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O Centro Local de Aprendizagem da Universidade, no Sabugal, em parceria com a Câmara Municipal do Sabugal, irá realizar uma «Tertúlia de Sabores. Tradição e Saúde à Mesa», no próximo dia 4 de Maio, no Café Girassol (Sabugal), pelas 21 horas.
A tertúlia contará com a participação do Dr. João Calhau, nutricionista no Centro de Saúde do Sabugal, que acentuará a sua intervenção na questão da saúde, e um representante da Associação do Comércio e Serviços do Distrito da Guarda (ACG), que focará a problemática da alimentação numa vertente mais comercial. Ambas as intervenções pretendem sensibilizar para a possibilidade de se alimentar bem e a custo reduzido, e prometem fomentar um debate interessante em torno de uma problemática tão importante em tempos de crise.
Mais esclarecimentos no Centro Local de Aprendizagem da Universidade Aberta (Centro Dr. José Diamantino dos Santos, Rua Luís de Camões, nº 16, Sabugal – Tel: 271 752 230).
Amália Fonseca – Coordenadora do CLA do Sabugal
A Câmara Municipal do Sabugal recusa pagar à empresa Águas do Zêzere e Côa (AzC) o valor das facturas que esta emite pelo fornecimento de água e pelo tratamento de efluentes, denunciando que as mesmas estão sobrevalorizadas. Na perspectiva do Município, feitas as contas, a empresa terá antes de devolver um valor superior a um milhão de euros que cobrou indevidamente.
No final do ano de 2011 o presidente António Robalo oficiou o administrador executivo da empresa, dando-lhe conta que a Câmara Municipal do Sabugal verificara que os sistemas de controlo do abastecimento de água e do tratamento de efluentes padeciam de vícios na medição. A autarquia alegou que os mecanismos de medição nunca foram calibrados nem aferidos, e que os mesmos contabilizam a passagem de ar com se de água se tratasse.
A Câmara colocou ainda em causa, à semelhança de outros municípios, o contrato de concessão celebrado entre o Estado e a AzC, afirmando que tem vícios insanáveis, que o tornam nulo. A razão assenta no facto de se ter retirado do sistema a área geográfica do município da Covilhã, o que aliás está a ser alvo de processo no Tribunal Administrativo de Castelo Branco, onde as várias Câmaras Municipais pedem a declaração dessa mesma nulidade.
Face às disfunções verificadas, a Câmara do Sabugal entende que só tem de pagar à AzC o fornecimento de água que foi realmente facturado aos munícipes, acrescido de 30%, (tendo em conta as perdas). Quanto ao saneamento, entende a Câmara que apenas tem a pagar 80% do volume de água facturado aos munícipes.
Face aos considerandos acerca dos reais valores do fornecimento de água e de efluentes tratados, a Câmara rejeita as contas que a empresa lhe apresenta para pagar, por conterem valores muito superiores ao correspondente serviço de fornecimento.
Feitas as contas, entre o que se pagou e o que se deveria ter pago, a Câmara do Sabugal alega não ser devedora de quaisquer montantes, antes sendo credora da empresa, num valor que no final do ano rondava um milhão e 300 mil euros.
O Município oficiou mesmo a Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Assunção Cristas, dando-lhe conta dos vícios detectados e da intenção de discutir em tribunal todas as facturas, uma a uma, se as mesmas não apresentarem os valores enquadrados nos critérios que o próprio Município considerou.
A batalha entre a AzC e os municípios que integram o sistema de abastecimento de água e tratamento de efluentes já vem de há vários anos e arrasta-se em tribunal, com acusações mútuas de incumprimento.
Manuel Frexes, ex-presidente da Câmara Municipal do Fundão e principal contestatário das contas apresentadas pela AzC é actualmente administrador da Àguas de Portugal, a accionista maioritária da AzC.
plb
Por estes dias, em que a chuva resolveu aparecer, dando a esta primavera uma tonalidade mais cinzenta e cumprindo o ditado de que, «Abril águas mil», tenho pensado, em como em Portugal, ninguém estabelece um plano de acção. Ninguém planifica. Ninguém estabelece objectivos e caminhos para lá chegar. Os partidos, arrastam uma indefinição ideológica e, mesmo com programas políticos (ou pseudopolíticos), estes são feitos em função das circunstâncias. Carecem de uma matriz identitária e de identidade.
Esta ideia vem a propósito das jornadas parlamentares do PS, que decorreram em Bragança, primeiro e, depois, a prática governativa deste governo do PSD.
António José Seguro, líder do PS, discursava e apregoava para os seus deputados de que este governo estava a ignorar o interior. Fiquei pasmado! Então não foi o PS que foi fechando escolas, centros de saúde, estações dos correios? Ah! Mas antes estavam no governo. Agora, como já não estão, volta o discurso do interior. Serve como exemplo de um discurso feito em função das circunstâncias.
Depois, comparem o discurso do primeiro-ministro agora e do candidato a primeiro-ministro antes. Palavras como «não aumentamos impostos», «não serão pedidos mais sacrifícios aos que menos têm», são palavras que depressa o vento levou. O que prova que os programas e os discursos são vazios. As ideias inexistentes.
Esta semana trouxe ao de cima a verdade crua e nua do acordo de concertação social. É mau e, como tal, provocou alterações na lei laboral más. E mesmo assim, o governo não o está a cumprir. Guardei a cara de espantado do secretário-geral da UGT… O ministro da economia apresentou esta semana a nova proposta do governo para o valor da indeminização aos trabalhadores por despedimento, 7 a 13 dias por cada ano de trabalho. Argumentos: para ficarmos enquadrados com a média da União Europeia. Exactamente como os alemães, já que ganhamos exactamente o mesmo! Brilhante este ministro. Outro argumento, que existe um estudo que aponta nesse sentido. Claro que faltava cá o estudo! Há sempre um estudo! Mas nunca se sabe quem o fez, onde está, quem o encomendou. Tal e qual como os estudos do Sr. George, director eterno geral da saúde, contra o tabaco. E, por fim, o argumento da troika. Sempre a troika, como costas grandes para impor restrições aos mais fracos. A mesma troika exige o corte nas rendas das PPP’s, mas aqui só se ouvem palavras vãs. Esta prática de governar, negando tudo o que se disse, prejudica a democracia porque, essencialmente, afasta as pessoas da política e, principalmente, dos partidos. E os portugueses têm-no mostrado em cada acto eleitoral.
O primeiro pacto ou acordo que os políticos e os partidos têm que fazer com o eleitorado é o da confiança. É esta confiança o suporte da prática política e do funcionamento da democracia e das suas instituições. Mas para isso, como disse, é necessário a existência de uma matriz ideológica que seja identitária e, por isso, identifique.
O panorama nacional mostra, e demonstra, um arco político ideologicamente errante, politicamente vazio e eticamente duvidoso.
Podemos dizer, diz-me se estás no poder ou na oposição e eu direi quem és.
P.S. Esta semana o FMI emitiu um relatório, onde aponta que Portugal, depois da intervenção da troika, terá muitas dificuldades em relançar a economia. Nada de novo, basta seguir o rumo das políticas seguidas pelo governo. Mas o que admira é que, a base de muitas das políticas, são do próprio FMI! Mais, o FMI faz parte da troika! Esta troika não está cá, supostamente, para nos salvar? Este relatório é o reconhecimento próprio fracasso.
«A Quinta Quina», crónica de Fernando Lopes
fernandolopus@gmail.com
«Um Santo é alguém que apesar dos limites e defeitos, vive plenamente a Vida de Deus»; Comissão da Causa da Canonização.
Há muito que andava com o desejo de fazer um texto sobre o Santo Padre Cruz – Padre Francisco Rodrigues da Cruz, que nasceu em 29/7/1859, na Vila de Alcochete, no Distrito de Setúbal. Esta vontade está alicerçada nas muitas conversas que os meus saudosos Pais Bismulenses – José Maria Fernandes Monteiro e Maria da Piedade Alves Lavajo – entabulavam sobre a vida deste Homem e Padre, que conheceram nas décadas de sessenta do século passado, e a quem se confessaram, tendo por ele uma devoção muito especial. A minha Mãe tinha na sua mesinha de cabeceira uma pequena imagem do Santo Padre Cruz, pedindo-lhe a sua protecção, inclusive para o seu Clube, o Clube da nossa família – O Vitória de Setúbal. Infelizmente, nem sempre o Padre Cruz ouviu as suas orações, mas a minha Mãe explicava-me que a culpa era dos jogadores, que em frente ao guarda-redes e sozinhos falhavam os golos escandalosamente. E tinha muita razão…
Fez os estudos secundários em Lisboa e o Curso de Teologia na Universidade de Coimbra. Aos vinte e três anos foi ordenado sacerdote. Torna-se director do Colégio dos Órfãos de Braga, Director Espiritual de S. Vicente de Fora e Professor de Filosofia no Seminário de Santarém, que por motivos de saúde teve de abandonar.
Em Dezembro de 1940 entrou na Companhia de Jesus e em 1942 visitou a Madeira e os Açores.
Um dia fui cortar o cabelo no Fundão, dando conhecimento ao barbeiro da minha intenção de escrever sobre o Padre Cruz. Este olhou para mim, fixou-me e disse-me: «eu ajudei muitas vezes na missa em Alpedrinha o Santo Padre Cruz, que visitava regularmente a nossa histórica Vila». Joaquim Mendes Caldeira, Barbeiro há mais de cinquenta anos, na Praça do Município do Fundão e o seu conterrâneo Doutor António Ribeiro, ex-Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alpedrinha, foram acólitos e seus acompanhantes.
Devo a estes dois senhores as pistas que me deram para basear todo este texto, pois viveram de perto todas estas vicissitudes, o que lhes confere uma importante credibilidade. Seria bom o poder local dar maior visibilidade a estes factos, com uma maior investigação, e gravar o seu nome na toponímia de Alpedrinha, ou outro gesto que perpetue a sua memória.
O Padre Cruz tinha em Alpedrinha um grande amigo, Alexandre Inácio, notário em Benavente.
Chegava a Alpedrinha através da via ferroviária e subia a pé com o breviário, o terço, uma malinha, vestido com a sotaina e o seu chapéu, numa modéstia total.
Celebrava a Eucaristia na Igreja Matriz, no altar lateral de Nossa Senhora de Fátima, sempre com a presença da população de Alpedrinha. Muitas vezes visitava os doentes do Hospital da Misericórdia de Alpedrinha sob a orientação das Irmãs Hospitaleiras Franciscanas, hoje o Lar da Terceira Idade.
Estes dois acólitos muitas vezes o acompanharam à Estação de Caminho de Ferro de Alpedrinha. Numa das vindas, o Santo Padre Cruz demorou mais tempo que o previsto com os «seus doentes», como ele costumava dizer e o horário do comboio já lá ia. Todos estavam preocupados, mas o Padre cruz sossegou-os: «o comboio não sai da estação de Alpedrinha sem eu chegar». Conseguiu-se que o único automóvel de Alpedrinha fosse colocado à sua disposição e lá partiram. A verdade é que o comboio lá estava parado, sem se saber as razões deste facto, com grande descontentamento geral e sem explicação, e só começou a sua marcha a caminho de Lisboa, quando o Padre Cruz subiu para uma carruagem, sendo saudado por todos os passageiros que o reconheceram e admiraram a sua santidade. Todos diziam que tinha sido um milagre.
Todos nós sabemos que este sacerdote se dedicou totalmente a visitar doentes, reclusos, pessoas marginalizadas e carenciadas. Hoje fala-se muito na caridade e talvez se pratique pouco. Este simples, humilde e pobre Padre, é uma referência moral e cristã, sobretudo para todos aqueles que têm responsabilidades litúrgicas e não só… Este grande discípulo do Santo Cura de Ars, conduziu a sua missão ímpar, ultrapassando todas as fronteiras e colocando o homem no centro do mundo.
Infelizmente muitas vezes me desloco ao Cemitério de Benfica em Lisboa para me despedir de familiares e amigos. Nunca deixo de rezar junto ao seu mausoléu, onde há sempre pessoas a perpetuar a sua memória. É possível que qualquer dia o festejemos nos altares, porque a vida das pessoas já o santificou.
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes
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