Piegas, adj. e s. 2 gén. que ou a pessoa que é ridiculamente sensível ou assustadiça; que ou quem se preocupa demasiado.

Há uns meses atrás, ouvíamos diariamente e por todo o país, um discurso do Presidente do PSD, elogiando, valorizando, glorificando os portugueses e as suas capacidades. O discurso saia pronto e não cessava de «engraxar» os portugueses em troca de um voto. Os portugueses eram activos, decididos e empreendedores! Mas estávamos em pré – campanha e em campanha eleitoral…
Hoje, os portugueses são preguiçosos, acomodados, quase parasitas. Hoje, o Sr. Primeiro-Ministro, o mesmo Presidente do PSD, chama piegas aos portugueses. São uns chatos estes portugueses. Era bem melhor governar sem eles! Contudo, são os mesmos de há uns meses atrás. E serão os mesmos quando alguma eleição se aproximar. É impressionante o quanto este governo detesta os portugueses! São o convite à emigração, as adjectivações com que nos brinda e todas as políticas que visam uma opressão económica (para já) sobre os cidadãos. Aniquilando, precisamente, a cidadania.
Parece esquecer, o Sr. Primeiro-Ministro, que estes portugueses são os filhos e os netos dos fundadores de uma nação com oitocentos anos!
E até podíamos pegar na definição de piegas e encará-lo pelo lado positivo. Poderia ser um elogio. Sim, somos um povo sensível. Sim, somos um povo preocupado demasiado. Então, o Sr. Primeiro-Ministro, o que pretendia era alertar para o facto de nos preocuparmos demais! E não devemos? Claro! Quem nos tira direitos, nos obriga a empobrecer, nos transforma em mendigos de trabalho e da dignidade e, por fim, ainda nos insulta, não nos devemos preocupar?!
Também tem razão o governo em estar contra o carnaval. Afinal, chega o governo para as palhaçadas. Todas as semanas há um dia de carnaval. E já que falo do carnaval, ainda não me convenceram que com o fim dos feriados propostos, o país é mais produtivo. Apresentam-se números de quanto o país perde, mas nunca se apresentam os números de quanto a economia interna beneficia! Nestas coisas os números são sempre facciosos. São como os estudos encomendados. São sempre a favor de quem os encomenda.
O Presidente do parlamento Europeu, alemão e socialista, acaba de fazer umas declarações acerca das relações de Portugal com Angola. Não vou desfiar aqui os argumentos que justificam essas relações. Resumo-as numa frase feita, «por todas e mais uma», e esta uma são quinhentos anos de História. Mas parece-me que ao alemão, o incómodo, é a dor de cotovelo. Vendo Portugal trilhar outros rumos e não se agachar ao lado da Alemanha, esta vê um pedaço do quintal (leia-se União Europeia) fugir.
E é esta gente que nos governa!…
«A Quinta Quina», crónica de Fernando Lopes

fernandolopus@gmail.com