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Em 20 de Outubro de 1940 o dirigente Nazi Heinnrich Himmler, assistiu na praça de touros de Madrid, Las Ventas, a uma tourada em sua homenagem, convidado por Franco, Claro! Não sei o que lá viu nem o que não, mas as crónicas da época dizem que o chefe das S.S. saiu horrorizado da praça e quase desmaiou durante o espectáculo. E este tipo foi um sanguinário…

Republicanos são conduzidos à Praça de Badajoz

António EmídioOutra praça de touros, a de Badajoz no mês de Agosto de 1936 e durante a Guerra Civil Espanhola. A cidade foi tomada pelos nacionalistas (franquistas), foram fuzilados perto de 4.000 republicanos nos dias que se seguiram à entrada dos nacionalistas na cidade. As novas autoridades militares franquistas convidaram para assistir a esse macabro espectáculo dos fuzilamentos vários latifundiários alentejanos. Como é lógico e normal, nessa Guerra Civil matou-se e fuzilou-se dos dois lados, mas segundo historiadores, os republicanos abatiam principalmente grandes terratenentes, padres, freiras, e toda uma classe social alta e riquíssima, os nacionalistas abatiam indiscriminadamente as classes populares. Portanto tem lógica o convite aos latifundiários alentejanos…
Um jornalista português assistiu à cremação dos corpos dos fuzilados no cemitério da cidade de Badajoz, estava junto a um padre que pertencia ao bando nacionalista, então o padre desabafou «mereciam isto», tem lógica também o desabafo do padre.

Vamos até outra praça de touros, a de Salamanca. Depois do Golpe de Estado de 28 de Maio de 1926, instala-se em Portugal uma ditadura militar. Não sei se ainda durante os governos que antecederam o de Salazar ou já com este no governo, porque Salazar ainda nomeou governadores civis militares, as autoridades espanholas convidaram o Governador Civil da Guarda, um militar para assistir a uns festejos em Salamanca. O Governador Civil tinha a noção de ser uma nulidade política, mas não uma nulidade como militar. Na praça de touros, estando todas as individualidades presentes, alguém deu conta que o Governador Civil da Guarda não tinha cadeira para se sentar, então em voz alta exclamou:
– Una silla para el señor gobernador!
O Governador ouviu e disse para o subordinado que estava junto dele:
– Vê lá que até aqui sabem que sou burro!
Ouviu falar em – silla – e confundiu…
Foi-me contada esta historieta, ou anedota, por alguém do Sabugal, já falecido e que pertenceu aos quadros do Estado Novo no Concelho

Vamo-nos manter noutra praça de touros, mas desta vez em Lisboa Campo Pequeno. Nas negociações com os Estados Unidos sobre a Base das Lages nos Açores, Salazar fez-lhes a «vida negra», só tergiversava, fazia-se difícil! Um dia os americanos num gesto de cooperação e amizade trouxeram até ao Tejo uma poderosa esquadra de guerra, tendo à frente o porta-aviões Franklin Delano Roosevelt. Em honra dos marinheiros norte-americanos foi organizada uma tourada. Faço ideia o «frete» que os marinheiros não fizeram, a vontade deles era terem ido para o Cais do Sodré e Bairro Alto! Salazar foi visitar o porta-aviões e, segundo palavras de Marcello Mathias, diplomata do Estado Novo, o chefe do governo anda a bordo «com o chapéu enterrado até às orelhas», com medo que o vento o levasse. Também, mas agora sou eu a dizê-lo, a forte ventania devia ter mostrado as suas célebres botas…

Termino, não numa praça de touros, mas à volta de uns sanitários públicos no Sabugal. Era Presidente de uma Comissão da Câmara Municipal do Sabugal no ano de 1926 do século passado, o político do Casteleiro, Joaquim Mendes Guerra. O Povo da então Vila reivindicava uns sanitários públicos. No dia de Carnaval, e numa das muitas paródias que se faziam, alguns foliões traziam dois pares de calças vestidos e, junto a uma árvore ou a um muro desciam o par de fora e acocoravam-se como quem estava a fazer as necessidades. O Joaquim Mendes Guerra mandou então fazer uns sanitários públicos. Acontece que só os «alinhavou» e num sítio em que o Povo do Sabugal dizia que davam guerra a toda a gente. No ano seguinte, e também no dia de Carnaval, os foliões levavam uma espécie de maqueta dos sanitários públicos, e um cartaz onde estava escrito: «A retrete que deu Guerra a todos» vejam a subtileza…
Foi-me contada esta história por alguém que conheceu esses tempos, também já não vive. Vou perdendo aqueles, e também aquelas, que me falavam da antiga Vila, dos seus costumes, da alegria, da tristeza, dos dramas, e das esperanças do seu Povo.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

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Querido leitor(a), irá perdoar-me, mas o artigo de hoje vai para os nossos vindouros, para aqueles que daqui a um século, ou mais, serão os portugueses do futuro. O que tenho para lhes dizer? Leia e verá que não me afasto muito da realidade.

António EmídioVindouros, a História já vos disse a razão pela qual no ano de 2012 Portugal estava de joelhos perante a Alemanha e o Fundo Monetário Internacional (mercados), ou seja, porque é que Portugal tinha perdido a sua Soberania e muito da sua Democracia. Eu quero simplesmente escrever sobre uma elite político/partidária e outra económica, causadoras da perca da Soberania e da Democracia, e que levou o País à ruina económica.
A partir dos anos 90 do século XX, surge uma classe política que nada teve a ver com aqueles homens e mulheres que lutaram e conseguiram restabelecer a democracia em Portugal. Essa nova classe política a que eu chamava os «jovens lobos» formada no seio dos partidos políticos, burocratas, tecnocratas, pouca cultura, sem ideias e convicções, depressa integrou governos e chegou à Assembleia da República. Esta nova classe política sempre esteve mais preocupada com a sua progressão dentro do partido e situação económica, do que com os portugueses, com isso criou uma sociedade profundamente dividida, os ricos tornaram-se mais ricos e os pobres ficaram mais pobres. A classe média começou a proletarizar-se, a empobrecer, e uma das razões de tanta adesão a greves e manifestações em Portugal no ano de 2012, foi a classe média ter tomado consciência de que estava a empobrecer, e esta classe só se manifestava quando isso acontecia. A classe média-alta sobrevivia, a maior parte dela, à custa da especulação imobiliária e de toda uma série de negócios menos claros, muitas vezes subsidiados pelo Estado… As classes baixas, as mais humildes, abandonadas pelos governantes e grandes empresários atingiam um estado de pobreza que se assemelhava à dos países do terceiro e quarto mundos, devia-se isto em grande parte à perca do emprego, porque quem ficasse sem emprego caía imediatamente na pobreza, Portugal tinha nesta altura um milhão ou mais de desempregados e, tudo indicava que em 2013 o número aumentaria. Esta classe baixa, mais humilde representava já perto de 80 por cento da população portuguesa, suportava sacrifícios económicos impressionantes e nada possuía de seu.
Quem estava no topo da pirâmide, enriquecendo, corrompendo e corrompendo-se cada vez mais? Políticos desonestos, grandes empresários e banqueiros. Essas classes viviam num hedonismo impressionante, passeavam de Verão e de Inverno pelo estrangeiro fazendo compras nas mais sofisticadas e conhecidas casas de moda a nível mundial, possuíam autênticos palácios nos sítios onde iam passar uns momentos de ócio, e tinham luxuosos apartamentos nas cidades. Alguns eram donos de casas de luxo em Paris, Nova Iorque e outras cidades, os carros em que se deslocavam e também os jets privados eram do melhor que existia, e quase todos os anos os trocavam por outros mais modernos que apareciam no mercado. A comunicação social falava em milhões de euros roubados por eles em monumentais corrupções tanto no Estado como no sector privado, mas a mesma comunicação social tinha revistas especializadas só na vida privada dessa elite político/económica, desde os vestidos que compravam até aos amores que tinham, eram reis e senhores, rainhas e senhoras de um País com um milhão ou mais de desempregados, de milhares de trabalhadores que recebiam por mês entre trezentos e quatrocentos euros, e também de pobres pensionistas cujo valor das pensões oscilava entre os duzentos e cinquenta e trezentos euros mensais. Vindouros, os portugueses todos a trabalhar não conseguiam alimentar estas elites, quanto mais trabalhavam e eram explorados no seu trabalho, mais elas se corrompiam e gastavam.
Chegou-se à suprema infâmia, essa elite governante tinha uma estratégia de empobrecimento do País, de mais empobrecimento do País! De retirar ainda mais aos fracos rendimentos das classes baixas, médias, pequenos empresários e pequenos comerciantes! Para quê? À espera do investimento estrangeiro, e este investimento só se conseguia com salários miseráveis e horários infinitos de trabalho, Portugal assemelhava-se a um qualquer país pobre da Ásia para onde as multinacionais levavam as suas fábricas. Pela primeira vez na sua História, Portugal estava a empobrecer propositadamente para se tornar um couto de multinacionais, onde estas pudessem trabalhar sem um mínimo entrave desde social a económico.
Agora vindouro, leia com atenção isto que vou escrever: havia homens e mulheres com funções políticas, de uma dignidade e honestidade irrepreensíveis, gente com ideias e convicções. Na época histórica que atravessávamos, principalmente a partir do ano 2000 até agora, 2012, a classe política foi perdendo o seu prestígio até se tornar a classe mais odiada em Portugal. Compreendia-se, mas não se podia generalizar, infelizmente a maior parte dos portugueses generalizava.
Termino dizendo-lhe duas coisas: primeira, quando ler isto, seja qual seja a data histórica em que o faça, oxalá viva num Portugal mais justo, mais democrático, mais livre e com plena Soberania e Democracia, não num Portugal que seja um protectorado de uma qualquer potência económica e política.
Segunda coisa, quando nos arquivos do Capeia Arraiana, vamos pôr daqui a um século, 2112, ler este artigo, diga para consigo: «O tipo que escreveu isto não deixava de ter uma certa razão, mas foi assim, foi com essa política económica que Portugal se transformou no que é presentemente, uma pequena potência económica, onde a pobreza é residual, e a Democracia e Liberdade são das mais invejadas pela maior parte dos países do Mundo». Nada me faria mais feliz se fosse vivo!
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

Se eu tivesse uma boa relação com a informática conseguia fazer como alguns colaboradores quando querem que se leia algo já em «arquivo», chamemos-lhe assim, bastando para isso um click numa palavra qualquer, mas como a minha relação é péssima, vou dizer-lhe querido leitor(a) que leia o meu artigo de 19 de Abril de 2011 – «As ideias têm um fim».

António EmídioDigo nesse artigo que muitas ideias políticas já fazem parte do cemitério da História, entre elas a Socialdemocracia. Convivemos com ela durante tês décadas, ou mais, foi durante esse período que a Europa Ocidental conheceu o seu progresso político e económico, e também o baby boom, um aumento explosivo da taxa de natalidade que teve o seu auge em 1964. A Socialdemocracia «monopolizou» a política e a economia da Europa Ocidental desde o final da Segunda Guerra Mundial até princípio dos anos 80 do século passado, mas com a queda do Muro de Berlim e posterior crise da esquerda, originada pelo desaparecimento do chamado Socialismo Real, surge a Globalização Económica com a sua ideologia Neoliberal, ou seja, a circulação de capitais por todo o Mundo, sem controlo, onde a concorrência se transformou em rainha e senhora da actividade económica, o Capitalismo Selvagem sem regras. Toda esta desregulação e livre concorrência ultrapassa os países, os seus governos e os seus parlamentos, sendo assim, a Socialdemocracia tornou-se impotente para controlar este Capitalismo Selvagem sem ética, mas se por acaso tentar reformar todo este estado de coisas, concorrência e desregulação, há uma perca de competitividade das empresas nacionais, ou seja, das dos países onde a Socialdemocracia tentar regular todo este caos económico, originando elevadas taxas de desemprego. A actual desorientação e confusão ideológica da Socialdemocracia vem daí, salários de miséria, ou desemprego, não há alternativa como dizia Margaret Thatcher. Recapitulando: baixos salários em nome do emprego, porque se uma empresa tem o azar de aumentar salários é logo ultrapassada por uma rival que aproveita para baixar o custo do seu produto, menos custos significam mais vendas e mais lucros, a empresa que aumentou salários vai ter mais custos e menos lucros, espera a maior parte dos seus trabalhadores o desemprego. Não é por acaso que os políticos conservadores, os social-democratas reciclados e os grandes empresários, passam a vida a falar na «cultura do esforço» e na «cultura do rendimento», retórica e cinismo, o que eles querem engrandecer com toda esta atitude heróica é a exploração e a intimidação de quem trabalha, Angela Merkel é perita nisto…
O capitalismo Selvagem sente-se ainda obstaculizado na sua luta pela vitória final pelos serviços públicos e pelos direitos dos trabalhadores, a Socialdemocracia sempre preservou os serviços públicos e garantiu os direitos aos trabalhadores. Mas os obstáculos que impedem o Capitalismo Selvagem da vitória são fáceis de resolver, quanto ao primeiro, vão ser-lhe entregues de mão beijada, através de privatizações, a saúde, o ensino, os transportes a segurança social e todo o que der lucro, quanto ao segundo, os direitos dos trabalhadores já não existem.
Quem se atreve pôr fim a isto? Vamos supor que uma força política, uma força de mudança ganhava as eleições num qualquer país da União Europeia submetido ao Diktat Neoliberal, ao Diktat alemão, começava por pôr cobro à violenta austeridade, não permitia o desmantelamento do Estado Social, regulava os mercados e governava para o bem estar de todos. Guerreavam essa força política até à sua destruição, os meios de comunicação social, o capital financeiro, a polícia, Bruxelas, Berlim a NATO e Wall Street, ou seja, toda uma estrutura nacional e internacional. Aliás, a chanceler alemã deu isso a entender quando se deslocou a Portugal, não recebeu os partidos da oposição, para mim esse gesto teve um significado, rejeição e marginalização pura e simples de quem não seguir o Diktat Neoliberal alemão.
Eu ainda recordo bem das primeiras vezes que usei o termo Neoliberalismo aqui nos meus artigos do Capeia Arraiana, chacota geral, hoje vou falar-lhe querido leitor(a) do «Ordoliberalismo», uma escola de pensamento político/económico, conservadora e tipicamente de direita, nascida na Alemanha nos anos 30 e 40 do século passado. Esta escola só se diferencia do Neoliberalismo clássico porque aceita uma certa regulação dos mercados, principalmente dos financeiros, potencia também o sector exportador em detrimento da procura interna, da subida de salários e gasto público. Tem como prioridade a privatização do sector público, põe a maior parte da economia nas mãos dos empresários, os salários são discutidos entre patrões e sindicatos, menos protecção social e, o Keynesianismo é considerado de esquerda, quase a rondar o comunismo. Diferencia também o «Ordoliberalismo» do Neoliberalismo o grau de austeridade para potenciar as exportações, ambos querem reduzir o deficit público do Estado procurando assim a confiança dos mercados, mas para os «Ordoliberais» é preciso um mínimo de estabilidade social, para os Neoliberais não interessa essa estabilidade, o prioritário é o deficit.
Assistimos então querido leitor(a) ao fim da Socialdemocracia, porque muitos partidos social democratas europeus já se reciclaram em «Ordoliberais», na Grécia, na Espanha, na Itália e na França, o discurso da Socialdemocracia já é este, em Portugal ainda é Neoliberal, mas tenhamos esperança! Dentro dele já se ouvem vozes «Ordoliberais»…
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

Querido leitor(a), vou dizer-lhe uma coisa de que talvez já se tenha apercebido, se por acaso não é um fanático germanófilo, a Alemanha é o país mais visceralmente antidemocrático da Europa, e o seu povo é de um conformismo político impressionante, aceita tudo e não se rebela contra nada, é um povo seguidista, racista e com complexo de superioridade.

António EmídioVejamos o comportamento de alguns alemães célebres:
Hegel, hierarquizou a História, para ele todos os povos foram inferiores desde os egípcios aos persas, passando pelos gregos, em contrapartida a Alemanha era a culminação do espirito universal, e o único homem livre era o homem alemão.
Hengels, disse que o destino dos países de Leste Europeu era serem colonizados pela Alemanha. Isto foi dito por um senhor que apregoava o internacionalismo operário…
Marx, segundo consta não era um grande patriota, da Alemanha não gostava muito, mas durante a guerra Franco-Germânica, que foi a Alemanha a provocá-la, disse que a França necessitava de uma sova, porque se a Alemanha vencesse, as ideias marxistas expandir-se-iam melhor.
Os seus líderes desencadearam a I Guerra Mundial, com isso provocaram 18 milhões de mortos.
Hitler, desencadeou a II Guerra Mundial, causou essa guerra 60 milhões de mortos, a mente alemã criou Auschwitz, Dachau e outros campos de concentração. Ainda só foi tudo isto, todo este horror, morte e violência, há pouco mais de sessenta anos, sessenta anos na História é um tempo ínfimo, é tão ínfimo que ainda está presente a vontade de domínio na mente desse povo…
Raynhard Heydrich, o carniceiro de Praga, sofreu um atentado feito pelos resistentes checos durante a II Guerra mundial, não morreu, mas ficou ferido, não permitiu que nenhum médico local o tratasse, mandou ir um da Alemanha, enquanto chegou e não, morreu ele! Este Nazi devia «adorar» professores, digo isto porque num discurso saiu-se com esta: «temos de ajustar contas com os professores checos, porque o corpo docente é um viveiro de oposição».
Fim da Segunda Guerra Mundial, com a Alemanha dividida o perigo de um novo confronto bélico desapareceu, anos 90, com a Alemanha unida regressou a sua ambição desmedida e a sua arrogância. Esta nova ambição, vontade de domínio e racismo estão concentrados em Angela Merkel, tornou-se dona e senhora da Europa, da burocracia e dos senhores de Bruxelas que se limitam única e simplesmente a obedecer-lhe. O que é que ela quer? A nível económico reformas estruturais nos países do Sul da Europa, Grécia, Itália, Espanha e Portugal e, como quem não quer a coisa deitando os olhos para a França e Bélgica. Em seis pontos condensarei essas reformas que ela deseja:
1º – Venda de empresas estatais, ou seja, privatizações dos sistemas de saúde, ensino, transportes e segurança social.
2º – Destruição dos direitos e protecção do emprego, leis laborais injustas para o trabalhador.
3º – Baixos salários para quem trabalha e redução no valor das pensões de reforma, reduções escandalosas.
4º – Leis feitas simplesmente para proteger empresários. (grandes empresários e multinacionais principalmente alemãs)
5º – Destruição do Estado Social.
6º – Formação de Zonas Económicas Especiais, as chamadas Z.E.E.
Se por acaso a senhora Merkel conseguir isto tudo, assistiremos na Europa à exploração de quem trabalha nos mesmos moldes da China e do resto dos países asiáticos. As Z.E.E., são zonas onde as empresas multinacionais, e não só, não pagam impostos, não respeitam as leis de protecção do meio ambiente e as quase inexistentes leis laborais, pode chegar-se a este paradoxo, um trabalhador ser chamado de «boca», não contratado porque os contratos não existirão, no dia 1 de um qualquer mês para começar a trabalhar, e no dia 20 do mesmo mês ser posto na rua sem nada receber, a lei laboral estará feita de maneira que o salário ou outra prestação qualquer só serão recebidas depois de 30 dias de trabalho, antes disso não há direito a qualquer compensação. A lei não diz isso! Isso é um exagero! O senhor é um radical! Chame-me o que quiser querido leitor(a), mas as leis são feitas pelos homens, e conforme as fazem, assim as desfazem. Actualmente o partido do Governo aqui em Portugal não está a preparar um Golpe de Estado Palaciano importando-se pouco com o que a Constituição da República diz! Ou seja com as suas leis? Aí nem precisa de as mudar, passa por cima delas! Resultado disto tudo, querem reduzir quem trabalha a um escravo empobrecido.
Como pôr cobro a isto? Só com os trabalhadores europeus mobilizados contra esta ofensiva da Alemanha e dos seus mercados, exigindo programas verdadeiramente social- democratas, programas socialistas, do Socialismo Democrático, e Trabalhistas (ingleses). Alguns inocentes ainda pensam que se Merkel perder as eleições as coisas mudarão para melhor. Pura ilusão! Os social-democratas irão perder as eleições, mas se por acaso ganhassem, a política para a Europa seria a mesma. O problema é que por trás do egoísmo alemão está a vontade de poder que sempre caracterizou a Alemanha. E agora que os mercados alemães e os seus banqueiros, juntamente com os de outros países ricos movimentam 7 biliões de euros das dívidas dos estados da Zona Euro, a vontade de domínio e poder aumentam!
Dizem os germanófilos que a Alemanha é o país das vitórias, do trabalho, da riqueza, do progresso económico e tecnológico, o país que está acima de tudo e de todos, não a invejo, foi ela que até agora mais derrotas teve nesta Europa, e tudo devido à sua ambição desmedida. Penso que não há-de tardar muito que não sofra outra.

Não posso passar sem comentar isto: aqui na nossa então Vila do Sabugal, durante a Segunda Guerra Mundial, contam-me os mais velhos, só se falava na Alemanha e em Hitler, era a propaganda do Estado Novo a trabalhar, diziam alguns que se Hitler viesse ao Sabugal o levavam para casa!! Desconfio que há por aí alguns que presentemente levavam Frau Merkel, para quê? Eles lá saberão…
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

Nos meus passeios pelo Côa, vêm-me à memória episódios da minha adolescência. Um deles, inesquecível, foi a travessia do Pego (zona do rio Côa junto à cidade) a pé! Sim a pé, era um dia de Inverno, um dia gelado, o rio estava transformado numa estrada de gelo. Então eu, o João Leitão e o João Carriço, temerariamente atravessamos de uma margem à outra.

António EmídioE hoje querido leitor(a)? Presumo, oxalá me engane, que o Côa não voltará a gelar da mesma maneira, todos sabemos porquê, cada vez se acentua mais o Aquecimento Global. Ninguém pode ignorar que uma catástrofe ecológica ameaça o nosso Planeta, a Mãe Terra está ferida e o futuro da Humanidade está em perigo. Quem feriu a Mãe Terra? Um sistema económico cuja lógica se baseia na concorrência entre empresas nesta economia mundializada e, no progresso e crescimento ilimitados. Este sistema de produção e consumo procura a ganância ilimitada, conseguiu com isto fazer a separação entre o homem e a natureza, entre o homem e a Mãe Terra. Esta, a Mãe Terra, é um ser vivo com a qual temos uma relação interdependente e também espiritual (quantos de vós queridos leitores[as] da Diáspora vos lembrais das vossas aldeias, dos vossos campos, dos vossos rios e ribeiros, e até dos animais que povoam as vossas terras), mas o homem tudo transformou numa mercadoria: a água, a biodiversidade, a vida, e até a morte. A desflorestação dos bosques é um autêntico atentado à natureza, só a Amazónia perde por ano uma superfície de perto de seis mil quilómetros quadrados de arvoredo, na África e na Ásia acontece o mesmo. A agricultura industrial envenena com pesticidas os campos agrícolas, estes pesticidas que são produtos tóxicos, estão incorporados na cadeia alimentar, o que comemos está envenenado, o aumento de casos de cancro é uma consequência disto. Há países na Europa cuja contaminação provocada pelas actividades industriais e agrícolas (agricultura industrial) afecta 80% dos seus rios e 50% das suas capas freáticas. Num outro, uma empresa siderúrgica, das maiores da Europa, contamina o Mar Mediterrâneo com toneladas de produtos tóxicos, calcula-se que entre 2007 e 2012, 10.000 pessoas morreram por doenças que tiveram origem nessas emissões tóxicas. Em Portugal, as agressões ambientais matam bastantes portugueses por ano.
A degradação do meio ambiente e a mudança climática atingem presentemente niveis críticos e são uma das principais causas das migrações internas e também externas, na África e na Ásia. Segundo algumas projecções, em 1995 havia aproximadamente 25 milhões de migrantes climáticos, presentemente são 50 milhões, e prevê-se que para o ano de 2050 sejam entre 200 e 1000 milhões de pessoas deslocadas por causas da mudança climática.
A Humanidade está num dilema: ou continuamos com a contaminação, a devastação e a morte, ou entramos no caminho da harmonia e de respeito com a natureza e com a vida. Não há meio-termo.

Querido leitor(a), não tenho saudades do passado, ninguém tem saudades do passado, do passado têm-se boas ou más recordações, tenho saudades de um futuro diferente, de um futuro melhor, de ver a Mãe Terra sarada, mas já não verei, sabe porquê ? Porque para estabilizar o sistema climático é preciso reduzir para metade as emissões de CO2 nos próximos 40 anos!
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

O Capitalismo sem regras posto em marcha por Milton Friedman e seus acólitos, choca com o Liberalismo de economistas como Keynes e até Adam Smith, estes nunca desvincularam a economia da sua dimensão política, social e moral.

António EmídioOs valores sociais e morais já desapareceram por completo dos actuais governantes liberais, melhor dizendo, neoliberais, só assim se compreende que queiram um relançamento económico, um crescimento baseado num retrocesso social e laboral, importando-se pouco ou nada, com os problemas humanos das pessoas.
Esta Europa, Portugal incluído, claro, está a afastar-se de uma economia regulada, de uma Social-Democracia em que tanto contava o capital como a mão-de-obra, e com o Estado a arbitrar os conflitos, lançando leis justas tanto para um lado como para o outro. Era um modelo socialmente justo.
Se um indivíduo ou uma nação, orientam toda a sua vida, todos os aspectos da sua vida, simplesmente para o dinheiro, isso não é vida, é morte! É o que nos acontece presentemente, porque os homens que administram o actual Capitalismo desregulado, só têm como objectivo multiplicar os seus lucros, sabendo que esta liberalização absoluta dos mercados e as privatizações, vão contra a população trabalhadora, ou seja 90 por cento das pessoas, só assim se compreende que os ricos sejam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
O espírito liberal está no seu estertor, foi uma época destas, a época do laissez-faire, que tanto dano causou às classes trabalhadoras, a causa do surgir de pensamentos socialistas, comunistas, social-democratas e anarquistas, de teóricos sociais como Marx, Proudhon e outros. Agora, no actual momento histórico que atravessamos, o mesmo laissez-faire de meados do século XIX está de volta, o que irá dar origem a conflitos, na medida em que os poderosos, ébrios de lucro, não aceitam a justiça, e onde não há justiça há violência.

O dono da Zara (marca de roupa), é tão rico que com a sua fortuna comiam nove milhões de famílias durante um ano! É talvez por causa de coisas destas que Sua Eminência o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, mandou as pessoas, principalmente os católicos a estarem quietinhos e deixarem-se roubar à vontade, mais um entrave à fé, como o é a Macroestrutura da Igreja Católica… Por aqui me fico, receio ter de mandar um qualquer inquisidor para um sítio desagradável…
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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«Hoje, sempre que vos apareça no ecrã da televisão um economista com funções governamentais – não duvideis: eis a face explícita do mal, aquele que levou a Europa à decadência e se prepara para, alegremente, destruir o planeta»; Miguel Real.

António EmídioO jornal Público trazia uma notícia no dia 8 deste mês de Outubro, em grandes parangonas, que dizia o seguinte: «Empresa de que Passos foi gestor dominou fundo gerido por Relvas». Como este há dezenas e dezenas de casos em Portugal, fica então demonstrado mais uma vez, se fosse preciso, que os partidos políticos são correias de transmissão do poder económico. Somos livres querido leitor(a), (já fomos mais) mas isso não impede de cairmos no desemprego, na pobreza e na miséria Sabe porquê? Porque quem manda hoje são os «negócios», as grandes empresas com o seu poder económico, nós temos que ir atrás dos interesses e manobras do Grande Capital Financeiro e dos governantes que a ele se enfeudam, uma elite ignorante e incapaz, que a única capacidade que teve foi entrar para um partido político e servir-se a si mesma, em vez de servir os cidadãos. Esta pequena elite formou então o Estado Neoliberal, cujo procedimento é a acumulação de capital, por isso passa a vida a apoderar-se da riqueza produzida pelos cidadãos que trabalham, conseguindo isso através de impostos e coimas. Com tanto dinheiro nas arcas públicas (que o há!!) aumenta o número daqueles que querem viver do Estado, é essa pequena elite, mas que cada vez cresce mais. Como são ignorantes e incapazes só causam problemas e não têm soluções para nada, então, a primeira coisa que fazem é culpar o cidadão comum, acusando-o de não trabalhar, de ganhar muito, de se reformar cedo, de comprar o que não precisa e, mais uma dúzia de atoardas. Esta é a escola dos senhores que nos governam presentemente.
Fazendo jus agora ao título do artigo, quero dizer que o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, o senhor Mitt Romney apresenta-se como um «homem de negócios», sendo este o maior trunfo em relação a Obama. Esta é a cultura e ideologia empresariais, também conhecida por Neoliberalismo. O fanatismo empresarial é de tal ordem que um dos maiores especuladores do sector imobiliário norte-americano, Donald Trump, fez uma proposta de modificar a Constituição dos Estados Unidos, acrescentando-lhe que só os cidadãos que tenham nascido nos Estados Unidos e tenham tido experiência como homens de negócios ou gestores de empresas privadas, possam ser presidentes dos Estados Unidos.
Um estudo feito nos próprios Estados Unidos mostra que os piores presidentes foram precisamente os homens de negócios que tiveram êxito no sector privado, não há regra sem excepção, a excepção foi Harry Truman. Os piores foram Herbert Hoover, George Bush pai, George Bush filho e Jimmy Carter, estes tiveram «êxito» nos negócios. A aplicação dos modos e princípios de trabalho e orientação de uma empresa privada no sector público, são ineficazes e perigosos. Muitas das grandes empresas privatizadas continuam a ser «alimentadas» pelo Estado, tendo os accionistas e patrões lucros chorudos já que os gastos são mínimos. Os nossos impostos vão para as mãos desses senhores. É assim o Neoliberalismo.

Frau Merkell vem a Portugal no dia 12 de Novembro, segundo as gazetas, escusado será dizer que vem mandar apertar mais o cinto. Era de toda a conveniência que viesse ou no dia 1 de Novembro ou no dia 1 de Dezembro…

O prémio Nobel da Paz este ano foi para a União Europeia, para o ano será para a Troika.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

«Serve-te, Pátria minha, das minhas acções sem a minha presença. Eu, que fui para ti causa da Liberdade serei agora a prova que a tens. Vou-me porque já me distingui mais do que convém».

António EmídioNinguém fez caso nem se comoveu com estas palavras de Cipião o Africano, nem o Povo! Cipião o Africano foi um general e um estadista romano, mas o Senado com inveja dele e também desconfiado, devido às suas excepcionais virtudes, acusou-o de querer converter-se em ditador. Isto é uma prova, e já vem de há séculos, de que a honestidade de um governante causa inveja e desconfiança naqueles que a não têm. A história dá-nos conta do assassínio e do exílio de muitos governantes honestos, defensores dos seus povos e da sua liberdade, homens e mulheres de elevado nível humano, moral, cívico e cultural. Alguns vieram de classes sociais elevadas, outros vieram do povo, vieram de sindicatos e fábricas, por isso sempre os guiou a defesa dos direitos dos trabalhadores. Estes governantes eram aqueles em que o Povo acreditava, eram os melhores, lutavam e davam a vida pelos seus ideais. Nessa altura a política não estava aberta a qualquer cidadão, não que houvesse um entrave à sua entrada, mas a maioria dos cidadãos tinha a noção de que a política era uma missão nobre, reservada aos capacitados, eles, os cidadãos, tinham os seus empregos e deles viviam. Até que a democratização da sociedade abriu a política a um qualquer cidadão, isto só por si não é negativo, mas quais são os níveis humanos e éticos de uma sociedade orientada pela comunicação social, pelo consumismo e pelo lucro? Baixíssimos! Deu-se portanto uma democratização negativa, ou seja, uma democratização contra a própria Democracia, isto é uma das causas da política presentemente estar despojada da sua dimensão ética da sua missão e sentido originais, não passando de negócio, corrupção, privilégios e proveito material. Alguém já viu algum político destes numa cadeia? Onde estão aqueles que gastaram dinheiro mal gasto em coisas inúteis, e que agora culpam o Povo Português da crise? Algum já se demitiu? Nem os erros reconhecem! É ou não verdade que nós cidadãos temos a convicção de que os políticos que elegemos, os nossos legítimos representantes são incapazes de se enfrentar com os poderes não democráticos? Muitos de nós ao depositar o voto, pensamos que ganhe quem ganhar, governe quem governar, as decisões importantes para as nossas condições de vida são tomadas por instituições não democráticas, como os mercados financeiros, os directores das grandes empresas multinacionais e os tecnocratas/burocratas de Bruxelas e Berlim.
Tenho muito respeito e consideração pelos políticos íntegros, que os Há! Homens e mulheres que têm a coragem cívica de seguir o nobre caminho que elegeram, vivem no meio da indiferença e são motivo de escárnio. Jamais esquecerei um caso passado há muitos anos na Assembleia Municipal da então Vila do Sabugal, vi ridicularizar, ser motivo de chacota e de escárnio, um homem bom, um democrata e humanista, um íntegro. Quem os ridicularizou? Um «deputado» para quem a política sempre foi negócio, prebendas, privilégios e proveito material, um oportunista partidário.

O desprezo pela política é profundamente reaccionário. A solução para esta crise não está em renegar a política, mas encontrar homens e mulheres entregues à política que consigam mudar todo este cenário político actual, tendo como paradigma um grande respeito pela Democracia e pela ética. Há muitos!
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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O maior movimento populacional da História de Portugal deu-se entre 1961 e 1974, quando um milhão e meio de portugueses partiu para o estrangeiro à procura de um melhor nível de vida. A população do Concelho do Sabugal ficou dramaticamente reduzida. Vejamos o que dois articulistas do jornal Amigo da Verdade diziam da emigração concelhia em 1962.

António Emídio«Continua em grande ritmo a saída de gente para França. Parece que tal êxodo vai tocando as raias do vício. A escassez agrícola destes últimos anos justifica a permanente busca do dinheiro em parte. Todavia o mal não está no legítimo desejo de procurar uma condição económica mais humana, mas sim na finalidade exclusiva que muitos põem ao abandonar a sua terra. Só uma coisa os determina: a miragem do dinheiro francês. Este pensamento desordenado vai, pouco a pouco, na vida de cada dia tomando consequências sérias. Por cá – quem vê o seu povo vê o mundo todo – as famílias começam a perder o conceito de unidade matrimonial, pois é muito fácil passar-se dos factos consumados à ideia. O marido em França, os filhos e a mulher cá pelas terras, parecem formar, embora aparentemente, lares essencialmente diferentes.
Sob o ponto de vista educacional, a família deixou de ser praticamente uma escola de formação, já que a quase totalidade dos chefes de família se encontram ausentes. Cá andam os filhos à mercê da impotência maternal – salvo raras excepções de algumas. Na ordem social, tendo os filhos recebido praticamente uma autonomia prematura em ideias, vida, irresponsabilidade, com os bolsos atulhados de dinheiro, sem ninguém que os vigie e oriente os passos vão-se habituando a uma faceta de viver que não é real nem o mais próprio para a juventude. E isto é o princípio de tudo… que amanhã se verá!…
(…)
»

Como já escrevi, este artigo vem num jornal concelhio de 1962, o Amigo da Verdade, não traz o nome do autor, mas vem na coluna das Quintas de S. Bartolomeu.

«À hora que vos escrevo o dia está maravilhoso, um sol benéfico espalha os seus raios acariciadores através dos encantadores campos desta risonha aldeia. Sentado ao ar livre num recanto sossegado desfruto a beleza e a graça desta tarde e contemplo um rancho numeroso de rapazes e raparigas que no mais vivo entusiasmo se dedicam à faina da colheita da azeitona. Neste momento chegou junto de mim um amigo, mas dos verdadeiros que acaba de regressar do Sabugal e que me diz: então já sabia que desta vez segue mais pessoal para França?
– Sim?!
– É verdade. Encontrei hoje no Sabugal mais de vinte Casteleirenses a tratar dos seus papéis para saírem. Dizem que ganham lá muito dinheiro…
Repliquei:- Se assim continuamos daqui a pouco não há quem cuide das terras (…) lembrei-me que esta gente se ausentaria certamente porque a agricultura não lhes compensava tantos trabalhos, que se sentiriam desiludidos com a terra e os seus produtos. Realmente a situação do trabalhador rural é pouco animadora e por isso começa a sentir desprezo à terra e ao viver da aldeia e procura ausentar-se em demanda de nova vida, de vida que lhe garanta um futuro mais seguro e cómodo.
(…)
»

Este artigo vem também num Amigo da Verdade de 1962, também não traz nome do autor, vem na coluna do Casteleiro.

O fenómeno da emigração foi o causante do grande despovoamento do Concelho, mas não o foi do seu fraco desenvolvimento económico, político, social e cultural. Vejamos: já em 1926 os colaboradores do jornal «Gazeta do Sabugal», jornal do político integralista do Casteleiro, Joaquim Mendes Guerra, se queixavam do abandono do Concelho e davam a sua opinião para o melhorar. No Amigo da Verdade de 1962, estes dois colaboradores queixavam-se da situação do trabalhador da terra ser pouco animadora.
Ano de 2012: colaboradores deste Blog – Capeia Arraiana – queixam-se da situação do Concelho e opinam qual a melhor maneira para pôr um travão a um retrocesso galopante.
Pessoalmente, creio que das três épocas históricas que mencionei, a actual, 2012, é a mais problemática de todas, porquê?
1º O País está intervencionado. Neste momento podemos considerá-lo um «protectorado» de potências estrangeiras. Perdemos a soberania.
2º Vai ser feita uma nova divisão administrativa em Portugal, sendo como é lógico também abrangido o Concelho do Sabugal. A divisão administrativa foi ordenada do exterior por quem não conhece a realidade do País.
3º A profunda crise económica e os tratados europeus não permitem que Portugal crie riqueza e se desenvolva a todos os níveis desde o económico ao social, passando pelo político. O Concelho do Sabugal também sofre com isso, a recessão também afecta a economia local.
4º O desmantelamento dos serviços públicos no Concelho é uma ameaça séria ao seu equilibrado desenvolvimento.

Conseguiremos ultrapassar estes tempos difíceis? Sem dúvida! Já ultrapassamos outros, mas para suplantar o actual momento só temos uma opção: seguir estes três valores: valores éticos, valores sociais e valores ambientais. Sem estes três valores fundamentais em qualquer Democracia, podemos fazer do Sabugal uma Las Vegas, mas os mais jovens continuarão a sair como saíram no tempo do Estado Novo, com a diferença que não seria a nobreza (classe política dirigente) nem a Igreja que mandariam, mas sim o dinheiro, o dinheiro de um qualquer cacique, produzindo-se novamente uma involução social que nos desumanizaria. As sociedades só têm êxito quando lutam pelo bem comum, e o bem comum não é só material, por cima do materialismo está a qualidade da saúde dos habitantes do Concelho, a qualidade da educação dos nossos filhos, a nossa própria cultura e tradições, a defesa do nosso meio ambiente, o bem-estar dos nossos idosos a qualidade dos nossos escritores e a beleza dos poemas dos nossos poetas e, talvez o mais importante, a erradicação da pobreza. Assim vale a pena viver a vida no nosso Concelho.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Nunca como hoje, desde que foi restabelecida a Democracia nos Países de Leste, Portugal, Espanha, Grécia e também Itália, ela esteve tão ameaçada. Porquê? Porque se não existe capacidade de intervenção real e efectiva dos eleitos democraticamente não há Democracia. E se os próprios eleitos se tornam colaboracionistas de leis e tratados antidemocráticos, mais o perigo se torna real.

António EmídioA Bíblia do Neoliberalismo, do Capitalismo Selvagem é o jornal inglês The Economist. Nos primeiros anos deste século, o Economist aconselhou o então Chanceler Alemão Gerhard Schroder, a quem os trabalhadores alemães chamavam o «empregado da patronal» a reduzir as contribuições dos empresários à segurança social, redução de impostos sobre as suas actividades, diminuir o valor do subsídio de desemprego, diminuir o valor das pensões de reforma e fazer cortes substanciais no sistema de saúde. Disse alguma coisa de novo o Economist? Nada! Esta política está no tratado de Maastricht.
Escrevi um dia aqui no Capeia Arraiana um artigo onde falei sobre o Efeito pingadeira, que em inglês é o Trickle down effect, teoria da gota a gota, ou seja, quanto mais dinheiro tiverem os ricos mais os debaixo receberão!!! Quanto mais livres nos seus negócios forem os ricos, e menos entraves aos empresários, mais postos de trabalho e riqueza criarão para os outros!!! (estamos a notar isso presentemente). Estas teorias, o Efeito pingadeira e o Trickle down effect, têm por meta só o lucro da empresa, o fim do Estado Social, o triunfo da ideologia Neoliberal e o fim da Democracia. Os tratados da União Europeia, onde os povos europeus não tiveram uma palavra a dizer, limitam-se a ser a chave do triunfo deste sistema.
Toda esta austeridade não passa de medidas para beneficiarem as elites, abrindo novos mercados, como a saúde, o ensino, a água, a electricidade, os transportes, a segurança social, as televisões públicas, enfim tudo o que der lucro, mas isto originará exclusão social e desemprego.
O que o BCE por ordem da Alemanha anda a fazer, é a destruir pura e simplesmente a Democracia, é uma cruzada ideológica antidemocrática. É compatível a Democracia com o Neoliberalismo? Vamos perguntar a essa mestra que é a História. Inglaterra século XVIII, foram torturados e enforcados muitos cidadãos acusados de serem agentes da Democracia. O governo britânico quis deixar bem claro aos cidadãos que Liberalismo e democracia eram coisas totalmente distintas.
Século XX, tenho aqui à minha frente a revista dos Neoliberais franceses. Em 1994, fim do século passado, dizia em jornalista que estava a entrevistar Pinochet, um dos algozes da Democracia: «…ele dizia-se do Liberalismo, mas recusando terminantemente o restabelecimento da Democracia».
Século XXI, «Martkconforme Demokratie». Democracia de acordo com os mercados, frase dita pela senhora Merkel. Toda a gente compreende o que isto quer dizer.

A presente desigualdade económica cada vez mais acentuada, proporcionada e causada por leis que cada vez tornam os ricos mais ricos e os pobres mais pobres, o caso dos tratados da União Europeia, são o primeiro sinal da derrota da Democracia e da vitória do Neoliberalismo.
Eu estou muito desconfiado que nos próximos meses irão surgir grandes problemas económicos e sociais na Europa que irão pôr em causa o dogma de que o Euro é irreversível.

«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Este artigo é dedicado aos colaboracionistas. Como símbolo do colaboracionismo ficou o governo de Vichy em França, que colaborou com os ocupantes alemães durante a II Guerra Mundial. Foi considerado o governo da desonra.

António EmídioHá bem pouco tempo, todos nos lembramos disso, poderei mesmo afirmar, no tempo do Portugal Soberano e quando a Democracia estava no Parlamento, presentemente o Povo Português trouxe-a atá à rua, depois de umas eleições sabíamos perfeitamente quem iria exercer o poder Executivo, era o vencedor, ou vencedora do acto eleitoral. Tinha o poder que o Povo lhe outorgava. O que acontece presentemente em Portugal? Acontece que o vencedor, ou vencedora das eleições terá de obedecer cegamente a todas as leis emanadas da Alemanha, caso contrário isso obriga a sansões contra o Povo Português. Chegou-se a uma altura em que a ambição alemã quer controlar todos os Estados Europeus a nível económico, político e cultural, a crise económica não passa de uma boa ocasião para concretizar tudo isto. Mas para o concretizar necessita de colaboracionistas dentro dos próprios países. Será que as lições da História não ensinaram a estes e estas colaboracionistas que a Alemanha é o país mais visceralmente totalitário da União Europeia? E que para nos destroçar já não necessita de Panzeres, Guetos de Varsóvia e Auscwitz? Basta dominar os mercados, como de facto faz? Claro que sabem! Estão é a colaborar com ela porque ideologicamente são a mesma coisa e estão a aproveitar a crise para ensaiar em Portugal uma nova ideologia fazendo do nosso país uma cobaia. A continuar assim, preparemo-nos para a pobreza, nós e os nossos filhos. Só seremos um protectorado da Alemanha enquanto os nossos políticos quiserem, mas pode ser que todos se enganem e haja um novo «desembarque da Normandia», eu pessoalmente acredito que este IV Reich, económico, irá ter o mesmo fim do III Reich militar.
Vamos até aos colaboracionistas. São gente que aceita políticas estrangeiras, mesmo que essas políticas sejam para subjugar e empobrecer os seus povos. Esta gente tem de ser levada a um tribunal, tem de responder pela infâmia.
Colaboracionistas não são só os que governam a nível central, há muitos peões de brega a nível da província que também o são. Vi numa manifestação em que tomei parte no dia 15 de Setembro, um grande pano preto colocado numa parede de um prédio onde se acusava uma senhora «política» de colaboracionista. Perguntei quem era, disseram-me que é alguém que faz da política um negócio.

Ps 1 – As pessoas de agora escutam com a mesma ansiedade e medo as medidas de austeridade propostas pela Alemanha, como as que viveram a II Guerra Mundial ouviam as notícias do avanço das tropas alemãs com todo o seu cortejo de morte e destruição.

Ps 2 – Custa-me dizer isto, mas há gente pertencente a partidos e organizações de esquerda, mas que é tão sofisticada, por isso colaboracionista também, bastando que desse colaboracionismo consiga algum proveito…

Ps 3 – Uma notícia num jornal português «FMI distancia-se da inflexibilidade europeia». Para não dizer alemã. Como já ninguém se entende será que esses dois também já não?
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Terminaram as férias querido leitor(a), é portanto altura de mergulhar não nas belas águas do Mar, de uma frondosa praia fluvial ou de uma bonita piscina, mas nas águas da realidade, águas bem geladas…

António EmídioMÁRIO DRAGHI – O presidente do BCE aproveitou o fim das férias para começar, ou recomeçar a falar «da inevitável redução dos custos laborais que têm que ser levados a cabo nos países em crise para melhorar a sua competitividade». Diz que em Portugal, Grécia e Espanha a «moderação salarial» está muito atrasada. Afirma Draghi que «os estados com elevado nível de desemprego têm de baixar os custos laborais com cortes adicionais». Traduzindo: redução nos salários com o correspondente aumento da jornada laboral e, seis dias de trabalho por semana. O Sábado vai passar a ser dia laboral, o que significa mais redução nos salários, porque esse dia não será remunerado. Porquê tanta admiração nas medidas tomadas por Passos Coelho a nível laboral? Ele limita-se a obedecer aos tecnocratas empregados de Angela Merkel.

MERCADO LABORAL – Queda dos salários em termos reais entre 2003 e 2007: Grécia 14%, Portugal 11%, Alemanha 3%.
O Mercado Laboral querido leitor(a) é similar a todos os outros mercados, lei da oferta e da procura, se há uma grande oferta de um produto, os preços baixam, se escasseia o produto, se escasseia a sua oferta, a tendência dos preços é subir, com a mão de obra a lei é a mesma. Há muito por onde escolher? Há muito trabalhador desempregado? Salários descem. Esta é a razão pela qual Merkel e os seus MerKados querem tanto desemprego na União Europeia. Vejamos: se milhões de trabalhadores são lançados no desemprego, se lhes retiram o subsídio de desemprego, ajudas sociais e a casa onde habitam, aterrorizam-nos de tal maneira que um qualquer empresário passa a ter à sua disposição uma oferta de mão de obra a vender-se por qualquer preço.

JOÃO PROENÇA – Secretário Geral da UGT, criticou as últimas medidas de austeridade do governo dizendo que «…medidas para beneficiar a SONAE, Jerónimo Martins e a Banca» . O senhor João Proença sabe, como qualquer português que trabalha deveria saber, que nos regimes Neoliberais, como o nosso, todo o dinheiro que é tirado aos trabalhadores em forma de impostos ou de redução de salários é para entregar nas mãos dos grandes empresários. Aí está a prova!

MANUEL ALEGRE – Devido a estas últimas medidas de austeridade acusou o primeiro-ministro de revelar «traços de autoritarismo» ao protagonizar um «desafio de desobediência» ao Tribunal Constitucional e de fazer também um desafio ao próprio Presidente da República. Olhe que não Manuel Alegre! O primeiro-ministro não desobedeceu a nada nem a ninguém, e muito menos revelou traços de autoritarismo. Ele obedeceu a quem nele manda, Merkel e os seus Merkados, demonstrou ser um aluno aplicado. Para Merkel, a Constituição Portuguesa é um bocado de papel, e o Povo Português um povo de segunda. Há quem diga, eu também o digo, que o senhor primeiro-ministro é um ultraliberal que consegue ultrapassar pela direita os mais conservadores Neoliberais da União Europeia, mas mesmo assim tem de obedecer…

BOLSA DE LISBOA – A quase totalidade das vinte maior empresas da Bolsa de Lisboa, para fugirem aos impostos que são obrigadas a pagar, têm o seu domicílio fiscal na Holanda! Depois dizem os governantes que todo o que foge ao fisco comete um crime, mas estou a ver que só é crime se forem os cidadãos comuns a fazê-lo…

TROIKA –A TROIKA querido leitor(a), é a inspecção das finanças coloniais alemãs.

«A disponibilidade dos portugueses para fazerem esforços e sacrifícios é muito grande» (Vitor Gaspar). Só não lhe respondo à antiga portuguesa porque não tenho dinheiro para pagar a um bom advogado, nem a um reles, desses de porta de cadeia.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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11 de Setembro de 1973, foi nesse dia que Salvador Allende, presidente eleito democraticamente pelo Povo Chileno, perdeu a vida em defesa da Democracia e do Socialismo democrático, num Golpe de Estado perpetrado por Augusto Pinochet, com o apoio dos Estados Unidos.

António EmídioE porque assassinaram Salvador Allende? Por duas razões. A primeira foi por ser Socialista Democrático, era-o, porque sempre quis, sempre aceitou a Democracia representativa, com a sua natural via eleitoral, assim foi ele eleito. Na América Latina, fortemente dominada pelos Estados Unidos, a quem estes chamavam o seu «pátio das traseiras», ser-se Socialista Democrático e aceitar algumas ideias de Marx, como Salvador Allende aceitava, correspondia a ser um comunista. Não lhe perdoaram estas ousadias. Henry Kissinger, político norte-americano foi peremptório: «temos de nos desfazer de Allende ou não teremos credibilidade perante o resto do Mundo». Então a CIA, com o apoio de algumas multinacionais e da banca internacional, planearam um Golpe de Estado, escolhendo Augusto Pinochet, militar e inimigo acérrimo da Democracia, para tomar o poder, substituir e eliminar Allende. Tudo correu na perfeição para os golpistas no dia 11 de Setembro de 1973. Convém lembrar que os alemães chilenos estiveram também implicados no golpe, porquê alemães metidos nisto? Em alguns países da América latina há colónias alemãs, de alemães fugidos à justiça pós II Guerra Mundial, eu próprio vi uma colónia alemã no centro da Pampa argentina.
Pinochet, um homem cruel, instalou uma ditadura no Chile, ditadura brutal, darei um só exemplo dos milhares de crimes praticados pela ditadura, numas minas ao Norte do Chile, minas de salitre, foram assassinados 3.000 mineiros e ali mesmo enterrados numa enorme vala comum.
Leia agora querido leitor(a), a segunda razão pela qual Allende foi assassinado, verá que lhe fará lembrar alguma coisa…
«Estamos a assistir a um conflito frontal entre as grandes empresas transnacionais e os Estados. Estes últimos vêem-se parasitados nas suas decisões essenciais, políticas, militares, económicas, por organizações mundiais que não dependem de nenhum Estado e não respondem pelos seus actos perante nenhum parlamento nem perante nenhuma instituição que seja garante do interesse colectivo. Numa palavra, é toda a estrutura política do Mundo que está minada». Este foi o discurso de Salvador Allende na Assembleia Geral das Nações Unidas em 4 de Dezembro de 1972. Então, quando foi eleito começou por nacionalizar as riquezas do Chile, retirando-as das mãos de multinacionais. Aqui estão os nomes de algumas delas: Anaconda Copper Mining Company e Kennecott Copper Company- produtores de cobre – os Estados Unidos satisfaziam a partir do Chile 60% das suas necessidades de cobre. Só um pequeníssimo pormenor: o «Deutschebank» era um grande investidor de capitais da Kennecott Copper Company… Outras multinacionais americanas: Mobil Oil, General Electric Company, entre outras. Agora algumas alemãs: BASF, BAYER e AG.
Também havia multinacionais de outros países, mas em menor escala. Todas estas multinacionais exploravam o Povo Chileno e levavam a riqueza obtida para os seus países, por isso o nível salarial era baixíssimo, eram salários de fome, havia privilégios incríveis que beneficiavam essas multinacionais, tinham inclusive acesso aos centros de decisão do poder. As famílias dos grandes oligarcas da então República Federal da Alemã, apoderaram-se de grandes extensões de terra com mais de 5.000 hectares onde tinham trabalhadores agrícolas, explorando estes como nos tempos do colonialismo mais negro.
Querido leitor(a), o Chile foi o primeiro país que serviu de cobaia para as experiências económicas do Neoliberalismo, muitas das medidas tomadas por Pinochet só foram possíveis debaixo da ditadura brutal. Na Europa, querido leitor(a), Portugal está a ser uma cobaia desse mesmo Neoliberalismo.

Tomo a liberdade de dedicar este artigo à memória de Salvador Allende, às vitimas da ditadura de Pinochet e a todos os democratas chilenos. Só espero que um dia alguém no Chile não dedique um artigo como este a um político português, às vítimas de uma ditadura em Portugal e aos democratas portugueses. O mesmo FMI e a mesma Alemanha aqui estão…
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Um dias destes ao entrar num café aqui da Cidade, olhei para o écran da televisão, nele estava o senhor António Borges dando uma «entrevista». Ponho – entrevista – entre aspas, porque na realidade estava a transmitir o que a Alemanha e o FMI lhe mandaram fazer em relação à privatização da RTP. Será que nesta altura ainda há gente que não se apercebeu do poder deste homem em matéria económica e política no nosso País? E ninguém votou nele…

António EmidioNeste artigo não irei falar dos lucros da empresa, ou empresas privadas a quem for dado o negócio da privatização, fala-se em 20 milhões de euros. Irei falar de outra coisa bem pior, o controlo da mente através do écran que os novos donos irão praticar.
Vejamos esta hipotética situação: o governo deseja privatizar o maior hospital público do País, deveria chegar à televisão e dizê-lo aos portugueses, depois os órgãos de comunicação social analisariam a mensagem e tomariam partido, mas seria o Povo Português a dar a sua opinião, dizendo se estava de acordo ou não. Mas tudo seria bem diferente querido leitor(a), funcionaria assim: o senhor primeiro ministro, ou até o senhor António Borges, contactariam com o director de uma empresa, de preferência multinacional alemã, fornecedora de material hospitalar, dizendo-lhe que a privatização do hospital público lhe traria imenso lucro, na medida que seria ela a única fornecedora. A direcção da empresa contactaria os novos directores da privatizada RTP, terá outro nome possivelmente se por acaso se concretizar a privatização, para apoiarem as palavras do senhor primeiro ministro, ou seja a privatização do hospital, e fazia-o porque a empresa fornecedora de material hospitalar era a maior accionista do canal privado saído da RTP! Até nem é complicado, pois não querido leitor(a)?
Novamente o senhor primeiro ministro, ou o senhor António Borges, telefonariam para um correligionário político e dono de um canal de televisão, de jornais e revistas, pedindo ajuda para influenciar o público na opção da privatização, claro que era ajudado! Ninguém depois podia investigar as contas do seu Império, nem muito menos impedi-lo de sair com grandes somas de dinheiro para paraísos fiscais.
O que é então a opinião pública querido leitor(a)? É uma opinião privada dos grandes oligarcas que possuem a maior parte da riqueza de um país, é a opinião da comunicação social e é a opinião do poder político.
Este é o poder da mentira, não consiste em falsear de uma maneira grosseira a verdade, consiste em apresentar uma nova linguagem onde o sentido das palavras está completamente deformado, estando assim ao serviço dos fins do sistema. Exemplo: presentemente quando se fala em despedir trabalhadores, diz-se: optimizar a empresa.
Foi o Fascismo alemão, o Nacional-socialismo, o criador oficial deste tipo de linguagem. Matam-se corpos, mas também se mata o espírito humano quando se lhe retira a capacidade de pensar e de decidir o próprio futuro.

Deixai-me agora dirigir aos social democratas / socialistas democráticos: vós tendes a obrigação histórica de defender a política perante a economia e o mundo financeiro global, tendes a obrigação moral de lutar contra a pobreza, a fome, a injustiça, o desemprego, a corrupção financeira e a impunidade dos ricos e poderosos. Se não fizerdes isto, se não lutardes pela justiça, a História tem todo o direito de vos condenar e chamar-vos colaboradores dos alemães na destruição da Europa Social, e da Europa Democrática, porque com a Alemanha a mandar nem haverá uma coisa nem a outra, Justiça Social e Democracia.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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O «milagre económico» da China passou por milhões de prisioneiros tanto de delito comum, como políticos, enormes Gulags onde esses prisioneiros trabalharam de sol a sol e sem salário, contribuíram para o aumento das exportações chinesas.

António EmidioE donde veio a maior parte dos empresários chineses? Eram os directores desses campos de concentração! No tempo de Mao Tsé-Tung os campos de concentração serviam para os dissidentes aceitarem o sistema ou morrerem. Actualmente são empresas que se pagam a elas próprias exportanto produtos manufacturados pelos presos, não é por acaso que a maior parte das prisões e campos de concentração se encontram numa província do Sul da China, zona onde começou a Revolução Industrial Chinesa.
As autoridades chinesas mantêm a maior discrição no papel económico desempenhado pelas prisões, porque o seu principal importador, os Estados Unidos, proíbem a importação de produtos manufacturados por prisioneiros. Alguns destes campos de concentração têm mais de sessenta mil prisioneiros, tanto de delito comum como políticos. O leitor(a) já viu o que é uma fábrica com sessenta mil operários trabalhando catorze horas por dia, sete dias por semana e sem ter de pagar salários? E todo aquele, que devem ser centenas, que não consegue os objectivos é condenado a trabalho extra às horas das refeições.
Uma empresa ocidental, produtora de vinho, tem enormes vinhas na China onde trabalham prisioneiros chineses, e todo aquele prisioneiro que por qualquer motivo desobedeça minimamente aos guardas é amarrado nu a um poste no meio de uma vinha ao anoitecer. Em pouco tempo está coberto de mosquitos, a única coisa que consegue fazer é gritar… Os directores dos campos de concentração são treinados nas celebérrimas técnicas do Marketing do Ocidente, para as exportações terem sucesso. E os corifeus da comunicação social chinesa não se coíbem de dizer: «temos uma vantagem comparativa. Graças à nossa grande população prisional temos acesso ao grande potencial que representa uma fonte de trabalho muito barata».
A União Europeia ainda há bem pouco tempo não tinha legislação que proibisse a importação de produtos fabricados em campos de prisioneiros, não sei se já tem, mas uma coisa é certa, tenha ou não tenha, muitos desses produtos, para não dizer a maior parte, são vendidos em lojas chinesas nas nossas cidades e nos bairros onde habitamos.
Os grandes capitalistas conhecem as condições laborais infra-humanas que existem na China, mas isso não impede que muitas multinacionais transfiram para lá uma parte considerável dos seus produtos com o único objectivo de reduzir gastos e poder competir melhor nos mercados. Ganância! Só ganância…

Querido leitor(a), a diminuição no valor dos salários dos trabalhadores europeus tem a ver com a concorrência dos «escravos» chineses. Receio que a Europa se transforme num enorme Gulag debaixo das ordens da Alemanha.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Segundo um artigo de Manuel António Pina, publicado no Jornal de Notícias em 23 de Julho passado, parece que um dos «homens de negro» que nos visita de tantos em tantos meses «sugerindo» ao governo o caminho que a economia e a política portuguesas devem seguir, para «bem» dos portugueses, disse que em Portugal «as pessoas são boas». Também Sua Excelência o Senhor Presidente da República afirmou que a «imprensa é muito suave». Estas as razões pelas quais os portugueses não se revoltam devido á actual situação económica.

António EmidioUma coisa é certa, devíamos protestar mais porque nos tiraram a soberania e estão a empobrecer-nos. Os protestos são débeis, tudo não passa de uma manifestação da CGTP de tantos em tantos meses, e de uma greve geral, que de geral tem pouco. Porquê só isto?
Em primeiro lugar tudo se deve a uma «sonolência» da sociedade portuguesa, causada por uma manipulação mental e psicológica, a televisão lixo, o futebol, as novelas e o consumismo desenfreado que a leva a comprar e a acumular mercadorias. Essa manipulação mental vê-se nisto, tenho visto quase todos os dias (propositadamente) quais são as notícias mais lidas num jornal nacional de grande tiragem, aí estão: «Filha de Alexandra Lencastre já namora» – «Mourinho ameaçou e insultou casal espanhol» – «Ronaldo quer Paris Hilton na inauguração da sua discoteca» – «A saia transparente da princesa Letizia». Mais palavras para quê?
Em segundo lugar vem o maniqueísmo político, resultante um pouco da ignorância e muito de uma «orientação» da comunicação social, leva isto a ver as anomalias do partido que está a governar, mas não as causas dessas anomalias, sendo assim, o partido que está na oposição faz o mesmo quando chegar ao poder, sendo depois criticado pelo que de lá saíu por fazer as mesmas coisas que este. Estabelece-se um ciclo infernal que leva as pessoas a afastarem-se da política e até das urnas. Este alheamento afasta da revolta, deixando o caminho livre aos governantes para entregarem a soberania económica e política de Portugal às potências estrangeiras. Leva este maniqueísmo também ao clientelismo político, este clientelismo arruinou Portugal, e continua a arruiná-lo.
Em terceiro lugar vem o medo, medo íntimo deixado por quarenta anos de ditadura. Este medo íntimo está a tomar grandes proporções na medida em que o Estado Neoliberal que presentemente temos, mas que já vem de alguns anos, possui cada vez mais dados sobre a nossa vida, as nossas conversas telefónicas, as nossas amizades, e as nossas ideias políticas e religiosas, já tudo sabe da nossa privacidade. Isto causa medo porque faz lembrar o Estado Policial. A Razão Democrática está anulada pela Razão de Estado! E a Razão de Estado é uma coisa muito elástica, chega a maior parte das vezes onde não deve…Chega ao emprego, e isso causa medo. As leis laborais também servem para afastar as pessoas das revoltas, mas pode ser que tenham um efeito contrário ao que eles pensam…
Estas as razões que eu vejo para a nossa «bondade». A Espanha, a Grécia e a Itália passam pelo mesmo, mas são realidades sociais, culturais e políticas diferentes de nós.
Como dizia Sua Excelência, «A imprensa é muito suave», pudera! Está do lado dos que têm depositado em Paraísos fiscais 21 biliões de dolares!!! (este dinheiro todo, como é natural não corresponde só aos exilados fiscais portugueses, era dinheiro a mais…).

Termino com o que li num cartaz durante uma manifestação em Espanha: «Um cidadão f… a quem não podem f… mais, é um cidadão muito f.. de controlar».
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

Se fizermos desaparecer a memória histórica acerca do Fascismo, isto fará com que novos líderes se acerquem mais a este tipo de política, a esta espécie de ideologia de massas, com matizes próprias dos tempos modernos, que são diferentes dos fascismos do século XX.

António EmidioNa Europa estão a surgir partidos nazis e extremistas de direita, será isto o possível regresso do Fascismo? O leitor(a) poderá dizer-me: não me ofenda! Lá vem você com o seu radicalismo! Isso é impossível, o Fascismo acabou na Europa com a derrota da Alemanha na II Guerra Mundial, já vão quase 70 anos! Querido leitor(a), um bacilo pode ficar dezenas de anos adormecido, mas um dia acorda, que melhor sociedade, que tempo mais propício do que o actual para o bacilo do Fascismo acordar! Porquê? Não só pela crise económica idêntica à dos anos 20 do século passado que levou um louco agitador de cervejarias ao poder através de uma eleição democrática, Hitler, mas principalmente pela crise de valores que atravessa a sociedade europeia, e não só europeia. Os actuais herdeiros do Fascismo mantêm um afastamento em relação a este, mas é um afastamento por estratégia, para melhor se infiltrarem na sociedade. A infiltração é fácil, vivemos na sociedade do Homem Massa, o homem caracterizado pela ausência de espírito. Este Homem Massa é a maior ameaça à Democracia e ao Humanismo, que foram os valores da Europa. Não aceita verdades nem valores, a única verdade que conhece é ele próprio, nunca a da razão. A vida para ele tem de ser sempre fácil se não o for torna-se violento. Não tem opinião própria, segue as opiniões dos Media. Não tem princípios orientadores nem ideais. Quando este homem chega ao poder, a Democracia tende a desaparecer, o actual momento histórico dá-nos exemplos.
O fascismo também não tem ideais nem valores, adapta-se à cultura do seu tempo, vejamos: na Europa Ocidental é laico e anti-Islão, veja-se o massacre da ilha de Utoya e os atentados de Oslo na Noruega. O terrorista Anders Behring Breivik não é anti-semita, antes pelo contrário, o ódio dele é em relação ao Islão, está com os judeus israelitas extremistas nessa luta. Na Europa de Leste é religioso ortodoxo e anti-semita, temos o ataque terrorista há bem pouco tempo, que vitimou judeus israelitas na Bulgária. Na América é religioso fanático e racista. Como vê querido leitor(a), está tudo preparado, desde as mentalidades até ao «inimigo» a abater, para a chegada do líder carismático, um populista qualquer que mobilizará as massas.
A ganância de banqueiros e empresários, os media, as elites políticas corrompidas e a instabilidade dos governos democráticos, contribuirão para o regresso e expansão do Fascismo. Por isso, é cada vez mais urgente que as Democracias se afirmem perante a sociedade, conseguindo esta afirmação somente os políticos e dirigentes que os oriente a Ética Pública, que inspirem confiança e legitimidade.
O actual momento histórico que atravessamos não está a permitir que a sociedade veja um autêntico desempenho ético nos partidos democráticos tradicionais, se assim é, vai buscar fora deles uma resposta.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Folheei algumas páginas de alguns exemplares do jornal concelhio – Amigo da Verdade – do ano de 1961. Li notícias que vieram corroborar esta máxima: não há como conhecer o passado, para compreender o presente e preparar o futuro. Vejamos algumas dessas notícias.

António Emidio«O último censo da população revelou que actualmente o Concelho tem 40.440 habitantes dos quais à data do recenseamento 37.153 estavam presentes e 3.287 ausentes. Em relação a 1950 houve decréscimo de 4.107 habitantes pois naquela data o censo deu para o nosso Concelho 43.513 habitantes, dos quais 1.034 estavam ausentes.
O decrescimento geral, porém é mais acentuado, pois se não tivesse sido a excepcional emigração dos últimos anos, o Concelho devia ter agora uma população de cerca de 50.000 habitantes. E que no período de 10 anos houve no Concelho 10.000 nascimentos e 4.000 óbitos. Donde se conclui que a população devia ter crescido 6.000 habitantes.»
Partiram, e continuarão a partir, os habitantes do Concelho, principalmente os mais jovens. A falta de perspectivas para o futuro a isso obriga. A missão principal dos actuais e futuros eleitos é a criação de condições para a fixação destes jovens.

«A juntar a tantas outras, mais duas casas se fecharam, pois partiram para França a juntarem-se aos seus maridos as sras (…) e seus filhos.»
Esta notícia é de Aldeia Velha, complementa a anterior. Os pontos e parênteses são meus, evitei pôr nomes.

«O ano presente vai ser de franco progresso para o nosso Concelho. Vai ser construído no Sabugal o Palácio da Justiça, para o qual o governo já deu 2.000 contos. A Câmara já comprou o terreno junto ao Largo da Fonte por 150 contos. A obra total deve ficar em cerca de 4.000 contos.»
O Estado Novo o deu, O Estado Neoliberal o levará.

«No dia 17 às 16.30 da tarde, celebrou-se na igreja paroquial Missa por alma do 3º. piloto do “Santa Maria”, barbaramente assassinado quando do assalto àquele barco. Muita gente assistiu ao acto ao qual não faltaram as autoridades civis e militares, testemunhando assim a sua repulsa pelo criminoso atentado.»
(O dia 17 corresponde ao dia 17 de Fevereiro de 1961)
O ano de 1961 foi o ano maldito para Salazar e o seu Estado Novo. Vejamos: o fim dos territórios na India, o começo da Guerra em Angola, a tentativa de golpe de Botelho Moniz, o assalto ao quartel de Beja, o desvio de um avião da TAP que sobrevoou Lisboa lançando panfletos anti-regime, o assalto e ocupação do paquete Santa Maria. É a partir deste ano que cresce a emigração como jamais se tinha visto em Portugal, um milhão e meio de portugueses partirão até 1974.
Reportando-nos agora à notícia do Amigo da verdade, a missa foi uma manifestação de repúdio pelo acto do assalto e desvio do Santa Maria, que ao fim e ao cabo foi um desaire para o Estado Novo e um desprestígio tanto a nível nacional como internacional para o seu chefe, Salazar.

Notícias do começo da Guerra em Angola? Algumas, principalmente de pessoas regressadas às suas terras fugindo aos massacres perpetrados por ambos os lados. No cinema do «Ti Pires», houve uma sessão – cinematográfica – cujo produto de bilheteira foi inteiramente para as vítimas do terrorismo em Angola.

«No Concelho foram estas as percentagens das eleições para Deputados do último domingo: Águas-Belas, 97.6% – Aldeia do Bispo, 90% – Aldeia da Ponte, 99.9% – Aldeia da Ribeira, 100% – Aldeia de Stº.António, 80.7% – Aldeia Velha, 99.3% – Alfaiates, 91.8% – Badamalos, 87.2% – Baraçal, 99% – Bendada, 98.6% – Bismula, 94.3% – Casteleiro, 64.7% – Cerdeira,90.2% – Fóios, 84% – Forcalhos, 89% – Lageosa, 100% – Lomba, 99.9% – Malcata, 75.3% – Moita, 99.9% – Nave, 99% – Penalobo, 100% – Quadrazais, 100% – Quintas, 100% – Rapoula, 100% – Rebolosa, 95% – Rendo, 88.3% – Ruivoz, 90.5% – Ruvina, 100% – Sabugal, 90.1% – S. Estêvão, 99.9% – Seixo do Côa, 90.2% – Sortelha, 100% – Souto, 70.3% – Vale das Éguas, 100% – Vale de Espinho, 73.7% – Valongo do Côa, 90.3% – Vila Bôa, 79.3% – Vila do Touro, 100% – Vilar maior, 94.6%. A percentagem geral do Concelho foi de 92.2%. Muitos dos que não votaram, não o fizeram por estarem ausentes e alguns por já terem morrido. »
As eleições tiveram lugar em Novembro de 1961.
Para aqueles que não conheceram, nem conhecem ainda, qual era o procedimento dos actos eleitorais do Estado Novo, digo-lhes que as percentagens que acabaram de ler são as do Partido do Regime, a oposição teve que desistir por não existirem as condições mínimas de democraticidade que permitissem uma disputa justa. Isto vê-se logo pelas percentagens! Onde estavam alguns líderes oposicionistas? Uns no Aljube, outros no Tarrafal.

Querido leitor(a), por mais imperfeita que seja uma Democracia, é preferível à ditadura mais perfeita.
Adeus e boas férias.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Um tema sempre quente querido leitor(a), falar de política e de políticos no actual momento histórico que atravessamos é sinónimo de incompetência, corrupção e de toda a espécie de malfeitorias, mas nem sempre foi assim, há honrosas excepções, e um dia a política porá fim a todo este estado de coisas.

António EmidioDe onde veio esta animosidade em relação á política e aos políticos? A principal causa vem de uma ideologia, o Neoliberalismo, este conseguiu desqualificar a política e os políticos tanto nos Estados Unidos como na Europa. Ronald Reagan, político ultraliberal tem esta frase no dia da sua tomada de posse como 40º Presidente dos Estados Unidos: «O governo não é a solução para os nossos problemas, o governo é o problema». Os governos são formados por políticos, nos governos faz-se política, com esta frase criticou a política e os políticos. E que políticos criticou? Criticou os homens que defendiam o sentido nobre da política, os homens que respeitavam a Democracia e a Liberdade, os homens que respeitavam os anseios populares. O eco dessa crítica chega à Europa, Margaret Thatcher, uma outra ultraliberal, usa o mesmo discurso. É a partir daí, deste homem nos Estados Unidos e desta mulher na Europa que o poder económico se sobrepõe ao poder político. Aqui também cabem dois homens que contribuíram para este novo tipo de «fazer política», Tony Blair e Gerard Schroder, com a agravante de um ser Trabalhista e o outro Social Democrata. Esta mudança de valores afasta, como não podia deixar de ser, quem na política tinha e tem ideais, ideias e coerência nas opiniões, ou seja, os que sabiam e sabem fazer política.
Com a saída desses homens e mulheres, quem entrou em cena? A mediocridade, aqueles homens e mulheres que aceitaram submeter-se ao poder económico e às suas leis, o mesmo é dizer, à ausência de normas, à desregulação. Tornaram-se uns lacaios do poder económico. Os grandes homens políticos sempre conseguiram o equilíbrio no eterno conflito entre o poder político e o poder económico, só assim os Estados Unidos e a Europa conseguiram todas as suas grandes conquistas sociais e económicas, a chamada «sociedade de bem-estar».
Ao que assistimos agora querido leitor(a) com a maior parte dos homens e mulheres que brincam à política? A esses títeres da poderosa oligarquia? A coisas como estas: «Que se jodan!», frase lançada por uma deputada espanhola no seu Parlamento, referindo-se aos desempregados, com deputados aplaudir freneticamente o seu chefe de governo quando este diz que é preciso mais desemprego! Mais cortes nos salários e pensões! Que é preciso destruir o Serviço nacional de Saúde! Que gozo dá a essa gente aplaudir isto? Só por sadismo… Que gente é esta que passados meia dúzia de anos no governo consegue ter dinheiro suficiente para poder viver faustosamente em Paris e estudar numa das suas grandes Universidades? Gente que quando entrou para a política pertencia a uma normal classe média? Que gente é esta que se humilha perante a Alemanha preferindo viver de joelhos do que morrer de pé? A esses governantes tenho a dizer-lhes que alguém de joelhos é sempre alguém baixo e vulnerável, e que passado algum tempo, precisamente porque quando tinha de estar de pé não soube estar, é desprezado por aqueles que num dado momento serviu em excesso.
Eu sei que a crise económica não foi obra de políticos, mas sei que a permitiram, porque como atrás disse, romperam o equilíbrio entre o poder político e o poder económico, permitindo que este último se apoderasse do poder. Uma coisa também eu sei, esta crise de valores, esta crise política e económica vai ser resolvida por políticos, não o será é pelos actuais que nos governam, será por homens e mulheres possuidores de valores, mas que presentemente estão marginalizados porque a sua postura ética não interessa ao poder económico.
Os povos europeus estão a revoltar-se, não querem aceitar a hegemonia das elites económicas e dos políticos seus cúmplices.

Querido leitor(a), esta «fornada de políticos» é um exemplo flagrante de uma sociedade doente onde impera a ignorância e a mediocridade.
Alguns homens e mulheres que nos governam têm como lema o seguinte: um político pobre é um pobre político! Isto não é ridicularizar ninguém, é uma triste realidade.

«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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«Se observarmos a Alemanha em finais de 2011 desde o exterior com os olhos dos nossos vizinhos, tanto os directos como os mais afastados, veremos que, desde há uma década, Alemanha provoca mal-estar e, ultimamente, também inquietude política (…) a confiança na fiabilidade da política alemã está danificada (…) e quando recentemente vozes estrangeiras maioritariamente estadunidenses (…) exigem à Alemanha um papel de líder europeu, tudo isto também desperta nos nossos vizinhos, mais suspicácia e receios. Desperta más recordações.» (Pequeno extracto de um discurso de Helmut Schmidt a 4 de Dezembro de 2011, no Congresso do SPD – Partido Social Democrata Alemão).

António EmidioA Alemanha tem uma horrível carga histórica atrás dela, comecemos em Bismark com as suas guerras no século XIX e passemos ao século XX com as duas guerras mundiais, a primeira de 1914 a 1918 e a segunda de 1939 a 1945, só estas duas deixaram perto de 80 milhões de mortos! Tragédias difíceis de esquecer aos povos europeus que passaram estas barbáries causadas pela Alemanha.
Na Europa querido leitor(a), existe medo da Alemanha, o seu «milagre económico», uma das economias nacionais mais potentes da actualidade no aspecto tecnológico, político-financeiro e sócio-político, traz grande preocupação. Essa preocupação no momento presente nada tem a ver com uma possível tentativa do domínio da Europa pela Alemanha através das armas como nos séculos passados, isso é impossível nos dias de hoje, não é potência militar para isso, nem as potências militares europeias e os Estados Unidos lhe permitiam uma veleidade bélica. Hoje domina, mas com o esmagamento económico e da Democracia de muitos países da Europa, os países do Leste e do Sul, entre eles Portugal.
Houve uma altura em que o receio dos países europeus em relação à Alemanha se atenuou, e esta passou a ter uma boa imagem internacional, foi na altura dos grandes estadistas alemães como Willy Brandt, Helmut Schmidt, Helmut Kohl, entre outros. A reunificação obriga a abandonar esse «estado de graça», porque enquanto dividida o seu poder político estava limitado, mas unida daria origem a uma grande potência hegemónica, assim é. Não é por acaso que a maior parte dos governos europeus e não só europeus, da altura da reunificação, receberam esta com uma certa frieza, o caso de Thatcher, Mitterrand e Andreotti. A frieza tinha razão de ser, eis que surge Merkel, saída das profundezas de um Estalinismo de Leste, misturado com Calvinismo, que está a levar muitos países europeus, entre eles o nosso, economicamente a um beco sem saída. Desta actual crise económica é ela a única beneficiada, tem crédito barato e fácil, usa de uma brutal usura para com os países seus devedores, Grécia, Portugal e Irlanda, e goza de todas as oportunidades que o Euro lhe traz.
Churchill em 1946 pediu aos franceses para se reconciliarem com os alemães e formar uma espécie de Estados Unidos da Europa. Queria com isto, em primeiro lugar, a defesa comum em relação à União Soviética, depois integrar a Alemanha numa associação ocidental mais ampla, Churchill já previa um ressurgimento alemão. A União Europeia não nasce com o propósito de solidariedade entre os povos europeus, mas sim para diminuir o perigo de uma confrontação bélica novamente causada pela Alemanha. Os Estados Unidos estiveram em todos este processo, por isso se dizia na altura que a Comunidade Europeia seria alemã, debaixo da supervisão dos Estados Unidos. O que é hoje a união Europeia senão o poder alemão? Porque é que os Estados Unidos estão a exigir á Alemanha que assuma o papel de líder europeu? Porque estes querem que o poder político, económico, tecnológico e militar a nível mundial esteja no eixo Washington – Berlim. Não devia ser Washington – Bruxelas? Devia ser, mas isso são outros pormenores…
E a França? Essa não cederá um milímetro da sua soberania a Berlim, nem aceita com bons olhos a liderança da Alemanha, a recordação da II Guerra Mundial, e não só, ainda condiciona a política francesa em relação à União Europeia e à Alemanha. Há quem diga que será impossível uma União Europeia sem o directório Berlim – Paris, mas o problema é que a Alemanha nasceu para mandar, só aceitará esse directório se dela partirem todas as iniciativas político/económicas, Sarkozy foi um exemplo disto. A Europa para solucionar este problema de liderança será dividida em duas? A Alemanha dominará o Leste e a França o Sul? O futuro o dirá.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Alguns historiadores portugueses vêem no século XVII o período de solidificação da decadência política, cultural, científica, económica e social de Portugal em relação aos países da Europa do Centro. Essa decadência pode dizer-se que começa em 1580, final do século XVI, quando Portugal fica debaixo do domínio de Madrid.

António EmidioA partir daí há como que um regresso a nível cultural, a uma mentalidade própria da Idade Média, para isso contribuiu um absolutismo régio, não permitindo as iniciativas locais, municipais e até individuais, o rei tinha o monopólio dos negócios do Império Ultramarino, e a igreja com a sua inquisição, sinónimo de intolerância e perseguições.
Neste estado de decadência estável, embora já bem entrados no Vintismo (1820), a Inglaterra deu-nos uma bofetada que atingiu o País inteiro, o Ultimatum. Não falarei dele, mas sim sobre o impacto que teve em Portugal. Seguiu-se ao Ultimatum uma onda de patriotismo e de indignação, não só a nível da imprensa, mas também em manifestações de rua, havia como que um luto nacional. Dos homens de letras e de ciências saíram os mais vibrantes protestos. Foi nesse período que Alfredo Keil, músico e também pintor, compôs o Hino Nacional, a Portuguesa, esteve na letra do Hino, além de Henrique Mendonça, presumo que Abel Botelho, escritor que escreveu um opúsculo intitulado «Uma Tourada no Sabugal». Guerra Junqueiro escreve o poema Finis Patrie. A estátua de Camões foi coberta por uma faixa negra em todo o País. A rainha Dª. Amélia teve estas palavras quando conheceu o Ultimatum: «Devíamos cair de armas na mão em vez de aceitar tal ultimato».
As forças políticas dessa altura utilizaram o sentimento popular com o fim de açular ódios e paixões? Principalmente os Republicanos? É muito natural que assim tenha sido, a própria História o diz. Quem mais se manifestou foram os estudantes, intelectuais, jornalistas, ou seja, homens de cultura, o povo em si, verdade seja dita, nem sabia onde ficava Angola nem Moçambique, mas sabia que eram pertença de Portugal. As revoluções e os sentimentos patrióticos nascem assim, uma elite culta revolta-se e movimenta um povo. Sem elites não há revoluções, uma revolução é uma substituição de elites. Se falo em revolução é para dizer que o Ultimatum e a onda de patriotismo que lhe seguiu debilitou a Monarquia. Num jornal dessa altura o Rebate, jornal dos estudantes do Porto, escreveu em Abril de 1890: «Morra o Rei! O regicídio passa a ser um direito». De facto, D. Carlos e o príncipe herdeiro são assassinados, mas antes disso acontece o 31 de Janeiro de 1891, tentativa de implantação da República, tentativa falhada, mas que foi originada pelo Ultimatum, este deu maior expressão ao ideal republicano que passados dezanove anos afasta o regime monárquico de Portugal. O mais importante e o que fica, é que houve sentimentos patrióticos e revolta quando Portugal foi humilhado. Segue-se a República com todas as suas contradições, até que os militares, primeiro Sidónio Pais que falha a ditadura por ter sido assassinado, mas que em 28 de maio de 1926, Gomes da Costa consegue implantar, originando com ela o Estado Novo. O que foi o Estado Novo? O Estado de Salazar? Regresso ao passado, ao passado imperial e marinheiro, ao Portugal religioso. A cauda das caudas da Europa, enquanto Fátima era o altar do Mundo!…
Abril, esperança num Portugal novo, num Portugal moderno e europeu, esse sonho durou pouco. A Europa entrou também em crise, e de crise em crise, com má orientação das nossas elites políticas, chegámos à suprema humilhação! Três ou quatro tipos, vindos não sabemos de onde, ganhando principescamente, têm mais poder do que os nossos representantes eleitos democraticamente, ou seja, Portugal perdeu a sua soberania. Sem dúvida que a desordem nas finanças e o endividamento são males crónicos, mas um jornalista do Jornal de Negócios soube apontar o dedo: «Ao longo dos séculos nunca criámos riqueza para pagar os luxos excessivos de uma elite que vive longe da realidade». De uma ELITE… Assim escreveu Fernando Sobral, os jornalistas quando querem, sabem!… E esse luxo excessivo, misturado com corrupção e subsídios europeus traduziram-se nisto em Democracia! Uma percentagem de desemprego impressionante, o pior índice de crescimento dos últimos 90 anos, a pior dívida pública dos últimos 160 anos, a segunda grande onda migratória em 150 anos. Detrás destes números há pessoas, 1.000.000 de desempregados e mais 900.000 que emigraram em 10 anos, entre 1998 e 2008! A isto temos de juntar a ineficácia da Justiça e da Educação.
Os portugueses trabalham, trabalham para o seu futuro e para o de Portugal, mas dá a impressão que voltamos ao tempo de Salazar, político que governou não para satisfazer e atender os desejos e necessidades dos cidadãos, mas para pôr acima de tudo os interesses do Orçamento do Estado, que ia para directamente a uma elite política e económica que parasitava esse mesmo Estado, Melos, Champalimaud, etc. etc. etc.
Os tempos presentes, os tempos da Troika estão a tornar-se mais difíceis do que os do Ultimatum, uma nação belicista, racista, prepotente e insolidária, a Alemanha, está a impor a sua hegemonia política e económica em toda a Europa, e quando a Alemanha sai das suas fronteiras, a História relata-nos coisas terríveis! Alguém disse que há duas formas de conquistar e escravizar uma nação, uma é com espada, a outra com a dívida.
Deixo esta pergunta: será que as nossas elites políticas não conhecem a História?
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Em Portugal é já vício velho os partidos políticos colocarem os seus «quadros» nas chefias intermédias dos organismos públicos. Digo vício velho porque isto já vem dos finais da Monarquia, atravessa a República, continua com o partido único do Estado Novo, a União Nacional, e, sem interregno, entrou pela Democracia dentro até ao presente momento. Neste artigo só me refiro aos pequenos «quadros» não a gestores de institutos públicos.

António EmidioQuero frisar o seguinte antes de começar o artigo propriamente dito: conheci e conheço, homens e mulheres em lugares de chefia intermédia, pequenos «quadros», com uma capacidade, honestidade e humanismo a toda a prova. Honrosas excepções. Compreendido?
O que acontece querido leitor(a), é que em noventa por cento dos casos, os partidos colocam a chefiar os mais submissos, aliás o Estado não premeia o talento, mas sim a submissão, os mais aduladores, os mais espertos, os mais ambiciosos, os sem escrúpulos, os traidores, os medíocres e incapazes, gente com mentalidade de patrão, fazendo do sector que comandam um couto «privado», com resultados catastróficos para o bom funcionamento do serviço e dos interesses dos cidadãos, na medida em que lutam simplesmente pela nobilitação individual. Já Eça de Queiroz no seu tempo, nos finais da Monarquia, desmascarou a Democracia sem valor e sem mérito, vejamos este pequeno diálogo tirado de uma página do seu livro A Capital, onde depois de uma reunião de Republicanos, a personagem principal do livro, Artur Corvelo, diz para um dos assistentes a essa reunião:
– A leitura foi longa.
O outro inclinou-se-lhe para o ouvido:
– É que se não faz nada! Tudo isto é uma história. É palrar, é palrar! Não se faz nada enquanto não se deita o governo abaixo! Eu já disse ao Matias – eu quero ir recebedor para Belém. Eu cá sou franco.
(…)
Nesse tempo o recebedor era o funcionário incumbido de receber e arrecadar impostos.

Se juntarmos a isto, multiplicado por milhares, uma classe política surgida ultimamente com um elevado grau de mediocridade, controlada por uma oligarquia poderosa, uma classe empresarial que procura o lucro fácil e rápido, uma outra classe que vive de expediente e corruptelas, um povo em regressão cultural, que cada vez enche mais os estádios de futebol, que caminha para Fátima a pé e depois anda de rastos nesse mesmo recinto (Joaquim Manuel Correia ao ver no seu tempo uma devota que na Senhora da Póvoa se arrastava de joelhos deixando fundos sulcos na lama do recinto, teve esta frase: «E como esta viam-se muitas, e não houve quem protestasse, se opuzesse em nome da razão e da humanidade, a tão cruéis suplícios e a procissão lá ia continuando, como um pesadelo, vagarosamente.»
Regredir! Regredir! A primeira década do século XXI em Portugal tem sido a todos os níveis, excepto tecnológico, uma regressão de pelo menos meio século. Um povo que delira com as revistas do beautiful people, que percorre os grandes Centros Comerciais olhando extasiado para o glamour das montras onde se abastece de luxo esse mesmo beautiful people, e que à noite não tira os olhos da televisão, não é de admirar que o seu País, Portugal, continue na cauda da Europa, e que tenha perdido a sua soberania, com a agravante de qualquer dia perder a Democracia, passando o Parlamento Português, os nossos eleitos, a estar dependente do Bundestag.
Que fazer! Quando se vê singrar a baixeza cultural e moral? Que fazer! Quando se vêem os dignos, honestos e competentes serem marginalizados e ignorados? Até se compreende quando dizem «para mim acabou» assim me responde um amigo digno, honesto e competente quando lhe digo que é preciso fazer alguma coisa.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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«A Liberdade Sancho, é um dos mais preciosos dons que aos homens deram os céus; com ela não podem igualar-se os tesouros que existem na Terra e no mar: pela Liberdade, assim como pela Honra, se deve lutar e perder a vida»; Miguel de Cervantes.

António EmidioA Liberdade não cabe num só artigo, nem o autor deste é um erudito com capacidade suficiente para aprofundar filosoficamente este tema, mas os grandes rios também são alimentados por pequeníssimos subafluentes.
A falta de Liberdade provoca frustração e produz um elevado grau de infelicidade ao homem, coíbe a iniciativa e a criatividade. Sem liberdade não há progresso. E que progresso traz a liberdade? Aqui dividirei a Liberdade em duas, entre a verdadeira e a falsa, segundo a minha opinião.
Comecemos pela falsa Liberdade, a Liberdade do Neoliberalismo, à qual estamos sujeitos presentemente. Esta falsa Liberdade assenta no individualismo que é a expressão mais radical do Neoliberalismo, vem da Revolução Industrial Inglesa, vem da Escola de Manchester, com matizes próprias da época actual inculcadas pelos discípulos de Milton Friedman, pelos «boys» de Chicago. Diz esta escola que a pobreza é fruto da preguiça e que tudo pode ser alcançado economicamente pelo trabalho e pela perseverança. Não admite ingerências, nem do Estado, nem de qualquer lei ou regra. Essa a razão da actual crise económica que atravessamos, os célebres mercados foram deixados à revelia, dizendo que autoregulavam, pura mentira! Para eles, manchesterianos, ou «boys» de Chicago, a Liberdade é sagrada, cada um só deve confiar em si próprio, isto é Darwinismo social «sobrevivência do mais apto», ou seja, o domínio do fraco pelo forte. Não admitem outro critério que o lucro empresarial ou financeiro e, quem não aceita este espirito de lucro está a cometer uma espécie de pecado mortal contra a ciência económica. Têm um desprezo absoluto pelos Párias da Terra, pelos pobres, pelos desempregados e por quem trabalha. A Liberdade deles consiste em esmagar o outro, e quanto mais o esmagar mais livre se torna. Detestam a classe média, dizem que esta destrói o individualismo, razão pela qual o novo paradigma político/económico a está a destruir na União Europeia. Detestam a Democracia, porque segundo eles, reduz tudo a uma uniformização. Existe somente a Democracia empresarial e financeira. Uma liberdade que só serve para criar injustiças e condena milhões de seres humanos à miséria, ao desemprego e ao desespero, perde a sua legitimidade moral e deixa de ser Liberdade.
Onde está a verdadeira Liberdade? Está na Democracia. Esta Liberdade, a Liberdade Democrática, que posta em prática constitui uma ameaça para aqueles cujo dinheiro lhes permite manipular o jogo democrático, como presentemente acontece. a Liberdade Democrática significa o direito da cada indivíduo decidir sobre a sua própria vida tanto quanto lhe seja possível, a fronteira desse direito está unicamente no direito dos outros, difere da Liberdade Neoliberal, no sentido em que esta última não aceita o direito dos outros, o outro não existe, o outro é um obstáculo a abater e, quantos mais obstáculos forem abatidos, mais livre é o que os abater.
O Estado Social é um alicerce para a Liberdade, e todo aquele que ainda não viu isso, não compreende o que é a Liberdade, a verdadeira Liberdade. Mas chegou a altura de uma mudança, mudança essa que terá como base o aperfeiçoamento da Democracia e da Liberdade Democrática. Alguns exemplos: a percentagem do PIB para gastos sociais deve ser aumentada, terá de haver uma mais e melhor equilibrada distribuição da riqueza, obrigar o sector financeiro a estar debaixo do controlo democrático. As empresas de importância estratégica na economia não devem ser propriedade de accionistas e de jogadores de bolsa. Liberdade de propriedade privada? Sim! Mas até um certo ponto. Todos nós sabemos que as quotizações bursáteis, ou seja, o lucro dos accionistas, sobe na medida em que aumenta a desigualdade social, o desemprego, e se destrói a protecção social. Isto assim não é propriedade privada, é roubo e crime. O leitor(a) já reparou o que é ganhar chorudo dinheiro com um Direito Humano que é a água? Só um sistema corrupto é que se atreve a privatizar a água, um Bem da Humanidade! Em Portugal, o partido do governo já está preparado para dar esse passo.
Este aperfeiçoamento nunca seria eficaz sem um controlo total e absoluto do poder político e económico, controlo democrático, não permitindo e combatendo a corrupção com toda a força da Lei. Quando os governantes se corrompem, em Democracia e em Liberdade, as corrompidas são a Democracia e a Liberdade.

O Homem só se realiza e acede à Liberdade, quando viver na justiça e na verdade.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

Olhando para o Castelo de S. Jorge e para uma das suas encostas, sentado a uma janela de uma vetusta casa do bairro da Mouraria, bairro cheio de História e castelo cheio de História, fiz esta pergunta a mim mesmo: o que é Portugal hoje?

António EmidioUm país economicamente destroçado, mas que teima em encontrar o seu futuro simplesmente na economia. As suas elites políticas e económicas, mesmo as que se dizem democratas, tudo sacrificam pela liberdade dos mercados, desde que ganhem com isso dinheiro e votos… Deixaram de defender o ideal de Liberdade e Humanismo que a Revolução de Abril nos trouxe.
Que é feito de Estadistas como Mário Soares, Álvaro Cunhal, Freitas do Amaral e Sá Carneiro? Independentemente do ódio que suscitam alguns dos que aqui mencionei, suplantam, e nem é lícito compará-los a toda uma série de economistas e engenheiros que presentemente «frequentam» os ministérios. Estes, os novos «estadistas», vêem-nos a nós portugueses como uma cambada de ignorantes e estúpidos, acusam-nos de sermos o principal obstáculo ao desenvolvimento do país, acusam-nos também de sermos os culpados da hecatombe económica que se abateu sobre Portugal. Copiam da América o pior, da Europa o péssimo, esquecendo por isso o papel importantíssimo do Estado na vida e no futuro das populações do interior e também do apoio aos dois milhões ou mais de carenciados que existem presentemente em Portugal.
O Estado deve ser defendido e reformado nunca desmantelado. Que será do nosso Concelho sem o Tribunal, o Centro de Saúde, as Escolas, as Finanças e outros organismos públicos? Que nos acontecerá se um dia se suspender a Democracia Autárquica, como deseja Rui Rio, um dos muitos tecnocratas que ajudou a destruir Portugal política, económica e moralmente? Ficamos entregues a dois ou três Chicos Espertos, talvez daqueles que nunca acreditaram em ideais como a Democracia a Justiça Social e o Progresso. Também a uma espécie de troika à portuguesa que vem à Cidade de mês a mês ver como vão as contas de uma qualquer «Comissão» posta a governar não sabemos por quem. Como se nunca tivesse havido déficit e dívidas de Estados e de autarquias no País e no Mundo…
Estes tecnocratas, engenheiros e economistas, vão-nos retirando cada vez mais direitos, direitos esses conseguidos com a Revolução de Abril. Dividiram profundamente a sociedade portuguesa, os ricos estão cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres. A oligarquia e a classe média alta vivem da especulação de terrenos, usam todos os estratagemas com os bancos para enriquecerem, vivem encostados ao Estado parasitando-o com negócios rentáveis para elas e desastrosos para o Estado. Agora querem os hospitais públicos através de privatizações, destruindo o Serviço Nacional de Saúde. São accionistas das principais empresas públicas estratégicas que foram privatizadas. O seu dinheiro encontra-se bem guardado em paraísos fiscais e na Suiça. Jogam ténis e golfe, fazem regatas no Mediterrâneo, não saem dos ginásios e das clínicas de cirurgia estética.
O resto dos portugueses? Vivem com dificuldades de toda a ordem, milhares e milhares estão desempregados, milhares na pobreza e desamparados pelo Estado. No meio do muito rico e do resto, estão uns tipos que vivem de expediente, servilismo político, pequena corrupção, etc., etc., etc. Resumindo querido leitor(a), uns 300 mil ricos para 10 milhões de pobres!
Dê soluções! Dirá algum leitor(a). Respondo-lhe dizendo que a base está nestes três valores: Ética, Solidariedade e Humanismo.
O que é a vida querido leitor(a) senão a superação permanente de problemas? Quantos não teve Portugal durante a sua História? Tenho esperança em nós portugueses, não em batalhas e revoluções, o futuro a curto prazo não pede isso, pede um regresso aos valores espirituais, voltarmos a saber que o amor é mais forte que o ódio e a morte, voltarmos a ter ideais de justiça, voltarmos a saber distinguir o bem do mal, voltarmos a ter a ideia de qualidade e valor e, muito importante, deixarmos de ser superficiais! Amarmos cada vez mais a Liberdade e a Democracia. Assim voltaremos a ser Nobre Povo e Nação Valente.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

Este artigo foi como que inspirado nos vários artigos que o Mestre Leal Freire, o Paulo Leitão e o José Carlos Mendes têm escrito aqui neste Blog. São os que mais abordam a História e tradições do nosso Concelho.

António EmidioNós portugueses já nos apercebemos que a União Europeia não passou de uma falsa ilusão – mas nunca devemos perder o sonho de uma Europa da cidadania e dos povos – estamos integrados nela, não de alma e coração, mas por obrigação. Por obrigação já assimilámos os «valores» da Europa, o relativismo moral e ético e o individualismo. A nossa desilusão tem sido grande, meçamos essa desilusão:
Portugal, antes do 25 de Abril era dos países menos industrializados da Europa, hoje mantém-se na mesma.
Portugal, antes do 25 de Abril era um país com uma enorme percentagem de analfabetismo, hoje temos aproximadamente quatro milhões de analfabetos funcionais, gente que sabe ler e escrever, mas que não compreende um texto por mais simples que seja.
Portugal, antes do 25 de Abril tinha grandes estádios de futebol e jogadores reconhecidos internacionalmente que ganhavam bons salários. Hoje continuamos a ter grandes estádios de futebol, grandes treinadores tipo «special one», presidentes de clubes corruptos até à medula, jogadores habilidosos com os pés, cuja habilidade lhes garante fortunas pessoais que correspondem a fatias do PIB de alguns países africanos! Aqui subimos uns pontos.
Antes do 25 de Abril, eramos dos países mais pobres da Europa, e com uma diferença salarial impressionante. Hoje continuamos na mesma.
A culpa disto tudo é da Europa? Não propriamente, é de uma elite política e financeira que substituiu os valores da lealdade, da honestidade, da solidariedade e da amizade, pelo dinheiro e pela procura incessante do mesmo, originando uma corrupção brutal que não nos deixou singrar a nível económico, político e moral.
Nesta Europa, mistura de protestantismo, Capitalismo Selvagem, individualismo possessivo e hedonismo parolo, a nossa língua e as nossas tradições são as que resistem, são as únicas que resistem, a uma absorção total do nosso país por parte da Europa. No que se irá transformar uma UE alemã debaixo da supervisão dos Estados Unidos? A uma hegemonia destes últimos, e uma das medidas que tomará, será colocar o Inglês como língua predominante na UE. Portugal, como Nação, irá transformar-se em região, com governo e parlamento regionais. A língua portuguesa continuará a ser ensinada nas escolas, servindo para testemunhar os mil anos de História de Portugal.
Por tudo isto, merecem todo o nosso respeito, admiração e apoio, aqueles homens e aquelas mulheres que preservaram e preservam as nossas tradições e a memória histórica do nosso Concelho, através dos seus estudos, das suas observações e dos seus escritos. Sem estes homens e mulheres, a tradição e a História cairiam nos confins do esquecimento e, nós cairíamos com elas. Passaríamos a ser uma árvore sem raízes.
Também temos de fazer a destrinça entre a verdadeira tradição e a verdadeira História do nosso Concelho, e a falsa! Porque infelizmente nos tempos que correm o espirito mercantilista tudo adultera, não olhando a meios para atingir fins.
A todos os homens e mulheres que lutam pela preservação das tradições e da memória histórica do nosso Concelho, é de desejar que a força do espirito os acompanhe, como acompanhou Joaquim Manuel Correia e Nuno de Montemor, entre outros.
«Escrever história é uma maneira de nos libertarmos do passado». Penso que foi Goethe que disse isto. Esta frase, neste artigo, contém este significado: a libertação do passado significa a transformação económica e social que foi responsável pelo analfabetismo, pobreza, exploração do trabalhador e subdesenvolvimento do Concelho durante décadas. Infelizmente, ainda há quem veja o nosso passado, o passado do Concelho com «miragens», e quem vê com «miragens» o seu passado, constrói com «miragens» o seu futuro.
Toda a transformação política e económica que não inclua a sua dimensão social, humana, ética e ambiental, não é transformação e evolução, é regressão.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

Passos Coelho há uns tempos proferiu umas palavras nada abonatórias para com os desempregados. É natural, a sua «ideologia» tem como base o desrespeito pelos valores sociais e humanos, sendo assim, os desempregados não o preocupam. Para o Neoliberal só existe o poder financeiro e empresarial. Com este pensamento assim está a Europa e Portugal.

António EmidioO Partido Socialista Europeu lançou um programa para que todos os Estados membros da União Europeia ajudem os jovens que estejam há mais de quatro meses desempregados, oferecendo-lhes um emprego e uma formação específica. Este programa tem por lema «o teu futuro é o meu futuro». Compreende-se este lema, o emprego dos jovens afecta toda a sociedade, não permite o crescimento e impede a resolução da crise económica que nós europeus atravessamos. É um novo Contrato Social entre o Estado e os jovens. O desemprego jovem tem um preço exorbitante: custa à União Europeia aproximadamente 90.000 milhões de euros. Era de toda a conveniência investir muito deste dinheiro na criação de postos de trabalho, ajudando assim os jovens e a economia.
O desemprego jovem é sem sombra de dúvida a maior tragédia desta crise, vai-se perder uma geração condenando-a à inactividade. O desemprego é um drama para todos, para os jovens ainda o é mais porque lhes reduz as perspectivas profissionais, não têm um salário para poderem viver autonomamente e constituir uma família, afecta também mais tarde a sua pensão de reforma. Todo este desemprego também afecta as empresas europeias, porque as priva do trabalho de pessoas criativas e já com um certo nível de formação.
Querido leitor(a), o emprego está associado não somente ao sustento, mas também à dignidade. O desemprego prolongado obriga à perca da esperança de um dia encontrar um emprego decente, é uma morte lenta e uma desintegração profunda do sentido da vida.

Agora uma pequena história de uma multinacional: a Coca-Cola ficou com o controlo da Agência Espanhola de Segurança Alimentar, na pessoa de uma executiva de confiança do presidente desta multinacional na Espanha onde há indignação por este facto. Uma multinacional que explora e contamina água potável de aquíferos em zonas pobres como na India e na América Latina, obrigando a deslocações de populações indígenas para ela poder explorar a água à vontade, e que é conivente com o assassinato de sindicalistas que se opõem a tudo isto!!!.
Talvez um dia entreguem a segurança alimentar em Portugal ao Pingo Doce.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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É verdade querido leitor(a), muito deve o nosso País e principalmente o nosso Concelho aos emigrantes. A emigração está sempre ligada à economia, por isso, o «milagre económico» da Europa pós II Guerra Mundial dependeu muito da contribuição dos emigrantes e das remessas que mandavam para casa. Remessas essas que em Portugal correspondiam a 50 por cento do lucro das exportações do País.

António EmidioEste artigo não irá falar da componente económica da emigração no nosso Concelho, mas sim no começo de uma transformação cultural, social e também, em menor grau, política, que esta mesma emigração nos trouxe, principalmente pós Maio de 68 em França.
Foi tremendo o choque cultural de quem saiu de uma região como a nossa, predominantemente agrícola, onde nada havia e nada se passava, onde a luz eléctrica era uma raridade e outras necessidades básicas do homem eram um luxo ao alcance somente de uma pequena classe social e, mesmo esta não nadava num mar de abundância. A Guerra do Ultramar era muito distante e «silenciosa» as cartas dos soldados para as suas famílias eram lidas na maior parte das vezes por outrem, porque o analfabetismo a isso obrigava. Eramos um País isolado que olhava para o Atlântico, para o Império e para o Brasil. O Brasil tinha sido destino da emigração portuguesa desde o século XIX, a Argentina, outro país atlântico, tinha-o sido em princípios do século XX.
O que era a Europa? Uma desconhecida. Para Leste, o mais longe onde chegava a percepção de país e continente era até ao Pirenéus, era a nossa vizinha Espanha, companheira de ditadura, de emigração e de um nacional-catolicismo. Até que um dia alguém nos ensinou o que era a Europa, foram os emigrantes. O mês das suas férias, Agosto, converteu-se num mês de cor e alegria, de Liberdade, de rebeldia e de rechaço ao poder político que nos dominava. Conheciam já a Democracia e a Liberdade. Confrontavam-se à chegada com o mesmo que tinham deixado à partida, o receio de falar de questões políticas e sociais, a repressão sexual e a intransigência religiosa. Isso já não os amedrontava, as jovens já vestiam as suas calças, as suas mini-saias e os seus bikinis (o primeiro que vi no nosso Concelho, e bem atrevido, foi nas margens do Côa, no Roque Amador) amavam e beijavam os seus namorados em público, eles já vestiam os seus fatos calçando ao mesmo tempo sapatilhas, numa altura em que a maioria de nós só vestia o fato ao Domingo com os sapatos bem engraxados para ir à missa. A juventude europeia, principalmente a francesa, já tinha saído à rua com reivindicações anti-autoritárias, feministas e democráticas. O vestuário era importante, o vestuário específico dos jovens era uma afirmação de independência ou até de revolta.
Outro factor importante foi a música, em Portugal já havia grupos rock, grupos de rock português, mas a rádio ainda não os passava com muita frequência. Os jovens emigrantes e, os que aqui estudavam e iam passar uns dias de férias a casa dos pais que estavam emigrados na frança ou na Alemanha começaram a fazer a diferença. No princípio a música mais em voga era a francesa, Adamo, Silvie Vartan, Johnnny Halliday entre outros. Os emigrantes alemães, como a Alemanha estava mais exposta à música Anglo Saxónica já traziam Beatles e Rolling Stones. Dançou-se muitas vezes ao som de Hey jude e Satisfaction. Há outra razão importante para a mudança de música, no princípio a música francesa e também a italiana (esta romântica) eram as dominantes na Europa, mas depressa foram ultrapassadas pela Anglo Saxónica. Isto, os bailes e a música iam contra a decência e contra a pureza de costumes, ambas as coisas vigiadas pela Igreja e pelo Regime. Um baile particular numa garagem, por mais inocente que fosse, e tinha de o ser, podia transformar-se num escândalo. Recordo um dia em que um baile desses foi apelidado pelos senhores do regime como um «baile de putas». Quem dançou e se divertiu não temeu, indignou-se com essa afirmação. Isto querido leitor(a), eram tensões entre gerações, que também as havia nos países democráticos europeus, mas aqui tinham outro cunho.
Quanto à questão da língua, como é natural há um afrancesamento por parte dos emigrantes, mas que não interferiu com a língua autóctone, embora tenham ficado algumas expressões que são empregues em momentos de brincadeira.
Deixo para o fim a questão política, os emigrantes não vieram fazer revoluções, mas a sua indignação e a sua revolta traduziam-se numa rebeldia perante o poder político instituído e uma Igreja rural. Abordava-se a Guerra Colonial, mas muito «subterraneamente». Ouvia-se, mas muito pouco, a canção de protesto francesa. No nosso concelho, presumo que as autoridades políticas não tivessem mandado vigiar os emigrantes receando a subversão política e social, mas nas regiões industriais, aí sim, eram vigiados pela polícia política, compreende-se que assim fosse, subverter operários era diferente de subverter camponeses conservadores.
Com a emigração, assiste-se também ao início de uma mudança no campo social. Alguma da burguesia rural do concelho começou a perder poder económico. Em Portugal, nos finais dos anos sessenta começa uma ténue industrialização, dá-se então a partida do campo para a cidade, juntando a isto a emigração que tinha levado tanta mão-de-obra, os terrenos agrícolas começaram a ficar sem ninguém para os cultivar. Alguns emigrantes compraram esses terrenos. O poder de compra, o dinheiro, passa a estar nas mãos deles, a burguesia rural, alguma dela, começou a empobrecer e teve que procurar outros meios de subsistência.

O Concelho mudou na sua forma de se expressar e até de funcionar, não num ponto de vista político, a luta política era à partida uma causa perdida, mas ganhou-se socialmente, na relação entre homens e mulheres e entre pais e filhos. Também isto devemos aos emigrantes.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Hoje vou abrir uma excepção nos meus artigos, vou falar de algo que me pertence, os meus livros, livros que foram escritos por mim. Também vou ser presunçoso! Para escrever é preciso ter valor, para ter valor é necessário ter valores. Quero com isto dizer querido leitor(a) que quem escreve um livro, um artigo, um poema, ou algo relacionado com literatura, tem de ter valor e valores. Excepto, claro! As canetas mercenárias, as que escrevem para quem mais lhes der, as que estão à disposição de quem mais pagar.

António EmidioVoltemos aos meus livros. Tenho a avisá-lo querido leitor (a), que não são recomendados, nem muito menos apoiados pelos consórcios da indústria da cultura. Compreende-se, são actos vandálicos literários, escritos por um agitador social, sem contar com um fraco estilo literário, inúmeras gralhas e pontuação duvidosa. Mas têm uma coisa, são mais éticos que estéticos, quis construir imagens concretas da vida e contar boas histórias, não escrevi para mercados, nem sei.
Vejamos um pouco do que escrevi num deles já em 2008:
«(…)
– O que é a modernidade?
– É a revolução tecnológica, a revolução informática, a revolução da informação, dos transportes, das mentalidades. Neste mundo moderno já não há mais espaço para o paternalismo do Estado, o Estado social como o vimos nas últimas décadas, tem que desaparecer, esse espaço tem que ser ocupado pelas empresas privadas, mas atenção! – exclamou – empresas essas viradas para a concorrência! Porque se não tiverem capacidade de competirem com as estrangeiras, perdem-se mercados para os nossos produtos e a partir daí vem o desemprego. É preciso que os trabalhadores tenham isso em mente, só os baixos salários podem fazer com que uma empresa seja competitiva, os salários altos aumentam os custos laborais e de produção. Isso reflecte-se nas exportações.
– Mas isso não é socialismo é capitalismo. Todas essas revoluções de que tu falas são dirigidas pelo poder financeiro.
– Chama-lhes o que quiseres, mas cada vez mais os políticos têm que obedecer ás ordens do mercado, e cada vez menos aos anseios dos seus povos, melhor dizendo, cidadãos, estes têm que compreender que vão passar a depender cada vez mais do sector privado, tanto nos salários, na doença, na segurança social e nas poupanças.
– Se bem compreendo, tudo se resume a isto. Baixos salários, desaparecimento do Estado social, privatização de todas as fatias que possam dar lucro, como a segurança social, por exemplo.
(…)»
Este pequeno extracto de um dos meus livros mostra que eles também são uma defesa de um ideal próprio e da sociedade que eu desejo para o meu País, embora este ideal e este desejo colidam com os interesses dos senhores do poder. Não lhes estou sujeito, fiz-me «escritor» não para os bajular, mas sim para enviar mensagens de alerta, dizendo que se não acordarmos como povo, só nos resta o abismo.
Dizia Arthur Rimbaud, poeta francês, que a mão que maneja a caneta tem tanto valor como a que maneja o arado, é uma realidade que não consegue ser vista por aqueles e, também aquelas que vivem cegos pela arrogância, pela vaidade e pela ambição.
Quase todos os homens de letras portugueses, poetas, filósofos, ensaístas, escritores, se preocuparam com Portugal, Portugal para eles foi o tema principal do seu pensamento e dos seus argumentos, Camões, Pessoa, Quental, Oliveira Martins, Raul Proença, António Sérgio, entre outros. António Sérgio também dizia: «a minha arma de combate é só a pena.» Por isso, a palavra dita e a palavra escrita ombreiam lado a lado na nossa História com as grandes obras valorosas que nos distinguiram dos outros povos.
Sou um utópico? Sem dúvida, mas com o passar do tempo, uma vida sem utopia torna-se irrespirável. E a sociedade que não concebe uma utopia e não se agarra a ela, está ameaçada de ruína.
Sou um radical? Sem dúvida, mas se não gritarmos bem alto e bem forte, adormeceremos embalados pelos lindos cânticos, como os da corrupção, do autoritarismo, da ignorância, do consumismo, do lucro, dos lacaios mediáticos do mundo das finanças, dos políticos que se vendem aos mercados, e de todos aqueles que nos vão destruindo.
Os livros são bens da alma, e como as pessoas, também os há bons, maus e péssimos. Os meus livros dei-os quase todos, não me preocupou o lucro, mas sim a mensagem que eles transmitem.
Dizem que a revolução Francesa foi uma revolução de leitores. É uma realidade. Foi impressionante o número de publicações, folhetos e jornais que se publicaram por essa altura, vivia-se uma avidez de leitura. Havia muitas sociedades de leitura e anúncios como este de um sapateiro que colocou à porta da sua pequena oficina um cartaz que dizia: «Aqui lêem-se os jornais em voz alta todas as tardes das sete ás oito.»
Um verdadeiro revolucionário.

Para terminar um pequeno esclarecimento: se por acaso não faço comentários a artigos de outros colaboradores, que gostaria de fazer, e não respondo a pessoas que os fazem aos meus, é porque depois de escritos, e ao tentar enviá-los, não saem dos computadores onde os escrevo, digo computadores porque já tentei em vários e o resultado foi sempre igual. A minha péssima relação com a informática traz-me alguns problemas.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Ainda sei distinguir o trigo do joio querido leitor(a), o sectarismo político e o fanatismo não me cegam, hoje vou falar de alguns homens políticos que eu considero os coveiros do Estado social em Portugal, e os causadores de todo este drama social que padecemos.

Já não somos o povo que fomos, já não fazemos História, vemo-la fazer, e aqueles que a fazem limitam-se a ignorar-nos ou a humilhar-nos, a nossa atitude perante eles é uma atitude de subserviência, principalmente para com a Alemanha. Com esta atitude estamos também a contribuir, não para uma construção europeia, não para a formação de um conjunto de Estados solidários e respeitadores da soberania uns dos outros, contribuímos sim para uma desconstrução europeia, onde as desigualdades entre Estados se agravam cada vez mais. Porque chegámos a este ponto? Porque alguns políticos ineficazes e subjugados pelo poder económico atiraram connosco para os confins da História.
Vejamos o primeiro: JOSÉ SÓCRATES, um tipo sem sensibilidade social que se dizia socialista, aproximou-se mais da ditadura do que da Democracia, com ele aprendemos que a política do posso, quero e mando não pertence só às ditaduras e aos regimes autoritários, este homem mostrou-nos com grande evidência que também a democracia contém dentro dela um enorme potencial coercivo e impositivo. Com ele Portugal começou a regredir a nível económico, social e político. A corrupção grassou impunemente, com ele começou o desmantelamento do Estado social em Portugal. Governou para ele e para quem o manteve no poder.
PASSOS COELHO: está a seguir as pegadas de José Sócrates. A conjuntura permite-lhe ser ainda mais desapiedado social. Um germanófilo em relação à política europeia e nacional. É a quinta-essência do Neoliberalismo, um lacaio do poder económico, tanto português como estrangeiro. Não representa o Povo Português, representa os Merkados, os bancos alemães e os especuladores. Se não fosse a comunicação social controlada enganando a população portuguesa, comunicação social essa que é pertença de alguns barões do PSD e passa a vida falando de vitórias e cantando aleluias ao governo, já o tínhamos posto na rua, somos o Povo Soberano, temos esse direito. Este homem nem governa para ele nem para os que o mantêm no poder, governa para estrangeiros. Está a destruir o Estado social a um ritmo impressionante. As políticas de austeridade que ele adopta estão a levar Portugal para uma catástrofe social idêntica à da Grécia.
CAVACO SILVA: como Passos Coelho, a quinta-essência do Neoliberalismo, vê Portugal a caminhar para o abismo e nada faz para o evitar. Quando entrou para Belém, o fosso entre ricos e pobres era enorme, havia nessa altura dois milhões de pobres em Portugal, vai sair de Belém com o fosso entre ricos e pobres muito mais acentuado, e com os mesmos dois milhões, ou mais, de pobres. Uma ineficácia política absoluta. Aceita a destruição do Estado social e as medidas de austeridade draconianas de Passos Coelho.
A este trio temos que juntar mais um político, DURÃO BARROSO: um homem que ocupa o lugar que ocupa, podia fazer um pouco mais pelo seu País, mas se o lá puseram não foi para isso, foi para obedecer às potências económicas da Europa. Só fala em agressividade económica, competitividade e austeridade, ou seja, fala a linguagem do mais ortodoxo neoliberal, a linguagem de Merkel. Um destruidor do Estado social europeu. Se um dia as coisa mudarem, muda de campo e de discurso, por isso em Bruxelas lhe chamam o «Camaleão». A mais não chega o seu horizonte mental.
E nós querido leitor(a), não seremos os culpados desta gente chegar ao poder? Claro que somos! Em primeiro lugar, 90 por cento dos portugueses que lêem jornais e vêem televisão acreditam piamente no que os corifeus dessa comunicação social lhes dizem, presa fácil para qualquer demagogo. Vivemos obcecados pelo consumismo, pelo materialismo, a maior parte de nós tem passatempos frívolos, somos superficiais, custa-nos pensar… Amamos o hedonismo vulgar e o embrutecimento moral. Resumindo: ficamos satisfeitos com a nossa dose diária de sexo, álcool, droga, de futebol, de tasca, de centro comercial e de grande superfície. Somos filhos do sistema. Controlar gente assim é das coisas mais fáceis para qualquer sistema político, porquê então usar a violência quando se podem controlar cidadãos e doutriná-los através da comunicação social, do marketing e de várias formas de manipulação mental e psicológica? O sistema já conseguiu a segurança necessária para que as suas vítimas, que somos nós, não o desafiem como em outras épocas históricas. Sendo assim, vai abusando.
«A melhor fortaleza dos tiranos é a inacção dos povos»; Maquiavel.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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O ser humano não passa só pela História, cria-a, sendo assim, o único que existe é a História concreta feita pelo homem. Está condenada a ser como ele, conflitos, contradições e lei do mais forte. A História também tem essa grande particularidade, segue sempre o seu caminho para diante, mas não deixa para trás o passado.

António EmidioNo final da II Guerra Mundial as democracias ocidentais, principalmente os Estados Unidos, apoiaram os regimes anticomunistas, que na prática estavam tão privados de liberdade como os regimes comunistas. Assim se salvou Salazar e o seu Estado Novo, assim empobreceu o País, em todos os aspectos. Vejamos o que os políticos americanos nos finais dos anos cinquenta, princípios de sessenta do século passado pensavam e diziam de Salazar e do Estado Novo: Eisenhower «ditaduras deste tipo são por vezes necessárias em países cujas instituições políticas não são tão avançadas como as nossas». O embaixador dos Estados Unidos em Portugal afirmava: «muitos países latinos vivem melhor sob ditaduras benignas». A isto se chama querido leitor(a) «Realpolitik», baseada no egoísmo nacional e não na igualdade de direitos e solidariedade.
Passados quase setenta anos, Portugal está a ser novamente vítima dessa velha «Realpolitik», mas desta vez é vítima da Alemanha. A Alemanha sonha com novos tempos de esplendor, com grandes voos da Águia Imperial. Revelador disto são as palavras do ministro das finanças alemão numa conferência em Berlim «depois do desastre nazi o novo poder alemão na Europa, através da União, criou a segunda oportunidade histórica da Alemanha».
O que é que a Alemanha quer de nós portugueses? Que nos mantenhamos um país devedor para com ela, para com os seus bancos, e compremos os produtos que ela exporta, quer fazer de nós uma espécie de México em relação aos Estados Unidos, não nos quer portanto muito desenvolvidos economicamente, prefere ter-nos como uma espécie de colónia ou protectorado. Mas se por acaso não conseguir efectivar esta política, vai expulsar-nos do Euro. A Alemanha quer a desaparição da Zona Euro, tal como está concebida. Ainda quando o Euro estava em estudo, por volta dos anos noventa, havia sectores de opinião dentro da Alemanha que não eram partidários de incluir os países mediterrânicos (entre eles Portugal) até que as suas economias fossem estáveis, disciplinadas e austeras. Nessa altura cedeu, mas agora é muito bem capaz de se empenhar para que os «indisciplinados» abandonem a zona Euro. Ela é assim que quer, mas as coisas estão a querer mudar… Temos o mesmo tratamento no campo económico, igual àquele que tivemos pós II Guerra Mundial no campo político, querer fazer de Portugal um País subdesenvolvido.
Não só ela, Alemanha, nos retirou a soberania, esse grande banco de investimento, um dos maiores a nível mundial, Goldman Sachs, tem em todos os governos europeus um homem da sua confiança, em Portugal é António Borges, funciona como conselheiro financeiro e é o homem das privatizações, escolhido para estes cargos pelo actual governo. Este homem foi Vice-Presidente do PSD, e também Director do Departamento Europeu do FMI. Eu, chamo a este homem o «Governador» de Portugal, ou seja, é ele que representa a «potência colonizadora» no nosso País, os mercados.
O FMI é um clube de credores, onde meia dúzia de instituições financeiras dominam a economia mundial, mas á frente destas instituições está o banco Goldman Sachs, tentam manter os países endividados para lhes irem roubando as suas riquezas através do pagamento de juros e de privatizações de empresas públicas que passam para as mãos das multinacionais que gravitam à volta do FMI, não é por acaso que António Borges é o homem das privatizações… Considero tudo isto, e todos estes homens que aceitam este estado de coisas, desde António Borges, até ao actual governo português, a versão mais ultrajante da Social-Democracia.
Talvez os governantes portugueses não saibam, mas a primeira condição para que um povo seja respeitado fora das suas fronteiras, é que os seus governantes o respeitem e sirvam. Isto é que é interesse nacional, isto é que é democracia. A nós portugueses não nos respeitam, porque os primeiros a não nos respeitarem são os nossos governantes, aqueles que nós elegemos nas urnas.

Atrás de tempo, tempo vem, as eleições em França e na Grécia já nos enviaram uma mensagem, uma mensagem de Revolução Pacifica que demonstra que a Europa não pode sobreviver só com austeridade, cortes e recortes monstruosos.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, elite é uma minoria social que se considera prestigiosa, tendo algum poder e influência. São pessoas superficiais medíocres e vulgares. Mas também seria injusto da minha parte se não dissesse que as há honradas e que fazem tudo o que é humanamente possível para serem úteis.

António EmidioPós 25 de Abril de 1974, os homens do regime, do Estado Novo, aqui na então Vila do Sabugal, encetaram uma aproximação aos jovens, nova orientação política vinda da ideologia dos governos centrais, e também se aperceberam muito provavelmente de que uma página da História de Portugal acabava de ser virada. Viram então nos jovens os futuros guias políticos e, não só políticos, do País. Nunca tinha pensado que aos 21 anos de idade estaria a falar sobre o divórcio a uma mesa de café com dois homens que um ano antes me queriam levar ao Posto da Polícia, a mim e a outros jovens da mesma idade, por termos atentado contra a moral, ao fazermos um bailarico com umas raparigas numa garagem. Mas voltemos ao assunto das elites. Um dos homens do Estado Novo, numa conversa no Largo da Fonte, disse-me que viesse a Revolução que viesse, mesmo que o prendessem, não mudaria os seus ideais políticos, os do Estado Novo e do seu líder Salazar. Não aceitaria nunca o sistema de partidos, o parlamentarismo, a Democracia, o fim do Império Colonial e o comunismo. Esse homem marcou-me, não pela sua ideologia política, mas pela firmeza dos seus ideais, manteve-os até à morte.
E agora o que é o ideal da maior parte da elite, dessa minoria social que tem poder económico, político e também influência? O dinheiro, e escalar os postos mais altos da sociedade até brilhar como uma estrela no firmamento das «celebridades» políticas. E quando já brilham nesse firmamento, deslumbrados pela cegueira que a arrogância provoca, pensam que o poder é deles, esquecendo que o único e verdadeiro dono é o povo. Se as coisas não lhes correm bem, mudam facilmente de campo político e «servem» com o mesmo empenho o Partido A ou o Partido B. Renegam com uma facilidade tremenda a sua ideologia e aceitam com todo o descaramento este processo político/económico que está a levar Portugal para um subdesenvolvimento, não se importando rigorosamente nada que os trabalhadores e os empregados sejam uma mercadoria qualquer que se utiliza ou se manda para a rua segundo as conveniências de cada momento, não se importam que os seus compatriotas vivam o dia a dia com medo de perder o seu posto de trabalho ou passem a engrossar o número de desempregados e marginados sociais.
Sem uma ética pessoal não pode haver uma ética colectiva, principalmente quando os que atentam contra ela, são essas minorias selectas que um dia chegam ao poder. E, já no poder tratam mal os estratos sociais indefesos, com isto só revelam a sua baixa condição humana e ética. Quem não serve o bem de todos não merece ter o poder.

Levou-me a escrever este artigo, o comportamento ideológico de alguns homens que eu conheci como tendo valores sociais e éticos, mas que a cegueira partidária, o sectarismo o «tacho» e um certo alivio económico, fizeram deles umas pessoas insensíveis aos dramas humanos que nos trouxe esta crise. A política deles, Mundial, Europeia e portuguesa, resume-se à dicotomia Sócrates/Passos Coelho, ao ouvi-los dá a impressão que a vida político-económica da Humanidade nasceu com estes dois senhores e morrerá com eles…
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

António Guterres, ex-primeiro-ministro e presentemente Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, disse numa entrevista que a Europa arrisca «Explosão Social».Passos Coelho, primeiro-ministro, numa reunião com gente do seu partido afirmou que vêm aí tempos de «elevado risco social». Pediu inclusive aos deputados do seu partido que estivessem atentos ao surgimento de problemas sociais nos seus distritos.

António EmidioUma das missões mais difíceis neste tipo de democracia empresarial e banqueira, que presentemente nos rege, é ser agente da autoridade. É dada ao agente uma espécie de autoridade própria de um Estado de Direito Democrático, quando dele pouco existe, obrigando a que na prática do dia a dia a maior parte dos marginais humilhe, agrida e até abata um qualquer agente de autoridade. Mas se por acaso o agente se defender da mesma maneira que for atacado é «abatido» pela comunicação social, acusando-o de falta de profissionalismo. Tema polémico, e compreende-se que assim seja, uns culpam da marginalidade os Estados e governos e outros culpam da marginalidade o próprio marginal. A minha posição? É esta: alguém que torture, humilhe e rapte com um sadismo brutal um trabalhador, de uma bomba de gasolina, ou outro qualquer, um idoso que viva em sua casa calmamente, viole uma criança, ou cometa um crime hediondo, só merece estar entre grades, não no seio de uma comunidade.
Mas este artigo foi escrito para outro cenário, o da «Explosão Social», cujo momento histórico que atravessamos é propício a que isso aconteça. Quando um país como Portugal, não muito populoso, atinge o milhão desempregados, ou até mais, quando a pobreza aumenta diariamente, quando os «privilegiados» que têm trabalho, recebem a maioria deles menos de 600 euros mensais, e muito desse trabalho é trabalho precário, quando o trabalhador tem medo de fazer greve, não seja despedido! Quando os ricos são ainda mais ricos com o dinheiro dos pobres, quando os poderosos banqueiros e financeiros se reformam com milhões de euros que todos nós pagamos, quando a corrupção e a opulência campeiam provocatoriamente de Norte a Sul do país, que fazer? Que fazer quando nos estão a tirar a nossa dignidade como seres humanos? Ajoelhar numa atitude de subserviência? Nunca! Só nos resta lutar! É nisto que os agentes de autoridade deviam pensar quando são transportados nas suas carrinhas, armados e equipados para se enfrentarem com os mais humildes, os mais explorados, os desempregados, e os reformados, numa luta desigual. Será que todos têm os pais, irmãos, esposas e namoradas com óptimos e seguros empregos bem remunerados? Deviam pensar nisto também.
Termino dizendo: maldito seja aquele que vira as armas contra o seu Povo, quando o seu povo pede pão e justiça, porque cada bastonada, ou bala, no corpo de quem pede pão e justiça, é um acto criminoso.

Também sei que há gente que vai para manifestações para se «divertir» partindo e destruindo o que pode, também sei que há agentes de autoridade infiltrados no meio da multidão, vestindo á civil, com ordens superiores para começarem a «festa» na altura que eles virem mais apropriada.

Escolhi este tema para o Primeiro de Maio que hoje se comemora, o Dia do Trabalhador. O trabalhador tem sido o bode expiatório de todos os males que afligem o País, é ele, o desempregado e o funcionário público.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

É notório, só ainda não viu quem não quer ver, que em Portugal há uma estratégia de classe, banqueiros e grandes empresários estão a ultrapassar o Sistema Parlamentar. Quando isso acontece, a Democracia fica extremamente debilitada. Temo, que o tempo que vai de Spínola a António Guterres tenha sido mais um parêntese na História de Portugal…

António EmidioTambém é verdade que Portugal presentemente não está a ser governando por uma classe política, mas sim por tecnocratas a soldo do grande poder financeiro e empresarial. Estes tecnocratas estão a aproveitar-se da crise para lançar «reformas» que estão a debilitar o Estado Social, a precarizar o emprego e a entrarem num processo de subdesenvolvimento do País. Estas políticas beneficiam basicamente os grandes poderes económicos, não só portugueses mas também dos países centrais, como a Alemanha e a França. Impossível chamar-lhes políticos, um político guia-se por princípios, estes não os têm, para eles vale tudo, tudo está permitido. Passos Coelho e os seus ministros são a coisa mais parecida, em alguns aspectos, sublinho, em alguns aspectos, com aqueles ditadores sul-americanos que em finais dos anos 70 do século passado entregaram a riqueza dos seus países aos Estados Unidos e a uma oligarquia autóctone, deixando os seus povos na pior das misérias, tudo isto com o aval do FMI.
Quando por essa altura lia o que se passava na América Latina, ficava impressionado e, nunca me passou pela cabeça que um dia o meu País cairia presa de predadores internacionais. Visitei então um país da América do Sul, do muito que vi, e me contaram gravei isto: onde estava a verdadeira classe política desse país? Alguns homens e mulheres tinham sido assassinados pela ditadura, outros e outras, estavam presos, no exílio, ou votados ao silêncio. Tinham sido substituídos por uma classe de tecnocratas da estrita confiança dos Estados Unidos. Na Europa, presentemente têm que ser da confiança da Alemanha e do FMI.
Diz o primeiro-ministro Passos Coelho que é preciso retirar o Estado da economia e da política. Não deve ser assim, o papel do Estado é voltar já à política e à economia! Retomando as rédeas que abandonou ás mãos de gente incompetente que não é capaz de nos levar a lado nenhum, a não ser para o abismo. Como podemos pagar a dívida ilegítima com estas medidas económicas que são um travão ao crescimento? Para uma economia familiar, o rigor orçamental é motivo de satisfação e até de orgulho, mas para um estado significa a ruína de milhares e milhares de cidadãos, o que acontece em Portugal presentemente.
Se Passos Coelho fosse um político, dizia-lhe que a democracia vai muito mais além do acto eleitoral. A legitimidade dos governos vem da eleição democrática, mas esta legitimidade só se mantém com a fidelidade a um programa (o que não está a ser o caso dele, na campanha eleitoral disse todo o contrário) e com o serviço indiscutível a todos os cidadãos (o que também não é o caso dele). Se assim não for perde legitimidade.

Amanhã querido leitor(a) é dia 25 de Abril. É dia de mostrarmos a nossa insatisfação por toda esta maneira de governar, porque a razão moral e a razão política foram substituídas pala razão económica. Sabe-se que a União Europeia não exigiu uma reforma laboral tão radical como a que está a ser levada a cabo pelos actuais tecnocratas que nos governam, contrária ao Estado Social, Estado Democrático e Estado de Direito. Esses tecnocratas estão a receber ordens da classe financeira e empresarial portuguesa, é esta classe dominante que controla a economia e estabelece as normas segundo as quais actuarão os tecnocratas. Dentro do País a classe financeira e empresarial estão a aproveitar-se.

Quanto ao possível encerramento das Finanças no Concelho, só tenho a dizer o seguinte: quando o Estado abandona uma região, como é o caso do nosso Concelho, economicamente deprimido, com uma população envelhecida e com o êxodo dos mais jovens, alguém virá substituir o Estado. Esse alguém será um conservadorismo serôdio e inerte no pensamento, mas moderno no estilo de vida, o caciquismo e a corrupção. Nada me provocava uma imensa alegria, do que estar enganado…
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

De vez em quando, em alguns dos meus artigos, tenho falado no declive do Ocidente, no fim do Império. Acontece que este tema é um pouco polémico, e para algumas pessoas até provocador, mas eu limito-me a constatar a realidade.

António EmidioE se por acaso o declive do Ocidente já começou, qual a parte do Mundo emergente? A Ásia, e dentro dela a grande potência que é a China. A China está a despertar de um século em que foi dominada e colonizada pelas potências ocidentais, principalmente a Inglaterra, esteve também debaixo do domínio japonês e passou por uma guerra civil prolongada e cruenta, tudo isto fez da China o país mais pobre do Mundo. Com Mao-Tsé-Tung, já no século XX, há um pequeno ressurgimento da China, mas a repressão e uma ditadura brutal, originaram o descalabro económico. Vejamos agora o que foi a China antes de todos estes acontecimentos. A China foi a primeira potência económica durante dois mil anos: no tempo de César Augusto, o Império Romano possuía 8% do PIB Mundial, a China 26%.
Em 1600, século XVII, da China saíram 30% do PIB Mundial, a Europa, incluindo o Império Espanhol, Russo e Otomano, saíram 19%.
Em 1820 a China alcançou 32.95% do PIB Mundial, a Europa, incluindo os impérios Espanhol, Austro-Húngaro e Otomano, 23%.
Foi a primeira potência tecnológica até ao século XIX, foram ilimitados os inventos chineses, muitos deles com séculos de adianto em relação à Europa.
A sua população nestes dois mil anos, oscilou entre os 21 e os 36% da população mundial.
E agora, no limiar do século XXI, já estamos convencidos ou ainda não de que a China pobre já não existe, mas existe sim uma China rica e moderna? Vejamos:
– Já é a segunda potência económica mundial.
– É a primeira potência em matéria de exportações.
– É a segunda potência científica.
– É a terceira potência espacial.
– A expectativa de crescimento da procura mundial de petróleo para 2030 é de 20% mais do que em 2010. O principal consumidor será a China.
– É a primeira potência em crescimento.
– É o primeiro mercado automobilístico, de infra-estruturas, de informática de electrónica etc. Qualquer dia será o primeiro mercado em produtos de luxo, turismo e também aeronáutica.
– É a primeira potência em formaturas, por ano ingressam nas universidades chinesas 28% dos seus jovens, formando-se a maior parte em engenharia e ciências.

Ideologicamente o que é a China? Oficialmente comunista, existe um único partido, o Partido Comunista Chinês. Mas será uma economia socialista de mercado? Será o socialismo de características chinesas? Será uma estrutura capitalista de tipo socialista? Uma coisa é certa, as desigualdades são gritantes, a maioria dos trabalhadores são mão-de-obra escrava, mas dizem que estão dispostos a trabalhar dia e noite…
Na China, pouco ou nada ligam à defesa do meio ambiente.
Não existe Democracia nem Liberdade, só liberdade económica, não política, o que aumenta ainda mais a escravatura. É com tudo isto querido leitor (a) que nós ocidentais temos de competir. Os neoliberais no ocidente já vão dizendo que a concorrência com a China será impossível com sistemas democráticos, onde o homem possa reivindicar os seus direitos.
Será que um dia a China irá chegar a primeira potência mundial? Que conflitos provocará com as potências ocidentais? Só interrogações querido leitor(a)! O Império permitirá? Não atacará militarmente se vir a sua hegemonia desaparecer? Ou será que a China se transformará numa grande potência Neoliberal? A nível económico e político? Digo isto porque presentemente dentro da China existe um novo pensamento que é «China 2030», que consiste num maior desenvolvimento da economia privada e a limitação, ou supressão dos monopólios públicos. Presentemente quem controla todo o processo político e económico é o partido Comunista Chinês, mas quem controlar a economia acabará por controlar o Partido. Deng Xiaoping quis construir o Socialismo passando pelo Capitalismo, mas começo a convencer-me que não constrói um nem outro, talvez construa uma barbárie com corpo de Mao-Tsé-Tung ea cabeça de George Bush. A História o dirá.

Disse no meu artigo Sabugalenses pela Democracia, que iria informando para que a CAMINHADA PARA ABRIL se pudesse realizar. Ficou assim: no dia 25 de Abril, se o tempo o permitir, quem quiser que esteja no Largo 25 de Abril, (Largo da Fonte) entre as 14 horas e as 14 horas e trinta minutos, caminha-se por algumas ruas da Cidade, indo depois até ao Auditório Municipal para um pequeno debate sobre o 25 de Abril.
Se o tempo não o permitir, a concentração será no Auditório Municipal entre as 14 horas e as 14 horas e trinta minutos, dando-se logo começo ao debate.
Querido leitor(a), querido(a) Sabugalense, vamos ter a coragem cívica com esta marcha e debate, a que poderemos também chamar MARCHA PELA DIGNIDADE, para desafiar os que tentam destruir as conquistas de Abril, Democracia e Liberdade, em vez de nos ajoelharmos perante eles, como exigem os espíritos retrógrados, os espíritos da ditadura, da chantagem e do medo.

«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

ant.emidio@gmail.com

Falar de mafiosos e criminosos nos tempos que correm é uma banalidade, todos nós sabemos que esse tipo de gente existe e cada vez está mais espalhada pelo Mundo. É gente sem valor ético, moral e cívico nenhum, mas enchem páginas de jornais, alimentam telejornais e alguns são bem queridos nas nossas sociedades.

António EmidioSe eu chegar ao banco e depositar mil euros «sujos», venda de droga, por exemplo, o funcionário bancário aceita-os com um sorriso, e eu fico cliente do banco. Mas se por acaso lá chegar com mil milhões de euros para depositar, mais tarde ou mais cedo serei dono do banco, já não um simples cliente. Por isso, os banqueiros estão a ficar amedrontados, sabem que muitos grupos criminosos estão a infiltrar-se na actividade bancária e financeira, lavando dinheiro da droga, das armas e da prostituição.
O euro é uma coisa positiva, mas tem dentro dele grandes riscos, riscos a nível de crime económico, não há regras nesta Europa para a circulação do dinheiro, está a tornar-se por isso numa gigantesca máquina de lavagem de dinheiro «sujo». Qualquer um pode ter milhões de euros «sujos» em Lisboa e ir depositá-los a Berlim, não há controlo, ninguém lhe pergunta nada, isto acontece muito e cada vez mais. Não há regras, as finanças estão «sujas» em qualquer parte da Europa. Sabe agora querido leitor(a) porque o Neoliberalismo, a ideologia da União Europeia, não quer regulamentar nem intervir nas questões financeiras?
Há países que começam agora a reagir, o caso da Suíça, há uns anos atrás, quando alguém abria uma conta num banco suíço, ninguém lhe perguntava nada, ficava com um número, e tudo corria bem, hoje já pedem uma série de dados.
Esta Mundialização tudo liberalizou, facilitou o contacto entre criminosos e mercados (grandes empresas multinacionais). A abertura das fronteiras aumentou os movimentos migratórios, os criminosos servem-se destas comunidades de emigrantes para traficarem, principalmente com droga e mulheres, de uns países para outros. Este crime mundializado está a desestabilizar os sistemas políticos e até a alterar o funcionamento das economias locais, das economias dos países. O que fazem os sacrossantos doutores da lei? Nada! O que faz a classe política corrompida? Nada! E o que acontece a uma classe política de homens e mulheres honrados que tentam acabar com este tipo de crime? É humilhada, vilipendiada, desacreditada e até ameaçada nos órgãos de comunicação social, porque estes vivem à custa da publicidade de muito criminoso.
Porquê tudo isto? A crise de 2008, cuja responsabilidade foi atribuída a fluxos financeiros que circulavam pelo Mundo sem controlo, continuam na mesma sem controlo e ainda nada se fez para pôr cobro a isto. Pessoalmente creio que esta situação irá ter um fim, porque o que está a acontecer é um fenómeno moderno, não eterno, ou seja, a economia domina neste momento a política. Aliás, isto é uma ideologia, a ideologia do crime económico que em nada difere da ideologia do crime político, as ditaduras.

E agora uma pequena anedota: numa operação STOP foi interceptado um camião com 2000 quilos de cocaína. O comandante da força militar diz a um subordinado: sargento, aplicamos um bom golpe a estes tipos, apanhamos 2000 quilos de cocaína de boa qualidade, informe a base que recuperamos 1.500 quilos. O sargento chama o cabo e diz-lhe: informa a base que recuperámos 1.000 quilos da cocaína. O cabo transmite para a base: informamos que a operação foi um êxito, recuperamos 500 quilos de cocaína.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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