A Capeia Arraiana, tourada popular exclusiva das terras raianas do concelho do Sabugal, foi regista como Património Cultural Imaterial no Inventário Nacional do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), tendo em conta o seu valor enquanto manifestação popular e etnográfica.
Foi publicado no Diário da República do dia 16 de Novembro o Anúncio relativo à inscrição da «Capeia Arraiana» no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
Resultante do pedido de inventariação elaborado pela Câmara Municipal do Sabugal, o registo daquela tradição no Inventário Nacional foi objecto de decisão favorável da Comissão para o Património Cultural Imaterial, em 4 de Novembro de 2011, tomada após o período de consulta pública sobre o processo.
A Capeia Arraiana é uma manifestação tauromáquica específica de algumas freguesias da orla raiana do concelho do Sabugal, que se singulariza pelo facto de a lide do touro bravo ser realizada com o auxílio do forcão, estrutura triangular em madeira suportada por um grupo de homens que assim enfrenta as investidas do touro.
O IMC disse em comunicado que «a finalização deste primeiro processo de inventariação de uma manifestação cultural no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, de forma desmaterializada e com a participação das respectivas comunidades, assume um particular significado no trajecto da recente valorização do património imaterial em Portugal».
O Inventário Nacional, na forma digital, foi resultado de um aprofundado trabalho desenvolvido pelo IMC nos últimos anos, que incluiu a aprovação do regime jurídico para a salvaguarda do Património Cultural Imaterial. A finalização deste primeiro processo relativo à Capeia Arraiana veio dar expressão ao principal objectivo da implementação do Inventário Nacional: «o cumprimento, por parte de Portugal, da sua obrigação fundamental decorrente da ratificação da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial (UNESCO, 2003), que exige, precisamente, a criação de inventários nacionais».
A Câmara Municipal do Sabugal emitiu igualmente um comunicado manifestando regozijo pela inventariação da Capeia Arraiana enquanto património imaterial, na medida em que isso «dá resposta aos anseios da população e das forças vivas do concelho que pretendiam uma maior valorização, preservação e promoção desta manifestação cultural, única no mundo, que constitui um inquestionável factor identitário das povoações onde se pratica e o mais valioso Património Cultural Imaterial do concelho».
«Estão agora reunidas as condições para uma eventual candidatura da Capeia a Património Cultural Imaterial da Humanidade, uma vez que, nos termos da legislação em vigor, o registo no Inventário Nacional é condição indispensável para tal», conclui o comunicado da Câmara do Sabugal.
plb
4 comentários
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Sábado, 19 Novembro, 2011 às 18:59
JCLEMENTE
Então e Vale de Espinho??? será que nunca se lá fez uma “Capeia”?? que eu saiba, até lá tem um redondel, e antes do redondel sempre se lá fez “Capeia”. Era bom que o Dr. Manso desse uma explicação desta ostracização de Vale de Espinho das freguesias com “Capeia”. Por uma questão de respeito, para com todos os Valdespinhenses…
Domingo, 20 Novembro, 2011 às 6:41
kim tomé
Fico feliz por mais este passo no reconhecimento da Capeia Arraiana como acto cultural do povo da Raia como património da humanidade.
Até porque fui o pai da ideia e como tal isto vem provar que a minha ideia era válida.
Mais, na altura até se estava a constituir um grupo de trabalho para tratar deste assunto, e isso era publico, mas esta gente da Câmara como não tem respeito pelos outros fez as coisas assim sem no mínimo contactar quem era correto contactar.
Os senhores da Câmara deviam ter tido a honestidade de contactar o autor da ideia, mas não o fizeram.
Quando propus neste blog a candidatura a património imaterial da Capeia Arraiana só faltou baterem-me chamaram-me de tudo, andaram,nas quelhas a falar nas costas e a ridicularizar a minha ideia, agora esses mesmo andam a tirar dividendos com essa ideia, e nem tiveram a honestidade de reconhecer quem foi a pessoa que teve a ideia e que lutou por provar que era válida.
No Sabugal é assim que as pessoas com responsabilidades agem, primeiro ridicularizam e falam mal dos que apresentam propostas inovadoras, tentando destruir a pessoa depois apropriam-se da ideia como se fosse sua e desconsideram o autor.
É mesmo gente desonesta e sem sem princípios.
Para que conste aqui estão os links dos artigos que provam o que afirmo.
Domingo, 20 Novembro, 2011 às 11:15
Ramiro Matos
Eis um momento de grande alegria para todos os que amam o nosso Concelho e sabem que o reconhecimento da importância cultural da capeia é mais um elo da corrente que nos colocará de novo na rota do desenvolvimento.
A todos os que para isso contribuiram, desde o Quim Tomé ao Presidente da Câmara, passando por todos aqueles que, ano após ano, mantêm viva esta tradição raiana, o meu, e penso que de muitos sabugalesnses, bem haja.
Ramiro Matos
Domingo, 20 Novembro, 2011 às 14:56
kim tomé
Pela parte me toca agradeço o seu reconhecimento.