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Na semana passada o Comando Territorial da Guarda da GNR deteve 22 indivíduos, pela prática de diversos crimes. Dezoito dos indivíduos detidos foram apanhados em flagrante delito, e, desses, oito cometiam crimes de furto.
Para além dos detidos apanhados a furtar houve ainda seis detidos por condução sob efeito do álcool (taxas entre os 1,35 e os 2,02 gramas por litro no sangue) e quatro por condução sem habilitação legal. Houve ainda quatro detenções resultantes do cumprimento de mandados judicias.
No total a GNR da Guarda registou 52 ocorrências criminais durante a semana. Vinte dos crimes registados foram de furto, um ilícito que continua a ter muita expressão no distrito. Seis foram referentes a furtos de veículos, dois sobre furto em veiculo, dois em residências, um em estabelecimento comercial e nove referentes a outros furtos não especificados no comunicado da GNR.
No dia 14 de Janeiro, militares do Posto Territorial da GNR de Trancoso detiveram em Tamanhos, três indivíduos, com idades compreendidas entre os 18 e os 22 anos, residentes na Guarda. As detenções ocorreram no preciso momento em que os agora arguidos estavam a furtar desperdícios de ferro, material avaliado em cerca de dois mil euros, numa propriedade. Os detidos utilizavam um veículo ligeiro de mercadorias, que também foi apreendido. Os suspeitos foram presentes ao Tribunal Judicial da Comarca de Trancoso no dia seguinte aos das detenções.
Numa outra acção, militares do Posto Territorial de Aguiar da Beira, detiveram, nos dias 13 e 14 de Janeiro, em Teixugueira, seis indivíduos, com idades compreendidas entre os 21 e 38 anos, residentes em Moimenta da Beira e Vila Real respectivamente, por introdução em lugar vedado ao público e tentativa de furto. As detenções tiveram lugar num local pertencente a uma empresa de transformação de suínos, quando os indivíduos procediam à recolha de diversas carcaças de animais que se encontravam enterrados numa vala. Estiveram no local o delegado de saúde e o veterinário municipal, para avaliar a situação em termos de saúde pública. Os detidos foram constituídos arguidos, prestando Termo de Identidade e Residência.
Em toda a semana registaram-se 38 acidentes de viação, sendo 23 por colisão, 13 por despiste e dois por atropelamento. Dos sinistros resultaram oito feridos leves.
A GNR ministrou ainda acções de sensibilização através dos Núcleos Escola Segura pertencentes aos Destacamentos Territoriais da Guarda, Pinhel e Gouveia, ás quais assistiram cerca de 135 alunos.
Também se realizaram acções de sensibilização á terceira idade, dentro do programa «Apoio 65» nas freguesias de Maçainha, Trinta e Curujeira, todas no concelho da Guarda.
plb
Durante a visita à freguesia de São Pedro do Jarmelo tivemos o privilégio de ter como guia Agostinho da Silva, ilustre autarca e defensor da raça jarmelista. A ronda terminou na terra das forjes, Donfins do Jarmelo, na oficina do último fazedor de tesouras de tosquia, Mateus Filipe Miragaia, o ferreiro que começou a aprender a arte «com 15 ou 16 anos» e nos diz que apesar de ser o último «já é tempo de apagar a forje e de me reformar».
Mateus Filipe Miragaia nasceu a 25 de Outubro de 1941 na terra dos ferreiros, na Donfins do Jarmelo, no seio de uma família de agricultores. Mas, por influência dos Augustos dos Monteiros, passou a mexer nas alfaias antes de elas serem «butadas a uso», ou seja, passou a produzi-las nas forjes de ferreiro.
O último artesão fazedor de tesouras de tosquia do País, recebeu-nos à entrada da sua oficina, «da sua forje», como gosta de lhe chamar. Homem de bigode farfalhudo e sorriso fácil cumprimentou-nos com um aperto de mão. De mão de ferreiro que o tempo foi queimando com a cor do ferro e das faúlhas de fuligem.
Disparou logo em direcção ao Agostinho da Silva. «Então ouvi dizer que não queres recandidatar-te à Junta de Freguesia. E que estória é essa de quereres ser presidente da Câmara da Guarda?» E o Agostinho, naquele seu jeito tranquilo, lá foi obrigado a desvendar-lhe o seu «marketing político».
«Uma senhora cá da terra, casada com um ferreiro, teve oito ou nove filhos, e um deles saiu um pouco mais escuro. A partir daí ficou aquela expressão que aos ferreiros até os filhos saem pretos», começou por nos dizer em tom de brincadeira mestre Mateus.
Noutros tempos havia bastos agricultores e faziam-se no Jarmelo enxadas e machados, em ferro e aço. Mas para fazer seis ou sete enxadas era preciso muito material e dois homens a trabalhar durante todo o dia. As tesouras, com menos investimento, eram vendidas mais caras. A feitura obedece a um segredo. «Não é bem um segredo. Tem que ser bem feita do princípio ao fim. E bem amolada. A roçadoira ou qualquer outra peça de ferramenta se não corta à primeira, corta à segunda. A tesoura se fica mal feita nunca mais corta. Tem que fazer um arco porque se estiver encostada uma contra a outra começa a mastigar a lã e já não corta. A tesoura é uma peça de arte que exige muita perfeição.» Afia as tesouras «de ouvido» pelo toque. O certificado final de qualidade é dado com um corte num pedaço de lã.
– Quanto tempo leva a fazer uma tesoura de tosquiar?
– Costumo dizer que quando vivia para trabalhar fazia uma por hora mas como agora já trabalho para viver faço umas dez por dia. Mas quase não há encomendas. Os poucos pastores que ainda por aí andam utilizam máquinas eléctricas e os tosquiadores, que também vão minguando, já poucas tesouras compram.
– E como é que sabemos se a tesoura é sua?
– Em primeiro sou o único a fazê-las no País. Mas há várias marcas. A minha marca é «Augusto Jarmelo». Não sou eu. É o senhor com quem eu comecei a trabalhar aos 15, 16 anos e depois fiquei-lhe com a oficina. Se for para a zona de Mangualde encontra tesouras destas com a marca «Verdugo». São encomendas que eu tenho e onde coloco o cunho do meu cliente. As «JAP» (José Augusto Pires) de Coimbra também são feitas por mim. No início eram três irmãos e todos cunhavam o pé de pito ou folha de oliveira. Dois dos irmãos seguiram outra vida e apenas ficou o JAP. Já faleceram todos.
Noutros tempos não havia aços laminados e a tesoura era feita de pedaços de ferro e uns bocadinhos de aço, denominados calços. Um bom mestres e um aprendiz jeitoso conseguiam tirar cinco calços com o calor de uma única ida ao lume. «A tempra é o aquecimento com arrefecimento rápido. Como o aço tem muito carbono e o ferro tem pouco é possível ligá-los a quente e à martelada. As tesouras vergam mas não partem. A liga é importante porque permite aos tosquiadores afiar várias vezes as tesouras», esclarece Ti Mateus.
– Mas os ferreiros e os serralheiros trabalham com as mesmas ferramentas…
– Parece a mesma coisa mas é muito diferente. Hoje em dia qualquer pessoa é serralheiro. As máquinas são tão perfeitas que basta saber tirar medidas e cortar. Mas os ferreiros trabalham «à martelada». É preciso saber martelar. A tesoura leva muita mão-de-obra. O ano passado fiz 400 tesouras para o cabaz de Natal de uma empresa de Lisboa que faz projectos de pontes metálicas.
Mateus Miragaia reconhece que foi difícil iniciar-se na arte. A primeira peça que fez foi uma machada. A tesoura foi mais tarde. «Alguns andaram vários anos a aprender e nunca foram capazes de fazer uma tesoura que tosquiasse», lembra com rigor acrescentando que «depois de estar bem forjada e martelada a tesoura vai ao desbaste nos esmeris, ou seja, à pedra de amolar e também aí é preciso muita arte».
No pátio da sua residência, brinquedos em ferro enferrujado são testemunhas das brincadeiras dos cinco filhos e dos outros meninos da aldeia. Mateus Miragaia construiu baloiços, o cavalo mecânico e um escorrega em ferro para que todos as crianças do Jarmelo pudessem brincar depois da escola. «Eram cinco e tive de lhes inventar brincadeiras», diz-nos enquanto carrega num botão para fazer funcionar electricamente os gingarelhos.
Do outro lado da casa um terreno em terra batida enquadra duas balizas de futebol. «Fiz aqui grandes jogatanas com os filhos do Ti Mateus», recorda com prazer Agostinho da Silva.
Terminamos a visita num antigo lagar transformado em adega saboreando uma excelente geropiga. Mateus Miragaia, o último fazedor de tesouras de tosquiar de Portugal, deixa-nos uma última tesourada: «Portanto, como vê, a martelada ainda tem algum valor.»
Um bem-haja ao Agostinho da Silva pela amizade e pela disponibilidade para nos levar à descoberta das suas terras e das suas gentes.
jcl
Desconheço quem organizou o concerto dos «Táxi», no Sabugal. Lembro-me de ter visto um cartaz em algum local e lá fui eu.
O concerto teve lugar no dia 7 de Agosto de 1982, no castelo do Sabugal, onde foi montado um palco, no local onde, agora, se encontra o anfiteatro.
O público não era muito, o que entra em contradição com o verdadeiro sucesso que os «Táxi» tinham em todo o País.
Os «Táxi» eram um dos grupos mais famosos da época. Tinham já lançado os seus dois primeiros álbuns, «Táxi» e «Cairo». Este último é uma edição, hoje, de colecção, uma vez que é um LP de vinil dentro de uma caixa de lata.
Os «Táxi» eram do Porto. Antes de se chamarem «Táxi» usaram o nome «Pesquisa» e chegaram a gravar um single sob esse nome.
Em 1981, após o boom do Rock português (que teve início em 1980, com Rui Veloso) mudaram de nome para «Táxi» e editaram o seu primeiro álbum, que continha temas como «Chiclete», «Vida de Cão», «Lei da Selva», «Rosete» ou «TV WC», num estilo que misturava o Ska com a New Wave.
A formação da banda era a seguinte: João Grande (voz), Henrique Oliveira (guitarra), Rodrigo Freitas (bateria) e Rui Taborda (baixo).
O primeiro LP teve produção de António Pinho e Aníbal Miranda.
Aníbal Miranda tornou-se empresário da banda, ao mesmo tempo que desenvolvia uma carreira musical, a solo.
Foi Aníbal Miranda que fez a primeira parte dos «Táxi», no Sabugal.
Quando Aníbal Miranda iniciou o concerto disse as palavras «Alto castelão!» referindo-se à imponência do castelo de cinco quinas.
Miranda não era muito conhecido e, ainda por cima, cantava em inglês, numa época em que quase toda a gente o fazia em português, pelo que a sua prestação passou um pouco despercebida. No entanto, não deixou de interpretar «Don’t Shoot», o seu maior sucesso.
A seguir à actuação de Aníbal Miranda, surgiram em palco os «Táxi».
João Grande, o vocalista bem tentava animar as hostes, mas não eram grandes as manifestações de entusiasmo. Lembro-me que alguém comentou a meu lado que o baixista Rui Taborda (um homem bastante alto) era um pouco desprovido de beleza.
O baixista movimentava-se muito em palco, andando, constantemente, de um lado para o outro.
Os «Táxi» interpretaram, claro, os seus grandes sucessos e outros, como «Páginas Amarelas», «Cairo», «Hipertensão» ou «1, 2, Esquerdo – Direito».
Julgo que não houve encore.
Realmente este concerto deixou bastante a desejar. Não só pela pouca afluência de público, mas também porque os «Táxi» se limitaram a tocar os temas como estavam nos discos, sem improvisos ou rasgos de imaginação.
Este concerto só é mítico pelo facto de a banda em causa ser, ela própria, mítica. Musicalmente não teve muito interesse. Aliás, deu para perceber que os «Táxi» não teriam muito futuro, se continuassem no mesmo estilo de música, o que viria a suceder passados cinco anos (e após um interregno de dois anos); quando lançaram um disco cantado em inglês que não obteve qualquer feedback e levou à extinção da banda.
No entanto, a nostalgia está aí e os «Táxi» têm agendado o lançamento de um novo álbum para este ano, após terem tocado no Festival de Vilar de Mouros, em 2006.
Aníbal Miranda regressou ao Sabugal, em Abril de 2005 para assistir ao lançamento do meu livro «Memórias do Rock Português», onde contou aos presentes algumas das suas aventuras por terras raianas.
Nas imagens podem ver-se o bilhete do concerto e uma foto de Aníbal Miranda, na época.
«Música, Músicas…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
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