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Desde jovem aprendi a ver a Guarda e a admirá-la como uma cidade histórica, onde aquele D. Sancho do Foral, com ar de quem domina o espaço, a meus olhos enchia a Praça. Os arcos ao fundo, onde as lojas quase se escondiam do frio e acoitavam qualquer «estrangeiro» que ali passasse sem abrigo, faziam-me sentir acolhida como se a sua proteção me trouxesse conforto. Por tudo isto, eu estremecia sempre que me abeirava daquela Praça Imponente.

Depois, através da sua história, percebi como muitas verdades se podiam confirmar, pelo que ainda hoje, ir à Guarda é um passeio que me agrada, quase direi, me enche a alma. O clima é frio mas as pessoas são quentes e acolhedoras.
Homenageio o seu castelo que ficou para final entre os castelos de fronteira, não por descuido, mas por querer fechar com algum esmero «La Ruta de los Castilhos», do lado de cá, pois irei ponderar a hipótese de fazer uma busca aos castelos dos nossos vizinhos.
GUARDA
Ó Guarda se foste castro
De nome Lancia opidana
Dos Visigodos eras Warda
Teu castelo fiel guarda
Pela coragem que de ti emana.
Castelo em alvenaria de granito
Estilos românico e gótico são teus
Torre de Menagem no alto da colina
Torre Velha, isolada combina
Como se todas olhassem os céus.
A chamada Torre dos Ferreiros,
Apresenta planta quadrangular
E mostra quadros da paixão
Que quer queiramos quer não
Serve para a muralha recordar.
A Porta da Covilhã e a dos Curros
Provam seu longo existir
Pois entre elas a Rua Direita
Mostra-se caminhando perfeita
Para a todo o burgo servir.
No século XIII, Sancho I
Egitânia para aqui transferiu
Como diocese a vila revigorou
Em 1199 foral te doou
Foi isto que a pesquisa descobriu.
Iniciou vigoroso teu castelo
Que dominou a vila e a paisagem
O distinto e altivo torreão
Que de há tempos já cumpria missão
E Afonso II te fez torre de Menagem.
D. Dinis, Fernando e João
Retocam-te e te fortalecem
Torre Ferreiros, Covilhã também
Porta da Erva, como à época convém
De que muitos traços qu’ainda prevalecem.
No séc. XIV muitas portas existiam
Mas em XIX, as muralhas são benefícios
Alguns troços de muralhas demolidas
As suas pedras dali subtraídas
Para a construção de edifícios.
Em 10 Foste Monumento Nacional
Mas a demolição continuou
Em 40 houve restaurações
Até 21 mais remodelações
Pelo que a Torre dos Ferreiros vingou.
Mais lembro que na vila da Guarda
O Tratado de Alcanizes foi planeado
Em século XIII, seus finais
E apesar de aqui deixar pouco mais
Deixo seu castelo homenageado.
E nessa homenagem deixo também o meu abraço às suas gentes.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
E ainda na minha viagem pelos castelos de Fronteira, surge-me Penamacor que não posso de modo algum esquecer. Tornada uma vila com história, Penamacor enleia-se na altivez da sua Torre de Menagem, na beleza da sua “Domus Municipalis”, nas marcas que provam como atravessou as épocas e permaneceu, apesar de muito esquecido pelos tempos. O castelo e fortaleza são ainda sinais de que o passado não pode ser totalmente apagado, uma vez que deixou registos do vigor das gentes ou dos cuidados régios.
Penamacor foi um dos mais poderosos castelos beirões e continua a ser uma porta de passagem para a Reserva Natural da Serra da Malcata que abriga um espécime enriquecedor do património da região: o lince ibérico.
PENAMACOR
Eis que vem Penamacor
De castro romanizado
Onde terá nascido Vamba
Rei godo eternizado
Eis que regressa D. Sancho
Que também te deu foral
E com D. Afonso III
Tiveste Feira anual
Vem então D. Dinis
De visões largas, como se diz.
E no livro das fortalezas
Duarte de armas escreve
Que as obras de remodelação
Torre de menagem descreve
E na guerra da Restauração
A fronteira de Penamacor
Cresceu em Conselho de Guerra
Que aumentou seu valor
Castelo Melhor e Marquês
Reforçaram muralhas que pólvora desfez.
Mais tarde as pedras usadas
Para se fazerem moradas
Mas o Domus Municipalis
Fortaleceu suas fachadas
E no final do século XX
É Monumento Nacional
Que se mantém alerta na vila
Com sua Torre principal
Para que recordemos e sempre
O seu valor monumental.
E lembro ainda a lenda
Que fez surgir o desejado
Como se Sebastião fosse
Pelo povo, ai, tão amado.
Ali foi então acolhido
Como Rei e proclamado
Porém o demo tapa e destapa
Foi descoberto e castigado
Mas Penamacor ainda vence
E a quem o visita, convence.
O meu carinho a Penamacor
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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E venho agora com a minha homenagem ao Castelo de Penha Garcia, mais um Senhor da história e um marco dos tempos. Com a chegada de mais um Solstício de Verão lembramos o dia maior do ano. E falando aqui de Penha Garcia, recordo o bom pão e as boas gentes, sinto a calma do fim da tarde estival, o fresco das regas e o cantar das águas correndo pelas levadas. Terras verdes, puras e belas, onde o calor humano está a ficar empobrecido pela desertificação. É contra ela que temos que continuar a lutar.

PENHA GARCIA
És também Penha Garcia
Um castelo a recordar
Retomamos a pré-história
Com D. Sancho a te marcar
Com o D. Afonso III
Recebes Carta de Foral(1)
Andaste com a Ordem de Cristo
Mas voltaste ao poder real
D. Manuel como convém
Traz Foral Novo também.
Estás num lugar rico
De pré-história registado
A povoação do teu nome
Um castro foi no passado
Eos teus moradores pelo foral
Ficam com regalias marcadas
Tal como em Penamacor
Elas estavam registadas
Tuas gentes bem lutadoras
Das descobertas senhoras.
Depois do séc. XVII
Muitos desaires sofreste
Foste couto, foste concelho
Título que depois perdeste
Caçadores de tesouros
Te foram tratando mal
Não foste classificado
Sem teres culpa para tal
Mas a lenda traz-te magia
Com linda Branca e D. Garcia.
(1) 31 de Outubro de 1256
Também o meu carinho para Penha Garcia
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Castelo Bom é um daqueles marcos da história, maltratado ao longo de muitas épocas, pelas disputas de poder desde os tempos das lutas transfronteiriças que parece terem acalmado com o casamento de D. Dinis (1282) ao recebê-lo como dote. Esse rei, de espírito aberto e ideias firmes, estudioso e perspicaz vê a importância das praças de Ribacôa para a consolidação ou segurança da independência nacional e daí a necessidade de conquistar este Castelo. Logo se seguiu o Tratado de Alcanizes e Castelo Bom inicia um período de glória. Terá sido durante algum tempo um dos lugares de portagem do Reino, na região de Ribacôa. (Côa – Cuda e daí a região transcudana). O desenho de Duarte de Armas, de 1510, deixa-nos o que devemos hoje ainda lembrar.

CASTELO BOM
Ó Castelo Bom, de longe vens
Bem antes de Cristo, te ficou
“Cuda” fronteira natural que tens
Transcudana a zona se chamou
Às caminhadas romanas convéns
Que o diz quem estudou
E assim Ribacôa incluída
Civitas Augusti conhecida.
Visigóticos ali andaram
Como relatam sepulturas
Os mouros também ficaram
Com fuga cristã para as Astúrias
Em séculos abandonaram
De Ribacôa suas terras duras
Mas só em século XI então
Ó Castelo Bom, és de Leão.
Por Galiza então és povoado
Com tal Dª Urraca Senhora
E para foral te ser doado
Muito perdes ou ganhas outrora
Primeiros reis terão tentado
Por vários anos assim fora
É Afonso IX quem foral doa
Tudo se passa em terras Ribacôa.
Longa tua história e renhida
Que o rei D. Dinis vem definir
Com Alcanizes vencida
Condições do tratado reunir
Castelo Bom reconhecida
Fronteira a vencer no porvir
3 anos depois de 1293
Tiveste foral Português.
Como assim tu foste prosperando
E tuas obras continuaram
Pelo reinado de Fernando
Em Santarém te elogiaram
A crise de sucessão passando
O castelo te remodelaram
À Diocese de Lamego foste parar
Mas em ti, muito mais vai mudar.
Teu brilho aos poucos se perdeu
Ainda D. Manuel bem o tentou
Quando Foral Novo te concedeu
Importante futuro se desenhou
Mas s’a honra do povo devolveu
A Invasão Francesa o brilho te levou
Ficou então tudo destruído
Castelo Bom para sempre perdido.
Maria II em Almeida te integrou
E o teu poder se foi perdendo
Tuas pedras o povo levou
Para habitações irem mantendo
Sozinho, o povo te abandonou,
Como o historiador foi escrevendo
E para piorar teu destino
Comboio saiu do teu caminho.
Então a Freineda te juntaram
E a Vilar Formoso também
Outros desaires te molestaram
Que a qualquer castelo não convém
Tão só, isolado te deixaram
E de grande tristeza refém
D’Aldeia Histórica retirado
Mas de Beleza sempre coroado.
A minha admiração por Castelo Bom
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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«La Ruta de los Castillos» fez uma pequena viragem para homenagear também outros castelos de fronteira como: Pinhel, Penha Garcia, Penamacor e Castelo Bom que, não sendo castelos de Aldeias Históricas – que me propus destacar – são também monumentos que gravam em pedra, páginas da História. Portugal com seus castelos foi ganhando glória ao longo de todas as épocas em que, cada pedaço de pedra que se ergue ou ergueu nos recorda valores pátrios reveladores de majestade e coragem, na defesa dos povos e das gentes.

PINHEL
Foste castro pré-histórico
Ó castelo de Pinhel
Com túrdulos ou lusitanos
Desempenhaste teu papel
Vigiaste estrada romana
D. Sancho Foral te doou
Retomaste teu fulgor
Outro rei te revigorou
Aqui referimos D. Dinis
Com Tratado de Alcanizes.
Envolveste antiga vila
Nesse jeito acolhedor
Mantendo-te em alerta
Como poderoso senhor
Mas sofreste derrocadas
Pilhagens e vilanias
Salvando-te D. Manuel
Que tu bem o merecias
Devolvendo respeito ao povo
Concedendo o Foral Novo.
Até mil setecentos e setenta
Crescendo, foste cidade
Foi pena que até XIX
Muito mudou, na verdade
As guerras te molestaram
Perdeste muitos afetos
Assim o tempo foi passando
À espera de novos projetos
Em XX um Decreto te classificou
E mais digno te tornou.
E esse ar imponente
Com tua torre de Menagem
Que alguns chamam de vigia
Lembram a tua coragem
Acolhes quem te visita
Mostrando a dignidade
Na proteção e defesa
De toda a tua cidade
Quem perto ou longe te vendo
Sabe que o estás acolhendo.
O meu respeito a Pinhel
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Trancoso continua ser um dos meus roteiros preferidos. Ainda há muito pouco, voltei a passar nesta terra linda e foi bom rever as suas imponentes torres que tornam a vila, de longos séculos de história, um centro obrigatório de passagem para o norte, nas saídas ou entradas de Espanha. Muitos Espanhóis, ali abeiram na visita às suas majestosas muralhas e na compra de produtos regionais no Centro histórico, onde não faltam os bons queijos da Serra, os licores e o mel da região. Os Portugueses, que ali passam, não ficam sem repetir que Portugal tem muitos lugares encantados e belos, merecedores das nossas visitas. E eu, mais uma vez me sinto feliz por ser portuguesa e poder apreciar, a cada passo, a magnificência de cada palácio, a beleza de cada verde e o azul do Céu português que me encanta.

TRANCOSO
Trancoso é bela terra
No quente coração das beiras
E tu, castelo imponente
De Penedono, Parente
És assim, na verdade
Um ex-libris da cidade.
Erguido sobre um planalto
Guardador do rio Douro
Na raia foste importante
Tal te mantiveste doravante
Como nos reza a história
E nos deixa em memória.
Ao olhar teu brasão
Fácil é reconhecer-te
Bem rodeado ficas
Por freguesias bem ricas
De riquezas e de nomes
Que da história não escondes.
Castelo de fortes muralhas
Pequena me faz sentir
De origem medieval
O que se torna bem normal
Épocas de fortes significados
De nomes bem registados.
Terras de granito e xisto
Justiçam produção
Do teu vinho bem famoso
Que Urraca quer lembrar
De bons terrenos que recebeu
Quando o marido morreu.
Trancoso pequena foste
Muitas batalhas, suportaste
Mas a regra nos faz saber
Que o difícil faz crescer
Com Afonsos floresceste
E d’eles, Foral recebeste.
Feira Franca tu criaste
Com reunião de feirantes
Decerto não esqueceste
Que a Afonso III o deveste
Época áurea em que floriste
Teus bons dotes (de mercador), cumpriste.
Em três dias de folia
De constante compra ou venda
Eis que a Feira Franca anual
Faz criar outra mensal
Outras vendas e trocados
Que nesse tempo eram regrados.
E uma festa majestosa
Nos vem lembrar Isabel
Do grande milagre Senhora
Em que Dinis seu Senhor
Com ela se quis casar
Em Trancoso, e te honrar.
Tal era tua importância
De que destacamos a rigor
Pois nos impõe a verdade
A nova cerca foi realidade
Com este Senhor de vistas largas
Que ampliou tuas muralhas.
E vemos o bairro judaico
Que marcou vida económica
E também a Rua Direita
Que assim ficou dessa feita
E distinguiu seu traçado
Do Medieval assinalado.
Seus muros reedificados
Por D. João, acarinhados
Nas lutas heroicas sofridas
De Castela recebidas
Por defender Mestre de Avis
Assim parece que se diz.
Mostraram sua valentia
As tuas gentes, Trancoso
Nas várias guerras sofridas
Pelos séculos fora, vividas
E D. Manuel, o Venturoso
Com Foral, te fez poderoso.
Mas a vila viveu sempre
Alvores e resistências
Que outras guerras se seguiram
Trancosenses resistiram
E te tornaram sublime
Pois quem te ame, se anime!
No teu majestoso esplendor
Prolongadas tuas muralhas
Cidade digna e lutadora
Altiva e feliz Senhora
Honraste teus habitantes
E continuas a honrar, como dantes.
Assim continuas eufórica
Como n’outros tempos de então
Altiva, livre e cimeira
Cidade de muitas, primeira
Viva laboriosa e feliz
Como qualquer habitante diz.
E da minha admiração
Por isso merecedora
Feliz e Real Senhora
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Belmonte, castelo que conheço desde jovem, Senti sempre, aquele respeito devido, pela paz que me inspirava, pela altivez que mostrava, mesmo quando o visitava com os alunos. Também o vi melhorar e revalorizar com um anfiteatro que o tornou palco de atuações e festas. Sinto sempre ali o espírito dos «Cabral», a força das memórias Sefarditas – agora com Museu Judaico e Sinagoga – a magnitude das muralhas, atualmente enriquecidas e vivas com as Feiras que nos transportam aos tempos medievais, onde ele se impunha alerta, como guarda das gentes e dos povos beirões.Centum Cellas parece continuar essa vigia, quer tenha sido ela prisão, albergaria ou residência. A sua imponência gera também o respeito que devemos a estes guardiões de pedra que distinguem fortemente épocas longínquas, mas de qualquer forma marcantes na vida dos povos.

BELMONTE
Ó Belmonte, agora és tu
Que eu canto em simples voz
O teu coração é serrano
Tua raiz medieval
Viveste com as descobertas
Dos navegadores de Portugal.
Existias com a estrada Romana
Entre Bracara e Emerita Augustas
Fala-se de Afonso Henriques
E em Centum Cellas sua história
Em 1199 o rei D. Sancho
Deixou no foral sua memória.
Pertenceste à Sé da Guarda
Pela doação dum Papa Alexandre
Com os devidos direitos episcopais
Castelo e torre com Dinis construídos
Como em XII ou XII se confirma
O castelo e torre de menagem erguidos.
Alcanizes também viveste
Como tantos teus congéneres
Alargando fronteiras oeste
Mas perdeste com o tratado
O povo extramuros, segundo lemos
Ter-se-ia então alargado.
Na crise da independência
Perdeste parte das muralhas
E por D. João primeiro
Foste depois confiscado
Aberta a Porta da Traição
Quando a Luís A. Cabral doado.
Doado depois por Afonso V
A um Cabral de nome Fernão,
Pai do conhecido Pedro Álvares
Foste Residência Senhorial
E nunca mais deixaste de ser
Da família dos Cabral.
Com baluartes modernizado
Um incêndio te danificou
E ainda em XVIII arruinado
E em XX eras prisão
Mais tarde Monumento Nacional
O IPPAR abriu-te aos espetáculos
Mas não esqueceram os Cabral.
Teu traçado ovalado
De forte pedra granítica
Com vários estilos marcado
E com as armas de Cabral
Não desmereces, ó Belmonte,
Por tudo (o que viveste), castelo de Portugal.
O meu abraço a Belmonte
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Piódão é a aldeia que se segue na minha viagem pelas Aldeias Históricas. E, mesmo não lhe encontrando castelo, versejo-a para que não fique triste. Sua pedra negra e brilhante confere-lhe uma rudeza majestosa, uma simplicidade quase imponente. La Ruta de los CastilLos não perde pois a altivez desta terra linda, encravada no coração da serra, amplia esse colo materno onde muitos dos seus filhos se podem abrigar.

PIÓDÃO
Teu castelo não conheço
Não o vi nem o encontro
Talvez de castro nasceste
Te versejo pois da história
Galo de Prata recebeste.
És imóvel de interesse público
Como Aldeia Histórica
Mais típica de Portugal
Aquele Galo te foi dado
De certo, não há igual.
Pareces escondida, ó Piódão
Se te procuro ansiosa
Demoras a surgir
Aninhada no colo da Serra
Com tua pequenez, a sorrir.
Surges, rápido, na curva
Encastelada em presépio
Simples, fresca e airosa
Num brilho de negras pedras
A receberes-me amorosa.
Numa cor única em domínio
Ruas e casas xistosas
Com teus azuis contornando
Só igual és a ti própria
Tua diferença marcando.
A tal cor que o céu te deu
Da loja que me contaram
Que outra aí não havia
Assim te pintaste de azul
Como o manto de Maria.
Pois se isolada vivias
Recolhida na montanha
Como podias buscar
Outra cor que colorisse
P’ra teus negros alindar?
Mesmo tendo escondido
Matadores de Inês
Admiro-te no presente
Pois ficaste bem pura
Como a água da nascente.
Ao Piódão, o meu abraço
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Monsanto, também tu revelas o poder, a dureza e rigor do granito mas a simplicidade dos “grandes” na tua beleza e altivez doce. Se D. Dinis te concedeu Carta de Feira e D. Manuel te deu Foral, se mais não fizeste foi porque não te deixaram e te derrotaram como se nada valesses já. Mas eu e tantos outros que as pedras valorizam pela sua rigidez simples e baluarte na defesa dos povos, estamos aqui para te enaltecer e te olhar com respeito e meiguice. Ao subir a calçada me sinto pequenina e te admiro na tua rudeza de militar salvando os seus. Obrigada Monsanto pela tua presença amiga, como defensor dos pequenos que te continuam amando.

MONSANTO
Ó Monsanto agora é a ti
Quem eu vigio docemente
A granítica altivez que sempre vi
Faz-me admirar-te fielmente
Margem direita do Pônsul te ri
Te acompanha vivamente
Com meigo e atento olhar
Tua Vila a dominar.
Manténs-te de Atalaia, a vida inteira
Com tua bela torre do Pião
Mostras cisterna e torre sineira
Com teu Galo de troféu, em posição
Lembrada e registada na dianteira
Ainda hoje, desde então
Aldeia mais portuguesa
Por tua dignidade e singeleza.
Pré-histórico romanizado
Esse teu começo seria
E ao tempo reconquistado
Aos Templários doação se faria
Para defender povoado
Em (30 de novembro) 1165 se registaria
É Gualdim Pais com sua coragem
Que ergue torre de menagem.
Erguido em planta poligonal
O terreno te definia a condição
De fora tua planta era oval
E muralhas marcando posição
De dentro a forma não era igual
Era rectangular, como soubemos então
Mas o paiol de pólvora te derrubou
Quando explodiu e a muralha te levou.
Em foral de D. Sancho apareces
No de D. Afonso II também
Nos registos permaneces
O que à tua dignidade convém
Naturalmente mereces
Desde esses tempos de além
Que D. Dinis te reforçou
E na história te registou.
A crise da Independência revelou
Que estiveste com Beatriz
Segundo Fernão Lopes narrou
Segues depois o Mestre de Avis
O livro das fortalezas te registou
Duarte de armas é quem o diz
Com 5 torres e a de menagem
Mas se perderam, são hoje miragem.
Desaires, estragos sofreste
Foste abalado e tomado
Como se nada fosses ou valesses?
Com Marquês das Minas retomado
No Século 19 te enalteceste
Com Lavernier de novo remodelado
Algumas torres demolidas
Mas também outras erguidas.
E vejam o que a lenda vem lembrar
Em que o cerco os sitiados matava
O último trigo deu para alimentar
A última vitela que o povo lançava
Isso fez aos invasores pensar
Que fome ainda não se passava
Pelo que o cerco foi levantado
E o povo, por fim, aliviado.
Em 3 de MAIO, de flores és vestido
Recordas o dia em que foste libertado
As marafonas e o pote florido
Comemoram o dia do cerco levantado
O poder do Concelho foi perdido
Mas isso não te deixa amarfanhado
O decreto de 48 considerou-te afinal
Monumento importante de valor Nacional.
E, escrito o que descobri e registei, aqui deixo a Monsanto e às suas gentes o meu carinho.
A todos desejo continuação de Boas Festas e um Ano Novo com esperança.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Depois de algum tempo de repouso na Serra da Estrela, num lugar que me é muito querido, por vir dos tempos da minha infância e por me fazer sentir mais leve e fresca, volto rumo à Ruta de los Castilhos, para levar a cabo aquilo que comecei. Neste meu deambular pelas Aldeias, Vilas ou Cidades Históricas, é o Castelo que começo por homenagear, mas não posso deixar de o relacionar e enquadrar nas povoações que a ele estão ligadas. Recordo também que, para as pesquisas necessárias, me sirvo de folhetos, livros e registos, que vou adquirindo e que já fazem parte da minha biblioteca pessoal, ou faço consultas online. Idanha é o Senhor que se segue e, para ele, espero ser digno este meu trabalho.

IDANHA-A-VELHA
Se o teu Castelo, ó Idanha
Também é Torre dos Templários,
Se mostras as defesas da Vila (1)
A torre e cerca da povoação,
Pois anima-te ó Idania
Por seres tão importante
Nesse teu sangue beirão.
Se entre Guarda e Mérida
Estiveste na Via da Prata
E como cidade do Alto Império
Mostras, de então, teu valor
As riquezas encontradas
E as construções visigóticas
Consolidaram teu fulgor.
Pois então se vens de Augusto
Com seis torres e duas portas
Se foste Egitânia
Ou com os Muçulmanos Eydaiá
Está visto que vens de longe
Fortemente marcaste,
Com teu longo caminhar.
Em tempo de Afonso Henriques
Foste doado a Gualdim Pais (2)
D. Sancho te confirmou
Com merecida homenagem
Ao Mestre Lopo Fernandes
Desse tempo recolhemos teu nome
Como Torre de Menagem.
Se D. Dinis tua cerca reforçou
E depois D. Manuel
Novo Foral te concedeu
Por que em XVI adormeceste?
Pareceras esquecido
Só em XX voltaste erguido
Com Félix e Júnior renasceste.#
E quero ainda lembrar
Que cunhaste moedas de ouro
E no século XVIII
Como vila foste marcando
E se no séc XIX,
Ainda foste Concelho
Quem tão deserta te deixou ficando?
Considerada aldeia museu
Como Monumento Nacional
Como Riqueza arqueológica
Arquitectónica, prosperaste
Pitoresca, airosa
Com Fernando de Almeida
E Veiga Ferreira continuaste. (3)
Vives na história como marco
Um Monumento Nacional
Que do passado nos orgulha
Altiva mas singela
Para quem lá vive
Ou curioso te visita
És sempre grandiosa e bela.
(1) Vila Medieval.
(2) Mestre dos Templários em Portugal.
(3) Félix Alves Proença e Francisco Tavares Proença Júnior.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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La Ruta de los Castilhos, parou um pouco, para descansarem também as pedras e olharmos todos a Luz que vem do Céu. Sim, urge que a terra, o mar, todo o universo e todos os homens olhem essa luz, que urge voltar a brilhar em todos os corações, numa época em que já não vemos as pedras, nem nos deliciamos com o cheiro da natureza, por falta de tempo. Parece que chegou o tempo em que cada um de nós deve olhar à sua volta. Ao Capeia, a todos os colaboradores, leitores, sabugalenses ou não, deixo os meus votos de um Natal cheio de bênçãos do Menino, que não podemos esquecer, e que cada um olhe também o seu interior e pare para pensar como pode ajudar a salvar o planeta.
À ESPERA DO NATAL
As virgens descuidaram-se
Faltou o azeite nas candeias
E a noite voltou
Tremenda e fria…
O jovem rico
Procurou o Mestre
Porém a riqueza levou-o
De regresso aos seus bens.
… … … … … …
Mas estes não são só os de ontem…
É o egoísmo hodierno
O consumismo atual
O individualismo
Os (des) valores instalados
Que oprimem o homem
O ofuscam
E tiram o brilho às estrelas.
A sociedade
Cada vez mais maltrata
Esquece
Pisa
E multiplica
Os desfavorecidos…
É preciso que o choro lindo
Naquela pequena gruta
Ecoe, rompendo a noite gélida
Como se a última estrela
Deixasse surgir
A luminosidade da Aurora
O céu brilhasse
Pleno de luz
E a esperança voltasse
Ao coração dos gentios,
Dos esquecidos,
Dos abandonados.
Em cada Natal
Se dão as mãos
E os presentes, símbolo de partilha,
Enchem o Céu de Luz,
Mas urge neles imprimir
O espírito de Amor
Do pequenino Jesus.
(De acordo ou não com o acordo começamos a escrever com o acordo, para nos irmos habituando ao acordo.)
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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O branco tule da neblina envolvia a Rebolosa enquanto o sino tocava alegremente em homenagem à Santa Catarina. Também os foguetes nos lembravam que era dia de festa. Fomos amavelmente recebidos pelo Sr. Presidente da Junta sorrindo, como sempre, e sondámos o seu pulsar. Não há dúvida que o coração da terra palpitava no seu olhar, ao falar-nos do orgulho que sente por estar à frente dos destinos desta Aldeia lutadora.

REBOLOSA
A meio da manhã
O Sol adoça a aldeia em festa
Aquecendo os feirantes
Tal como os acompanhantes
Turistas…e possíveis conquistas.
Então não era nas feiras
Nas festas e romarias
Que se descobriam amores
Não era dali que os Senhores
Davam sua permissão?
A Permissão na Rebolosa
Segundo reza a história
É a tal carta passada
Pelo Alcalde certificada
Para o porquinho matar.
Porquinho criado ali
Com farinhas, cereais
Que carne! Que maravilha
A assar na brasa, quentinha
Francamente a nos chamar!
Pãozinho daquele bom
Gentes sãs que acarinham
Carnes de todos os pores
Comidas de tantos sabores
O convívio a aumentar.
E dou comigo a pensar
Nesta terra, a Rebolosa.
Parece distante do Centro
E tanto que tem lá dentro
Como Rei se fez explicar.
Pois é ele, desta vez
O Presidente actual
Que nos recebeu de mão cheia
Pois há ali pé-de-meia
Numa terra abençoada.
Habitantes, mais de duzentos
Mas de tudo ali encontro
Uma Aldeia a lutar
A produzir, a criar
P´ra sua terra crescer.
Sobreviver ao silêncio
Aos lutos da interioridade
Para que a vida não se esfume
E ali a fogueira, o lume
Mostrarem que vale a pena.
E o Presidente continua
Que saneamento já tem
Ruas limpas, calcetadas
E vemos Peñas animadas
Com músicas em chamamento.
Chamamento para os jovens
Outro sonho a descobrir
Na Luta está a Autarquia
Que tudo deseja, tudo cria
Para que os jovens não emigrem.
E a Capeia Arraiana
O ex-líbris da zona
É pensada também para aqui
Tal como eu percebi
Pois que espaço já não falta.
Então a festa será valente
Mais ainda do que é
Lugar de melhor encontro
Tal como vi e vos conto
Para animar Rebolosa.
Rebolosa terra viva
Em luta pelo futuro
Não quer morrer de solidão
Pensa estruturas para o Verão
Para todos se banharem.
Sim, praia fluvial é sonho
Espaços verdes, água fresca
Que se quer realidade
Trazer trabalho de verdade
Para todos abranger.
Tocadores de realejo
Acordeonistas de garra
Anseiam pelo Encontro
E por isso aqui aponto
Pelo que vale lutar.
E a Câmara também ali esteve
O Presidente Robalo
Em seu apoio de Autarca
E isto também nos marca
Que a Autarquia acompanha.
Acompanha e apoia
Como fica bom de ver
E motiva Vereadores
Dr. Marques, outros Senhores
Que marcaram sua presença.
É isso que alicia
Vir à Raia, gente querida
E a Localvisão está sempre
Com Paula Pinto à frente
Da Câmara a comentar.
E fomos de volta à Peña»
Onde o Paulo nos recebeu
E a jeropiga provámos
E também quase dançámos
Na animação do encontro.
Então o cafezinho quente
Reúne gentes amigas
E a lareira acolhedora
Recebe os de cá ou de fora
A aquecer o coração.
«Eu morro à sede
Não há por aí uma pinga?»
Registei na brincadeira
Gosto de escrever à maneira
Para a todos agradar.
E que mais posso dizer?
Que na Rebolosa há vida
Por isso gostámos de estar
Conviver e petiscar
Como em nossa casa estando.
Parabéns Rebolosa
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Eis Linhares, onde a Serra é Mãe, o vento anima os parapentes e os amigos da natureza se abrigam na sombra amiga dos penhascos ou petiscam os bons sabores da serra. Sua altivez humilde e trigueira vem ter connosco, num carinhoso fim de tarde de Outono ou num crepúsculo anunciador de invernia. Tudo nos conforma e conforta naquele agro manjar dos cardos frescos (na leiteira bojuda da moçoila) ou na doçura perfumada das amoras maduras, mas também no pão macio a saber a farinha. Esse imponente herói que a terra-mãe abraça em defesa de seus filhos está aqui, majestoso e meigo, como eu o vejo e admiro.

LINHARES
Tuas gentes simples, boas
Recebem de rosto contente
Quem pratica parapente
Quem te visita curioso
Desde manhã ao sol poente.
Linhares, também és da Estrela
Passado com lendas animas
Penedo granítico encimas
Tuas gentes, teus lugares
Mondego e seus vales dominas.
És Museu ao ar livre
Falando em todas as esquinas
Às tuas gentes deixas rimas
Em paisagens de montanha
Em tuas águas cristalinas.
Como Castelo marcaste
Entre as povoações de então
Se o foral não veio de Leão
Veio mais tarde com 1º Afonso
Eis-te nova povoação.
Afonso II te confirmou
No séc. XIII o foral
Cresceste de importância tal
Ó Castelo de Linhares
A ti mesmo sempre igual.
E o Alcaide de Celorico,
(Nos conta então a história
Para que fique na memória)
Vem em tua defesa
À Senhora, agradeceis vitória.
Uma Capela se ergue
Entre Celorico e Linhares
Fazem-se festas, cantares
Na Romaria de 3 Maio
Rezam civis e militares.
De estilo românico te dizem
Muito importante te ergueste
Nas Inquirições podemos ver-te (1)
E D. Dinis fez-te obras
Para a Fernão (seu filho) conceder-te.
Tiveste guerras com Castela
Por defenderes Beatriz
E aí na História se diz
Que tu Linhares sofreste
Contra o Mestre de Avis.
E depois de Trancoso
Finalmente veio a Paz
Em ti pouco mais se faz
Até ao Séc. XVII
Quando no relógio as horas dás.
Como Monumento Nacional
Foste em XX classificado
E isso deixou-te melhorado
Numa campanha mais recente
Num trabalho mais cuidado.
E assim te deixo o carinho
Que bem mereces, Linhares
Te ofereço simples cantares
Em letras escritas aqui
Contente fico, se gostares.
(1) Inquirições de 1258.
O meu carinho para Linhares da Beira.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Depois de algum tempo de repouso na Serra da Estrela, num lugar que me é muito querido, por vir dos tempos da minha infância e por me fazer sentir mais leve e fresca, volto à Ruta de los Castilhos, para levar a cabo aquilo que comecei. Neste meu deambular pelas Aldeias, Vilas ou Cidades Históricas, é o Castelo que começo por homenagear, mas não posso deixar de o relacionar e enquadrar nas povoações que a ele estão ligadas. Repito também que, para as pesquisas necessárias, me sirvo de folhetos, livros e registos, que vou adquirindo e que já fazem parte da minha biblioteca pessoal, ou faço consultas online. Idanha é o Senhor que se segue e, para ele, espero ser digno este meu trabalho.

IDANHA-A-VELHA
Se o teu Castelo, ó Idanha
Também é Torre dos Templários,
Se mostras as defesas da Vila (1)
A torre e cerca da povoação,
Pois anima-te ó Idania
Por seres tão importante
Nesse teu sangue beirão.
Se entre Guarda e Mérida
Estiveste na Via da Prata
E como cidade do Alto Império
Mostras, de então, teu valor
As riquezas encontradas
E as construções visigóticas
Consolidaram teu fulgor.
Pois então se vens de Augusto
Com seis torres e duas portas
Se foste Egitânia
Ou com os Muçulmanos Eydaiá
Está visto que vens de longe
Fortemente marcaste,
Com teu longo caminhar.
Em tempo de Afonso Henriques
Foste doado a Gualdim Pais (2)
D. Sancho te confirmou
Com merecida homenagem
Ao Mestre Lopo Fernandes
Desse tempo recolhemos teu nome
Como Torre de Menagem.
Se D. Dinis tua cerca reforçou
E depois D. Manuel
Novo Foral te concedeu
Por que em XVI adormeceste?
Pareceras esquecido
Só em XX voltaste erguido
Com Félix e Júnior renasceste. (3)
E quero ainda lembrar
Que cunhaste moedas de ouro
E no século XVIII
Como vila foste marcando
E se no séc XIX,
Ainda foste Concelho
Quem, tão deserta te deixou ficando?
Considerada aldeia museu
Como Monumento Nacional
Como Riqueza arqueológica
Arquitectónica, prosperaste
Pitoresca, airosa
Com Fernando de Almeida
E Veiga Ferreira continuaste.
Vives na história como marco
Um Monumento Nacional
Que do passado nos orgulha
Altiva Idanha, mas singela
Para quem lá vive
Ou curioso te visita
És sempre grandiosa e bela.
(1) Vila Medieval
(2) Mestre dos Templários em Portugal
(3) Félix Alves Proença e Francisco Tavares Proença Júnior
O meu carinho para Idanha-a-Velha.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Castelo Rodrigo deixa-me fascinada pela sua riqueza histórica. Desde as muralhas que lhe concedem imponência até às ruínas do Palácio Cristóvão de Moura, passando pelas fachadas quinhentistas e janelas manuelinas e pensando na hipótese de ter existido uma Sinagoga Judaica, tudo parece envolto em mistério. Mas a história vive de vestígios e provas que se encontram de muitas e variadas épocas, que nos impõem, quase direi, respeito pela sua magnificência. Mais um Monumento Nacional que marca, no tempo e no espaço, os retalhos da vida e cultura de muitos povos.

CASTELO RODRIGO
Castelo Rodrigo tem história
Essa é boa verdade
Para ajudar nessa vitória
Duarte de Armas faz memória
Da torre Albarrã, realidade.
Muito séculos a registar
Muitos povos a fluir
Túrdulos da Bética a chegar?
(Torre das Águias), posto de vigia militar
Dos romanos, a construir…
Algumas villas, ali estão
E pontes, já nós sabemos
Vermiosa e Escalhão
Ainda outros povos virão
Mas do Forte também lemos.
Dos árabes eis que nos ficam
As casas de agricultura
Mais vestígios nos indicam
Que vêm e se radicam
Apesar da vida dura.
Se aos mouros te conquistou
Afonso, primeiro Rei
Sancho I Foral doou
Em 1209 o outorgou
D. Dinis também encontrei.
Sempre o encontro, procurando
Em Alcanizes, a provir
As muralhas reforçando
Fortalezas muralhando
Portão de acesso a construir.
Sobre a Ribeira de Aguiar
Peregrinos acolhias
Pois queriam descansar
Para jornadas continuar
Carinhoso, os recebias.
Também se diz que D. Fernando
Te concedeu Carta de Feira
23 de Maio recordando
Em 1373 à vila outorgando
Pode-o festejar quem queira.
Rodrigo, nome que ficou
D’Alcaide que te defendeu
Na guerra que depois mudou
Destinos e aí se registou
Avis, que foi quem venceu.
Mas D. João castigou
As gentes do povo Rodrigo
Nas armas reais mostrou
O quanto magoado ficou
E eis o elmo invertido.
Beatriz lá saberá
Se é castigo merecido
D. Manuel vem até cá
(1508) Novo foral te dará
O que é prometido é devido.
E muito teríamos que contar
Do domínio de Castela
Depois de Conde, Marquês reinar
Grande palácio, podíamos recordar
Depois destruída residência bela.
Mais guerras te sacrificaram
Destruição conhecemos
Mas muitas portas ficaram
Tua imponência revelaram
Na cerca da vila ‘inda vemos.
E lembro lenda popular
Zacuto de filha Ofa
Que aos pais desgosto vai dar
Mas Religião vão mudar
Eis a Serra da Marofa.
A minha admiração a Castelo Rodrigo.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Continuo pelas Aldeias Históricas, agora com Castelo Novo, um monumento que aprendi a admirar ainda jovem. Eram as visitas de Estudo de aluna ou mais tarde Professora, que me levavam a estudá-lo e a apreciá-lo, na sua magnífica estrutura altiva e dominadora, que, tocando o céu mais pequenina me fazia sentir. E lembro a Beira interior, neste tempo das cerejas rubis brilhando ao sol, convidando a todas à visita desta zona peculiar da Cova da Beira, de cheiro a frutas frescas e amoras doces, de recantos viçosos e trilhos verdejantes.

CASTELO NOVO
Tua história na origem menos clara
Teve por isso várias interpretações
Mais encanta quando essa origem é rara
E a nossa busca é que então não pára
Para tirarmos mais claras conclusões.
No tempo de Sancho para te edificar
Quando Gualdim Pais teu Senhor foi, talvez
A Ordem do Templo na região dominar
Foral de Lardosa, teu nome lembrar
Assim tu ganhaste por ser português.
É então D. Dinis que te faz reforçar
Com ameias conhecidas como tais
Se o castelo velho era de abandonar
Teu nome subiu a préstimo redobrar
Cuidando de ti com arranjos pontuais.
Depois D. Manuel de novo te cuidou
Como era natural deste rei esperar
E com João III, teu sino tocou
A torre sineira jamais se calou
Até o terramoto te arruinar.
Já no século 20 foste restaurado
Senhor da Gardunha, vizinho do Fundão.
Mesmo assim ficaste desclassificado
Continuaste sem dados, quase abandonado
Nem por tua muralha ter remodelação.
Porém, as escavações vieram em teu favor
As tuas riquezas fizeram destacar
Velho ou Novo só importa o teu esplendor
Museu histórico recolheu teu valor
Que na Casa da Câmara se pode admirar.
Torre de Menagem e ainda a sineira
De planta quadrada ou de outra estrutura
Cantaria e granito abundância primeira
Estás no Livro dos Forais Novos da Beira
Na Torre do Tombo teu nome faz figura.
E às Aldeias Histórias pertences
Devido aos cuidados da Arqueonova
De Arquitectura militar tu nos vences
Com teu reforçado vigor nos convences
Teu mérito tinha que nos dar essa prova.
Dominando a Serra e tocando o céu
Te elevas dominador quanto sereno
É bom rever-te em dia claro ou de breu
Como em dias de visita me ocorreu
Que és belo mesmo com luar doce e ameno.
A minha homenagem a Castelo Novo.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Castelo Mendo é mais uma das Aldeias Históricas com que me comprometi em «La Ruta de los Castillos». Outro marco histórico, defensor da fronteira, guardião do Côa que, não tendo perdido imponência, terá sido vítima de algum abandono dos homens e das épocas. O facto não lhe retirou, no entanto, a dignidade merecida, como muralhado defensor das suas terras e das suas gentes, ideia que venho repetindo ao longo deste trabalho mas que não deixa de ser justo continuar a fazê-lo.

CASTELO MENDO
Ó Castelo Mendo sempre vigilante
Da Raia beirã, em Dinis reerguida.
Rei qu’em Alcanizes te fez doravante
Português altivo em defesa constante
Mas a tua história de longe vivida.
Cabeço granítico, ó Castelo Mendo,
Rodeando vale Côa, tu foste Fronteira
Vens do neolítico, e gótico sendo
Também castro foste, romano vivendo
Em ti se criou no reino uma feira.
Esta por D. Sancho em foral concedida
Mendo, Alcaide à época, a carta assinou
Seu nome o último ao foral deu vida
Três vezes no ano feira concedida
“Meenedus Menendi”, seu nome ficou.
Na Porta da Vila, em arco quebrado
Divinas figuras, aqueles “berrões”
«O ex-libris» da aldeia respeitado
E o poeta rei, D. Dinis lembrado
Na torre de Menagem e dois torreões.
1ª Feira Franca nos leva então
Ao século treze, quando ela criada
E para defesa desta povoação
El-rei se dedicou a uma construção
Da dita primeira cintura muralhada.
Ó Castelo Mendo, foste de coragem
De perdas sofridas, ao longo da vida
No livro das fortalezas, passa essa mensagem
De triste abandono, esmorecida tua imagem
Mas resististe a napoleónica corrida.
Teu fim de pedra, de pedras feito
Sofreste horrores em grossa medida
Monumento Nacional a que tens direito
Registado teu nome, teu caminhar perfeito
Não perdeste assim dignidade merecida.
E no teu Penedo lamúrias lançadas
Quantos ais não foram já dados aí
Fazendo as curas das tuas flores leitosas
Lembram-nos milagres como o das rosas
Fico assim feliz, por mim e por ti.
A minha homenagem a Castelo Mendo.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Eis-me, de novo, pronta a enfrentar mais um desafio: prolongar “La Ruta de los Castillos” e versejar sobre os castelos das Aldeias Históricas. Apesar de continuar a considerar-me pouco digna de o fazer, tentarei honrá-las como merecem. Imbuídas de valor histórico, nascidas antes de Portugal, mas fortalecidas pelo seu amor pátrio, ei-las nobres e belas, altivas e dignas do seu passado, em luta pela sobrevivência, acarinhando as povoações que, por sua vez, as amam e eternamente admiram. Guardadoras de segredos, de lutas e terrores, de paixões e amores, é o coração que pulsa no Interior das Beiras e Interior Norte, como qualquer coração… que se impõe no amor aos seus.

ALMEIDA
De Castro pré-histórico
A castelo Muçulmano
Reconquistado por Leão
Mais tarde português ficaste…
Tão sublime, Almeida bafejaste!
É também Alcanizes
Que te define português
D. Dinis te deu castelo
Outros castelos se revigoraram
E com D. Fernando te renovaram.
Com covilhanense Mateus Fernandes
D. Manuel te duplicou muralhas
Figurado por Duarte de Armas
Em Livro das fortalezas
Por teu valor, tuas riquezas.
Revalorizado na Restauração
Por tua posição fronteiriça
Foste modernizado
Te tornaram Praça-forte
Mais por teu valor, do que por sorte.
Reedificadas fronteiras
Imponente, albergaste teu povo.
Em galerias subterrâneas
Onde o perigo esmorecia
E a população se recolhia
No século dezanove sofreste
Com a Guerra Peninsular
Em 17 dias, o que perdeste!
Mas mantiveste dignidade sem igual.
Como valioso Monumento Nacional
Tua planta hexagonal
E seu traçado em estrela
Com seis baluartes aos Santos
Foste prisão durante as lutas liberais
Mas os Santos eternizaram teus portais.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Mais um guardião do Côa, o Castelo de Vila do Touro olha, vigia, parece abençoar o vale da ribeira do boi, no ponto de confluência com aquele rio. Completei, assim, a primeira fase de «La Ruta de los Castilhos», com o meu estudo sobre os 5 castelos do Côa. Fi-lo com a maior admiração e carinho por estes meigos gigantes de pedra, na altivez majestosa, dura mas carinhosa, que deles emana. Sinto, como dizia atrás, que eles abraçam as povoações, num enlevo protector que não podemos desprezar.

VILA DO TOURO
Táureo foi teu nascimento
Pedro Alvito foral criou
Mais ninguém o reforçou
Negaram-te merecimento.
2.º e 1.º Reis te visitaram
Isso mostra o teu valor
Guarda mudou teu Senhor
Aos Templários te entregaram.
Pequeno permaneceste
Pois o terreno acidentado
Dificultou teu traçado
Irregular, altivo, agreste.
Escondidas pela folhagem
Tuas torres… ou destruídas?
Mas se nunca foram erguidas
Será verdade ou miragem?
Traçado no chão marcado
Para provar teu projecto
Apenas de sonhos coberto
Sem conclusão, inacabado.
A Porta de S. Gens, exclusiva
Assim, em Gótico talhada
De Dinis não veio mais nada
Ficaste singelo, à partida.
Alcanizes já não te valeu
Nem tua obra se concluiu
A muralha se resumiu
Teu valor esmoreceu.
Tua defesa enfraquecida
Sabugal te protegia
Vizinhos, a tal obrigaria…
Mas a fronteira, perdida.
D. Manuel quis reerguer-te
Não houve quem o seguisse
Para que no esquecimento caísse
E nada pôde valer-te.
Em guerras, sacado e maltratado
Que culpa por teres sofrido
E o pouco teres perdido
Nesse desaforo desconcertado?
De onde estás, a Guarda vemos
Bem no alto, ali erguido
Em lugar bem altivo
Só não vemos, se não queremos!
Não sofras por seres esquecido
Não podes ser acusado
De seres desconsiderado
Se mais não te foi exigido!
Um abraço a Vila do Touro.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Atravessámos o período de silêncio interior da Quaresma e a alegria da Ressurreição. Apreciámos tudo o que cada um oferece, no seu ponto de vista, na avaliação que vai fazendo dos sinais dos tempos que atravessamos. Foi um período de pensamento «interior». Aliás, todo o tempo deve ter esta característica, mas este, de um modo especial, em que cada um de nós deve ser confrontado com questões que nos responsabilizem e nos façam repensar comportamentos e relações com os outros, na sociedade hodierna.

Posto isto e porque me entreguei na defesa de valores de «pedra», considero importante retomar a «Ruta de los Castillos», agora com Vilar Maior, outro guardião do Côa e suas gentes, merecedor dos olhares interessados e atentos de quem descobre e sente o que as pedras falam.
Pilares erguidos ao Céu, em maior ou menor esplendor, em menor altivez ou maior simplicidade, os castelos são marca forte da vida e cultura de épocas remotas, dignos de registo, pelo quanto defendiam e cercavam num abraço – qual mãe extremosa – as regiões, seus habitantes e seus haveres. O respeito que eles inspiram, a grandeza que sugerem, torna-os merecedores de um carinho especial e de uma homenagem calorosa.
VILAR MAIOR
Se é no topo de um outeiro
Que ele nos surge erguido,
Como outro guardião fiel
Que por nós não foi esquecido,
Se nos lembra Fernando Magno
Ou Afonso IX de Leão,
E se já em 1280
Era importante na região,
Mais uma vez Alcanizes
E D. Dinis fazem história
Este rei lhe deu foral
Seu brasão nos faz memória.
(Também com construções sacras
Mostravam os reis, seu poder
Das conquistas ou domínios
Ou para a Deus agradecer).
Se em tempos de D. Manuel
Recebeu um Foral Novo
Sendo uma mais-valia
Que el-rei concedia ao povo,
E se para atrair moradores
Foi também reedificado
E no Livro das Fortalezas
Ali ficou registado,
Se domina a paisagem
Mas bastante arruinado
O queixoso será ele
Por ter sido maltratado.
E louvo quem se dedica*
Em descobrir, investigar
Os marcos de pedras, vivos
A sua região demarcar.
E para que as novas gerações
Conheçam seu passado
Valorizam esta fronteira
Deixando tudo registado.
Na defesa de valores,
O seu fim é «resgatar
Do grande esquecimento»
Quem tanto teve para dar.
(A Vila e o castelo
Incendiados pelas invasões)
É Móvel de Interesse Público
Apesar das provações.
E se seus vestígios, mais abaixo
Nessa «cerca defensiva»
São sinal que defendeu
Suas gentes, sua vida,
Em seus valores adormecidos
Podemos então reforçar
Que Vilar Maior tem também
Um Castelo a homenagear**.
A minha admiração e carinho para Vilar Maior.
* Referência ao projecto AECT-Observatório para a Promoção Cultural do Eixo Duero-Douro, do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Douro-Duero, onde Jose Luis Pascual, alcaide de Trabanca e presidente do agrupamento, explicou que se quer resgatar do esquecimento de uma parte muito rica do património, numa das fronteiras mais antigas da Europa.
** Para a minha homenagem – «Ruta de los Castillos» – sirvo-me das informações e registos da Wikipédia, folhetos das aldeias históricas e desdobráveis e livros gentilmente cedidos pelo Museu Municipal do Sabugal. Aliás, foi através desses documentos que me surgiu a ideia deste trabalho que penso, segundo a opinião de um amigo, levar mais por diante…
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Na «Ruta de los Castillos» e ao encontrar-me com Alfaiates, tenho que confessar que me senti embaraçada por não conhecer suficientemente esta terra raiana. Li, reli folhetos, relatos e encontrei, como esperava, gente de coragem que luta pelos seus espaços, mantém a religiosidade e tradições, mima os seus idosos, defende as associações, investe na formação virtual e de futuro e, em contrapartida, é acarinhada pela Junta de Freguesia, pelo Presidente do Município, eng.º Robalo e pelo Governador Civil, dr. Santinho Pacheco, numa característica que lhes é tão peculiar, de amarem as gentes da terra e defenderem as riquezas raianas. Então,vamos até Alfaiates?

ALFAIATES
«Dos fracos não reza a História»
Sempre se ouviu dizer
Teu castelo por ser «pouco»
Ainda muito quer dizer.
Como castro pré-histórico
Ou como Castilho de La Luna
Pareces ganhar magia
Quando perdido entre a bruma.
Ó Castelo de Alfaiates
Embora erguido em planalto,
Deixas ver terras do Côa
Das tuas muralhas, lá do alto.
Homenageamos, de novo, D. Dinis
Estratega, homem de saber
Com o Tratado de Alcanizes
Veio fronteiras estabelecer.
E construindo ou reforçando
De Alfaiates, teu Castelo
Falar da «fermosíssima Maria»
Tornam-te ainda mais belo
Pelo estilo, D. Manuel
Marca presença, este Senhor
A linda coroa ao centro
Mostra bem o seu valor.
As cruzes da Ordem de Cristo
E as esferas armilares
São páginas vivas da história
Dessas páginas milenares.
Poeta Garcia de Mascarenhas
Teu alcaide e cavaleiro
Deixou seu nome na praça
Da Restauração o primeiro.
Com ele serviste Alfaiates
Apoiaste a Restauração
E com os outros castelos do Côa
Também defendeste a Nação.
Albergaste heróis anglo-lusos
Depois, um pouco esquecido
Mas recebeste aí teus mortos
Como um pai enternecido.
Algumas das tuas pedras
O hospital foram servir
De Interesse Público reconhecido
Não te esquecerão no porvir.
Se as tuas façanhas estão longe
O povo quere-as presentes
Pois se as pedras também falam
Não podem mentir as gentes.
O meu carinho para Alfaiates
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Sabugal. Agora conheço-o melhor mas sempre o admirei pela imponente singeleza do seu castelo que, sendo duro mas simples, altivo mas singelo, continua a ser um forte marco de vidas heróicas, retalhos da história e da lenda, símbolo da emigração e luta das gentes do interior em que a alegria do convívio recorda (mas pretendo que reforce e eternize) as noites frias à lareira ou o cheiro fresco a terra regada, dos fins de tarde Estivais.

SABUGAL
Do Sabugal, escrevi um dia…
Ali perto, o castelo
Viveram encanto belo
(Já para lá vão os tempos)
D. Dinis ou outros reis
Se não lerdes, não sabereis
Como tudo se passou.
E agora continuo…
Terás começado em castro
Que aí deixou seu lastro
A pré-história recordar
Os Romanos militares
Daí lançavam olhares
Para o Côa vigiar.
És um famoso castelo
Desde imponente e belo
Tudo tens a teu favor
E segundo reza a história
Um nome escrito na memória
D. Dinis foi teu Senhor
Deste nos conta a lenda
Isabel leva merenda
Mata fome a qualquer pobre
Apanhada de surpresa
Mostra a sua realeza
Com rosas, seu gesto nobre.
O foral de (12) 96
A esse rei o deveis
E Castelos a marcar fileiras
Mas para serdes mais felizes
Precisaste de Alcanizes
P´ra marcar tuas fronteiras.
Pois foi então o dito rei
(Como sempre li e sei)
Que fez construção tão altiva
D. Manuel renovou foral
Deixando no Sabugal
Esta marca sempre viva.
É sobre a porta da entrada
A obra de D. Manuel lembrada
Pelo seu digno brasão
Registadas suas proezas
No Livro das Fortalezas
Segundo regista o guião.
Soberano, marcaste o tempo
Que em (18) 11 foi momento
De duras, vivas emoções
Páginas de escrita dourada
Ali, no Gravato, marcada
Dando fim às Invasões.
Em cemitério albergaste
Homens da vila honraste
Até (19) e vinte e sete
Ergues-te com novo vigor
Sempre bem dominador
Como se disse e repete.
Castelo das Cinco Quinas
Nossa caminhada animas
Mas descobrimos ainda mais
Tu com Torre de Menagem
Mereceste digna homenagem
Pela DGM Nacionais.
O meu abraço ao Sabugal.
A minha pena por não ter podido assistir, como desejava, às dignas comemorações dos 200 anos da batalha do Gravato.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Peguei na «Ruta de los Castillos» do Sabugal Medieval e decidi honrá-los como eles merecem, quais guardiões do Côa, reforçando com a sua imponência, a fronteira que o rio definia. Espero não errar dados nem conceitos, mas prometi a mim mesma levar essa tarefa a bom termo, passando por todas estas fortalezas majestosas, quais marcos de pedra que contam segredos de príncípes e princesas e, quem sabe, de monstros e dragões. Vamos até Sortelha?

SORTELHA
Castelos são lugares com magia
Onde reis e princesas dominaram
Onde lutas se travaram
Numa ânsia de vencer.
Começo pelo de Sortelha
Altivo, dominador
D. Sancho 1º Senhor
Para marcar fronteiras.
D.Dinis e D. Fernando
De todo não o esqueceram
Mas com D. Manuel mereceram
Atenções, novo Foral.
Brasão Real e Pelourinho
Provam as honras recebidas
Em finais de noventa repetidas
Com honras de Aldeia Histórica.
São várias as suas portas
Porta da Vila a nascente
E a Nova da Vila a poente
No exterior medidas padrão.
Medidas de vara e côvado
Pois era ali o mercado
Por isso ali está marcado
Símbolo dessa actividade.
A Porta falsa e cisterna
E nada do que digo é miragem
A sua Torre de Menagem
E seteiras cruciformes.
A muralha defende a Vila
Mostra bem sua firmeza
Da urbe, em sua defesa
E elíptico traçado.
Talvez com Alcanizes perdesses
Mas imponência mantendo
Dominando e defendendo
O teu querido rio Côa.
Para Sortelha, a minha admiração.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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O Open Internacional de Cantanhede teve lugar no passado fim-de-semana nesta cidade do distrito de Coimbra e foi organizado pela Federação Portuguesa de Ginástica, com a ACG – Academia Cantanhede Gym, uma Associação recente que já possui muitos ginastas entre crianças e jovens. Tomaram parte no Open várias associações e várias modalidades da 1.ª e da 2.ª divisão, infantis e juvenis, tendo participado cerca de 150 atletas.

Respirou-se alegria e juventude pelas ruas de Cantanhede, uma cidade já considerada a capital da ginástica, e a festa encheu, durante os dias 12 e 13 de Março, o Pavilhão de «Os Marialvas».
DE CANTANHEDE PARA A RAIA
Vai Cantanhede à Raia
Pela Capeia Arraiana
Trazemos agora este evento
Que muita alegria imana.
É o Open Internacional
Que reúne muitos vencedores
De Águeda Madeira Lisboa
Espanha, França, Açores.
Modalidades há muitas
Interessa escolher
Acrobática, uma delas
Cantanhede a concorrer.
A abertura do espectáculo
Muito vivo e colorido
Deixo-vos pequena amostra
Se isso me for permitido.
Reúnem-se muitas crianças
E muitos jovens também
Ocupa com boas práticas
O que à juventude convém.
Força Cantanhede Gym
É um slogan repetido
Pois então quem joga em casa
Faz ambiente divertido.
Parabéns à Federação
À Cantanhede Gym também
Foi um bom Campeonato
Correu tudo muito bem.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
A adesão em força à cerimónia do II Capítulo de Entronização na Confraria do Bucho Raiano prova que a Raia está viva, mesmo que extravase para lá das suas fronteiras físicas. Podemos entender como o povo raiano, mesmo estando longe, tem o coração na sua terra. Não há dúvida que um evento colorido, rico em convívio e degustação, anima as gentes e os povos que, pela distância, estão ávidos de receber. O contacto com elementos das várias Confrarias traz-nos a riqueza da partilha, a alegria da festa. E, como vou fazendo sempre, trago em poema o pulsar dos participantes, o desenrolar dos acontecimentos.
FESTA DO BUCHO RAIANO
No Auditório Municipal Teve início o evento O duo das concertinas Tocando Eugénia Lima Chamou-nos para a festa Que descontrai e anima. O Grão-mestre dava o toque O Presidente Robalo Falou com viva emoção As Confrarias gastronómicas O Padre Manuel Dinis As festas e procissões Hoje são consideradas E antes que todos jurassem João Luís Vaz, orador Fala de ritual colectivo Recordou que a festa da mesa Ainda hoje se reza à mesa Mais nos disse que na zona Morcelas, farinheiras, chouriço E o Senhor Governador Civil Doutor Leal Freire, poeta |
Falámos com mais confrarias Que nos honraram nesse dia E diz Alexandra Cardoso Da Confraria do Medronho Que Sabugal é terra airosa E o seu traje? Era de sonho! Da Confraria Cão da Serra (da Estrela) Vinha esta confraria Também esteve a Chanfana Confraria da Cereja Diz a Telma entusiasmada Filomena Pinheiro É Santa Maria da Feira Nuno Alegria do Azeite Madeira também aqui esteve Local Visão sempre connosco O Chanceler da Confraria «Vamos pelo bom caminho» Para fechar com balanço «Foi bom virmos ao Soito Considera muito importante |
…E deixo os parabéns a todos quantos trabalharam para que o Sábado Gordo fosse um dia especial, de encontro e boa disposição.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Não destaco a mulher por qualquer razão especial mas, me desculpem, pois ela destaca-se naturalmente, como Mulher e Mãe. O poema, que deixei há um ano, bem prova a multiplicidade de valências que a mulher apresenta, uma vezes para a valorizar, outras, não tanto. Todos sabemos como a mulher desde sempre, na história, era considerada de espécie inferior e hoje ainda temos culturas onde isso acontece.
Em Portugal, várias foram as lutadoras pela liberdade e igualdade da mulher e dessa luta foi-se delineando a Comemoração do Dia da Mulher. Se me perguntarem se concordo, não totalmente, porque se ela sempre deu provas do seu valor, não precisaria de qualquer destaque. Quem sou eu, porém, para questionar se é válido ou não que se faça esta comemoração? E, como nos meus poemas também destaco figuras que considero dignas de tal, aqui deixo uma homenagem a uma mulher que sempre considerei e admirei, pela sua garra, pela sua coragem.
MULHER DO MAR
Sorrisos salgados
Que o sol cresta e perpassa
Lágrimas de sal de puro desgosto
Pestanas russas
Sulcos de quilhas na pele rasgada
De pestes e ventos, secando teu rosto.
Na cabeça a canastra
De prata repleta
Sardinha talvez ou peixe miúdo
São vidas bem cheias
Safado desgosto
De anseio, de pressa, de medo e de tudo.
Na voz canta o mar em rimas e ritmo
Da dança das ondas e barcos no cais
Em olhos de mar
Ou céu de veludo
De negro ou verde
De sons e de versos cantados em ais.
Meneando suas ancas
Gritando “freguesa”
Dançando nas ondas
De pura maresia
É a mulher da praia, do peixe e do mar
Que grita, que canta de nome Maria.
Homem trabalha lá longe a pescar
Coração que bate
Num sufoco sem par
Luta, labuta
Educa seus filhos
Sempre lançando seus olhos ao mar.
Corre ao Senhor
Pedindo, rezando
Com voz de sereia, seu doce cantar
Um choro amargo
De duras esperas
Tantas horas, seu homem no mar!
É o mar que traz é o mar que leva
Num vaivém longo,
Sem fim nem parança
Cansaço de anos
De dias a fio
Mas sempre viva, mantém a esperança.
Vai, vai a varina ligeira
Chinelas tloc, tloc, quase alada
É como que voa e deixa voar
Desliza pela calçada
Baloiça, não esquece
Sempre lembrando seu homem no mar.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
No sábado, dia 15 de Janeiro, a poesia e o canto beirões foram ao mar na Figueira da Foz. Depois de agradecermos «a mão» que a Biblioteca Municipal nos tem aberto em todas as obras, aproveitámos a presença de algumas crianças para partilhar com elas a leitura de pequenas poesias infantis. A tarde foi-se desenrolando com a declamação de poemas alusivos aos temas do livro «Ecos do Meu Pensar» e «Arco-íris», leitura que foi feita em partilha com várias professoras e amigos em que tomaram parte, os filhos e uma neta.
Tó Duarte abrilhantou o evento com intervenções oportunas e cantou, ao longo da sessão, seis poemas musicados e preparados por ele. Não há dúvidas que a sua voz, a alma que põe no que canta e o entusiasmo revelado deram ao evento um toque mágico. E já que a poesia é sempre a canção da minha alma onde ponho todo o coração, deixo o meu desabafo, na pequenez em que me revejo.
A CRESCER NOS MEUS ESCRITOS
A escrever estou aprendendo
A rabiscar meu nome
Fechado dentro de mim
Como se a medo respirasse
Nas palavras sem sentido
Juntando ideias a fio
Enlaçadas num só laço.
Não é escrita de cansaço
Nem letras em desvario
É sentir o que me dita
Pensamento de palavras
Lançadas a bom lançar
No escrever do meu viver
É o sabor da conquista
Dos segredos do papel
Dos registos tão sem linha
Alinhando meu pensar
Como se o gosto de gostar
Fosse um desafio a cumprir.
Como é bom então sentir
Como o escrito é olhado
Como o sentido é levado
Ao saber o seu sentir
Como se o cantar da minha alma
Cantasse para outro servir.
Na escrita me apuro
Narro, conto, projecto e relato
Como desfiando novelos…
E novelos desfiando
Outras verdades, encontro
Vivências e mais vivências
Em cada conto que conto.
Em cada conto contando
Se me abrem novos horizontes
Como se o desenrolar da vida
Bebesse água noutras fontes.
E bebendo noutras fontes
Mais feliz por descobrir
Como se a vida tomasse
Outros rumos a seguir…
in «Ecos do Meu Pensar»
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Segundo a Wikipédia, «saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular… saudade, só conhecida em galego e português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, distância e amor.» «Diz a lenda que foi cunhada na época dos Descobrimentos e no Brasil colônia esteve muito presente para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos.» Na verdade, nós sabemos como este termo é muito nosso e como o encontramos na poesia, nas histórias de amor, no fado… Então aí vai um poema de «Ecos».
SAUDADE
Doce e árida
Palavra portuguesa
Que no fado enches a garganta
Que nos livros enches a poesia
Que nos olhos engrossas lágrimas
Que no peito abres feridas
Que nas Mornas
Homenageias Cabo Verde.
Saudade, palavra de ontem e de hoje
De outrora e de sempre
Eterna.
E na tela se pinta a saudade
Nos rostos de sulcos marcados
Em lenços brancos do adeus
Que deixa olhos marejados
De quem parte
De quem fica
Na separação dos seus.
Tema cantado em cada verso
Em cada livro de aventuras
De cavaleiros andantes
Nas histórias, nas pinturas
No romance
Em cada vida
No novo ainda de colo
No homem de meia-idade
Ela que tira a alegria
Como se parasse
Esmorecesse
A vida em cada dia.
«Essa palavra saudade»
Dum fado que eu já ouvi
E que também já senti
Não sentiu
Quem não viveu
Como se possível fosse
Sem saudade ter vivido.
in «Ecos do Meu Pensar»
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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A propósito do tema da última crónica e porque todos sabemos como tanta coisa calamos, mesmo que a revolta nos invada, ou porque pouco adiantamos, fica mais um apontamento com que todos concordam, com certeza. Tanta miséria escondida e fome disfarçada que engrossa com a falta de emprego e que se agudiza com tantos impostos e IVAs e só se ouvem as vozes dos que têm poder e força. Há sempre aqueles que «sem vez e sem voz» continuam recolhidos no seu canto à espera de um milagre que salve as suas vidas ou porque já desistiram de lutar. Apetece-me lembrar que…
SEM VEZ E SEM VOZ
Há silêncio nas palavras
Há palavras no silêncio
Fechadas no meio do tempo
Fechadas na confusão
Há confusão no silêncio
Há silêncio no bulício
Palavras sem conclusão.
Pensamentos sem retorno
Desejos tão abafados
Vozes sem palavras, sem sons
Sons abafados tão sós
Isolados, não ouvidos
Na cidade tão sem gente
Palavras sem eco, sem voz.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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A todos os colaboradores, leitores, simpatizantes e amigos do Capeia, desejo um Bom Ano 2011. Mas, o mês de Janeiro começou com redobradas preocupações deixando em muitos corações um certo aperto, porque as «ameaças» de nos tirarem mais no ordenado e aumentarem os impostos que se sentem em qualquer compra, como o povo dizia – da água ao sal –, essas ameaças mantêm-se. Daí que eu pretenda aliviar um pouco, dizendo a todos com a possível calma…
TUDO É MEU
Tudo é meu e posso usar
Ninguém ouse proibir
Do cheirar e do sentir
Naquele jardim de sonho
Sem ninguém me incomodar.
Tudo é meu e posso usar
O Sol, o vento a soprar
Pois alguém ouse dizer
Que a chuva que me vai refrescar
Alguém ma possa tirar.
À noite brilham estrelas
Que me estão a iluminar
Com brilho e seus tremeliques
Pois quem ousa pensar
Que alguém mas pode tirar?
Tudo é meu e posso usar
Ver a lua e pensar
No homem do conto antigo
Que referia o meu livro
O livro da minha infância.
Tudo é meu e posso usar
O azul do céu e do mar
O cheiro a maresia
Ou a urze na serrania
De perfume tão ímpar!
Tudo é meu e posso usar
Os sonhos que o céu me traz
De anjos que cantam hinos
São fofos, ternos meninos
É um nunca mais acabar…
(Ecos do Meu Pensar)
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
A poetisa Teresa Duarte Reis convida todos os leitores do Capeia Arraiana para a apresentação do seu último livro – «Ecos do Meu Pensar» – no dia 15 de Janeiro, pelas 16.30 horas, na Biblioteca Municipal Pedro Fernandes Tomás na Figueira da Foz.

O Capeia Arraiana endereça os parabéns a Teresa Duarte Reis por mais esta obra poética.
jcl
Desejo à Capeia, a todos os colaboradores, leitores e simpatizantes Boas Festas na Paz e Esperança do Menino do Presépio.
NATAL, NOEL, CHRISTMAS
Nasce o Menino
Nos corações.
Mas não em todos…
O mundo passa ao lado
Na corrida para as lojas
Para os brinquedos
Para as prendas.
O principal fica ali
Nas palhinhas do presépio
No bafejar do jumento
Num começo de era
De épocas longínquas.
O Menino fica ali
Entregue à solidão
De uma vida agitada
A mais de dois mil anos vivida
Guerreada
Mas não repartida
Ou no amor partilhada!
O Menino fica ali
À tua espera
Como de um sonho
Sonhado,
Só sonhado.
O Menino fica só
Entre multidões famintas
De Amor
De calor…
Fica ali à espera
Do vazio dos homens
Da indiferença dos políticos
Da fúria dos guerrilheiros
Da fraternidade aos famintos
Do carinho aos idosos.
O Menino que nasceu para ti
Continua só
Porque se recuperam vinganças
Porque se repartem ameaças
Não se esquecem ódios
Não se redobram esperanças.
Então, vê nesse Menino
O Sol que torna a sorrir
A Luz que volta a brilhar
Perdoa, tolera e aprende a Amar.
(Poema do livro «Arco-íris», 2005)
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Estamos no Advento, tempo de esperança e de vigilância. E, mesmo para as pessoas que não são crentes e eu respeito, esta mensagem pode ser benéfica. A leitura, cada um a fará como o seu coração quiser. Sim, que o coração também lê e tudo o quisermos pode ser por ele gerido. E, a propósito, ouvi um dia destes uma imagem bonita: «O coração não abre por fora, mas sim por dentro e cada um o pode abrir se quiser e para o que quiser.» Pois sugiro que abramos o coração nesta época, se não para o Menino, para um vizinho que vive só, para uma associação de beneficência ou, e porque não, para acabar uma quezília que nos gasta por dentro?
VIGIAR
É hora de vigiar.
Estar atenta ao Menino
Que vem
Para mim,
Para ti.
É hora de vigiar
Abrir o caminho aos outros
No sorriso
No perdão
Na tolerância.
É urgente ser farol
E irradiar luz,
Aquela luz pequenina
Que não quer elogios
Mas dar.
Que não quer destaques
Mas partilhar.
Que não quer ser vista
Mas iluminar.
E, atento,
Vigilante,
Preparo o meu coração
Sem cansaço,
Nem desalento.
Atento, sim
Mas corajoso.
Desperto, sim
Mas confiante.
E isto implica que tenho que estar preparado
Pois ando absorto
Na beleza
Das luzes vivas do progresso.
No desejo
Das coisas belas mas fúteis.
Na ansiedade
Da vitória desmedida.
Na vaidade
Do tão esperado sucesso!
Preciso parar!
Paro um pouco
E revejo a minha vida.
É urgente!
Detenho-me a observar
A simplicidade do Presépio
Na riqueza da partilha,
Na entrega total do Menino.
Então, enfrento os meus egoísmos
E tolero.
Agarro a minha vaidade
E partilho.
Detenho o meu orgulho
E cedo.
Assim, preparo o meu coração
Para a chegada
Do Senhor que vem.
Que vem sempre
Encher de esperança
Corações em sofrimento.
Sarar feridas
Abertas pelo ódio
E pela inveja.
O Senhor vem
Para abraçar a todos
Numa onda de Amor.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Acordámos com a Rebolosa, bem cedo, pela manhã. A geada quase mágica que caiu sobre o povoado não podia privar-nos dum convívio são e caloroso, onde os sorrisos frescos da alvorada nos recebiam, em festa. «É a festa da Padroeira Catarina, grande Senhora. E pelo que conta a história este povo e suas gentes elegem-na protectora.» Ali respirava um pedacinho de Portugal em que a partilha torna sempre felizes os corações.
SANTA CATARINA NA REBOLOSA
Rebolosa acordou De manto branco vestida Mais tarde rompeu o sol Os sinos chamam à festa Ali respira-se vida! Enquanto sai a procissão É a festa da Padroeira Crianças estão na escola Só o Tomás ali anda Carina, trabalha na feira E lá no alto da Laje Novas mesas, mais fogueiras O cheiro é uma loucura Pois vamos de mesa em mesa Passamos então à «Peña» |
É uma vez no ano Santa Catarina a festejar! «Depois de tudo fechado Não vamos para a estrada… É comer, beber, dançar…» «Malta nova, amiga e unida É o Paulo quem nos diz Festas únicas, diz Paula Pinto «Mostrando a alma das gentes» O centro do convívio «Gostámos de os ter connosco «Quem nunca veio à Rebolosa Todos levam a ordem devida E quem manda cá no «sítio»? Quero rematar afinal |
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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Mais uma vez, a Casa do Castelo nos surge como uma guardiã dos sussurros, da vida latente e da história de um povo como é o Povo Judeu, com a Apresentação de um livro «A República e os Judeus», do Professor Doutor Jorge Martins.
Pouco conhecedora da memória Sefardita, comecei por adquirir Breve história dos Judeus em Portugal, também do mesmo douto Professor, a fim de tomar alguns conhecimentos da história deste Povo que, todos sabemos quanto sofreu às mãos das correntes hitlerianas.
Os estudos do Professor Jorge Martins vão dar-nos s conhecer a história dos judeus e a maneira como ela faz parte da história de Portugal. Talvez nos surpreendamos os que, como eu pouco sabemos desta matéria, como também em Portugal não foi fácil ser judeu, tal como nos mostrou, de modo interessante, o actor Jorge Sequerra dramatizando a leitura dos textos do Professor.
Falando de judaísmo, não consigo fazê-lo sem pensar em Israel, um povo que sempre admirei, não só pela ligação à vida de Jesus mas também pelo sofrimento de tantos inocentes dessa região, em guerras constantes, longe da doutrina deixada pelo Mestre.
E lá vou eu à procura de algo que mostre como também gosto de pensar e abordar temas que tanto me surpreendem como me encantam.
ISRAEL
Alguém dizia… e escrevia
«Muita história
Tão pouca geografia»
E investigo sobre o Torah
O rabi, lugares onde há
Passagens de Jesus
Terra Santa
Em guerra constante.
Torah – livro Sagrado
Nos traz o que está contado
No Menorah candelabro
Como de sete semanas falasse
De pastor Jacob servia
E lembrar-nos de Maria
No seu sim sem hesitar
Abriu caminhos para a história
Duma igreja a se abrir
Como se o Shabbad apagasse
Para o Domingo surgir
Mas o Pessach não passou
Assim sempre nos lembrou
Que tudo é uma passagem
Tudo vem e tudo vai
E rezo ao Senhor Adonai.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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