Em finais dos anos sessenta do século passado, os jovens da então Vila, hoje cidade, do Sabugal, nas longas e quentes tardes de Verão, iam até ao velho Estádio do Ribeirinho, o «campo da bola», como lhe chamávamos, depois de largarem os seus trabalhos, para jogar uma partida de futebol.

António EmidioComo é natural, não chegavam todos ao mesmo tempo, se chegassem quatro, dois de cada lado, começavam aos «toques», e conforme iam chegando, entravam para um dos lados, até completarem os vinte e dois jogadores regulamentares. Escusado será dizer que qualquer um servia. Ainda me lembro de um, que ao lançar a bola da linha lateral, depois de ela ter saído fora, não levantava os braços por cima da cabeça, como é das leis do futebol, lançava-a como quem lança uma bola de bowling, (também só o fez uma vez), não sabia mais…
Ao lembrar-me deste episódio, comparo-o com o que acontece presentemente a nível político.
Leitor(a), antes de entrar no artigo propriamente dito, quero salientar que o que escrevo não se aplica a ninguém em particular, mas a todos os que o são em geral. Às vezes deturpam o sentido das minhas palavras. E isso faz-se àquele que se quer abater. Se uso o exemplo do futebol no Sabugal, em tempos idos, é porque o vejo mais conforme com aquilo que quero exprimir.
A abertura da política a um qualquer cidadão, ou cidadã, não é negativo, significa democratização da sociedade. O problema surge, e é inquietante, quando os níveis, humano, ético e cultural são baixos. É uma democratização contra a própria Democracia. Podemos considerar isto uma das causas da política estar despojada da sua dimensão ética, da sua missão e sentido originais. Ela é, nos tempos actuais, negócio, prebendas, privilégios e proveito material.
Não me canso de repetir, que há políticos, tanto homens como mulheres, com uma dedicação esmerada ao serviço público. Lutam por valores como a liberdade e a justiça social, não servem a quem lhes der mais.
Os maus políticos, só conseguem caminhar por entre a divisão e o abandono dos bons.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio

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