Em finais dos anos sessenta do século passado, os jovens da então Vila, hoje cidade, do Sabugal, nas longas e quentes tardes de Verão, iam até ao velho Estádio do Ribeirinho, o «campo da bola», como lhe chamávamos, depois de largarem os seus trabalhos, para jogar uma partida de futebol.
Como é natural, não chegavam todos ao mesmo tempo, se chegassem quatro, dois de cada lado, começavam aos «toques», e conforme iam chegando, entravam para um dos lados, até completarem os vinte e dois jogadores regulamentares. Escusado será dizer que qualquer um servia. Ainda me lembro de um, que ao lançar a bola da linha lateral, depois de ela ter saído fora, não levantava os braços por cima da cabeça, como é das leis do futebol, lançava-a como quem lança uma bola de bowling, (também só o fez uma vez), não sabia mais…
Ao lembrar-me deste episódio, comparo-o com o que acontece presentemente a nível político.
Leitor(a), antes de entrar no artigo propriamente dito, quero salientar que o que escrevo não se aplica a ninguém em particular, mas a todos os que o são em geral. Às vezes deturpam o sentido das minhas palavras. E isso faz-se àquele que se quer abater. Se uso o exemplo do futebol no Sabugal, em tempos idos, é porque o vejo mais conforme com aquilo que quero exprimir.
A abertura da política a um qualquer cidadão, ou cidadã, não é negativo, significa democratização da sociedade. O problema surge, e é inquietante, quando os níveis, humano, ético e cultural são baixos. É uma democratização contra a própria Democracia. Podemos considerar isto uma das causas da política estar despojada da sua dimensão ética, da sua missão e sentido originais. Ela é, nos tempos actuais, negócio, prebendas, privilégios e proveito material.
Não me canso de repetir, que há políticos, tanto homens como mulheres, com uma dedicação esmerada ao serviço público. Lutam por valores como a liberdade e a justiça social, não servem a quem lhes der mais.
Os maus políticos, só conseguem caminhar por entre a divisão e o abandono dos bons.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
ant.emidio@gmail.com
5 comentários
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Quarta-feira, 25 Novembro, 2009 às 1:23
FNunes
Ó António então o outro fazia o lançamento sem levar a bola atrás da cabeça e não te lembras do outro que chutava sempre com o pé que tinha mais á mão, na politica autarquica o que se faz em vez de procurar alguem com alguma preparação nomea-se sem qualquer critério ou competência.
Quarta-feira, 25 Novembro, 2009 às 11:16
joao valente
Quem não tem cão, caça om gato…
Quarta-feira, 25 Novembro, 2009 às 14:01
Fátima Sanches
Acho-o, António, um dos seres mais humanos que conheço. Consegue distinguir muito bem as coisas, é sensato e inteligente e faz com que muito se pense. Acredito que se todos tivessemos a sua prespicácia e a capacidade de aplicar o que escreve, haveria muitas mudanças.
Quarta-feira, 25 Novembro, 2009 às 16:23
António Emídio
Fátima Sanches:
Com um pensamento como o meu, é impossivel a alguém chegar a algum lado…
Quinta-feira, 26 Novembro, 2009 às 0:08
Fátima Sanches
António:
peço desculpa pela “prespicácia”. Deveria ser “perspicácia”. Fugiram-me os dedos no teclado, contudo isso não muda em nada o significado da palavra ou da ideia.