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O concelho do Sabugal é geograficamente trimorfe, economicamente biforme e historicamente policéfalo.
A policefalia resulta do facto de o nosso concelho, na sua actual definição territorial, abranger freguesias que até às ultimas reformas de JOSÉ DA SILVA PASSOS, pertenceram umas aos extintos municípios de SORTELHA, TOURO — a vila do Touro —ALFAIATES e VILAR MAIOR, todas as que já lhe pertenciam, e, ainda, uma, a de CERDEIRA DO COA, do desaparecido termo de CASTELO MENDO.
Como se sabe, com a irrupção do liberalismo e queda do ANTIGO REGIME, MOUSINHO DA SILVEIRA deu início a uma série de reformas marcadamente iconoclastas, porque todas elas tendentes a destruir o passado, cortando com a tradição.
Os seus principais executores receberam ápodos que a História registou e, de algum modo, sintetiza a obra de extinção por eles promovida.
V. g.
JOAQUIM ANTONIO DE AGUIAR — O MATA FRADES
Responsável pelo confisco dos bens da Igreja Católica, o encerramento dos conventos, a expulsão dos religiosos.
BENTO PEREIRA DO CARMO — O RASGA BANDEIRAS
Que decretou o fim das corporações de artes e ofícios, também conhecidas por grémios ou bandeiras e das Santas Casas da Misericórdia, nacionalizando a de Lisboa, que nunca mais recuperou o estatuto de associação de fiéis católicos, transformando-se em ludolândia ou seja em instituto nacional de jogos.
E, para o caso de que agora tratamos, o DEGOLA CONCELHOS que extinguiu cerca de oitocentos concelhos.
Só no distrito da Guarda, acabou com oitenta e seis, reduzindo a catorze os cem preexistentes.
Frise-se que o nome PASSOS JOSÉ serviu para o caracterizar relativamente a seu irmão — PASSOS MANUEL, que teve uma muito meritória acção nos domínios da escolaridade.
De resto, também a reforma administrativa personificada em Passos José foi muito positiva, adequando o número de concelhos a uma nova realidade baseada em vários pressupostos, designadamente na substituição dos caminhos de ferradura pelas novas vias, com o encurtamento dos tempos de viagem.
Já se anuncivam as vias férreas.
E o caminho beirão de São Tiago só não foi aproveitado como novo itinerário por o PADRE PAULO, grande terratenente em Aldeia da Ponte, temer cortes nos seus agros e perversões nos paroquianos.
Um território trimorfe
Consabidamente, é o concelho do Sabugal de grande extensão territorial.
Não tanto, é certo, como o de Odemira, que dizem ser o maior da Península, ou sequer o de Idanha-a-Nova, nossa vizinha porque apenas separadas por terras de Penamacor.
Mais pequenos do que estes dois, é, no entanto superior em área a noventa e oito por cento dos outros municípios.
Além disso, tem a particularidade de abranger três zonas fortemente diferenciadas — uma de montanha, outra de planalto e a terceira com características de cova.
A primeira encosta-se a Espanha e ocupa os contrafortes portugueses das regiões salamantinas de Francia e Gata, do lado de cá chamados genericamente Serra de Malcata, embora com subdenominações interessantes, v g das Mesas, baseado no encontro de quatro bispos — da Guarda, de Pinhel, de Coria e de Cidade Rodrigo — todos lado a lado, mas cada um num banco de pedra incrustado na sua área de jurisdição.
A zona de planalto abrange a parte restante dos antigos concelhos de cima Coa que o do Sabugal presentemente integra.
A zona de cova tem por epicentro o Casteleiro e assume as características que os geógrafos costumam congregar no conceito de TERRA QUENTE DO NORTE.
Até por oposição á anterior tipicamente TERRA FRIA DO NORDESTE.
Quem se achar interessado em aprofundar esta genérica conceptualização, pode fazê-lo através de três autores sabugalenses — todos eles, no entanto, da zona serrana:
o geógrafo CARLOS MARQUES, de Vale de Espinho.
O romancista NUNO DE MONTEMOR, nascido em Quadrasais.
O poliígrafo PINHARANDA GOMES, também quadrasenho.
Este nome ressuma a COA, de CUDA.
E as relações com a montanha, para nós sacralizada vieram para o Cancioneiro.
O lugar de Quadrasais
Ao fundo da terra fica
Ler «Maria Mim», ou até «Crime de um Homem Bom», do segundo, «O Motim do Aguilhão no Sabugal» ou «Práticas de Etnografia», do terceiro, e, sobretudo, «A Bacia Hidrográfica do Coa», do primeiro, para além de um enorme prazer espiritual, ganhará excelências de conhecimento.
Economicamente marcado pelas assimetrias morfológicas nuns casos, noutros pelas influências espanholas, biforme no mínimo, poliforme em boa parte.
Como economia de subsisteêcia, baseada numa quase sempre deficiente exploração agro-pecuária, se terá de classificar a que secularmente se viveu no concelho.
Dos cereais panificáveis só o centeio, semeado por todas as freguesias, em regime de folhas, é que se produzia de modo a cobrir as necessidades locais.
O trigo, afora os barros do Soito, resumia-se a pequenas belgas, que apenas davam para uma pastelaria, singelamente pobre.
A cevada, a aveia, o milho, cultivavam-se sobretudo como forraginosas, poucas dando grão.
Não se usava pão de milho.
O grosso mal chegava para as sementeiras, revertendo o sobrante para as papas, gordas ou doces,consoante a maré.
E o miúdo, por aqui chamado painço, ia para o bico dos pintainhos, amorosamente chocados e desemburrado
A grande cultura era a da batata que cobria todo o agros que dispusesse de alguma àgua para rega e até o sequeiro cuja humidade desse algumas garantias.
Entremeando, espetavam-se feijões que generosamente — muito mais que o cem por um dos evangelhos — pagavam o desvelo.
E nos tornadoiros, cresciam alfaces e beterrabas porqueiras ou agigantavam-se abóboras.
Mas eram as batatas e feijões que asseguram a entrada no orçamento familiar de alguma moeda corrente.
O regadio, para além de cobrir as necessidades de hortícolas, contribuía para o passadio dos gados com carradas de nabos e muitos feixes de ferrã.
O mato, para além de prover o forno e o lar, contribuía pelas ramadas verdes para alimentação de cabras e ovelhas e pela folhagem seca — caruma e ramalhos — para camas e esterqueiras, no que também ajudavam muito os giestais.
Os proprietários de mais geiras podiam ainda extrair mais proventos pela venda de madeira — freixo, carvalho e pinho, sendo de acrescentar que o último, pela sangria de resinagem alguma coisa rendia e mais renderia, se não fora a cupidez das empresas e a manigãncia dos operadores locais.
Algumas manchas florestais da azinheira, por aqui chamada carrasco, permitiam, quando de maior extensão, o porco de montado.
Aliás, mesmo isolada, apanhava-se-lhe a lande bolota ou boletra, dizíamos, para a engorda, no que competia com o roble, segundo o Cancioneiro, árvore de excelência.
Pois,
Não há pau como carvalho
Que dá num ano quatro frutas
Dá a bogalha, o bogalho
Bolotas e maças-cucas
Mas isto, observam os de idade e saber, são tretas, que árvore a sério é o castanheiro.
Para além dos muitos contos de reis vindos para o concelho pela castanha vendida para fora, foi ela que evitou a fome e varreu a tuberculose.
Crua, cozida, em caldo.
Transformada em pão…
E também contribuía para a lírica, até mordaz:
Menina, já que as castanhas
Lhe são tão apreciadas
Por artes ou artimanhas
Vou-lhe dar duas piladas
E se achar poucas as duas
Eu juro por minha fé
Dar-lhe não apenas duas
Mas três, quatro ou mais até…
«O concelho», história e etnografia das terras sabugalenses, por Manuel Leal Freire
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Inicia-se hoje a edição de mais uma coluna assinada pelo escritor raiano Manuel Leal Freire no Capeia Arraiana, designada «O concelho», na qual abordará temas históricos e etnográficos do concelho do Sabugal. Esta rubrica terá edição quinzenal, alternando com a crónica «Terras do Jarmelo» de Fernando Capelo.
Com esta nova crónica, Manuel Leal Freire passa a assinar quatro colunas no «blogue de todos os sabugalenses», a saber: «Poetando» (ao domingo), «O concelho» (à quarta-feira), «Caso da Semana» (à quinta-feira) e «Politique d’Abord – Reflexões de um politólogo (ao sábado).
plb e jcl
A empresa Caracol Real – Produtos Alimentares com sede e fábrica de transformação na freguesia da Cerdeira, no concelho do Sabugal, passou a dispor de uma página na Internet.

A Caracol Real – Produtos Alimentares já pode ser visitada na Internet. A história da empresa, as novidades, os produtos da loja de venda directa, a localização e os contactos e as informações técnicas sobre caracóis estão disponíveis nas páginas digitais da empresa de Amândio Assis instalada na Cerdeira há 27 anos.
A empresa «Caracol Real», fixada na Cerdeira do Côa, chega a empregar 15 pessoas no período de Verão, quando o negócio do caracol está no auge. Mas tratando-se de um trabalho sazonal, no período de Inverno tem apenas quatro efectivos, que tratam da confecção e venda de outros petiscos. As instalações da empresa e as viaturas de transporte do produto estão certificados, assim como o produto confeccionado, que é sujeito a análises periódicas. Porém face à exiguidade das instalações e à expansão do negócio, as instalações sofreram obras de ampliação.
Amândio Assis acredita num futuro promissor para o seu negócio que, progressivamente, se vai afirmando no contexto nacional e internacional, assim prestigiando também o concelho do Sabugal.
Página da empresa «Caracol Real». Aqui.
jcl
No concelho do Sabugal apenas três escolas do primeiro ciclo do ensino básico cumprirão, no próximo ano lectivo, os critérios do Ministério da Educação para poderem continuar abertas. As escolas com menos de 20 alunos poderão ter de fechar, mau grado a Câmara do Sabugal estar empenhada em o evitar.
Para o ano lectivo 2011/2012 o executivo camarário aprovou por unanimidade, na reunião de 2 de Março passado, manter a deliberação tomada nos anos anteriores de não concordar com o encerramento de escolas no concelho. A razão prende-se com o investimento feito nos últimos anos nas diversas escolas e com o encargo financeiro assumido com a rede de transportes escolares.
O concelho do Sabugal terá no próximo ano lectivo 315 alunos no ensino básico. A Escola Básica do Sabugal, com 155 alunos, a do Soito, com 41, e a de Aldeia de Santo António, com 21, são as únicas que cumprem o critério governamental para poderem continuar a funcionar.
Mau grado a posição assumida pela Câmara, as restantes oito escolas, não terão alunos suficientes para poderem garantir manter-se de portas abertas.
Em pior posição está Vila Boa, que prevê ter apenas sete alunos. Surgem depois Aldeia da Ponte, que terá 10, Bendada e Rapoula, que terão 11, Aldeia Velha, com 13, Ruvina e Santo Estêvão, ambas com 15, e a Cerdeira, com 16.
A Carta Educativa do Concelho do Sabugal, aprovada na Assembleia Municipal de 27 de Abril de 2007, prevê que o concelho venha a ter quatro centros educativos: na Bendada, no Sabugal (a construir de raiz), no Soito e na Cerdeira (junto com a Ruvina). Teme-se porém que o processo de despopulação do concelho, continue a fazer diminuir de tal forma o número de crianças nas aldeias, que nem para esses centos existam alunos.
Bem revelador do problema parece ser o facto de nem as duas escolas ligadas à Liga dos Servos de Jesus, situadas na Cerdeira e na Ruvina, conseguirem garantir o cumprimento dos critérios exigidos pelo ministério da Educação para a sua continuidade.
plb
As crianças e jovens das escolas do Sabugal foram até à Senhora do Monte na freguesia da Cerdeira, concelho do Sabugal, para plantar 300 carvalhos assinalando a «Floresta Autóctone» agregada à iniciativa dos Bosques Centenários das Comemorações da República. Reportagem de Paula Pinto com imagem de Miguel Almeida da Redacção da LocalVisãoTv (Guarda).

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Autoria: LocalVisãoTV posted with Galeria de Vídeos Capeia Arraiana
jcl
Um camionista português, de 55 anos, natural da Cerdeira do Côa, freguesia do concelho do Sabugal, morreu ontem, dia 5 de Agosto, em Espanha ao ser atropelado pela própria viatura quando tentava reparar uma avaria.
O acidente fatal teve lugar perto de La Alberguería de Argañan na estrada entre Ciudad Rodrigo e Aldeia da Ponte, segundo o Jornal de Notícias, e de acordo com informações com fonte no Serviço de Emergências de Castela e Leão.
Segundo as autoridades locais espanholas, o camião avariou a 500 metros da fronteira com Portugal, numa zona de declive acentuado. Perante a avaria do camião o condutor tentou repará-la, sendo então esmagado por uma das rodas do veículo, que deslizou vários metros.
A situação aconteceu durante a tarde, e o camionista teve morte imediata, de nada valendo os meios de socorro enviados ao local logo que foi dado a alerta.
plb
Mais uma freguesia representada no Cortejo de Oferendas, realizado em 1947 na (então) vila do Sabugal, a favor do Hospital. Desta vez é a Cerdeira do Côa, que se apresentou numa camioneta de carga, daquelas da época, com um pára-brisas dividido ao meio.

A camioneta tem escrito na porta «A. Gomes Telf. 87 Guarda». Seria de alguém que fazia transportes na Guarda, mas era da Cerdeira e a cedeu para participar no Cortejo de Oferendas? Ou os organizadores do desfile da Cerdeira alugaram a camioneta na Guarda?
Dentro da cabine da camioneta podem ver-se dois passageiros e o motorista (na época chamado «chauffer»).
Na carroçaria aparece um moinho de vento (nada típico da nossa região). Nas velas do moinho estão escritas palavras como «caridade», «humanidade» e «fraternidade».
Na frente da carroçaria lê-se «A Cerdeira Ao Hospital». Também se vê que a rodear o moinho estão vários ramos de árvores.
Lá atrás, em cima da carroçaria da camioneta, vão algumas raparigas da Cerdeira.
Não se consegue descortinar mais nada, através da fotografia, pelo que não sei se a Cerdeira desfilou com algum rancho de rapazes e raparigas, como o fez a maioria das freguesias ou só o fez com a camioneta.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
A Escola Secundária do Sabugal surge no 365.º lugar do ranking das escolas secundárias portuguesas, elaborado com base nos exames finais de 2009, dos 10 e 12º anos.
Dos vários rankings publicados, baseamo-nos no da estação televisiva SIC, que apresenta no seu portal na Internet a lista das escolas secundárias. Num total de 504 escolas secundárias a do Sabugal está no lugar 364.º, uma posição abaixo da posição conseguida em 2008.
No distrito da Guarda o melhor estabelecimento de ensino é a Escola Secundária da Sé, que ocupa a 137.ª posição. Como pior estabelecimento do distrito surge a Escola Secundária Tenente-Coronel Adão Carrapatoso, de Vila Nova de Foz Côa, ocupando a 476.ª posição.
No referente às escolas básicas, o ranking ponderou as notas do 9.º ano de escolaridade, ocupando a Escola José Dinis da Fonseca, na Cerdeira do Côa, uma honrosa 174.ª posição, entre as 1300 escolas desta lista. O Externato do Soito ocupa a 986ª posição e a Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclo do Sabugal a posição 1122.
No respeitante ao ensino secundário (11.º e 12.º anos), mais de 86 por cento das escolas alcançaram média positiva na primeira fase dos exames nacionais, um resultado quase semelhante ao de 2008, quando 7,3 por cento dos estabelecimentos de ensino ultrapassaram os 9,5 valores.
Nove das dez escolas com a melhor média são privadas, enquanto que entre as que apresentam piores médias estão oito públicas e duas privadas.
Apesar de as privadas apresentarem melhores resultados, é o Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, estabelecimento público de Braga, que lidera a classificação, com uma média de 15,80 valores nos 14 exames realizados.
Por oposição, o Instituto de São Tiago, privado, em Castelo Branco, registou o pior resultado, com apenas 7,13 valores de média.
plb
Segundo notícia do «Correio da Manhã», ninguém chamou a Polícia Judiciária da Guarda a investigar o incêndio que durante quatro dias destruiu 11 mil hectares de mato e floresta e atirou para a miséria centenas de agricultores do Sabugal.
«Estranhamente sabemos desse incêndio pela comunicação social e pelo fumo que causou», desabafou ao «Correio da Manhã» uma fonte policial, sublinhando que «as autoridades que estiveram no terreno entenderam não informar a PJ».
Assim se justifica que o fogo não está a ser investigado pela polícia, mau grado as suspeitas levantadas pelo presidente da Câmara que disse suspeitar de fogo posto. O facto leva a fonte com que o jornal diário falou, a lamentar não estar a investigar aquele que foi o maior incêndio deste ano no distrito e que causou prejuízos na ordem dos nove milhões de euros.
Entretanto, segundo informação veiculada pela agência Lusa, a Polícia Judiciária deteve um homem pela presumível autoria de um crime de incêndio florestal praticado quinta-feira passada na Cerdeira do Côa, concelho do Sabugal.
O detido, um servente, solteiro, de 47 anos, vai ser levado a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coacção tidas por adequadas.
O incêndio em causa consumiu uma área relativamente pequena de mato, dada a pronta intervenção de populares e dos bombeiros do Sabugal, mas colocou em perigo vários hectares de pinheiro bravo.
Neste caso, a PJ, através do Departamento de Investigação Criminal da Guarda, teve a colaboração da GNR.
plb
Estivemos de novo à fala com Amândio Assis, o empresário do caracol, cuja empresa, denominada «Caracol Real», está sedeada na Cerdeira do Côa, continuando uma conversa que tivemos há um ano e que na altura publicámos no Capeia Arraiana.
O negócio do Caracol Real vai evoluindo, dando passos curtos, mas seguros. A frota automóvel conta agora seis viaturas, sendo uma delas um camião frigorífico com grande capacidade de transporte. Neste período de Verão a firma emprega 15 pessoas, embora no Inverno apenas mantenha seis trabalhadores. O negócio continua em expansão, vendendo caracol para todo o país e exportando para o estrangeiro, onde agora se destaca Angola, para onde seguirão algumas grandes encomendas.
Entretanto avançam as obras nas novas instalações da empresa, que já estão a ser parcialmente utilizadas, mas cujo arranque definitivo apenas acontecerá no ano que vem.
Há quanto tempo confecciona e vende caracol?
Desde há 27 anos, aqui na Cerdeira. Além do mais sou o produtor de caracol pronto a comer licenciado há mais tempo em Portugal.
E como nasceu a ideia deste negócio numa região que há alguns anos não apreciava muito este tipo de petisco?
Eu sempre gostei de caracóis e aprendi a cozinhá-los com o meu pai. Uma vez, quando já fixado nesta região, estava a lavar caracóis para os cozinhar em casa e veio-me à mente a ideia de me meter num negócio de confecção e venda de caracóis pelos bares e cafés da região. E assim comecei, a medo, mas avançando sempre, até chegar à posição que tenho hoje a nível comercial. Subi devagar, degrau a degrau, evitando sempre dar um trambolhão.
E a tão propalada crise mundial também afectou o seu negócio?
A crise sente-se quando toca a receber, que de resto as encomendas até aumentaram. Eu até digo que não temos capacidade para satisfazer as encomendas. Mas na verdade há um certo atraso nos pagamentos por parte de muitos clientes, o que nos causa problemas de tesouraria
As novas instalações poderão resolver esse problema de falta de capacidade produtiva?
Essa é a nossa aposta e julgo que vamos conseguir expandir muito o nosso negócio a partir daí.
E tem concorrência ao nível da região, ou sente que domina o ramo?
A concorrência existe a nível regional e nacional e isso é uma coisa boa. O que eu condeno é a chamada concorrência desleal, onde até chegam a copiar as nossas ideias. Agora são os espanhóis que já se lançaram no fornecimento de caracol pronto a comer, a partir do sul de Espanha. Houve uma empresa que aproveitou os conhecimentos que um português lhe transmitiu e agora lançou-se no mercado. Mas apurei que injectam gás nas embalagens para o produto durar mais tempo, e isso é pouco benéfico para a saúde de quem os consome. Também houve uma empresa da região que decidiu concorrer copiando o formato das nossas embalagens e até as informações impressas nas mesmas. Copiaram com tanta vontade que até reproduziram também o nosso código de barras, assim se denunciando inteiramente. É esta concorrência que eu denuncio porque não é leal e apenas pretende subir aproveitando o trabalho dos outros.
Há algo especial que diferencie o seu caracol?
Desde logo a forma como é confeccionado. Para que se faça uma boa confecção é primeiro necessário fazer uma boa escolha do caracol, pois só assim se garante a qualidade, sem a qual o produto não poderia ir para o mercado. Há que ter a certeza de que todo o caracol que vai a confeccionar está vivo. Temos umas caixas de plástico quadradas com um metro e vinte de lado por sessenta de altura, com uma tampa. É aí que se coloca o caracol que depois, durante a noite, sobe para as paredes da caixa e para a tampa. Esse caracol é apanhado, mas o que fica no fundo é deitado fora porque está morto. Durante cada mês nós deitamos fora centenas de quilos de caracol. Veja o que seria esse caracol ser cozinhado. Deita um cheiro nauseabundo e se o cozinharmos empesta todo o restante e dá-lhe mau paladar. Face a isto eu lanço um alerta aos consumidores de caracol: quando encontrarem no prato caracóis vazios isso significa que a triagem não foi feita e devem parar de comer e reclamar porque isso pode ser prejudicial para a saúde.
Uma boa triagem do caracol é então o primeiro passo para a qualidade do produto?
Considero isso essencial. Eu fui-me aperfeiçoando e concluí que tinha de seleccionar o caracol, porque as coisas têm que ser bem feitas. Hoje posso garantir que não confeccionamos um caracol que não esteja vivo. Mas também lhe digo que tudo começa logo na escolha do caracol quando o compramos aos nossos fornecedores. Eu preocupo-me em seleccionar o melhor caracol em vivo. Fruto da minha já longa experiência, domino bem as técnicas de selecção e consigo escolher os lotes que me garantem uma boa qualidade.
Em que época é que o caracol é melhor?
Dizem que nos meses que têm R eles não prestam. Isso tem a sua lógica porque o caracol só é bom quando ele não se alimenta. Deixa de comer quando começa a apertar o calor, a partir de Maio, quando os campos ficam secos, mas os melhores meses são Junho e Julho. A partir de Agosto, como o caracol não se alimenta, começa a emagrecer. Ele continua a ser bom, mas é já muito pequeno e começa a ficar algo escuro.
Também vende caracol congelado?
Sim, ultracongelamos caracol que é confeccionado precisamente nos melhores meses para o seu consumo e que depois pode ser consumido durante o resto do ano.
E como se deve fazer para consumir esse caracol congelado?
Deve ser preferencialmente descongelado no frigorífico, de forma lenta, porque depois dura mais tempo, ao contrário daquele que é descongelado no momento, que tem de ser todo consumido na hora.
O Caracol Real tem uma fórmula especial de confecção?
A nossa técnica foi aperfeiçoada nos nossos primeiros anos de actividade. Hoje o Caracol Real tem uma receita própria, muito rigorosa, com os condimentos apropriados e tudo controlado por peso e medida, de maneira a mantermos o paladar que o caracteriza.
E nunca recebeu reclamações quanto ao paladar?
Já sucedeu. Lembro-me uma vez de um cliente que telefonou a dizer-me que o caracol parecia insonso. Disse-lhe que lhe adicionasse um pouco de sal e o fizesse levantar fervura, o que o mesmo fez, telefonando-me de seguida a afirmar que já estava óptimo. Concluí que na confecção daquele caracol falhou a adição do sal. Isto pode acontecer.
Como empresário, o que pensa da economia regional em termos de presente e de futuro?
Há oportunidades a aproveitar. Temos boas estradas, embora uma ou outra estrada secundária não reúna boas condições de circulação, e isso é uma vantagem competitiva. O mesmo não digo do comboio, que o temos aqui à porta mas sem que os empresários o possam utilizar, porque a antiga Estação da Cerdeira já é apenas um apeadeiro sem qualquer importância. A vizinhança com Espanha também deve ser vista como uma potencialidade. No geral penso que temos condições de expansão dos negócios, desde que os apoios oficiais nos cheguem, pois isso é essencial para quem investe no interior.
plb
Segunda-feira é dia de publicar a «Imagem da Semana». Ficamos à espera que nos envie a sua escolha para a caixa de correio electrónico:
capeiaarraiana@gmail.com
Local: Cerdeira do Côa.
Legenda: Cerdeira: Parar ou Andar? Eis a Questão. Semáforos verde e vermelho em simultâneo.
Autoria: José Do Bernardo.
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A música voltou a ouvir-se no Peroficós. Dez anos depois das últimas comemorações as ruas da aldeia foram percorridas pela procissão do Santíssimo Sacramento. E como recordar é viver, recordamos alguns episódios associados ao Peroficós.
O Peroficós é terra de passagem. Terra de passagem? – Valerá menos que as outras? – perguntará o leitor? Não. Claro que não. Mas fica a caminho da estação da CP da Cerdeira e isso diz quase tudo para quem conhece o concelho do Sabugal. No tempo em que o caminho-de-ferro tinha a sua importância (o petróleo era barata mas os carros eram poucos) o Peroficós era local de passagem obrigatório.
Recordo com emoção os tantos e tantos domingos à noite que por lá deixei a velhinha «Famel Zundapp» a caminho da estação da Cerdeira e do «Beira Alta» que me levaria até à Base da Ota e tantas e tantas sextas-feiras à tarde em que a minha fiel amiga me esperava para me trazer de volta a casa.
A Cerdeira e, em especial, o Peroficós ficam como marca de um tempo que já não volta mas que temos obrigação de não deixar morrer. Esse «Beira Alta» de domingo à noite que parava em todas as estações e apeadeiros até Lisboa era o comboio dos militares. Tinha uma locomotiva diesel que era mudada na Pampilhosa e dois tipos de carruagens: salão e compartimentos. E como não podia deixar de ser para a malta da Raia havia uma carruagem de compartimentos que ficava com os lugares marcados logo a partir da Cerdeira. Era a carruagem que levava no primeiro compartimento um serviço improvisado de bar. E a longa viagem de cerca de oito horas através da madrugada demorava menos a passar. Um dia o meu amigo Paulo Saraiva adormeceu. Passámos Santarém e acordei-o dizendo que era na próxima. Mas a próxima, nesse dia, foi o Setil (terra de ninguém) e o Paulo, meio estremunhado, sentindo o comboio a afrouxar, pegou na mochila, abriu a porta e saltou para a plataforma. Passados poucos segundos o sinal ficou verde e o maquinista arrancou. E ficámos todos a ver pelas janelas aquela farda azul-escuro que, parada no meio do cais, não percebia porque não tinha ninguém à volta. Chegou um pouco atrasado à base mas ainda hoje em conversas de amigos recordamos e gozamos com o episódio.
Anexa do Seixo do Côa e convivendo paredes-meias com outra anexa, a Redondida (da Cerdeira do Côa), o Peroficós voltou a celebrar a festa do Santíssimo Sacramento abrilhantada pela música da Banda de Pinhel.
E foi desculpados com o pretexto da santa festa que nos reunimos em casa de Joaquim dos Santos, homem bom que conhecemos desde sempre e que nos deixava guardar a motorizada no seu cabanal.
De hoje em um ano!
«A Cidade e as Terras», opinião de José Carlos Lages
jcglages@gmail.com
Segunda-feira é dia de publicar a «Imagem da Semana». Ficamos à espera que nos envie a sua escolha para a caixa de correio electrónico:
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Local: Cerdeira (Sabugal).
Legenda: Reflexo da Ponte sobre o Rio Noémi com a estação de caminho-de-ferro da Cerdeira em plano de fundo
Autoria: Capeia Arraiana.
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Para muitos beirões o nome da Cerdeira confunde-se com a estação dos comboios da CP. Mas há mais vida para além da linha de caminho-de-ferro (agora electrificada) que se associou ao rio Noémi para dividir a freguesia ao meio. Guiados por Joaquim Matos, presidente da Junta, fomos conhecer melhor esta freguesia que convive com vários concelhos.
A Cerdeira foi ponto de partida e chegada para muitos sabugalenses. Como o Sud-Express apenas parava na Guarda e em Vilar Formoso foi pouco utilizada pelos emigrantes franceses mas… era ponto de passagem obrigatório para os que andavam na «tropa» ou viviam em Lisboa ou noutros pontos do País. Também o autor destas linhas, nos tempos da Força Aérea, aguardou muitos domingos à noite pela locomotiva a diesel que, anunciando a sua chegada, soava e… suava cansada, lá para os lados da Miuzela. Outros tempos! Agora a linha está electrificada e o rio Noémi corre poluído, sem peixes, por baixo da ponte…
Tinhamos à nossa espera Joaquim Manuel Costa Matos, presidente da Junta de Freguesia da Cerdeira, com quem tinhamos combinado uma visita às «suas» terras. O autarca de 35 anos cumpre o seu primeiro mandato como responsável máximo pela Junta.
«Fiz parte da Assembleia de Freguesia durante dois mandatos porque considerei importante conhecer primeiro os diferentes órgãos autárquicos antes de me candidatar a presidente», assume para início de conversa recordando que «logo no início do meu mandato reuni com a Refer para continuar a discussão de um projecto e ainda tentaram insinuar algumas alterações mas rapidamente perceberam que eu estava dentro do assunto e a reunião recomeçou noutro tom».
A visita começou na Redondinha, uma anexa da Cerdeira que se confunde com o Peroficós, também anexa, mas do Seixo do Côa.
«Tenho 77 anos e criei 7 filhos. Estão quase todos no estrangeiro», diz-nos António Albino, um dos 10 residentes permanentes desta genuína aldeia rural beirã em miniatura com 14 eleitores que parece ter parado no tempo. Um campanário sem igreja vigia o casario em pedra pintado no céu raiano onde apenas destoa o alcatrão decorado com tampas de esgoto. Cenário perfeito para uma aldeia totalmente dedicada ao turismo rural. «Vista de cima a Redondinha é redonda», diz-nos, Joaquim Matos, como quem desvenda um segredo. «Temos um dos maiores limites do concelho do Sabugal e somos vizinhos dos concelhos da Guarda (Monte Margarida), Almeida (Miuzela) e no final da Ribeira das Cabras batemos com o concelho de Pinhel», acrescenta.
E além dos acessos ferroviários há os rodoviários…
«A estrada municipal do Sabugal está cinco estrelas mas aqui perto na entrada de Monte Margarida quando começa o concelho da Guarda fica péssima», acusa o autarca sabugalense enquando nos encaminhamos a pé pelo trilho que dá acesso a duas sepulturas antropomórficas referenciadas com tabuletas.
A gare da estação da CP regista 749 metros de altitude, a capela da Senhora do Monte cerca de 900 metros e a serra da Estrela espreita, gelada e firme, por detrás das matas…
«Também temos invernos rigorosos. Este ano fomos a freguesia do concelho do Sabugal onde mais contadores da água rebentaram. Fiquei estupefacto quando ouvi, há dias, um ministro dizer que ter aquecimento central é um luxo. Uma afirmação dessas só mostra que esse senhor nunca deve ter saído de Lisboa. Ou pelo menos nunca veio à Beira Alta», diz-nos indignado.
Fomos até ao limite da freguesia e do concelho já à vista da placa que indicava «Concelho de Almeida». Joaquim Matos levou-nos por um caminho de terra batida até um amontoado de rochas e explicou-nos que «há uns anos foram retirados desta pedreira privada (agora desactivada) chamada de Seixinhos Brancos vários camiões TIR de uma rocha rara de cor rosácea que foi levada para ser trabalhada em ourivesaria na Alemanha».
– E há mais vida para além da estação dos comboios?
– Nunca percebi porque chamam áquela espécie de apeadeiro alcunhado de «Barracão» a estação do Sabugal. Seria mais lógico considerar a estação da Cerdeira como a verdadeira estação do Sabugal… A Cerdeira tem um colégio privado gerido por religiosas que tem obtido excelentes classificações no ranking nacional. Devemos ainda falar do jardim de infância e do lar de idosos, da farmácia, do posto de Correios, da empresa de caracóis, da oficina de electricidade-auto e da estação de serviço de combustíveis que está agora em obras para ampliar a área de restauração…
Sentia-se o orgulho pela sua terra na voz do presidente da Junta da Cerdeira enquando desciamos em direcção ao rio Noémi e ao largo das Eiras. Mas nem tudo «corre» bem…
– Tivemos o apoio dos serviços camarários para limpeza do Rio Noémi porque sozinhos não tinhamos capacidade. Infelizmente há mais de 10 anos que não tem peixes porque as margens do rio estão poluídas. Estamos fartos de denunciar a situação à Câmara da Guarda. Temos provas que o problema está na Etar. A água que corre tem espuma e cheira a esgotos. Ninguém quer resolver o problema. Aproveito para adaptar um poema de Augusto Gil.
Passa constante, constantemente,
Mas de certeza que não chama por mim
Será petróleo, será água
Água não é certamente
e petróleo não cheira assim.
Fui ver! É merda meus senhores!
E assim corre um rio que merece um olhar mais demorado pela beleza do enquadramento a partir do parque de merendas que fica junto da «Barraca» da associação local onde estivemos um pouco à conversa que o sol estava quente. Com ar imponente estacionou por perto o todo-o-terreno que transporta o novo equipamento de combate a incêndios florestais.
– O nosso grande projecto até Agosto é a recuperação do Largo das Eiras, uma obra que só foi possível com o apoio da Câmara Municipal do Sabugal. Outro dos projectos em que vamos ter a colaboração da autarquia é a transferência do posto dos Correios para uma casa em pedra recuperada em frente ao Colégio. Deixou de fazer sentido mantê-lo numa rua sem saída junto à estação da CP. E assim vamos criar um posto de trabalho e juntar o atendimento dos Correios com o da Junta de Freguesia no piso térreo e um posto de turismo do concelho e um espaço multimédia no primeiro piso. Vamos trabalhar no sentido de o manter aberto todos os dias.
Subimos até à Senhora do Monte. Bafejados por um dia limpo e sem neblina admirámos uma paisagem única até perder de vista. Um passeio turístico pela zona da «Trupe TT» deixou plantadas 10 árvores no recinto em redor da capela. Ali perto, em Santo Amaro, vive sozinho um parisiense. Andava a passear pela zona, apaixonou-se pelo local, e lá vive como um verdadeiro eremita. «Que se saiba não tem família no concelho», esclareceu Joaquim Matos.
«Temos água e electricidade na Senhora do Monte e estamos a apenas 11 quilómetros da auto-estrada. Temos condições para ser uma das porta de entrada de um roteiro turístico para o concelho do Sabugal», concluiu o jovem autarca, dinâmico nas palavras e nas acções.
jcl
Fomos até à Cerdeira do Côa, onde conversámos com Amândio Assis, proprietário de uma empresa de sucesso no concelho do Sabugal, a «Caracol Real», que produz petiscos prontos a comer, a começar pelo caracol e a caracoleta, que fornece todo o território nacional e exporta para diversos países da Europa.
A qualidade do produto confeccionado na sua casa é a grande preocupação do empresário Amândio Assis, um alentejano de Évora que há 30 anos escolheu viver no Sabugal, onde instalou um negócio que progressivamente se foi afirmando.
Embora alentejano de nascimento, foi criado em Lisboa e esteve alguns anos em África. O seu primeiro contacto com o Sabugal deu-se quando ainda era muito jovem e integrava um grupo musical que foi actuar à Casa do Concelho do Sabugal, em Lisboa. «Na altura estava muito longe de imaginar que um dia viria para o Sabugal», confessa Amândio Assis. A verdade é que por diversas circunstâncias acabaria mesmo por vir para ao concelho do Sabugal, onde constituiu família e iniciou um negócio pioneiro: a confecção e venda de caracol pronto a comer.
«Estabeleci um pequeno café. Como sou do Sul passei a servir doses de caracol, um petisco que na altura tinha pouca aceitação nestas terras. A verdade é que os meus caracóis tiveram sucesso e passei mesmo a fornecer caracol pronto a comer a outros bares». O negócio foi-se expandido e em poucos anos Amândio Assis «conquistou» o Centro e o Norte do País. Foi mesmo pioneiro no negócio da produção e venda de caracol pronto a comer, obtendo o primeiro licenciamento nacional para esse efeito. Hoje fornece cerca de 30 hipermercados e vende a empresas de distribuição que exportam o seu produto para a Suíça, França, Alemanha, Inglaterra, Espanha e Estados Unidos.
Sendo o caracol um petisco de Verão, que se consome de Maio a Setembro, passou a produzir também outros petiscos, assim ficando menos refém da sazonalidade do negócio. Além do caracol pronto a comer, confecciona caracoleta recheada, feijoada de caracol (uma iguaria muito apreciada), moelas, e outros petiscos. «Tudo tem o seu segredo, seja nos condimentos ou na forma de cozinhar, mas o que garanto é que apenas confeccionamos petiscos recorrendo a receitas próprias, com base em produtos naturais e sem recurso a quaisquer conservantes», garante o empresário.
A empresa «Caracol Real», fixada na Cerdeira do Côa, chega a empregar 15 pessoas no período de Verão, quando o negócio do caracol está no auge. Mas tratando-se de um trabalho sazonal, no período de Inverno tem apenas quatro efectivos, que tratam da confecção e venda de outros petiscos. As instalações da empresa e as viaturas de transporte do produto estão certificados, assim como o produto confeccionado, que é sujeito a análises periódicas. Porém face à exiguidade das instalações e à expansão do negócio, estão já em construção novas instalações, também na Cerdeira do Côa.
Quanto a ajudas por parte das entidades oficiais, Amândio Assis confessa-se algo desiludido: «Tirando a Câmara do Sabugal, que nos tem dado algum apoio, nada recebemos por parte de outras entidades. Os organismos oficiais vocacionados para apoiar a economia deviam acompanhar melhor as pequenas e médias empresas. Era bom que viessem ao terreno para verificarem quem é que merece receber apoios, em vez de se ficarem apenas pelos gabinetes. Neste sistema safa-se quem tem tempo e dinheiro para dar conta das burocracias, mas não aqueles que se dedicam de alma e coração à sua actividade. No meu caso, posso afirmar que se recebesse alguns apoios a minha empresa tinha hoje um forte potencial».
Mas o empresário tem projectos para o futuro: «A nossa caracoleta recheada é melhor do que a francesa, que é líder no mercado. Nós temos a matéria-prima e o conhecimento, bastava-nos algum apoio para dominarmos o mercado europeu. O meu grande objectivo é aproveitar as novas instalações, onde terei melhores condições, para produzir a caracoleta recheada em maior quantidade e mantendo a sua qualidade. Tenho a certeza que assim conseguirei exportar mais esse produto, porque a nossa caracoleta é melhor confeccionada e mais saborosa e é muito superior à produzida pelos franceses».
Sobre a terra que o acolheu, a Cerdeira do Côa, vê com desalento o seu progressivo abatimento. «Não fora o Colégio Regional, e esta terra estava completamente deprimida. Nunca me cansarei de apoiar essa grande instituição. A Cerdeira tem condições para ser uma terra de progresso, tem uma estação do caminho-de-ferro numa linha internacional, tem ligação rápida à auto-estrada, podia estar noutra situação, mas ao contrário disso está a degradar-se».
No final deste mês, e à semelhança do ano anterior, o Caracol Real vai marcar presença na Feira Agro-alimentar do Alto-Côa, que se realiza na vila do Soito. «Vamos oferecer, e também vender, o nosso produto aos visitantes da feira», disse Amândio Assis que acredita num futuro promissor para o seu negócio, que progressivamente se vai afirmando no contexto nacional e internacional, assim prestigiando também o concelho do Sabugal.
plb
Um incêndio ocorrido hoje, 14 de Janeiro, numa casa antiga da Cerdeira do Côa, concelho do Sabugal, desalojou uma idosa com 70 anos.
As chamas destruíram por completo a casa de habitação, que era muito antiga, e cujo interior fora construído à base de madeira, facto que facilitou a propagação do incêndio.
O incêndio deflagrou às oito horas da manhã e os Bombeiros Voluntários do Sabugal acorreram de imediato ao local, para onde deslocaram quatro viaturas e 19 homens. Controlaram rapidamente as chamas, mas sem conseguirem evitar a destruição da habitação que foi consumida pelo fogo. A rápida intervenção conseguiu ainda assim evitar que o incêndio se propagasse a outras casas fronteiras.
Tudo indica que o incêndio se deveu a um descuido da idosa que habitava a casa. «Aconteceu no momento em que a senhora estava a deitar petróleo para uma candeia», disse à Agência Lusa Manuel Martins, adjunto do comando dos Bombeiros Voluntários do Sabugal. A senhora terá deixado derramar petróleo para o chão, que depois se incendiou quando ateava a candeia, propagando-se pela casa.
A mulher saiu ilesa do acidente e ficou alojada em casa de familiares.
plb
Jogos tradicionais, uma tuna académica e uma banda filarmónica, ranchos folclóricos, bailes e fogo de artifício, animam a festa da Senhora do Monte, na Cerdeira do Côa.
Nos próximos dias 4, 5, 12, 13, 14 e 15 de Agosto a Cerdeira do Côa, freguesia do concelho do Sabugal, vai estar em festa. Celebra-se a Senhora do Monte, cuja capela está no topo de um alto, entre a Cerdeira e o Rochoso, de onde se avistam os longes do longo planando raiano.
As festas prolongam-se por dois fins-de-semana. Logo no primeiro dia contará com a actuação da tuna académica «Copituna», formada por estudantes do Instituto Politécnico da Guarda. No dia 12 de Agosto a aldeia recebe um grandioso festival de Folclore, que junta o Grupo Etnográfico do Sabugal, o Rancho Folclórico Miuzela Arriba e o Grupo Etnográfico de S. Miguel de Cristelo (Paredes).
O dia 13 está consagrado à disputa de diversos jogos tradicionais. A festa religiosa terá o seu ponto alto na noite do dia 14 com a realização de uma procissão de velas e no dia seguinte, e último das festas, com a celebração de missa na capela da Senhora do Monte, abrilhantada pela Banda Filarmónica de Pinhel.
Os festejos serão encerrados com um fabuloso espectáculo de fogo de artifício, na noite do dia 15.
plb
O critério educativo abrangente e de envolvimento da Escola Regional Dr. José Dinis da Fonseca, na Cerdeira do Côa, concelho do Sabugal, é considerado exemplar e a fama ultrapassa a região.
«Formar mulheres dignas, cidadãs responsáveis, boas profissionais, esposas e mães exemplares é o objectivo dos professores e educadores da nossa instituição», esclareceu a directora pedagógica, Felicidade Aguiar Ramos, à reportagem publicada no Jornal de Notícias.
A escola exclusivamente feminina educa cerca de 140 alunas com 80 em regime de internato. A formação vai muito além das matérias programáticas com as raparigas a aprender a por e levantar a mesa, servir refeições, limpar os quartos e casas de banho e a ajudar nas celebrações da missa.
Nos tempos livres podem estudar, aprender música, informática, francês, ver televisão, comunicar via Internet e brincar.
A escola feminina do Instituto de São Miguel, ligada à Liga dos Servos de Jesus, criada em 1955 na Cerdeira do Côa, é vista por muitos como elitista. Forma jovens da região oriundas de famílias de agricultores e emigrantes que trabalhando no estrangeiro querem que as filhas recebam em Portugal em regime de internato a instrução e a formação adequadas.
Tem vindo, no entanto, a adaptar-se aos tempos modernos pois como afirma a sua directora «se tudo chega até nós pela televisão e pela Internet, temos de preparar as alunas para ser cidadãs da Europa e do Mundo».
(reportagem original de Licínia Girão, Jornal de Notícias)
jcl
As festas de Santo Amaro decorrem na freguesia da Cerdeira a 15 de Janeiro de cada ano.
As principais festividades da freguesia são o Santo Amaro, a 15 de Janeiro, Santa Ana, na segunda-feira de Pentecostes e da Senhora do Monte a 15 de Agosto. O orago da freguesia é Nossa Senhora da Visitação.
A Cerdeira do Côa dista 22 quilómetros do Sabugal e está situada na margem esquerda do rio Noémi. Foi durante o século passado uma das mais importantes localidades do concelho devido ao movimento proporcionado pela estação de caminho de ferro que lhe trouxe um forte e rápido desenvolvimento social e económico.
Faz parte da freguesia da Cerdeira a localidade da Redondinha.
jcl
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