos. Tenho a certeza que quem anda a enviar estes e-mails são aqueles que se sentem arrependidos pelo seu voto nas eleições. Não é o meu caso. Nunca me arrependi de nenhuma das escolhas que fiz em eleições, logo não tenho que querer a demissão da classe política. Se essa classe política é incompetente será por culpa dos que votaram neles e não por culpa minha.
Sei, também, que estes hipotéticos protestos têm bastante eco junto dos nostálgicos do antigo regime, que gostam muito destas coisas. Ao dizer-se mal da classe política (como eles lhe chamam) está, indirectamente, a dizer-se bem do regime salazarista onde ninguém era político (segundo eles dizem). Mas aqui é bom que se diga aos nostálgicos que Salazar foi eleito deputado, no tempo da I República, pelo círculo eleitoral de Guimarães, integrado numa lista de católicos, quando ele era natural de Santa Comba Dão e estudou em Coimbra, nada tendo a ver com a cidade-berço. Disto, no entanto, eles não falam.
Aliás, eu próprio me considero um político (e faço gala de o ser), pelo que não seria lógico eu contribuir para esse «peditório». Bem sei que os que enviam estes e-mails são aqueles que se dizem não políticos e andam nos cafés a discutir a «bola». Não é, também, o meu caso. Discussões de «bola» passam-me ao lado.
Claro que aparecem logo, também, aqueles que acham que não se sentem representados pelo deputado x ou y e queriam ser eles a escolher o deputado. Não me interessa isso, interessam-me as políticas que os deputados defendem. Para mim escolher entre o deputado x ou y do PSD ou o deputado x ou y do PS era igual ao litro. Ainda esta semana os deputados do PS e os do PSD dançaram o tango na Assembleia da República, votando contra um projecto-lei do CDS sobre os vencimentos dos gestores públicos visando limitar as suas remunerações, ou seja obrigando-os a, também eles, pagarem a crise. Ou só os outros é que têm que pagar a crise? A favor só votaram o BE e o PCP, por entre acusações do «Bloco Central» de demagogia e populismo (claro!!!).
Frank Zappa, um músico norte-americano de Pop/Rock, falecido em 1993, que chegou a ter intenções de se candidatar a Presidente dos Estados Unidos, nunca negou que era um político. Chegou a incentivar os seus fãs a registarem-se para votar e, inclusivamente, colocou cabines para registo de eleitor nos seus concertos.
Não deixa de ser irónico ler o que dizia ele em 1973: «É urgente usufruir o máximo desta sociedade, baseada num governo democrático, interessado, realmente, na vontade popular. Na minha opinião, falar-se, hoje em dia, em democracia é arriscar uma resposta irónica. Porque as pessoas que afirmam governar democraticamente perderam todo o sentido com o Povo que representam. Por outro lado, aparecem várias pessoas que não compõem o Governo, que apostam na defesa de determinadas coisas vistas sob um prisma pessoal e que significam proveito próprio. Esses intrusos deviam ser afastados da [órbita] do Governo, já que o que elas pretendem nada significa para o Povo. Porém a influência dessas pessoas é notória e pesam muito nas decisões governamentais. É uma situação lamentável.»
Estas afirmações proferidas em 1973 descrevem, quanto a mim, a situação vivida em Portugal, actualmente. O que, realmente, está a mais são as pessoas que andam na órbita dos Governos, que não foram eleitas nem mandatadas por ninguém (como muito bem escreve nas suas crónicas o António Emídio) e que conseguem influenciar, sempre, em proveito próprio, as decisões governamentais.
Note-se, também, que estas afirmações de Frank Zappa foram produzidas antes da Revolução do 25 de Abril de 1974, quando o Povo português teve hipóteses de fazer História. Foi, aliás, a única vez que teve essa hipótese no século XX. Não aproveitou a oportunidade porque a primeira coisa que fez foi escolher o regime político que, agora, temos, onde os tais da órbita do Governo (digamos o poder económico) influenciam para que as políticas sejam a seu favor. Do que se queixam, afinal, esses portugueses? Não têm o que queriam?
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Confesso que não compreendo o frenesim que vai por aí por causa da canção «Parva que sou», dos Deolinda. Deve estar a ficar «bota-de-elástico», mas não penso que essa canção seja assim tão interessante ou, como o cronista sr. Ramiro Matos lhe chamou aqui no blogue, uma das grandes canções deste século que irá «mexer» com muita gente.

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João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»Acho os Deolinda um fenómeno de moda, que até poderá durar muitos anos, mas não terá, nunca o impacto de um José Afonso na sua importância, tanto musical como poética (analisando-o, apenas, no seu prisma de cantor de intervenção).
Embora seja do século passado, muitas das canções (de intervenção) do Zeca Afonso mantêm-se actuais e são, constantemente, recriadas por músicos das novas gerações.
Não estou a ver o José Afonso a escrever uma letra com os versos «Sou da geração sem remuneração e não me incomoda esta situação, porque isto está mal e vai continuar» ou «Sou da geração ‘vou-me queixar para quê’?», como está em «Parva que sou», uma vez que ele dizia, sempre, que as pessoas deviam lutar e «criar desassossego» e não resignarem-se, como me parece ser a interpretação da letra da canção dos Deolinda (mesmo que seja de uma forma irónica). Pessoalmente gostava mais de um grupo que a Ana Bacalhau (vocalista dos Deolinda) tinha antes, chamado Lupanar, que trazia propostas bastante mais inovadoras e criativas.
Descendo mais à terra, e sendo ainda mais «bota-de-elástico», anda por aí um tema de Paco Bandeira (com vídeo no youtube), que parece que nunca passa nas rádios, num estilo musical a imitar a chula, que também é de intervenção, e, quanto a mim retrata bem melhor a realidade portuguesa, destes tempos.
A sua letra reza o seguinte:
Viva Portugal do «deixa andar»
Viva o futebol cada vez mais
Viva a Liberdade, viva a impunidade
Dos aldrabões quejandos e que tais
Viva o Tribunal, viva o juiz
E paga o justo pelo pecador
Viva a incompetência, viva a arrogância
Viva Portugal no seu melhor
Viva a notícia, da chafurda social
De que o Povo tanto gosta
Espectáculo da devassa Refrão
Viva o delator sem fuça
É a morte do artista
Viva a «petineira» do «show-off»
Dos apresentadores de televisão
Viva a voz do tacho
De quem vem de baixo, do chefe do ministro ou do patrão
E viva a vilanagem financeira
E a licenciatura virtual
Viva a corretagem, viva a roubalheira
Viva a edição do «Tal & Qual»
E viva a inveja nacional
Viva o fausto, viva a exibição
Da dívida calada, que hoje não se paga
Mas amanhã os outros pagarão
Viva a moda, viva o Carnaval
Como uma ilusão, larilolé
Viva a tatuagem, brinco à «bebunagem»
Que vai na Internet e na TV
Calem-se o Cravinho e o bastonário
O Medina, o Neto e sempre o Zé
Viva o foguetório, conto do vigário
Que dá p’ra Aeroporto e TGV
Viva o mundo da publicidade
O «share» ou não «share» eis a questão
O esperto da sondagem, o assessor de imagem
Viva o fazedor de opinião.

«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte
(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Jorge Lacão, um homem que quase toda a vida foi político (deputado na Assembleia da República, desde 1983, Secretário de Estado no primeiro Governo de Sócrates e actualmente Ministro dos Assuntos Parlamentares) foi eleito como um herói dos anti-políticos portugueses, pelo menos a julgar pelos comentários que os mesmos fazem à sua proposta de redução do número de deputados nas edições on-line dos jornais. E, então, é lê-los aos tais anti-políticos (que estão, sem o saberem, a discutir política) a elevar Lacão aos píncaros.

Assembleia da República

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»Esses anti-políticos já tinham votado num político, pensando que estavam a votar num anti-político, aquando das eleições presidenciais que deram 4,5 por cento a José Manuel Coelho, outro dos heróis dos dias de hoje. É ou não verdade que José Coelho é, também, um político, uma vez que é deputado na Assembleia Legislativa da Madeira?
Essa proposta de redução do número de deputados é a mais populista de todas e cai sempre bem na opinião pública.
Segundo estudos que já foram realizados a simples diminuição de 10 deputados criaria uma verdadeira razia na proporcionalidade e representatividade das forças políticas mais pequenas (BE, PCP e CDS) que ficariam reduzidas a 1 ou 2 deputados cada uma, apesar de estarem próximas dos 10 por cento dos votos a nível nacional. E, depois, ficaríamos com o Parlamento ideal para alguns: só PS e PSD. «ora agora governas tu, ora agora governo eu», sem hipóteses de alternativa (não considero que estes dois partidos sejam alternativa um ao outro). Onde ficará o pluralismo que foi bandeira do PS durante tantos anos no pós- 25 de Abril?
Embora eu saiba que o PS já disse que o assunto estava encerrado não se pode confiar muito, porque a tentativa de lançar barro à parede a ver se pega, pode bem ter hipóteses de ser bem sucedida.
Sabe-se que há políticos corruptos, disso não tenho dúvidas. Mas, se calhar, os deputados até são dos menos corruptos de todos. Eu estou à vontade para escrever isto porque nunca nenhum deputado foi eleito com o meu voto, apesar de eu ter sempre votado e nunca ter votado em branco ou nulo.
Por vezes não compreendo os portugueses: acham estranho que os deputados se digladiem no Parlamento (quando isso é a essência da Democracia) e, depois, admiram-se todos se os vêem juntos. É isso a Democracia. Não há volta a dar. Ou temos Democracia ou outra coisa qualquer que não é a Democracia.
Em Portugal também não funciona a cláusula/barreira dos 5 por cento, que existe em muitos países (e que não permite o acesso de formações políticas nos parlamentos se não atingirem 5 por cento da votação), uma vez que todos os pequenos partidos ultrapassam essa barreira. Essa barreira foi instituída em vários países para impedir que partidos a que chamam extremistas possam ter representação parlamentar.
Um dos argumentos dos defensores da redução é, também, o da aproximação dos eleitos aos eleitores, num país onde a maioria dos votantes nas Legislativas vota apenas no líder partidário, sem sequer saber em quem está a votar. Quem nunca ouviu dizer, no concelho de Sabugal, «Eu voto no Sócrates» ou «Eu voto no Louçã», quando se sabe que Sócrates só é eleito pelos votantes de Castelo Branco e Louça o é apenas pelos votantes de Lisboa?
Sabe-se bem (ou tem-se obrigação de saber) que as eleições são para deputados e não para primeiro-ministro.
Manuela Ferreira Leite já veio referir que essa proposta de Lacão é demagógica e visa desviar as atenções para outras coisas bem mais importantes. E tem razão. Só que Ferreira Leite é «velha» (como lhe chamaram os do PS durante a última campanha para as Legislativas) e logo a direcção do «jovem» (Passos Coelho) pegou na declaração de Lacão e toca de cavalgar a onda, que isso sempre dará mais uns votos.
Fala-se muito das despesas com os deputados, mas há outras despesas bem maiores de que ninguém fala. Porque os deputados estão mais à mão. E têm levado muita pancada. Só em pareceres gasta o Governo verdadeiras fortunas todos os anos, já não falando nas indemnizações que estão nos contratos celebrados com os directores dos Institutos Públicos que custariam uma verdadeira fortuna se esses fossem despedidos (eles nunca dão ponto sem nó). Por isso ninguém os despede, mesmo que estejam a fazer um mau trabalho.
Entretanto PS e PSD vão cozinhando, enquanto entretêm as pessoas com a redução do número de deputados, a nova divisão administrativa, que implica a redução do número de freguesias e concelhos. Quero ver como isso vai parar, quando chegar a hora da verdade. Quem quer deixar de pertencer a um concelho, para pertencer a outro?
Como político que sou (e faço gala de o ser) não gostaria de ver a Assembleia da República reduzida a deputados do PS e PSD. Daí o título da minha crónica. Se isso acontecer considero isso como uma machadada no pluralismo democrático.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
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A Comissão de Inquérito da Crise Financeira (organismo criado pelo Governo dos Estados Unidos da América) divulgou um relatório, segundo uma notícia do jornal «Público», onde se refere que a crise que assolou os EUA e outros países, em 2008, era evitável. Segundo esse relatório os reguladores e a alta finança de Wall Street não fizeram o que deveriam ter feito.

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»Pois é… bem me parecia que não podia ter sido eu, e muitos outros como eu, a termos a culpa por aquilo que aconteceu. O que é certo é que uma série de comentadores encartados falaram (e continuam a falar) nas televisões tornando a culpa da tal «crise» a outros que não aos verdadeiros responsáveis. E, então, entram naquela conversa de que as pessoas que pediram empréstimos aos bancos é que tiveram a culpa da crise, que todos somos culpados, etc., etc.
Ainda segundo esse relatório uma das principais causadoras da crise foi a decisão do Governo norte-americano, liderado por Bush, ao tentar salvar o Banco Bear Stearns e deixar cair o Lehman Bank, o que precipitou toda a crise. E continua referindo que os grandes bancos agiram sem prudência, assumindo demasiado risco, com muito pouco capital. Claro, que esses nunca dão ponto sem nó e toca a assumir pouco capital.
Os reguladores deixaram fazer tudo na fé de que os mercados se auto-regulavam e resolveriam os problemas por si próprios. Já o Banco Goldman Sachs forneceu milhares de milhões de dólares a outros que concediam empréstimos imobiliários de alto risco e vendeu-os a investidores (será melhor dizer especuladores!!) de todo o mundo contando (e esta é a melhor) com o apoio de agências de «rating» que davam elevadas notas positivas aos produtos vendidos pelo Banco. Será possível que, a partir, deste relatório, mais alguém confie nessas tais agências de «rating». Querem melhor definição para capitalismo selvagem?
De qualquer maneira, nós os portugueses, estamos «safos» desse capitalismo selvagem e dessas especulações dos bancos, porque não houve segunda volta nas Presidenciais, como disse um dos candidatos (que até foi o vencedor). Como político que sou (e faço gala de o ser) cá ficarei à espera de ver se as agências de «rating» continuam ou não a mandar em Portugal. O resto deixo para os economistas neoliberais (e Portugal está cheio deles) que muito sabem, mas nada resolveram ou resolvem, preferido deixar os «mercados» actuarem, de mãos livres. E foi o que se viu e se vê…Claro que nessa notícia do jornal «Público», na sua página on-line, provocou alguns comentários, entre os quais me apraz destacar um de um «anónimo» (só podia ser anónimo) que referiu que esse relatório foi feito por comunistas/socialistas e que os bancos não tiveram culpa nenhuma do que se passou. Para este «anónimo» a culpa foi dos comunistas/socialistas e da sua mania de quererem controlar tudo, criando os reguladores, que nada regularam. Para este «anónimo» a culpa foi do Blair e do Clinton (a quem chama os socialistas da 5.ª via) que quiseram que os pobres tivessem direito a ter tudo, e com isso deram cabo da economia toda. Segundo ele os pobres têm direito a ter tudo, mas têm que ganhar esse direito. Ora toma que é democrático!!! Assim mesmo é que é, digo eu. Mais uma vez os menos privilegiados (digamos as classes média e média-baixa) é que tiveram a culpa de tudo. E viva o velho!!!
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
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Não era para escrever uma única linha sobre a (morna) campanha eleitoral para a Presidência da República, mas perante uma «gaffe» (chamemos-lhe assim) do candidato Cavaco Silva não posso deixar de vir à liça.

Cavaco Silva

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»Na sexta-feira, num jantar-comício em Arcos de Valdevez, Cavaco Silva considerou que os funcionários públicos foram «duramente atingidos nesta crise, talvez, nalguns casos, com alguma injustiça, porque outros, com muitos maiores rendimentos, não foram chamados a dar o seu contributo. Não foram pedidos sacrifícios a outras pessoas com rendimentos muito maiores… as reduções de rendimentos só foram aplicadas a funcionários públicos», explicou o candidato perante a insistência dos jornalistas. Acabou por dizer que se referia aos empregados do sector privado que auferiam rendimentos acima da média.
Por outro lado sabe-se bem que os poderosos, nomeadamente os dirigentes dos grupos financeiros privados, não foram, nem serão afectados. Basta ver a venda de automóveis de luxo que não pára de aumentar. Serão funcionários públicos os que os compram?
Espantoso!!! Eu já nada percebo. Então não disseram sempre, os neoliberais, que os ordenados do sector privado não eram a causa de qualquer problema de contas públicas? Que se podia ganhar muito dinheiro no sector privado e que ninguém tinha nada com isso? Ou será que a ideia dos neoliberais é baixar, também, os ordenados dos trabalhadores (a quem chamam colaboradores- colaboradores uma ova!!!) do sector privado, aproveitando a boleia de terem tido um corte no sector público?
Cavaco Silva foi quem promulgou a Lei do Orçamento de Estado para 2011, sem ter mostrado quaisquer sinais de não concordar com ela, pelo contrário, referiu várias vezes que o melhor para Portugal era ter este Orçamento.
Toda a gente ouviu os diversos comentadores (quase todos apoiantes da sua candidatura, excepto os que apoiam o Governo) dizer que o grande problema de Portugal tem a ver com os funcionários públicos, que (afinal) são os únicos que irão ter cortes no seu vencimento.
Porque é que o Presidente da República não mostrou desagrado com o Orçamento, quando o promulgou? Esta é uma pergunta que ficará sem resposta porque o candidato Cavaco Silva esquiva-se, sempre, a responder às questões incómodas.
A não ser que o que Cavaco Silva disse não passe de uma tentativa de conquistar o voto dos funcionários públicos descontentes com os cortes salariais. Como se sabe que a memória é curta, nada como lançar estas palavras para ver se os votos caem direitinhas na sua candidatura. E, com toda a certeza, muitos lá irão cair, porque memória, mesmo de coisas passadas há menos de dois ou três meses é coisa que os portugueses (sejam funcionários públicos ou sejam do sector privado) não têm.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

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Estamos na Europa civilizada, Vilar Formoso é logo ali [e] o país vai de carrinho. Camões e Eça vendem-se enlatados, lavados com «champon». Das eleições acabadas, do resultado previsto saiu o que temos visto, [mas] toca de papelada no vaivém dos ministérios, [que] lambuzam de saliva os maiorais.

José Afonso

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»[O Governo] faz da bolsa do Povo cofre-forte do bancário [e] despreza a ralé inteira como qualquer plutocrata. Morde pela calada, anda aí à solta, não o deixes bulir. Dá-lhe na corneta até se cansar, mofina de mim, bem o vejo trepar. Ninguém o chora agora.
Alguma gente enganaste, nunca te vimos tão longe daquilo que tens pregado. Estás sempre em traje de gala, a brincar aos Carnavais. Será o Christian Dior a mandar no país?
A palavra socialismo como está hoje mudada, dinheiro seja louvado, a mim quem me vence é o patrão. E o banqueiro? A Ferrugem? Mete-os na forma. Queima-os na fornalha.
A Banca é boa para falir. Chupam-te até ao tutano, levam-te o couro cabeludo. E não se esgota o sangue da manada. Mandadores de alta finança fazem tudo andar p’ra trás. Anda ver o Deus banqueiro, que engana à hora e rouba ao mês.
Às aranhas anda o pobre sem saber quem o maltrata. Onde não há pão não há sossego. O que faz falta é dar poder à malta [e construir uma] cidade sem muros nem ameias, capital da alegria.
Ainda bem que é para breve o Festival e o Campeonato do Mundo no primeiro canal, ainda bem que apostei no Totobola.
Gastão era um parapeito de Papas e Cardeais, não fora Gastão dos fracos e já seria ministro. Acima da pobre gente subiu quem tem bons padrinhos, todos lhe apertam a mão, é homem de sociedade. Vejam bem daquele homem a fraca figura.

O texto acima é uma colagem de versos de diversas canções de José Afonso, de diferentes épocas, algumas de antes do 25 de Abril de 1974 e outras já de uma época pós- Abril. Considero José Afonso a maior referência de toda a música portuguesa do século XX. Independentemente da sua importância musical, que é fundamental no desbravar de novos caminhos para a música popular portuguesa, não se pode esquecer a intervenção cívica de José Afonso e tudo o que isso representou e continua a representar. O seu inconformismo continua com uma actualidade total. Não será por acaso que José Afonso continua a ser cantado por representantes da nova geração de músicos portugueses. Para cima de duzentas versões de canções de José Afonso conheço eu, muitas das quais em linguagens como o Rock, a Pop, o Fado ou mesmo o Jazz. O verdadeiro cantor popular que continuará a perdurar por muitos e muitos anos, por mais modas que apareçam e desapareçam.
Apesar de José Afonso ter falecido há perto de 24 anos, não há qualquer dúvida que a sua mensagem se mantém o mais actual possível. Basta ler os versos acima reproduzidos para se perceber isso mesmo. Independentemente dos Governos que têm passado por este país (da responsabilidade do PS, PSD e CDS), nestes últimos 34 anos, a mensagem de José Afonso mantém actualidade. Basta lê-la.
Ainda recentemente estive a ver um vídeo onde José Afonso refere, sem qualquer paternalismo (que eu sei que ele detestava) à situação dos jovens nos anos 80 do século passado e a sua mensagem não podia ser mais actual.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
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Crise, crise, crise!!! Não se fala noutra coisa, apesar de se saber bem quem foram os responsáveis por ela. No entanto querem fazer-nos crer que todos somos responsáveis por aquilo que aconteceu. Todos, todos, mesmo aqueles (que são a larguíssima e esmagadora maioria) nada, mas mesmo nada tiveram que ver com negócios em Bolsa, com especulação financeira ou com verdadeiros abutres que não olham a meios para atingirem os seus fins.

Mapa Concelho Sabugal

João Aristides Duarte - «Política, Políticas...»A propósito da tão propalada crise (mas já ninguém se lembra quando Durão Barroso há sete ou oito anos dizia que Portugal estava de «tanga»? – Como estará, então, agora? Só com uma parra ou nem isso?) tudo aparece.
Recentemente, começaram alguns opinion-makers a difundir a ideia que a divisão administrativa de Portugal está ultrapassada e que é tempo de mudar. Segundo eles, em tempo de «crise» (sempre o velho e estafado argumento) não se justifica a existência de tantos concelhos e freguesias em Portugal.
Normalmente esses tais «fazedores de opinião» vivem em Lisboa onde não se nota tanto o sentimento de pertença a um município ou freguesia. Para esses cosmopolitas que, na maior parte dos casos continuam a dizer que «Portugal é Lisboa e o resto é paisagem» (e, em parte, até têm razão – só que eles usam isso depreciativamente em relação a todos os que não vivem em Lisboa), nada seria melhor do que poupar uns «cobres» com a diminuição de concelhos e freguesia, já que para eles será «igual ao litro».
Até dou de barato que nos grandes municípios, como Lisboa, Porto, Sintra, Amadora, etc., não haverá grandes problemas em elaborar um novo mapa de concelhos e freguesias, mas até aí não tenho a certeza.
No resto do país e, sobretudo no Interior, esse sentimento de pertença a um município ou freguesia está bem enraizado e, penso que quem se meter por esses «atalhos» (mudar o mapa dos concelhos e freguesias) mete-se em grandes «trabalhos». Bem se pode dizer que quem se meter por aí irá comprar uma guerra.
O concelho do Sabugal tem 40 freguesias. Se, por hipótese, se mudasse o mapa das freguesias para ficar só com 25 freguesias, quais seriam as freguesias que estavam dispostas a ser incorporadas noutras? E, em relação aos concelhos: se o concelho de Almeida fosse integrado no concelho de Sabugal (mera hipótese académica) o que diriam e fariam os de Almeida a propósito dessa «anexação»? E se o concelho do Sabugal fosse «anexado» pelo concelho da Guarda, o que aconteceria?
Claro que quem diz isso está a contar com o estafado argumento de sermos um país de «brandos costumes» e toda a gente se resignaria àquilo que os «bem-pensantes» ditassem.
Acredito que os portugueses suportam grandes injustiças, sem se revoltarem, achando que nada poderão fazer, mas essa de quererem mudar o mapa administrativo de Portugal, só porque algum iluminado se lembrou que se pouparia dinheiro, não vejo que tenha grande futuro.
Convém, no entanto, estar preparado para continuarmos a ouvir isso, e ainda mais acutilantemente, quando a «crise» se tornar mais perceptível.
Aproveito para desejar BOAS FESTAS a todos os leitores do Blogue Capeia Arraiana.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
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Torcicolo é uma ave da família dos pica-paus que tem a capacidade de conseguir virar o pescoço 180 graus.

João Aristides Duarte - «Memória, Memórias...»Os alemães de Leste começaram a usar esta palavra (em alemão Wendehal) para definirem os políticos que conseguiram mudar para a direita do espectro político, após a queda do Muro de Berlim, apesar de estarem colocados em altos postos de responsabilidade no regime, conseguindo com isso serem perdoados e passarem a gozar de reputação de grandes democratas. O caso mais flagrante é o de Günter Schabowski, o homem que era o porta-voz do regime no próprio dia da abertura das portas do muro. Ele enganou-se numa conferência de imprensa transmitida pela televisão, no dia 9 de Novembro de 1989, anunciando a abertura das portas imediatamente, quando estava acertado que seria no dia seguinte. Só por isso ficou na história.
Mas por cá, por este cantinho à beira-mar plantado, também há muitos, muitos «torcicolos».
Os mais famosos são, com certeza, os do PS, que já viraram tantas vezes o pescoço 180 graus (e sempre para a direita), que não devem ter já para onde o virar.
João DuarteChamem-me «radical» ou o que quiserem, mas não posso deixar de referir-me a uma canção de um disco editado pelo PS, em 1974 (capa na imagem), com música de Arlindo de Carvalho (o autor do famoso «Chapéu Preto», que ao contrário do que se pensa não é uma canção tradicional). A letra é de João Dias e o disco, de vinil (sim, eu ainda tenho gira-discos para ouvir destas preciosidades) foi editado oficialmente pelo PS. Comprei-o num site de leilões da Internet e custou-me 10 euros (um disco destes em 1974 custaria 30 escudos). Não são os autores da música e da letra que estão em causa, mas sim o próprio PS.
A letra da canção (intitulada «Camponês, a terra é tua») reza o seguinte:
Camponês, a terra é tua, não a queiras ver roubada
O teu corpo foi charrua
Por teu sangue foi regada
Nossa terra, nosso amor, generosa mãe imensa
Se lhes dás sangue e suor é justo que lhe pertença
A terra, a terra, é de quem a trabalha
É o pão, irmão, na mão de quem o ganha
Abaixo, abaixo, morgados e senhores
A terra, a terra para os agricultores/
É teu o campo lavrado, por direito de razão
O teu braço foi arado, acabou-se a servidão (…)

Se alguém ouvir esta canção ou ler a letra, sem saber que se trata de uma canção oficial do PS, pensará que se trata de alguma canção feita por pró-albaneses, seguidores de Enver Hoxha (do PCP (m-l), da FEC (m-l), da UDP ou do MRPP). No entanto foi o PS que tudo fez para que a tal terra que estava inculta assim continuasse, logo em 1976. Mandou toda a letra da canção às urtigas.
Pois é, caro leitor, o PS não tem qualquer problema em dizer uma coisa para logo a seguir dizer, exactamente, o seu contrário. Contrariamente ao que disse António José Seguro há uma semana, o PS há muito que deixou de ter qualquer matriz (ideológica ou de qualquer outra natureza). É um partido completamente gémeo do PSD. O programa de TV «Contra-Informação» (que está prestes a terminar) não encontrou melhor boneco para Passos Coelho (que já não dava tempo para construir) do que o próprio boneco do Sócrates. Bastou colocar uma cabeleira nova e o Sócrates passou a ser o Passos Coelho.
Recentemente Edmundo Pedro (um histórico do PS e ex-tarrafalista) referiu numa entrevista que Sócrates poderia bem ser do PSD, até porque foi nesse partido que se iniciou. E alguém tem alguma dúvida?
Há bem pouco tempo o PS defendia com «unhas e dentes» o Código do Trabalho em vigor (aliás já objecto de revisão pelo Governo PS em 2009), referindo que não se devia mexer nele. Hoje, seguindo as directivas dos (seus) patrões de Bruxelas quer mudar o Código do Trabalho. Se isto não é ser «torcicolo», é ser o quê?
Bem se sabe que, quando o PS disser que isto ou aquilo não é para mudar quer dizer (para bom entendedor) que estará eminente a sua mudança.
Cavaco Silva que, agora se pronuncia sobre quase tudo (quando há pouco tempo «não se podia pronunciar») disse sobre a revisão do Código do Trabalho, pretendida pelo Governo que «não se pode pronunciar». Claro que não pode, se todos os que defendem a revisão, tal como os presidentes das confederações patronais; são apoiantes da sua candidatura! No entanto, quando o caso toca aos Açores já se pode pronunciar sobre tudo e mais alguma coisa (lembro-me bem de quando Cavaco fez parar o país por causa de uma comunicação sobre o Estatuto dos Açores, que ninguém percebeu).
Apesar de tudo, com Cavaco já se sabe com o que se conta, com o PS de Sócrates é que convém estar sempre de pé atrás. Pedir votos para fazer uma política de Esquerda (mesmo que “moderna”) e essa política ser igual à da «velha» Direita é que só mesmo os sectários do PS conseguem entender. E ainda por cima têm o descaramento de falar em «voto útil». Útil para quem?
E se falo em sectários é para comparar com aqueles que têm a fama de o ser. Helena Neves, numa entrevista à revista «Visão», em Junho deste ano, refere que quando saiu do PCP leu uma carta no Comité Central e abandonou o partido. Álvaro Cunhal foi a uma consulta de oftalmologia e Helena Neves também estava lá. Ela pensou que Cunhal nunca mais lhe falaria. Pois não só lhe falou como a abraçou e beijou a ela e à sua filha. Mais tarde, telefonou a Helena Neves a dar-lhe os parabéns quando esta terminou o mestrado. E enviou-lhe, até, um telegrama.
Já Mário Soares tem dito, embora subrepticiamente, «cobras e lagartos» de Manuel Alegre que nem sequer saiu do PS. E tudo faz para que Cavaco ganhe as eleições presidenciais, só para não ser Alegre a ter essa vitória. Assim se vê a grandeza de certos homens, tidos como exemplo de grandes democratas, mas que não passam de uns pobres «torcicolos».
Nota: Já agora (e puxando um pouco a brasa à minha sardinha) fica como nota antológica a réplica de Sócrates à deputada Heloísa Apolónia, a propósito dos professores: «É uma competição um bocadinho ridícula as bancadas entreterem-se a ver quem é que elogia mais os professores.»
Pergunto eu: Quem é que Sócrates elogia? Os «mercados»? Ou as agências de «rating»?
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
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Não ficava de consciência tranquila e seria incoerente se não tivesse aderido à Greve Geral que decorreu, no nosso país, em 24 de Novembro. Efectivamente, sendo eu um crítico, desde o início, do Governo de José Sócrates, não poderia deixar de continuar a pensar da mesma maneira.

Greve Geral Portugal

João Aristídes Duarte - «Política, Políticas...»Bem sei que, agora, já há muitos críticos do Governo, mas também sei o que eu tive que enfrentar quando o Governo estava «em estado de graça», sobretudo aquando do seu vergonhoso ataque à classe docente.
Independente da «guerra dos números» sobre a Greve Geral, o que é certo é que a mesma foi uma manifestação de grande descontentamento contra as injustiças, os cortes salariais e o aumento de impostos que agravarão a vida de muitos e muitos portugueses.
Para aqueles que afirmam que a Greve Geral só se sentiu na Função Pública, segue uma lista (não exaustiva) de várias empresas privadas onde a Greve Geral teve uma adesão significativa: Autoeuropa, Setenave, Lisnave, Valor Ambiente, Gráfica Sacavenense, Rodoviária Alentejo, Cimianto, St. Gobain, Electrofer, Atlantic Ferries, Ferfor, Construções Vilaça & Pereira, Confetil (têxtil), Bestoff, CelCat, Metal Sines, AP (química), Danone, Safires Services (limpeza), Vista Alegre, Recipneus, Soflusa, Rodoviária de Lisboa, Brisa, Sapa Portugal, EDP, Inapal, Metal, Christhian Dietz, Eurest e Climex.
A imagem que acompanha esta crónica é, também, um desafio aos que alegam que os aderentes à Greve Geral são funcionários públicos, somente. A fotografia foi tirada na entrada do «Call Center» da PT, no Areeiro, em Lisboa.
O descontentamento dos portugueses devia fazer pensar o Governo, não sei se o fará, mas, logo no dia a seguir à Greve Geral saiu uma sondagem que coloca o PSD à beira da maioria absoluta e o PS a subir um pouco. Não estranho esta reacção dos portugueses que, há pouco mais de um ano nem podiam ver a «velha» (como lhe chamavam os do PS) e, agora, acham que tudo mudou no PSD e Passos Coelho, que é «novo» já salvará Portugal. Bem se sabe, e só quem anda distraído não o saberá, que Passos Coelho é muito mais a favor de um modelo neo-liberal (e, portanto, mais propício a agravar a situação dos menos favorecidos) do que a «velha» (como lhe chamavam os do PS).
Os portugueses são assim mesmo: aquele que era o pior há um ano é elevado à categoria de «Salvador da Pátria» passados uns tempos.
Claro que os tais que ainda há menos de um ano estavam com Sócrates, agora são os primeiros a «abandonar o navio». Eu lembro-me bem (porque tenho memória, que parece faltar a muitos) que os banqueiros, os chefes do patronato e outros consideravam Sócrates o melhor. Hoje, um tal Ferraz da Costa, de um auto-denominado “Fórum Para a Competitividade” defende uma revisão da lei da greve, para que não se possam fazer estes protestos, quando há “crise”. Esse Ferraz é o mesmo que era presidente da CIP (o patrão dos patrões) que defendia o Governo de Sócrates há pouco tempo. Como já viram que Sócrates tem os dias contados, toca a apoiar os novos “senhores”.
Já Mário Soares, o tal que dizia aos jornais, em 30 de Março de 1985, que «dentro de cinco anos, Portugal será um país completamente diferente e melhor para todos (…) tudo o que é obsoleto na nossa indústria e agricultura terá de desaparecer, para dar lugar ao que é novo e dinâmico», veio criticar quem participou na Greve Geral perguntando se a mesma era para «animar a malta». Realmente, se pensarmos o que é, hoje, a agricultura portuguesa, Mário Soares enganou-se redondamente. Portugal importa mais de 70% das suas necessidades alimentares.
No Orçamento para 2011 foi rejeitada, com os votos contra do PS, PSD e CDS, uma proposta do PCP para que as mais-valias bolsistas fossem taxadas em 21,5% de IRS, a exemplo do que acontece com uma poupança de um reformado que tenha uma conta bancária. Ou seja, os jogadores na Bolsa continuam a pagar 20% de IRS, em 2011, sobre as mais-valias e os reformados (sempre na boca do Portas, do Coelho ou de Sócrates) pagam 21, 5% de IRS. Quem é amigo dos especuladores, quem é?
Só isto (fora tudo o resto) me levaria a participar na Greve Geral, porque acho uma tremenda injustiça.
Apetece-me terminar esta crónica com o que diziam, num programa da RTP, nos anos 80, os Agostinhos (da saudosa Ivone Silva e de Camilo de Oliveira): «Este país é um colosso, está tudo grosso, está tudo grosso!!»
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
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Tem sido recorrente, nos últimos tempos, o envio de e-mails e a proliferação de artigos de opinião onde se defende que o regime político em que vivemos chegou o chegará ao fim, após 37 anos, a completar em Abril do próximo ano. A culpa é, claro, dos partidos políticos, que são «todos iguais».

João Aristídes Duarte - «Política, Políticas...»A alternativa que nos propõem só poderá ser um regime do tipo daquele que terminou em 25 de Abril de 1974, ou seja o tal em que não havia partidos políticos, ou melhor havia só um, a União Nacional. Alguns até o escrevem descaradamente, e nem me refiro ao Dr. Leal Freire e às suas crónicas com títulos como «A Lição de Salazar». Embora não concorde, nem um bocadinho, com o que escreve o Dr. Leal Freire, em defesa da ditadura salazarista, até compreendo que o escreva. O pior é quando esses artigos de opinião são escritos por pessoas mais jovens que têm um conceito completamente distorcido do que foi o regime salazarista.
É evidente que quem escreve esses artigos ou o faz de má-fé (em muitos casos) ou o faz sem conhecimento daquilo que escreve.
Há, no entanto, duas coisas a que os tais cronistas nunca se referem: a PIDE, porque sabem bem quanto foi odiada e ninguém tinha mais paciência para não poder ir ao café criticar os “políticos” e o tipo de escola que existia no tempo da Ditadura. Neste último caso, em que não existia indisciplina (devo, no entanto, referir que como professor e porque nunca me comportei mal enquanto estudante, não consigo, por mais que tente, compreender como há tanta indisciplina e o Governo nada faz para a combater), os cronistas não querem o regresso dessa escola. Como a poderiam querer se não havia Associações de Pais e o professor era respeitado? Isso não, que está fora de moda…
Critica-se o regime, que saiu da Revolução de 25 de Abril de 1974, afirmando que só favorece os políticos, quando o que se passa é que esse regime já nada tem a ver com o saído da Revolução. Ou não tivesse havido um 25 de Novembro que colocou o país na via da «normalização».
Com certeza que, de 25 de Abril de 1974 até 25 de Novembro de 1975 não foi para favorecer os políticos ou andar de cócoras perante o poder económico que a Revolução existiu.
É isto que a maior parte dos cronistas esquece.
Efectivamente, o regime que estamos a viver não é, verdadeiramente, fruto do 25 de Abril, mas sim do 25 de Novembro.
As sucessivas revisões constitucionais retiraram quase tudo o que havia de benéfico para o Povo na Constituição da República (já pouco resta). E, em contrapartida, colocaram ao serviço de uma certa classe política, uma série de benesses que não estavam na Constituição original. Tudo, sempre, com o beneplácito do PS e PSD (e nalguns casos do CDS) e com o sistema neo-liberal a tudo comandar, incluindo esses mesmos políticos que são uns meros serventuários do verdadeiro poder, que é o económico/financeiro.
Nas eleições para a Constituinte, realizadas em 1975, nenhum membro das mesas de voto era remunerado pela sua função. Este sistema ainda continuou em vigor durante alguns anos, mas depressa foi abandonado. Hoje, e desde há uns anos a esta parte, os membros das mesas de voto recebem uma remuneração pela sua actividade. Tudo, portanto, «normalizado».
Os membros das Juntas de Freguesia, durante anos e já em Democracia, não usufruíam de qualquer remuneração e hoje retira-se uma parte do orçamento dessas mesmas freguesias para remunerar os seus membros. Tudo, mais uma vez, «normalizado» (ou como alguém diria «pelos padrões europeus»). Queixam-se, depois, esses cronistas que a classe política leva uma parte do orçamento em mordomias. Mas não tornam a culpa aos verdadeiros responsáveis pelas sucessivas revisões constitucionais que adulteraram, por completo, o espírito original da Revolução.
Não foram os partidos que estão fora daquilo a que se costuma chamar o «arco do poder» que votaram a favor dessas mordomias aos políticos. No entanto, o eleitorado não tem qualquer pejo em andar a criticar essas benesses e voltar a cair no mesmo. Se o PS está nas horas da amargura (e parece que está, porque grandes «opinion-makers» já começaram a criticá-lo, quando o adulavam, o que é sintoma de que se preparam para as novas benesses do novo poder político, que esses nunca dão «ponto sem nó») toca a escolher o PSD que nos vai salvar. Depois arrependem-se (mais uma vez) e lá vem o PS (outra vez) salvar isto. Esses dois partidos são os chamados «Salvadores da Pátria».
Estou à vontade para o escrever porque sempre votei (nunca me abstive), nunca votei branco ou nulo e nunca nenhum deputado (que são tão criticados) foi eleito com o meu voto. Ah! e nunca me arrependi do meu sentido de voto.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

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Uma das grandes bandeiras do Ministério da Educação, desde o tempo de Maria de Lurdes Rodrigues já deu a «barraca» que seria expectável. Trata-se do «Programa Novas Oportunidades» de que o Governo de José Sócrates fez a maior propaganda, afirmando que se pretendia qualificar mais de um milhão de portugueses que não tinham tido oportunidade de estudar.

Novas Oportunidades

João Aristídes Duarte - «Política, Políticas...»Com poucas horas por dia, em menos de um ano e em horário pós-laboral, toda a gente ficava qualificada. Mas em conversa que tive com algumas pessoas que participaram, como formandos, nesse Programa parece que não era necessário saber Inglês, nem Matemática, nem nada disso, bastava realizar um trabalho sobre o seu percurso de vida e estava feito.
Segundo noticia o hebdomadário «Expresso» um aluno chamado Tomás desistiu de estudar, sem terminar o Ensino Secundário. Com as «Novas Oportunidades» teve equivalência ao 12.º Ano em poucos meses e entrou na Universidade com média de 20 valores, sendo portanto um dos melhores, senão o melhor aluno do país.
Apesar de ter que realizar apenas um exame a Inglês, a média manteve-se nos 20 valores e concorreu em igualdade de circunstâncias com todos os alunos que tiveram que «dar o litro» durante o ano lectivo para terem média inferior ao Tomás.
Ele próprio reconheceu que beneficiou de uma injustiça.
Como se sabe as «Novas Oportunidades» dão hipóteses a que um adulto (como o caso de Tomás) que tenha apenas a antiga 4.ª Classe chegue, rapidamente, ao 12.º Ano e possa concorrer à Universidade em igualdade com os alunos do ensino normal.
Já se tinham ouvido uns rumores, durante a silly season de que haveria alunos das «Novas Oportunidades» que entregavam trabalhos copiados na Net e que os mesmos eram aceites. Mas como esses rumores apareceram durante a silly season parece que pouca gente tomou atenção a eles.
Bem avisaram os professores e outros profissionais de que o «Programa Novas Oportunidades» era uma grande treta, mas ninguém quis saber. Parece que ficou tudo maluco com a hipótese de conseguir o 9.º Ano ou o 12.º Ano em pouco tempo, sem estudar. Ainda concedo que houve algumas pessoas que não tiveram hipóteses de estudar, quando eram jovens, mas a maior parte dos participantes nas «Novas Oportunidades» deixaram de estudar porque quiseram. Estudar dava um certo trabalho (mas «desenvolve o cérebro», como disse a Ministra da Educação, Isabel Alçada, numa recente comunicação ao país). Todas as condições existiam para que estudassem, só que, nesse tempo, o facilitismo ainda não era total e alguns tinham que ficar pelo caminho, já que não queriam, mesmo «pegar em book».
Entretanto o Governo decidiu terminar com o Ensino Recorrente. Este ensino era para adultos, só que era realizado nas escolas, em horário nocturno e os alunos tinham que realizar testes e ter um determinado número de aulas, mas, basicamente, era o mesmo que o ensino normal. Isto é, tinha que se aprender para se ter sucesso educativo. E ninguém conseguia as grandes notas que se conseguem nas «Novas Oportunidades».
Evidentemente que, para quem se preocupa apenas com as estatísticas, como o Ministério da Educação, não fazia sentido manter o Ensino Recorrente que, para além do mais, implicava maior despesa. E bem se sabe que estes homens (e mulheres) do Ministério da Educação nunca dormem. Estão sempre à procura de uma qualquer solução para gastar pouco e apresentar os melhores resultados, em termos de estatísticas educacionais.
Foi a partir desta constatação, digo eu, que surgiu (também durante a silly season) a peregrina ideia de terminar com os «chumbos» em todos os graus de ensino, tornando Portugal (a nível estatístico, claro) o país mais qualificado da Europa, senão do mundo. Como exemplo a seguir apresenta-se, depois, a Finlândia. Enfim… sem comentários.

PS (salvo seja): A novela Mourinho/Madaíl parece que já chegou ao fim. Ainda bem, digo eu. Para continuar a «silly season» já temos cá que chegue. Mourinho é, para mim, uma das personagens mais detestáveis, pela sua arrogância, que existem.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

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Quatro milhões de euros!!!! É esta a quantia que o advogado de Carlos Queirós pede à Federação Portuguesa de Futebol pelo despedimento do seu constituinte, segundo notícia inserida no «Jornal de Notícias». Claro que não sendo Carlos Queirós parvo, vai alegar que o despedimento foi sem justa causa.

João Aristídes Duarte - «Política, Políticas...»Confesso que pouco ou nada percebo de futebol (como já tinha referido em crónicas anteriores), mas não posso deixar de referir que me parece que isto anda tudo ligado.
Em 1 de Março deste ano, uma crónica minha sobre o «hino» que Carlos Queirós escolheu para ser o da selecção portuguesa de futebol («I Gotta Feeling», dos Black Eyed Peas) levantou alguma polémica entre os leitores deste blogue.
É claro que eu criticava a escolha de um tema de uma banda norte-americana para «hino», quando em Portugal existe muito boa música (e bons músicos).
Nessa altura era politicamente incorrecto dizer isso ou o que quer que fosse contra o senhor Carlos Queirós.
Devo referir aqui que, como membro da Assembleia Municipal do Sabugal, me abstive (para não votar contra) num voto de louvor à selecção (chamada de «todos nós») e referi isso mesmo: abstinha-me porque não concordava que o «hino da selecção» fosse um tema de uma banda norte-americana. Honra seja feita a Ana Vilardell, também deputada municipal, que votou contra esse voto de louvor.
Aquando da vitória da selecção nacional de futebol sobre a Coreia do Norte, por sete a zero, Carlos Queirós era tratado como um herói nacional, bem como todos os jogadores. Confesso que não sabia onde me meter, porque eu não gostava de Carlos Queirós e ai de mim se dissesse alguma coisa.
Selecção NacionalHoje é o que se vê. Carlos Queirós passou de bestial a besta, de herói passou a ser quase um traidor. Já não interessa para nada, já não vale nada.
É meu entendimento que se Carlos Queirós e a selecção portuguesa tivessem ganho o Campeonato do Mundo (ou, digamos, ficassem classificados em terceiro lugar) nada se teria passado com Queirós. Continuaria a ser um herói, ninguém queria saber do que se passou com o famigerado controlo anti-doping e não só não seria despedido, como teríamos que o aturar (e mais as suas teorias), constantemente, nas televisões.
Tudo isto para dizer o quê? Se a Constituição proposta pelo PSD estivesse já em vigor, Carlos Queirós e mais o seu advogado bem poderiam dizer adeus à indemnização de quatro milhões de euros, uma vez que o despedimento passaria a ser mais fácil de resolver. Um «motivo atendível» é mais fácil de verificar do que uma «justa causa» (como ainda consta da Constituição da República Portuguesa).
É por isso que tenho que dizer que Carlos Queirós, se ganhar o recurso para os tribunais por ter sido despedido sem justa causa, prestou um grande serviço a Portugal.
A partir da sentença (que confesso, quero que seja favorável a Queirós) veremos quem quererá que na Constituição conste o despedimento «por motivo atendível».
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
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Nomes como os de Woody Guthrie, Pete Seeger, Phil Ochs, The Clash e outros sempre colocaram a política nas suas canções. A maioria deles ficaria conhecida como cantores de protesto.

João Aristídes Duarte - «Política, Políticas...»Na antiga RDA existia mesmo um Festival da Canção Política, onde actuaram grandes nomes internacionais da canção de protesto, entre os quais os portugueses Trovante.
Após a reunificação alemã esse festival desapareceu. No entanto, subsiste, ainda hoje, na parte leste de Berlim, um festival com um nome diferente (Musik Und Politik) onde actuam grupos e artistas estrangeiros e alemães, embora não muito conhecidos.
Em Portugal também existiram, embora com o nome de cantores (ou grupos) de intervenção, embora o seu âmbito abrangesse muito para além disso. Entre eles podem citar-se o GAC, Grupo Outubro, Francisco Fanhais, Adriano Correia de Oliveira e José Afonso, entre muitos outros.
Na época a seguir ao 25 de Abril de 1974 proliferaram como cogumelos, alguns com pouca qualidade, mas era a moda.
O GAC (já objecto de uma crónica neste blogue, a propósito de um seu concerto no Soito) estava ligado à UDP. Era de intervenção pura e dura. Não tinha quaisquer contemplações para com a música erudita ou clássica. Interessava era colocar a música ao serviço do povo e a música do povo, sabia-se, não era a música dos frequentadores do S. Carlos. Curiosamente, o mesmo diz, hoje, Quim Barreiros. A sua música não é para quem frequenta a Gulbenkian ou a ópera, no S. Carlos.
Este cantor de intervenção (em 1975) tornou-se um ícone da modernidade pimba e está em todo o lado, mesmo que seja na política.
Carlos César e Quim BarreirosFoi por isso que, aquando da campanha eleitoral para as eleições regionais dos Açores, em 1996, Carlos César e o PS açoriano percorreram todas as ilhas do arquipélago na companhia de Quim Barreiros, que animava o pessoal e ia caçando votos. Foi nesse ano que o PS dos Açores conseguiu ganhar, pela primeira vez, as eleições para a Assembleia Legislativa regional. Talvez tenha sido Quim Barreiros o responsável por alguns dos votos no PS açoriano.
Carlos César fez, aliás, questão de ser fotografado ao lado desse ícone da música portuguesa, na revista do semanário «Expresso», ao qual fez grandes elogios.
Qual não é o meu espanto, quando, passado algum tempo, leio uma entrevista com Carlos César (já na qualidade de presidente do Governo Regional dos Açores) onde ele refere que veio ao Continente assistir a uma ópera, no S. Carlos. Afirmando-se grande apreciador de música clássica e ópera, não referiu uma única vez, nessa entrevista, o nome de Quim Barreiros.
Já o PCP, que não contrata o Quim Barreiros para as suas festas (Quim Barreiros disse uma vez que o dinheiro é todo igual e só não vai às festas desse partido porque não o contratam para ir) tem apresentado, na abertura da Festa do Avante, uma Gala de Ópera, ao ar livre.
Nunca assisti a nenhuma ópera, ao vivo, mas faço questão de ser apreciador de música popular.
O título desta crónica refere-se, aliás, a duas das coisas que aprecio deveras: música e política.

Nota: Não posso deixar de ficar admirado com o que li na Acta da Reunião da Câmara Municipal do Sabugal, realizada no dia 4 de Agosto de 2010, disponibilizada on-line, da parte do Dr. Joaquim Ricardo e que é o seguinte: «Disse ainda que se estava na época de capeias, eventos estes que já eram uma tradição, que começava a ter projecção a nível nacional, achando que se devia aproveitar essa projecção para maior divulgação da tradição. Assim deixava uma sugestão, a ser tratada em altura oportuna: sendo o Concelho do Sabugal a capital da Capeia Raiana e, pesasse embora o facto da capital do Concelho, a cidade do Sabugal, não ter grandes tradições enraizadas na capeia, não seria mau pensar-se em criar uma Praça de Touros no Sabugal.»
O concelho do Sabugal já tem duas praças de touros, que estão às moscas durante quase 11 meses. Quase só em Agosto têm utilização em termos tauromáquicos.
Compreendo a excitação que o mês de Agosto provoca. Basta referir que o Governador Civil da Guarda ficou admiradíssimo ao ver tanta gente nas capeias. Mas tem que se ter em conta o concelho «real», que também existe no resto dos meses do ano. E se o senhor Governador Civil vier cá em Janeiro, logo vê.
Sem qualquer ofensa pessoal, porque muito o estimo: será que é mais uma Praça de Touros que o Sabugal necessita, Dr. Ricardo?
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
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O João Aristides Duarte, através das suas rúbricas sobre Música, Memórias e Política, publica hoje o seu 100º texto no Capeia Arraiana. Assinalamos este facto por sertirmos ser devida uma palavra pública de agradecimento e de apreço pela sua sempre pertinente e atempada colaboração. Que outros 100 se sigam, em favor da história das nossas terras e do debate de ideias acerca do seu futuro.
plb e jcl

Na reunião da Assembleia Municipal do Sabugal, realizada no passado dia 25 de Junho, o sr. Presidente da Mesa, Ramiro Matos, numa declaração de voto, referiu-se às moções e propostas de votação entregues pelo Grupo Parlamentar da CDU (de que eu faço parte, eleito como independente) dizendo que a postura desse Grupo tem sido, desde o início deste mandato, de dividir a Assembleia e colocar à discussão assuntos que não podem merecer o consenso dos deputados, apostando em temas «fracturantes» e apresentando muitos «considerandos».

João Aristídes Duarte - «Política, Políticas...»Como, no final da Assembleia, indaguei junto do sr. Presidente da Assembleia as razões para ele referir isso e não tendo obtido respostas convincentes, coloco à apreciação dos leitores deste blogue o meu pensamento sobre o tema.
Analisemos, então, as moções e propostas de votação que foram apresentadas pelo Grupo Parlamentar da CDU na Assembleia de 25 de Junho:
– Moção contra as portagens na A25 e A23, que foi aprovada, embora com algumas abstenções, sobretudo de membros do PS (talvez por causa dos «considerandos»…);
– Moção contra o encerramento das Escolas do 1.º Ciclo, no concelho, com menos de 21 alunos, que foi aprovada, embora com abstenções de alguns elementos do PS e até de, pelo menos, um Presidente de Junta de Freguesia (!!!) e um voto contra de um membro do PS (curiosamente um professor). Aqui quero referir a atitude digna do presidente da Junta de Freguesia da Rebolosa, Manuel Rei, que embora conhecido como seguidor da mais fiel ortodoxia do PS, votou a favor da moção, ao contrário de outros que se dizem independentes;
– Voto de Louvor a Título Póstumo a José Maria Videira, o insigne originário da Bendada que foi desterrado para o Tarrafal, por mim referido neste blogue em 10 de Maio passado. Esta proposta foi aprovada, embora com bastantes abstenções, curiosamente de muitos membros do PS, apesar de ter sido referido, antes da votação, pelo deputado João Manata que ele não era, nem nunca tinha sido, membro do PCP e que o seu neto (que tanto preserva a sua memória) é, até, simpatizante do PS. Apraz-me, também, referir como digna a atitude do deputado António Gata que, desta vez votou ao lado daqueles a quem chamou na Assembleia Municipal de 30 de Abril, ortodoxos e estalinistas;
– Voto de pesar pelo falecimento do escritor José Saramago que foi aprovado com várias abstenções de membros do PS (não é tanto de admirar que tenha havido abstenções de deputados do PSD e do único deputado do CDS que, desde o início deste mandato entrou mudo e saiu calado de todas as sessões e tem tido uma postura de alinhar, sistematicamente, com o PS) e um voto contra de alguém que, certamente, nunca leu um livro do escritor. O que é mais de admirar é que o sr. Presidente da Assembleia se tenha abstido e feito uma declaração de voto, apesar de ter escrito um comentário neste blogue, em 20 de Junho passado, onde rematava com estas palavras: «A mim basta-me parar e relembrar algumas das melhores páginas da literatura de língua portuguesa de sempre. Obrigado José Saramago».
Foi nessa declaração de voto que Ramiro Matos se referiu aos «considerandos», quando o voto de pesar apenas referia a vida e obra do escritor. A referência mais política (que não «fracturante») era a de que Saramago foi militante do PCP até ao fim da sua vida, uma verdade que não pode dividir nada. Impossível seria o voto de pesar referir que Saramago era militante do PS. Citando o deputado do MPT, Francisco Bárrios, noutro assunto em discussão, na mesma sessão da Assembleia (que por sua vez já citava o humorista brasileiro Jô Soares): «Não precisa explicar, eu só queria entender…»
Vejamos, agora, o que tem feito a Mesa da Assembleia, desde a sua eleição, em termos fracturantes e de divisão da Assembleia, sobretudo no referente ao voto secreto (o famoso Artigo 41.º do Regimento da Assembleia):
– Pedido de Pareceres à ANMP e CCDR;
– Introdução desta discussão na Assembleia (com toda a legitimidade, diga-se);
– Tentativa de alteração do Regimento, em vigor há vários anos e que sempre fez funcionar a Assembleia;
– Discussões intermináveis à volta deste tema.
Resultado: votação em que a proposta da Mesa de alteração do Artigo 41.º para introdução do voto secreto (sobretudo no Orçamento e Plano) foi rejeitada com 37 votos votos a favor, 38 votos contra e uma abstenção. Se isto não é dividir a Assembleia, não sei o que será. Aprovada a proposta da CDU para manutenção do mesmo Artigo do Regimento em vigor.
Já agora refira-se a postura dos membros da CDU na Assembleia de 30 de Abril (em que votaram favoravelmente duas moções do PS – uma sobre o 25 de Abril e outra sobre o 1.º de Maio) ou na última Assembleia em que votaram, também, favoravelmente uma proposta do PS (mais tarde fundida com uma do Executivo Camarário) sobre o encerramento das Escolas do 1.º Ciclo com menos de 21 alunos. Afinal quem tem pruridos ideológicos?
O juramento de lealdade dos membros da CDU na Assembleia ao tomarem posse é para cumprir. Lealdade, sobretudo, com os seus eleitores que não gostariam de ver os deputados da CDU na Assembleia Municipal do Sabugal andarem a reboque fosse de quem fosse. Ainda bem que é assim e não de outra maneira.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
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A recente declaração do ministro Teixeira dos Santos de que teria que se mexer, novamente, no Código do Trabalho devia deixar a maioria dos portugueses apreensivos.

João Aristídes Duarte - «Política, Políticas...»Como se sabe foi no primeiro Governo Sócrates que o Código do Trabalho foi alterado. Dizia-se, então, que era para tornar a legislação laboral mais flexível.
É curioso que no tempo do Governo PSD/CDS que antecedeu o Governo Sócrates se mudou a legislação laboral para, como se fez passar para a opinião pública, a tornar mais flexível. Na época o PS (na oposição) era contra qualquer mudança na legislação laboral.
O «arquitecto» dessas mudanças foi o ministro Bagão Félix, o qual, mais tarde, veio insurgir-se contra o Código do Trabalho (ainda mais lesivo para os trabalhadores) do Governo PS. Ou seja, mais uma vez quem fez o «trabalho sujo» tratando de prejudicar mais quem vive do seu trabalho por conta de outrem, foi o PS.
Apesar de toda a gente saber (basta perguntar a qualquer trabalhador por conta de outrem) que, desde há muitos anos que a legislação laboral estava desequilibrada para o lado do patronato, os desígnios do neo-liberalismo (que, como bem tem referido o António Emídio neste blogue, são quem comanda o poder político) ainda não estão completos. Quer dizer, ainda acham pouco as mudanças da legislação laboral, tratando de ainda desequilibrar mais a balança a favor do patronato. Claro que eles inventam sempre nomes para essas coisas e chamam-lhe a «flexibilização».
O facto do ministro Vieira da Silva ter vindo já afirmar que não está prevista nenhuma reforma da legislação laboral, não pode deixar ninguém descansado, porque foi produzida numa época em que está (quase) tudo eufórico com o Mundial de Futebol. Como Mário Soares disse há uns tempos (e cito de cor) «achei muito bem que o PEC fosse anunciado durante a visita do Papa, porque as pessoas andavam distraídas e assim é que deve ser», sabe-se que os desmentidos feitos em épocas de grande euforia colectiva (e tem sido assim desde Maio com a visita do Papa, Rock in Rio Mundial de Futebol, Comemorações do 10 de Junho, Comemorações dos 25 Anos da adesão de Portugal à CEE, Optimus Alive, Festas Populares e tempo de férias, numa sucessão que nem deixa tempo para respirar) não são para levar a sério.
A pretexto da crise (provocada por quem? – pergunta-se) o mais certo é que a partir do mês de Setembro, aquando do fim da euforia e do regresso de férias (a chamada «reentrée») a mudança da legislação laboral volte à ordem do dia.
E isso não augura nada de bom para quem vive do seu trabalho por conta de outrem.
Também não se sabe no que se poderá mexer ainda mais. Só se for mesmo para voltar mais de 100 anos atrás, quando os trabalhadores não tinham direitos. Ou então para voltar a uma espécie de escravatura, em que é por favor que os patrões dão emprego aos trabalhadores, em troca de umas côdeas.
Não podemos resignar-nos… Não é uma inevitabilidade isto acontecer, quando se vê os ricos cada vez mais ricos (onde está a crise para estes?) e os pobres cada vez mais pobres.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
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Vai um escarcéu pelas bandas da Direita portuguesa por causa de Cavaco Silva não ter vetado o Diploma sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo, que merece um comentário politicamente incorrecto.

João Aristídes Duarte - «Política, Políticas...»Como já tinha escrito numa crónica anterior esta não é questão que me interesse particularmente, mas ver agora Santana Lopes a criticar Cavaco Silva, passado pouco tempo de este último o ter agraciado, em Janeiro passado, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, pelo seu desempenho nas funções de primeiro-ministro (de tão triste memória) não deixa de ser interessante.
Será esta crítica a vingançazinha de Santana Lopes (depois de já ter a medalhinha, claro) por aquela história da «má moeda», quando ele era o candidato do PSD nas eleições ganhas pelo PS de Sócrates com maioria absoluta?
O caso está a revelar-se de tal maneira complicado, que já mete a hierarquia do clero ao barulho, também. Efectivamente, o cardeal-patriarca de Lisboa disse o seguinte à Rádio Renascença: «Esperava que o Presidente usasse o veto político. Sabemos a fragilidade do veto político na nossa actual Constituição, mas ele, pela sua identidade cultural de católico, penso que precisava de marcar uma posição também pessoal.» Como se sabe a hierarquia da Igreja nunca se mete em política…
Qual seria alternativa de Cavaco Silva, perante a certeza de que, ao vetar o Diploma, ele voltaria à Assembleia e seria aprovado?
Agora, alguns da Direita católica até já pensam em arranjar um candidato para defender as suas posições ultra-conservadoras.
Para estes já nem Cavaco Silva parece ser o representante das suas ideias. E começaram, também, os envios de e-mails por parte de ultra-conservadores (pelo menos para mim) com o último grande sucesso de Quim Barreiros (o que não deixa, também, de ser bastante interessante), que se chama, exactamente «Casamento Gay» e tem uma letra que reza assim:

«Os políticos aprovaram o casamento gay.
Nem todos estão de acordo com a aprovação da lei.
O Zezinho paneleiro casou com o Manuel das tricas.
E convidaram a família, os amigos e os maricas.
Um casamento panasca com muita animação.
Os larilas beijavam-se numa grande confusão.
(…)
O cozinheiro falou com gestos de bichona
O menu apresentou: primeiro vaca galo… e como sobremesa
Banana, pêssego.»

Esse cantor engagé começou logo em 1975, em pleno «Gonçalvismo» com o célebre «O Malhão Não é Reaccionário» com versos como «Depois de 48 anos gritámos libertação», «Por o nosso malhão ser diferente chamaram-nos reaccionários», «Politizados ou não sabemos aquilo que queremos», «Honestos trabalhadores e pouco politiqueiros», «Não queremos cá ditadores» e «Abaixo os oportunistas e os fascistas do Marcello».
Quim Barreiros refere, no entanto, que o seu meio artístico está recheado de homossexuais e as reacções à sua cantiguinha até têm sido simpáticas. Além disso refere que desconhece o significado das palavras «homossexual» e «homofóbico». Também, em entrevista ao «Correio da Manhã», não deixa de salientar que fez uma cantiguinha usando o português corrente, porque o seu público não vai à Gulbenkian.
Isto tudo apesar de, há uns anos, ter lançado a canção «Não comunguei», com o refrão «Não comunguei (ler como um gay), sou casado e baptizado, mas não comunguei».
Enfim… como diria o Guterres: «É a vida!!!»
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Neste mês em que se celebra o 36.º Aniversário da Revolução de Abril de 1974, não poderia deixar passar em claro essa data, assinalando-a com esta crónica.

João Aristídes Duarte - «Política, Políticas...»Por mais que tentem branquear o passado, ele existiu.
Existiu a PIDE, por mais que queiram fazer dela uma organização quase caritativa ou de um simples serviço de informações. Óscar Cardoso, por exemplo, um dos mais conhecidos agentes da PIDE afirma numa entrevista publicada em vários sites nacionalistas e que fazem a apologia do salazarismo o seguinte: «Eu servi na GNR e na PIDE. Onde eu vi grandes sovas foi na GNR. A PIDE era uma polícia semelhante à de muitos outros países democráticos.»
Quando questionado sobre a perseguição aos emigrantes clandestinos (de que o concelho de Sabugal é um bom exemplo) refere: «(A PIDE) perseguiu apenas os chamados engajadores, indivíduos sem escrúpulos que exploravam os que pretendiam emigrar e os sujeitavam a condições desumanas. Em relação aos emigrantes, nunca tomámos qualquer medida persecutória. Foram à nossa sede várias mulheres e mães de emigrantes pedir ajuda para visitar os seus maridos e filhos no estrangeiro. Recorriam a nós porque sabiam que, para além de assegurarmos o serviço de fronteiras, tínhamos competência para emitir passaportes.» Como se pode verificar a acção caritativa da PIDE era extremosa.
Mas não só a PIDE que nos «protegia» dos «malfeitores». Refiro também uma circular da Câmara Municipal do Sabugal para a Junta de Freguesia do Soito datada de 4 de Janeiro de 1960 (em pleno consulado de Salazar), para provar o que era esse regime que alguns apelidam, agora, de autoritário e de não ditatorial, muito menos de fascista ou sequer de fascizante:
«Aos Senhores regedores e Presidentes das JUNTAS
Por ordem superior determino o seguinte:
QUALQUER INDIVÍDUO que apareça nessa freguesia e seja desconhecido deve ser preso imediatamente e conservado sob prisão até à sua completa identificação. Desde que seja preso alguém deve comunicar imediatamente a ésta (Sic) Câmara, por telefone. O assunto é de muita importancia (Sic). Repete-se: Os senhores regedores PRENDEM qualquer individuo (Sic) que seja desconhecido na freguesia e que não se identifique. A ordem refere-se em especial a nacionais que não sejam do concelho e estranhos. O Presidente da Câmara.»
Ou, ainda, um ofício da Subdelegação da Guarda da Junta Nacional dos Produtos Pecuários para o Presidente da Junta de Freguesia do Soito, com data de 24 de Junho de 1955:
«Cumprindo a este organismo dar parecer sobre a abertura de 2 talhos solicitados por José Gomes Freire de Carvalho e José Martins e porque os talhos já existentes só poderão suportar, quando muito, mais um concorrente, solicito a V.Ex.ª se digne informar esta Delegação qual dos dois pretendentes oferece melhores condições para garantir o abastecimento de carnes dessa localidade. A Bem da Nação P’lo Delegado”.
PIDE - Rua António Maria CardosoQuando dizem que no tempo de Salazar é que era bom, que o Estado não se metia na vida das pessoas, que tudo era livre, basta ver estes dois singelos exemplos do que eram esses tempos para se ter uma (pequeníssima) ideia.
Com o 25 de Abril tudo isso (e muito mais) mudou. Hoje, tudo pode ser considerado sem importância, para os mais jovens. Uma das primeiras reivindicações, a seguir ao 25 de Abril, lembro-me bem (apesar de só ter 14 anos) era a «semana-inglesa». Se perguntarmos a um jovem o que é a «semana-inglesa», ele não deve fazer a mínima ideia disso.
O que se seguiu a essa madrugada de Abril foi um tempo em que tudo era novo. Todos os dias apareciam novidades. Era muito difícil, até, acompanhar essas novidades.
O Povo ganhou não só a liberdade, mas, também, a dignidade. Isso foi difícil de suportar para alguns, habituados que estavam a que a «ralé» (como lhe chamavam) nunca conseguisse «sair da cepa torta».
A «panela de pressão» popular rebentou, a seguir ao 25 de Abril. Cometeram-se erros, viveram-se situações complicadas, mas conseguiu-se muito, sobretudo (e esta é a grande questão) para os mais desfavorecidos.
Era o tempo em que os ardinas vendiam os jornais com o pregão «Lisboa, Capital, República, Popular», em que o Povo saía à rua, quase diariamente, para expressar o que lhe ia na alma. Foi uma Revolução que teve uma banda-sonora bem específica, desde as canções do Zeca Afonso e outros seus «companheiros de aventura», até ao tema de Ermelinda Duarte «Somos Livres» (conhecido pela «Gaivota, Voava, Voava»). Verdadeira explosão de uma alegria colectiva que nunca mais voltou a existir em Portugal.
O 25 de Abril de 1974 e período subsequente continua, portanto, na minha maneira de pensar, a ser o acontecimento mais importante de todo o século XX português.
Como político que sou (e faço gala de o ser) quero, aqui, expressar os meus agradecimentos a todos os que contribuíram para essa data libertadora, lutando, antes e depois de Abril, para que esse dia surgisse. Um agradecimento especial aos capitães de Abril que arriscaram a vida prejudicaram as carreiras para que, hoje, se possa viver em liberdade nesta terra.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

Confesso que há coisas que, por mais que tente, não consigo compreender. Toda a gente se deve lembrar quando o ministro Manuel Pinho, em 2006, declarou que estava aí o fim da crise. Pois… Já (quase) ninguém se lembra.

João Aristídes Duarte - «Política, Políticas...»Certo é que esse ministro, após ter sido demitido, por causa do episódio dos «corninhos» foi homenageado por empresários (who else?), em Ovar. Em Paços de Ferreira foi, posteriormente, inaugurada uma avenida com o seu nome.
Apesar de tudo isto, a crise, a tal, está aí em força, segundo dizem. Só que não é para todos, claro.
As classes média e média baixa lá vão ter que continuar a pagar a crise. Crise da responsabilidade, não da classe média ou da classe média baixa, mas sim da alta finança. Ou já toda a gente se esqueceu que isto tudo começou quando se iniciou a crise das hipotecas de alto risco (o chamado «subprime»)?
Não me esqueço, também, que o primeiro Governo de José Sócrates iniciou o seu mandato prometendo acabar com o deficit, que custou grandes sacrifícios às classes médias e aos portugueses com menores rendimentos (sempre os mesmos a pagar, já que os ricos, esses são intocáveis). E lembro-me bem que José Sócrates dizia que a culpa do deficit era dos Governos de Durão Barroso e Santana Lopes.
De um momento para o outro, quando as contas públicas já estavam «direitas» aparece, como que por magia, esta crise.
Isto é eterno, bem o sabemos. Se o PSD está no Governo diz que tem que combater o deficit provocado pelos Governos do PS. Se o PS está no Governo diz que tem que se baixar o deficit que foi provocado pelos Governos do PSD. Lá serão os mesmos de sempre a pagar a crise. Nunca mais se sai disto. Temos crise para sempre. Como agora se calaram com isso, as culpas de um tão grande deficit (que, repito, tantos sacrifícios custou) só podem ser dos funcionários públicos ou dos trabalhadores por conta de outrem que receberam milhões e milhões de ajudas do Estado. Pode lá ser culpa dos gestores (que recebem milhões de prémios)?
Para os ricos há todas as benesses: apoios quando, por culpa deles e de mais ninguém, aconteceu a crise hipotecária que levou à falência dos bancos em muitos países. Aqui, em Portugal, preferiu seguir-se outro caminho: o Estado injectou (através da Caixa Geral de Depósitos), só no BPN; 4, 2 mil milhões de euros, para além das ajudas que o Governo declarou prestar às empresas em dificuldades. A privatização do BPN vai, portanto, dar prejuízo, como já afirmaram membros do próprio Governo. Muito bem… Nacionalizam-se as empresas que dão prejuízo e privatizam-se as que dão lucro. Para os portugueses da classe média e os menos favorecidos temos aí um PEC totalmente injusto. Será este o novo «socialismo» que José Afonso caricaturava numa canção cujo refrão rezava: «A palavra socialismo, como está hoje mudada, de colarinhos à Texas, muito bem aperaltada»? É que o partido que está no poder em Portugal, para quem não sabe ou já se esqueceu, chama-se Partido Socialista.
No entanto, apesar dessas ajudas, o desemprego tem aumentado de forma assustadora. Quem ficou com o dinheiro das ajudas é uma questão pertinente que tem que ser colocada.
Bem pode, agora, José Sócrates vir prometer mais 120.000 empregos, quando toda a gente sabe bem o que aconteceu à promessa dos 150.000 novos empregos prometidos no início do seu primeiro Governo.
Quero ser, aqui, politicamente incorrecto em mais dois assuntos. O primeiro refere-se a Paulo Portas que eu considero um verdadeiro «animal político» em campanha eleitoral, mas que não pode contar, nunca, com o meu voto porque se sobe na percentagem eleitoral adquire uma «pose» conhecida como «pose de Estado» que o leva a ser o mais demagógico dos políticos. Por exemplo, convém não esquecer que foi ele, enquanto ministro da Defesa que comprou os célebres (para não lhe chamar outra coisa) submarinos que contribuíram (e de que maneira) para agravar o deficit. No entanto, parece que isso é assunto tabu.
Já o Presidente da República (quase) nunca se pronuncia ou não se pode pronunciar sobre nada. Questionado, recentemente, sobre o aumento dos casos de violência entre alunos nas escolas ou de alunos e pais contra professores, respondeu que é preciso fazer algo (não disse o quê) para modificar isso. Não referiu, no entanto, que toda a produção legislativa do Governo (incluindo o célebre e, agora, contestado «Estatuto do Aluno») foi, por ele (como toda a legislação portuguesa) promulgado.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte

(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com

A ser verdade o que conta o jornal «Público» sobre o caso de um professor numa escola do concelho de Sintra que se suicidou por não aguentar mais os vexames a que era submetido pelos seus alunos, trata-se de um caso bastante chocante e a merecer uma análise politicamente incorrecta segundo o direito à opinião, consagrado na Constituição da República Portuguesa, que todo o cidadão português tem.

João Aristídes Duarte - «Memória, Memórias...»Como se sabe o Ministério da Educação desenvolveu uma campanha (essa sim, negra) contra os professores, no consulado de Maria de Lurdes Rodrigues, no anterior Governo.
Os professores eram os maiores malandros alguma vez encontrados em Portugal, não queriam trabalhar, só queriam faltar, não ensinavam nada, não queriam saber das «famílias» e se os alunos aprendiam alguma coisa (ao que se supõe) não seria por causa dos professores.
Essa campanha, de que foram responsáveis, entre outros, Valter Lemos, Jorge Pedreira (Secretários de Estado) e jornalistas e comentadores como Emídio Rangel e Miguel Sousa Tavares levou a opinião pública e, por arrastamento, os alunos, a achincalharem os professores, colocando todos no «mesmo saco» em defesa daquilo a que eles chamavam «as famílias».
Quer dizer, para esta gente, a escola inclui todos, sobretudo «as famílias», excepto os professores, que nada têm que mandar ou ser obedecidos.
Foram tantas, tantas as leis e decretos feitos por essa equipa do Ministério da Educação, quase todas, pretensamente, dirigidas a favor das «famílias» e contra os professores (o célebre Estatuto do Aluno é só um pequeno exemplo) e tanta a propaganda (sobretudo baseada na avaliação docente, facto que, pessoalmente, pouco me interessa) que a opinião pública passou a ver os professores como uma classe a abater.
Todo o “bicho careta” passou a opinar sobre a escola e os professores, sem que soubessem, na maior parte dos casos, do que estavam a falar.
Ainda há duas semanas foi noticiado que um aluno de 12 anos agrediu um professor com uma cadeira. Aliás, as agressões a professores, entre os próprios alunos e às auxiliares de acção educativa (agora chamadas em «modernês», assistentes operacionais) acontecem nas escolas portuguesas, sem que nada possa ser feito. Não significa isto que a indisciplina seja generalizada, mas é um caso que deve preocupar qualquer cidadão português. «A educação dá-se em casa» é uma máxima que hoje perdeu todo o sentido, dado que os pais se demitem de toda a função educativa e encarregam os professores dessa tarefa. Sabendo bem, como sabem, que o professor está «atado de pés e mãos», sem nenhuma autoridade. Perdeu-se o respeito pela figura do «mais velho» e, sobretudo pelo professor.
Ao contrário de Espanha, onde recentemente, na Comunidade Autonómica de Madrid, as agressões a professores foram consideradas como equivalentes a agressões à autoridade, em Portugal o que interessou (até há pouco tempo) foi dizer o pior dos professores para virar a opinião pública contra eles.
E para isso inventou-se tudo, até um iníquo (não encontro outra palavra para o definir) concurso de colocação de professores que levou docentes com quase 20 anos de serviço e quase 50 anos de idade a serem colocados em escolas a 120 Km de casa (e por 4 anos), como foi o meu caso. Facto que só acontece com esta profissão. Nenhum funcionário de nenhuma Repartição Pública é tratado desta maneira pelos poderes públicos. Haja um mínimo de respeito pela idade e pelo tempo de serviço!!! O concurso de colocação de professores do ano passado, em que professores com menos graduação foram colocados mais perto das suas residências do que outros mais graduados (só porque o foram em Agosto e os outros em Julho), foi das coisas mais vergonhosas que o Governo anterior praticou contra os professores, só para os desanimar. Este é só um exemplo do que tem sido feito em prol da desmotivação e desânimo dos professores.
Que, depois, surjam situações lamentáveis como a do suicídio do professor de Música (parece que os alunos já nem de Música gostam – do que gostarão?) não serão de admirar.
Quem apoiou, insistentemente, essa campanha contra os professores que ponha a mão na consciência e pense duas vezes se valerá a pena continuar a achincalhá-los
Nota: o Governo vai privatizar os CTT, uma Instituição que já vem do tempo da Monarquia (1520), tendo passado a Empresa Pública em 1969, antes do 25 de Abril de 1974. Nada escapa ao ataque feroz aos direitos dos cidadãos. Tenho a certeza que o serviço a prestar pelos privatizados CTT será pior e mais caro que é actualmente. E a Estação de Correios do Soito tem, portanto, os dias contados. Aos privados só interessa o lucro e não os serviços aos cidadãos.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

akapunkrural@gmail.com

AS MODERNICES – Portugal é um país cheio de modernices. E, depois, essa é uma coisa que «pega de estaca». Quando a gente se dá conta, já está tudo a seguir essas modernices, apresentadas como as coisas mais importantes que existem e ai de quem não as siga que é logo um «bota-de-elástico».

João Aristídes Duarte - «Memória, Memórias...»Já Rui Veloso, em 1983, no LP «Guardador de Margens» cantava um poema de Carlos Tê, intitulado «Dança dos Modernos», que terminava assim:

Você assim vai vencer
Se viver de prego a fundo
Você até vai deixar de ser
Cidadão do Terceiro Mundo

Esta mania de ser moderno e das modernices tem sido levada ao extremo, sobretudo nos meios de comunicação social. Surgem os maiores disparates, mas tudo continua na mesma, que o que interessa são as aparências.
Por isso aparecem os mídia (quando se deveria dizer media- sem acento porque é uma palavra latina), as imagens não editadas (quando deveriam ser as imagens não montadas – afinal a montagem – que em inglês é edition, existe na actividade cinematográfica e no vídeo), os clientes dos Hospitais e Centros de Saúde (antes eram os utentes), o público (como já ouvi na TV para significar povo) e outras coisas assim do género. Coisas perfeitamente dispensáveis que só demonstram na minha opinião, um subjugar a tudo o que vem de fora, que é, simplesmente, lamentável.
Tal como eu referi em comentários à minha última crónica neste blogue, os portugueses, a começar pelos «heróis» da selecção de futebol (tendo à cabeça o sr. Queiroz) não valorizam o que é nosso.
Há uns tempos apareceram os colaboradores (já não há trabalhadores, funcionários ou empregados, mas sim colaboradores). Esta é demais para mim, uma vez que eu me considero um colaborador deste blogue ou do jornal «Nova Guarda» (para o qual escrevo há 12 anos), mas sei bem distinguir entre a colaboração e um emprego ou trabalho, uma vez que como colaborador não aufiro qualquer remuneração. Será isso que os tais que chamam colaboradores aos seus empregados, também, queriam? Não lhes pagar nenhum ordenado e tê-los sempre subjugados?
Agora a última moda são as agências de rating. Confesso que não sei bem o que isso é. Sei é que esse papão das agências de rating é usado pelo Governo e por economistas que lhe são muito próximos para pedir mais sacrifícios aos mesmos de sempre. Os banqueiros, esses, continuam a ir à televisão apresentar os fabulosos lucros dos seus bancos, quando ainda há bem pouco tempo, pediam ajuda ao Estado para se salvarem (há até um bom vídeo no youtube, do programa de TV «Os Contemporâneos» intitulado «Salvem os Ricos» que faz ironia com isso). Logo, não são esses que irão pagar a crise, apesar de terem sido eles que a provocaram.
Outra modernice que anda por aí é a de considerar o regime do Estado Novo (que vigorou até ao 25 de Abril de 1974) como apenas autoritário e não ditatorial. Já não são só os saudosistas desse regime (que os há) que dizem isso: António Barreto, considerado um grande cientista social (mais outro nome moderno), numa recente entrevista ao «Expresso» referiu que a maioria das pessoas que pretendem comemorar os 100 anos da implantação da República, em Portugal, têm que dizer mal do regime do Estado Novo e ele acha que não devem fazer isso. António Barreto esteve exilado na Suiça, entre 1963 e 1974, mas, entretanto, aburguesou-se. Como já se safou, toca a dizer que já não é necessário dizer mal do regime do Estado Novo.
Neste país há jornalistas, então, que não percebem nada de nada. António Manuel Ribeiro (líder dos UHF) contou-me uma vez que uma jornalista o tinha entrevistado quando lançou um disco chamado «Sierra Maestra» e lhe perguntou se essa serra não era aquela, em Espanha, onde havia muita neve. E tem esta gente tempo de antena…
Já esse fenómeno do bullying (violência física e psicológica praticado entre alunos) me deixa mais preocupado como cidadão e como professor. Nunca me lembro de isso existir, enquanto eu fui criança ou adolescente. Portanto é outra coisa moderna. Eu, até, era daqueles alunos que poderia sofrer com esse fenómeno, uma vez que era um pouco inibido e havia algumas coisas que eu não tinha em comum com os meus companheiros de escola, apesar de viver numa aldeia: não tinha vacas ou outros animais, nem terrenos para cultivar, os meus pais não estavam ligados à agricultura.
Parece que quem pratica essas agressões não gosta que os seus colegas (mais uma modernice – no meu tempo de escola éramos, todos, companheiros) sejam diferentes.
Como professor sei bem que os docentes não têm qualquer autoridade para poder separar alunos que praticarem essas agressões. Ainda pode vir o pai de algum deles tirar satisfações com o professor. Safa!! Safa!! Como cidadão, acho essa situação tão lamentável, que nem tenho palavras para a descrever.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

akapunkrural@gmail.com

Ao assistir a uma entrevista com José Pedro Gomes (o da «Conversa da Treta») na manhã de sábado passado, na RTP-1, lembrei-me de escrever este artigo para o «Capeia Arraiana».

João Aristídes Duarte - «Memória, Memórias...»José Pedro Gomes foi convidado para comentar as notícias da semana e a uma das perguntas da jornalista respondeu ser um absurdo que o «hino» da selecção de futebol portuguesa seja uma canção dos norte-americanos Black Eyed Peas (grupo que eu não conheço, mas também não me interessa muito – se desconhecesse os Beatles ou Rolling Stones seria bem pior).
Concordo, totalmente, com esta análise de José Pedro Gomes e como melómano e amante da música portuguesa que sou vou, ainda, mais longe.
Lembro-me bem quando estava na tropa, em Coimbra (em 1982) e houve um Mundial de Futebol. Andava tudo maluco com a bola e havia lá um sargento que andava doido-varrido. Não falava noutra coisa que não fosse no Brasil e ai daquele que não defendesse o Brasil (uma vez que esse ano Portugal não participou no Mundial). Ora, eu que não ligava nadinha à bola e estava sempre a pensar quando os Salada de Frutas ou os Jáfumega iriam tocar a Coimbra, dizia com os meus botões: «Se isto é assim com o Brasil, o que não será com Portugal?»
Quando o Scolari foi seleccionador nacional teve início essa loucura das bandeiras nas janelas (algumas ainda andam por aí, completamente esfarrapadas, o que eu acho uma vergonha). Parece que uma onda de loucura invadiu o país. Nem vale a pena perguntar se eu coloquei alguma bandeira na janela, porque a resposta é não. Só poderia ser não, uma vez que eu não sentia nada de especial com a bola, nem com a selecção.
Agora só faltava mais esta: o «hino» da selecção é de um grupo norte-americano. Bem se sabe que os portugueses não valorizam o que é seu, o seu imenso património musical, mas chegar-se a este ponto e quase toda a gente achar o máximo, só porque essa música foi escolhida por um «herói» chamado Carlos Queiroz é demais.
Com tantas canções portuguesas de tantos intérpretes e autores, ou até tradicionais sem autoria que poderiam ter sido escolhidas como «hino», logo tinha o sr. Queiroz que escolher uma canção de um grupo norte-americano. Enfim… é a vida!
Outra coisa que me deixa intrigado com a bola é que, quando Portugal joga com a Espanha, nova onda patriótica invade o país, para no dia seguinte (quando regressamos à sobrevivência) toda a gente querer ser espanhol por causa das reformas, dos ordenados, da prevenção de incêndios ou da limpeza das estradas quando há neve. E isto ainda é mais curioso quando na zona da raia o fervor patriótico contra Espanha ainda parecer maior. No entanto é nessa zona que se cantam as espanholadas, quando se faz uma farra (normalmente o «El Perompompero»).
Quando esse fervor patriótico invade Portugal eu nem sei o que fazer…
Quero dizer que sou frequentador habitual dos jogos de futebol no Soito (embora não saiba nada de tácticas, nem chame nomes ao árbitro), mas se na televisão der «bola» é certo e sabido que mudo de canal.

Nota: estou a ler o livro «Coitados dos Ricos» de Bernardino Pinheiro, natural da Rebolosa, que mão amiga me arranjou. Este livro tem uma singularidade, embora seja de um reaccionarismo primário: os retornados de África (assim mesmo chamados no livro) estão juntos com os anarquistas, os revolucionários de várias matizes e os criminosos, no pós -25 de Abril, para fazerem uma revolução. Uma singularidade que nunca tinha observado em nenhum outro livro. Os pobres não sofrem muito (às mãos dos ricos, a quem devem só favores) neste livro, mas os ricos (às mãos dos pobres), coitados deles!!! Tão maltratadinhos…
Por outro lado, como é um livro contra os políticos (claro!!!) aconselhava a que fosse lido por todos os anti-políticos que por aqui colocam comentários. Iriam sentir-se felizes ao lerem um livro assim.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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