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Eu cá falo sobre tudo e todos! Cá para o meu feitio não resulta emparelhar pelo que às vezes oiço por aí. Ou «emprenhar pelos ouvidos».
Daí que dou em mim a analisar o porquê dessa tamanha hostilidade para com os Ciganos.
Lembrei-me que o facínora do Hitler mandou para a fogueira, juntamente com os judeus, milhares, ou talvez milhões, de ciganos.
Dos primeiros fala-se, falou-se e vai falar-se sempre… dos outros, nicles!
Há uns meses vi um Galo da França, agora apeado, mandar para a Roménia inúmeras famílias de ciganos. Deu uma mão cheia de euros a cada um.
É bem claro que foram de avião, mas de certeza que no outro dia já estavam preparados para voltarem de carro…
É fácil dizer que um cigano fez isto, fez aquilo. Será verdade, será exagero ou não será bem assim…
Mas o cerne da questão não é a Família Cigana. Alguns destes fazem desacatos, como fazem outros indivíduos de outras minorias étnicas e, já agora, os da Maioria Étnica também prevaricam. E de que maneira!
Perguntem a um Cigano o que é uma offshore? Não sabem…
Agora vão até Lisboa, ao Largo do Roedor, ao Freeport e perguntem o mesmo. Sabem de cor e salteado…
Eu vejo que desta Maioria Étnica poucos falam. Há indivíduos aqui deste segmento que transferem dinheiro para fora do País, são pedófilos, são sabotadores da economia, provocam desemprego, fazem falências… Em suma, são uma mafia que fazem corar de vergonha os mafiosos da Cosa Nostra italiana!
E a estes nada lhes acontece. O motivo?
É que a justiça não funciona, nem querem que funcione! E quando e se funciona é para lixar o elo mais fraco!
Aqui está o motivo que abrange ciganos, não ciganos, amarelos e azuis!
A justiça não funciona e, obviamente, nem interessa que funcione.
Olhem o Isaltino… Olhem a Face Oculta…
Se a justiça tivesse que funcionar para um branco, tinha de funcionar para todas as outras cores! E a coisa disciplinava-se, ou a bem ou a mal!
Ora isso os da Maioria Étnica não querem…
Por isso, vamos lá deixar de assobiar para o lado, como se o assunto não fosse nosso. Não sejamos mais hipócritas!
Façam a justiça funcionar e os problemas com ciganos, brancos, morenos, mais morenos, azuis, deixam de existir ou serão reduzidos!
Eu vou estar atento: o capanga Hitler para justificar o seu fracasso na Economia, disse que os culpados eram os judeus e os ciganos!
Aqui em Portugal, está se a caminho do mesmo.
Antes o Sócrates e agora o Passos já encontraram a Minoria que é «culpada» do descalabro da Economia: os trabalhadores!
Por isso estão a pagar pelas canalhices que os outros fizeram!
«Estórias de um filho de Vale de Lobo e da Moita»
mailto:jjorgepaxjulia4@hotmail.com
Os ciganos aparecem pela primeira vez em Paris em 1427 assentando os seus arraiais num acampamento em Saint-Antoine-des-Champs, em Neuilly e em Ville-d’Évéque.
A Portugal, os ciganos chegaram também pelos finais do século XV e o conceito que a população fez deles também foi o mesmo.
Gil Vicente, dedicou-lhes uma peça de teatro – Farsa de Ciganos – representada em Évora, em 1521 ou 1525 em que os identifica já como gente nómada dedicada ao roubo.
Dominam o comércio das cavalgaduras, em especial aquelas que se encontram doentes fazendo-as passar por animais de boa saúde. Celebrizaram-se também por se dedicaram às práticas de feitiçaria, quiromancia e cartomancia, prática que de vida que mantiveram até meados do século XX, enquanto o país se manteve essencialmente rural.
O Abade de Baçal nas suas «Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança» dedica um texto aos ciganos no distrito de Bragança no tomo V onde descreve que a sua vida era vaguear de terra em terra, roubar quanto podiam, ler a buena dicha, pouca religião, vestidos imundos, rosto trigueiro amarelado, cabelos pretos, a que juntaram práticas supersticiosas de feitiçaria para melhor armar os efeitos rapinantes.
No Romance «Celestina», a propósito da romaria à Senhora da Póvoa, o nosso patrício Joaquim Correia conta-nos um episódio do roubo de uma égua e sua revenda ao dono pelos ciganos, totalmente repintada para disfarçar os sinais, dando-nos conta precisamente deste tipo de vida.
A maioria dos livros que existem sobre o assunto no nosso país, nomeadamente «O Povo Cigano» de Olímpio Nunes, a «Etnografia Portuguesa» de Rocha Peixoto, e o vol. IV da «Etnografia Portuguesa» de Leite de Vasconcelos, reflecte esta opinião geral também.
Evocando tudo isto, D. João III, pelo Alvará de 13 de Março de 1526, proibiu-os de entraram em Portugal, ordenando a expulsão de todos os que aqui viviam. Ao longo dos séculos são inúmeras as leis promulgadas com idêntica finalidade. Sempre mais severas, mas sempre inúteis. Uma das últimas, foi a de D. João V, em 10 de Dezembro de 1718.
A partir do século XIX, o Estado deixou de colocar a questão da expulsão dos ciganos, passando a considerá-los cidadãos portugueses, embora as posturas policiais e municipais os condenassem à mesma vida errante, proibindo a sua permanência prolongada nos aglomerados populacionais.
Actualmente, a maioria sedentarizou-se e dedica-se à vida ambulante e as carroças foram sendo substituídas por carrinhas, enquanto as tendas foram sendo substituídas por barracas e habitação social.
A estratégia de integração em Portugal tem passado pelo acesso da comunidade a habitação social e ao «rendimento mínimo garantido», em contrapartida pela escolarização das crianças ciganas, numa filosofia de integração gradual das futuras gerações pela aculturação, mas com resultados duvidosos, dada a elevadíssima taxa de insucesso escolar.
No entanto, muito está por fazer:
Apesar de mais de dois terços dos sete a oito milhões de ciganos do mundo viverem na Europa (Alemanha, 100.000; Albânia, 70.000; Bósnia, 17.000; Bulgária, 700.000; Croácia, 9.463; Espanha, 600.000–800.000; Grécia, 300.000-350.000; Hungria, 190.046; Polónia, 15.000–50.000; Portugal, 40.000; Reino Unido, 40.000; República Checa, 120.000–220.000; Roménia, 535.140, mas outros censos calculam entre 1.500.000-2.000.000; Eslováquia, 92.500; Turquia, 1.500.000 – 2 milhões), a Espanha é o país da União Europeia que mais fundos comunitários destina a programas orientados em exclusivo à integração de ciganos para o período 2007-13, com um total de 47 milhões de euros, e apenas mais quatro Estados-membros dispõem de programas de integração destinados aos ciganos (República Checa 43 ME, Roménia 38 ME, Eslováquia 26 ME e Polónia 22 ME), segundo números divulgados recentemente pela Comissão Europeia, no âmbito do debate sobre as expulsões levadas a cabo por França.
Portugal, contudo não tem qualquer programa específico de integração dos ciganos como estes países.
A escolarização que implementamos como contrapartida aos apoios sociais é redutora e, pelos seus fraquíssimos resultados (taxas de sucesso por vezes de apenas 1,4%) não é solução, devendo ser substituída por um ensino específico que vá ao encontro das necessidades da comunidade, designadamente com reforço da componente de ensino profissional e medidas que respeitem e até preservem a especificidade e cultura do povo cigano.
O caminho certo nunca é o da exclusão como faz a França, mas também nunca o da integração forçada como pretendemos e que não está a resultar.
É que o povo cigano tem, pelo seu modo de vida tradicional e que está hoje ameaçado, uma noção de liberdade que nós, gadjés, não temos e que é a alma da sua cultura:
«Com estas y con otras leyes y estatutos, diz ainda o velho cigano de La Gitanilla, nos conservamos y vivimos alegres; somos señores de los campos, de los sembrados, de las selvas, de los montes, de las fuentes y de los ríos. Los montes nos ofrecen leña de balde; los árboles, frutas; las viñas, uvas; las huertas, hortaliza; las fuentes, agua; los ríos, peces, y los vedados, caza; sombra, las peñas; aire fresco, las quiebras; y casas, las cuevas. Para nosotros las inclemencias del cielo son oreos, refrigerio las nieves, baños la lluvia, músicas los truenos y hachas los relámpagos. Para nosotros son los duros terreros colchones de blandas plumas: el cuero curtido de nuestros cuerpos nos sirve de arnés impenetrable que nos defiende; a nuestra ligereza no la impiden grillos, ni la detienen barrancos, ni la contrastan paredes; a nuestro ánimo no le tuercen cordeles, ni le menoscaban garruchas, ni le ahogan tocas, ni le doman potros. Del sí al no no hacemos diferencia cuando nos conviene: siempre nos preciamos más de mártires que de confesores. Para nosotros se crían las bestias de carga en los campos, y se cortan las faldriqueras en las ciudades. No hay águila, ni ninguna otra ave de rapiña, que más presto se abalance a la presa que se le ofrece, que nosotros nos abalanzamos a las ocasiones que algún interés nos señalen»…
Se não percebermos isto, arriscamos a que percam a sua identidade, ou que uma integração mal feita, acabe o que ainda resta desta particular riqueza da cultura cigana …
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
Os ciganos aparecem pela primeira vez em Paris em 1427 assentando os seus arraiais num acampamento em Saint-Antoine-des-Champs, em Neuilly e em Ville-d’Évéque.
Os relatos históricos dão conta da curiosidade dos parisienses com aquele bando de estrangeiros, que acamparam com suas mulheres, seus filhos e grande número de cavalos, na aldeia de Saint-Denis la Chapelle, durante muitos meses.
Um cronista, citado por E. Pasquier, nas suas Recherches de la France, diz deles o seguinte:
«Os homens eram muito morenos e tinham o cabelo crespo, e as mulheres eram o mais feias que se pode imaginar, trigueiras, de cabelo negro e áspero como crina de cavalo. Cobriam-lhes as carnes farrapos imundos e estranhos. Eram, numa palavra, as criaturas mais miseráveis que até então se tinha visto em França, e apesar da sua pobreza, havia entre elas algumas feiticeiras ou bruxas que examinavam a mão de qualquer pessoa, e diziam tanto o que acontecera, como o que estava para acontecer, e assim introduziam a discórdia em varias famílias. O pior ainda era que, falando às criaturas por encantamento, ou meIhor, com auxilio do demónio, ou subtis prestidigitações, escamoteavam as algibeiras da gente.»
Foi esta, sumariamente, a ideia que os Franceses tiveram dos ciganos logo à sua chegada a França, associando a sua vida errante ao modo de vida dos cerca de 40.000 vagabundos e mendigos que andavam aos bandos pelas ruas de Paris, e que Sauval caracterizou assim:
«Era uma espécie de povo independente que não conhecia nem lei, nem religião, nem superior, nem policia. A impiedade, a sensualidade e a libertinagem eram os seus deuses. A maior parte dos assassínios, das rapinas e das violências diurnas e nocturnas eram obra sua, e esta gente … era por seus costumes corrompidos, pelas suas sacrílegas blasfémias e pela sua insolente linguagem, a menos digna da compaixão pública.»
E associando os ciganos a estes mendigos, diz Sauval daqueles:
«Tinham uma vida execrável; o seu único oficio era enganar as pessoas e viver à sua custa, exercendo por toda a parte as mais engenhosas habilidades de escamoteação, audazes rapinas e inumeráveis astúcias.»
E diz um autor mais recente em relação às ciganas, provando que o preconceito inicial ainda persiste:
«Estas raparigas, em que nos apresenta as ciganas das províncias meridionais, mulheres que não mudaram, de cinco séculos a esta parte, nem de carácter nem de modo de vida, algumas das quais apenas contam dezasseis anos, nunca foram inocentes; vindo ao mundo no seio da corrupção, já estão manchadas antes de se haverem entregado, e tornam-se prostitutas antes da puberdade.»
No fim da vida, quando perdiam a beleza, não se podendo prostituir, traficavam a virgindade das mais novas. Daí o célebre provérbio francês:
«Vieille bohémienne et maquerelle sont deux les seurs jumelles.» [Cigana velha e alcoviteira são irmãs gémeas].
Em França o preconceito em relação aos ciganos tem pois origem nesta associação do séc. XV e XVI aos mendigos e população marginal da cidade de Paris e desde este tempo a autoridade civil e eclesiástica os considerou inimigos da ordem pública, perseguindo-os com rigor, por predisporem o povo à dissolução:
Um édito de 1560 ordenava aos governadores das províncias que os exterminassem a fogo e a ferro, outro édito de 1610, que os desterrassem do reino sob pena de galés e constituíram muitas vezes a população forçada das colónias francesas do Novo Mundo.
A mesma associação às classes marginais e preconceito não foram superados até hoje, e é por essa razão que o Estado Francês persegue os ciganos com a passividade da maioria dos cidadãos.
Em Espanha, onde os ciganos entraram também no século XV, a ideia que os autores da época deles faziam era a mesma, mas foi-se modificando por circunstâncias particulares:
«Parece que los gitanos y gitanas, diz Cervantes logo no primeiro parágrafo da sua novela «La Gitanillha», solamente nacieron en el mundo para ser ladrones: nacen de padres ladrones, críanse con ladrones, estudian para ladrones y, finalmente, salen con ser ladrones corrientes y molientes a todo ruedo; y la gana del hurtar y el hurtar son en ellos como acidentes inseparables, que no se quitan sino con la muerte.»
Contudo em Espanha, os ciganos fixando-se maioritariamente na Andaluzia, misturaram-se com a classe mais baixa, que era a população mourisca, a qual era maioritária ainda nos antigos reinos de Granada e Múrcia.
De resto, o povo cigano como o andaluz, era orgulhoso das suas tradições. Eram ambos muito individualistas e leais à instituição familiar. Assim nasceu a sociedade do «flamenco»; termo que designava ciganos, pessoas sem posse de terra, derivado do árabe das palavras «fellahu» (ou «felco») camponês, e «mengu» errante. E é curioso como os mouriscos, após as espoliações seguidas à conquista de Granada se tornaram camponeses sem terra, errantes como os ciganos, tornando assim completa a identidade entre estes dois povos e o termo «flamenco» identificativo destas duas etnias e passou a ser, após o século XVIII sinónimo de cigano andaluz.
Este facto é notado por alguns autores, entre os quais Karol Henderson Harding, que refere terem os ciganos combinado os complexos ritmos indianos com as melodias islâmicas, introduzindo nela as palmas, as batidas dos pés e o ritmo quente do «flamenco» que associaram aos movimentos de quadril e expressão de fortes sentimentos e emoções de natureza árabe.
Referindo-se à cigana Preciosa de «La Gitanilla», continua Cervantes dizendo, a este propósito, que era «rica de villancicos, de coplas, seguidillas y zarabandas, y de otros versos, especialmente de romances, que los cantaba con especial donaire» e referindo-se à qualidade de dançarinos dos ciganos, que «a primera entrada que hizo Preciosa en Madrid fue un día de Santa Ana, patrona y abogada de la villa, con una danza en que iban ocho gitanas, cuatro ancianas y cuatro muchachas, y un gitano, gran bailarín, que las guiaba».
Mas são precisamente as semelhanças de apego à vida familiar que os autores espanhóis já do séc. XVI, nomeadamente Cervantes, realçam e explicam a integração dos ciganos na sociedade andaluza:
«Escoge entre las doncellas que aquí están, diz um cigano velho, que Cervantes pôs em cena em «La Gitanilla», la que más te contentare; que la que escogieres te daremos; pero has de saber que una vez escogida, no la has de dejar por otra, ni te has de empachar ni entremeter, ni con las casadas ni con las doncellas. Nosotros guardamos inviolablemente la ley de la amistad: ninguno solicita la prenda del otro; libres vivimos de la amarga pestilencia de los celos. Entre nosotros, aunque hay muchos incestos, no hay ningún adulterio; y, cuando le hay en la mujer propia, o alguna bellaquería en la amiga, no vamos a la justicia a pedir castigo: nosotros somos los jueces y los verdugos de nuestras esposas o amigas; con la misma facilidad las matamos, y las enterramos por las montañas y desiertos, como si fueran animales nocivos; no hay pariente que las vengue, ni padres que nos pidan su muerte».
(Continua no dia 29 de Setembro.)
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
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