Esta frase foi proferida pelo sr. Primeiro-ministro, num discurso, na apresentação de um livro com os contributos para a elaboração do programa do PSD, acerca do programa da troika e do seu cumprimento.

Aprecio a determinação. Mas temo que esta determinação se transforme unicamente em teimosia. Quando o país está á beira da rotura, o custo de vida sobe vertiginosamente, 30% dos desempregados são jovens e, grande número deles, são jovens qualificados, os idosos são esquecidos e a população activa sobrevive na pobreza envergonhada e paga os desvarios de dirigentes políticos que, convencidos de serem iluminados, tomam decisões em nome do povo e da nação. É que, o sr. Primeiro-ministro, disse, ainda, que o programa da troika é semelhante ao programa do seu PSD! Engraçado, não me lembro desse seu (dele) programa na campanha eleitoral! Espero que no final da intervenção da troika ainda haja Portugal.
Entretanto, continua o fandango das especialidades em relação aos sacrifícios. São para todos ou não? É que é a CGD, a TAP, o Banco de Portugal… agora são os médicos, cujas horas extraordinárias e nocturnas, são muito mais bem pagas do que as dos outros funcionários públicos. Tenho dificuldade em entender este “todos” onde não cabem todos!
Olho para o mapa de Portugal e continuo a ver um pequeno rectângulo situado a sudoeste da Península Ibérica, no continente europeu, e não uma pequena faixa à orla do mar oceano. Então, por que motivo, tudo neste país se concentra nessa parte do território? No resto, fecham as escolas, os centros de saúde, os correios, os comboios… agora os tribunais. Será que o governo abdicou da soberania no interior do país? Ou esta dos tribunais, será por os juízes não quererem vir para a província e, com o pouco que ganham e mais com pouco de subsídio de residência que recebem, morrerem à fome?
Um país que renuncia á educação, à defesa/segurança e á aplicação da justiça, está ao abandono. É este o caminho que seguimos «custe o que custar».
Enquanto a União Europeia se desmorona e Alemanha, qual abutre, se banqueteia com o cadáver, a comissão europeia apresentou um ultimato a alguns países, entre os quais Portugal, para aplicar as directrizes acerca dos direitos das galinhas! Num momento em que, em toda a Europa, as pessoas sofrem, a miséria grassa pelo povo, a comissão preocupa-se com as galinhas. São mesmo uns galináceos, estes, da comissão europeia!
Alemanha «sugeriu» que um funcionário europeu (alemão, digo eu) acompanhasse a execução orçamental grega, abdicando esta dessa parte da soberania. Incrível! O conselho da Alemanha à Grécia é de se preocupar somente com a divida (à Alemanha, digo eu). Pois bem, a Alemanha ainda não pagou á Grécia o que lhe deve como compensação pela ocupação nazi da Grécia. A preços actuais, Alemanha deve quase o dobro à Grécia do que aquilo que a Grécia está a necessitar. Pois é.
«A Quinta Quina», crónica de Fernando Lopes

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