A Comissão de Inquérito da Crise Financeira (organismo criado pelo Governo dos Estados Unidos da América) divulgou um relatório, segundo uma notícia do jornal «Público», onde se refere que a crise que assolou os EUA e outros países, em 2008, era evitável. Segundo esse relatório os reguladores e a alta finança de Wall Street não fizeram o que deveriam ter feito.
Pois é… bem me parecia que não podia ter sido eu, e muitos outros como eu, a termos a culpa por aquilo que aconteceu. O que é certo é que uma série de comentadores encartados falaram (e continuam a falar) nas televisões tornando a culpa da tal «crise» a outros que não aos verdadeiros responsáveis. E, então, entram naquela conversa de que as pessoas que pediram empréstimos aos bancos é que tiveram a culpa da crise, que todos somos culpados, etc., etc.
Ainda segundo esse relatório uma das principais causadoras da crise foi a decisão do Governo norte-americano, liderado por Bush, ao tentar salvar o Banco Bear Stearns e deixar cair o Lehman Bank, o que precipitou toda a crise. E continua referindo que os grandes bancos agiram sem prudência, assumindo demasiado risco, com muito pouco capital. Claro, que esses nunca dão ponto sem nó e toca a assumir pouco capital.
Os reguladores deixaram fazer tudo na fé de que os mercados se auto-regulavam e resolveriam os problemas por si próprios. Já o Banco Goldman Sachs forneceu milhares de milhões de dólares a outros que concediam empréstimos imobiliários de alto risco e vendeu-os a investidores (será melhor dizer especuladores!!) de todo o mundo contando (e esta é a melhor) com o apoio de agências de «rating» que davam elevadas notas positivas aos produtos vendidos pelo Banco. Será possível que, a partir, deste relatório, mais alguém confie nessas tais agências de «rating». Querem melhor definição para capitalismo selvagem?
De qualquer maneira, nós os portugueses, estamos «safos» desse capitalismo selvagem e dessas especulações dos bancos, porque não houve segunda volta nas Presidenciais, como disse um dos candidatos (que até foi o vencedor). Como político que sou (e faço gala de o ser) cá ficarei à espera de ver se as agências de «rating» continuam ou não a mandar em Portugal. O resto deixo para os economistas neoliberais (e Portugal está cheio deles) que muito sabem, mas nada resolveram ou resolvem, preferido deixar os «mercados» actuarem, de mãos livres. E foi o que se viu e se vê…Claro que nessa notícia do jornal «Público», na sua página on-line, provocou alguns comentários, entre os quais me apraz destacar um de um «anónimo» (só podia ser anónimo) que referiu que esse relatório foi feito por comunistas/socialistas e que os bancos não tiveram culpa nenhuma do que se passou. Para este «anónimo» a culpa foi dos comunistas/socialistas e da sua mania de quererem controlar tudo, criando os reguladores, que nada regularam. Para este «anónimo» a culpa foi do Blair e do Clinton (a quem chama os socialistas da 5.ª via) que quiseram que os pobres tivessem direito a ter tudo, e com isso deram cabo da economia toda. Segundo ele os pobres têm direito a ter tudo, mas têm que ganhar esse direito. Ora toma que é democrático!!! Assim mesmo é que é, digo eu. Mais uma vez os menos privilegiados (digamos as classes média e média-baixa) é que tiveram a culpa de tudo. E viva o velho!!!
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte
(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com
2 comentários
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Segunda-feira, 31 Janeiro, 2011 às 9:00
Antonio Emidio
Amigo Duarte:
Sabes o que me disse uma mentalidade burguesa aqui dos nossos sitios?
Que a culpa da crise em Portugal teve origem nos subsidios dos pobres, dos desempregados, nos salários – “já muito altos”- segundo essa mentalidade, dos trabalhadores do sector privado, nos funcionários públicos e nos reformados, nem mais!!!
Aliás, isto é o que a ultra-direita, ultra -liberais dizem em surdina.
Segunda-feira, 31 Janeiro, 2011 às 20:57
Pedro Pereira
A comissão de inquérito e respectivo relatório são mais uma prova da pujança democrática dos EUA, que apesar de assumir, e bem, um caminho de organização social baseado na responsabilização e liberdade individuais, não deixa de fiscalizar e assacar responsabilidades quando as coisas correm mal, como provam as prisões de alguns peixes graúdos. Faltam muitos.
Tivesse a Europa humildade e honestidade intelectual de assumir os seus erros e perversões ideológicas e não estaríamos a assistir ao definhar europeu no palco mundial. Daí a demarcação da Alemanha. Mas isso é outra história…