Teresa Duarte Reis - O Cheiro das Palavras - Capeia ArraianaEis Linhares, onde a Serra é Mãe, o vento anima os parapentes e os amigos da natureza se abrigam na sombra amiga dos penhascos ou petiscam os bons sabores da serra. Sua altivez humilde e trigueira vem ter connosco, num carinhoso fim de tarde de Outono ou num crepúsculo anunciador de invernia. Tudo nos conforma e conforta naquele agro manjar dos cardos frescos (na leiteira bojuda da moçoila) ou na doçura perfumada das amoras maduras, mas também no pão macio a saber a farinha. Esse imponente herói que a terra-mãe abraça em defesa de seus filhos está aqui, majestoso e meigo, como eu o vejo e admiro.

Linhares da Beira

LINHARES

Tuas gentes simples, boas
Recebem de rosto contente
Quem pratica parapente
Quem te visita curioso
Desde manhã ao sol poente.

Linhares, também és da Estrela
Passado com lendas animas
Penedo granítico encimas
Tuas gentes, teus lugares
Mondego e seus vales dominas.

És Museu ao ar livre
Falando em todas as esquinas
Às tuas gentes deixas rimas
Em paisagens de montanha
Em tuas águas cristalinas.

Como Castelo marcaste
Entre as povoações de então
Se o foral não veio de Leão
Veio mais tarde com 1º Afonso
Eis-te nova povoação.

Afonso II te confirmou
No séc. XIII o foral
Cresceste de importância tal
Ó Castelo de Linhares
A ti mesmo sempre igual.

E o Alcaide de Celorico,
(Nos conta então a história
Para que fique na memória)
Vem em tua defesa
À Senhora, agradeceis vitória.

Uma Capela se ergue
Entre Celorico e Linhares
Fazem-se festas, cantares
Na Romaria de 3 Maio
Rezam civis e militares.

De estilo românico te dizem
Muito importante te ergueste
Nas Inquirições podemos ver-te (1)
E D. Dinis fez-te obras
Para a Fernão (seu filho) conceder-te.

Tiveste guerras com Castela
Por defenderes Beatriz
E aí na História se diz
Que tu Linhares sofreste
Contra o Mestre de Avis.

E depois de Trancoso
Finalmente veio a Paz
Em ti pouco mais se faz
Até ao Séc. XVII
Quando no relógio as horas dás.

Como Monumento Nacional
Foste em XX classificado
E isso deixou-te melhorado
Numa campanha mais recente
Num trabalho mais cuidado.

E assim te deixo o carinho
Que bem mereces, Linhares
Te ofereço simples cantares
Em letras escritas aqui
Contente fico, se gostares.

(1) Inquirições de 1258.

O meu carinho para Linhares da Beira.

«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com