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Se houve pessoas que marcaram gerações no distrito da Guarda, uma delas foi sem duvida o Professor Henrique Varandas. Desde muito cedo, mostrou inclinação para as matemáticas, influenciado talvez pelo seu tio José Maria que, em Vale de Espinho, era um sábio conhecedor dos meandros da argúcia que não temia os indecifráveis e áridos problemas ou as sofisticadas adivinhas em que por vezes tropeçavam lentes e doutores que passavam pela sua oficina de sapateiro.
Filho da encruzilhada das famílias com grande história na aldeia, que foram os Varandas, os Tenreiras e os Esteves, os quais se espalharam um pouco por toda a parte e até pela Argentina, Brasil e por outros mundos fora, o Dr. Henrique Varandas não quis enterrar os seus talentos. Foi um dos primeiros a mostrar-nos o caminho dos estudos e da universidade, considerado como uma das quase únicas formas de ascensão social e de luta renhida contra aquelas serranias agrestes que nos rodeavam.
Pelo Liceu da Guarda passaram gerações de alunos e o pelo professor de matemática que era o Dr. Varandas tinham necessariamente de passar todos os alunos que frequentavam aquela lendária escola. Tinha a lógica matemática nas entranhas, mas também a palavra amiga na ponta da língua e com ele todos aprendiam aquilo que era para todos nós um bicho-de-sete-cabeças. Usava o método directo para cativar a atenção e o interesse dos alunos. Não falava em abstracto, para as paredes. Ao fazer a demonstração de um teorema, de uma equação ou de um outro qualquer bicho-careto da matemática, dirigia-se directamente para um aluno em particular, talvez para aquele que teria mais dificuldade em compreender, e, do principio até ao fim, auscultava, intuitivamente, a compreensão do aluno. Repetia, voltava a explicar por outras palavras até ver na cara do aluno o brilho dos seus olhos e a satisfação de ter apreendido aquilo que de outra maneira teria ficado nos limbos da incompreensão. Quantos valores não teria revelado este grande pedagogo? Não admira por isso que ao seu enterro tenham acorrido tantas testemunhas que, com a sua presença, quiseram prestar uma última homenagem a este homem que dedicou a sua vida ao ensino.
Também na sua terra de adopção – a Guarda – o Dr. Henrique Varandas não passava despercebido. Depois do jantar, deambulava por entre as ruas da cidade para oxigenar o espírito, contactar com os amigos, saborear o ar puro desta Guarda que tanto amava, e fazer a manutenção de um físico que tinha de estar convenientemente preparado para o jogo do ténis ou do golfo, e assim aguentar melhor os torneios que disputava com os seus próprios alunos, necessariamente mais novos que ele.
A alguns quilómetros de Vale de Espinho, onde o Dr. Henriques ia ser enterrado, precisamente no convívio do terceiro Capítulo do Bucho Raiano, e no momento em que decorriam as suas exéquias, vários amigos recordavam-no também com saudade. Todos, professores, alunos e amigos contavam um episódio, uma graça, uma atenção. O Dr. Joaquim Fernandes fazia-nos notar que já havia algum tempo que o não via na missa vespertina da igreja da Misericórdia. O Professor Santos Silva, antigo reitor da UBI, lembrava o seu excelente desempenho no lugar de professor naquela Universidade. Outros trouxeram à memória o tempo em que regeu as disciplinas de matemática no Politécnico da Guarda. Também eu não quis deixar de recordar o que tinha visto com os meus próprios olhos em Moçambique, quando visitei o Pe. Jacob, da Congregação de Cristo Rei, de Gouveia. Ao percorrermos as várias valências do seu apostolado, fez questão de me mostrar o tractor que o Dr. Henrique Varandas tinha oferecido para a sua missão, em Nampula.
Estávamos todos tristes por não ter podido estar presentes no enterro deste matemático, pedagogo, conterrâneo e parente, que nos deixa tantas saudades.
Joaquim Tenreira Martins
Os que no Sabugal visitam o castelo das cinco quinas têm feito críticas em relação a alguns aspectos que não abonam em favor do ex-libris desta cidade raiana.
Há quem se queixe de que o castelo deveria ter actividade e dinâmica à sua volta, face à falta de animação na zona histórica. Outros apontam o horário, que parece não ser do agrado geral, sobretudo daqueles que tentam visitar o monumento a partir das 17h15, altura em que a entrada lhes é vedada, ainda que o horário afixado diga que o encerramento é às 17h30.
Nos dias do Carnaval muitos estranharam que o castelo estivesse encerrado na segunda-feira, dia 20 de Fevereiro, altura em que, fruto da época festiva e do encerramento das escolas os turistas nacionais acorreram à região serrana. Outros queixam-se do facto do castelo estar fechado à hora de almoço, das 12h15 às 14h00.
Também há quem se queixe do preço da visita, que é de 2 euros por pessoa e do facto do bilhete de grupo (com preço mais favorável) seja apenas para visitas com mais de 25 pessoas.
Mas há também outras críticas que têm a ver com o descuido em relação à imagem e ao espaço envolvente ao monumento.
Mão amiga fez-nos chegar um conjunto de situações, ilustradas com foto, que podiam e deviam ser evitadas. Uma delas, e provavelmente a mais preocupante, é a da existência de resíduos de demolição de edificações junto à muralha do castelo. O entulho está espalhado sem que ninguém se preocupe em pôr cobro a este desmazelo de péssimo efeito para quem vem de visita ao monumento.
Outra anomalia é o reiterado estacionamento de automóveis e motociclos junto à muralha. «Será que quem vem visitar o castelo, gostará de levar esses “extras” na sua memória ou nos seus registos fotográficos?», pergunta-se. Ao redor do castelo não falta espaço para estacionamento, pelo que deveria estar em vigor a proibição de estacionar ao lado da muralha.
Uma terceira situação é a insólita presença de uma gaiola com pombas junto à muralha, onde está afixada por pregos.
plb
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