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A imagem hoje apresentada não é do Cortejo de Oferendas, embora seja do mesmo ano (1947). Pelo que se pode verificar, trata-se de um desfile organizado pelo regime do Estado Novo, na actual (não sei se em 1947 teria este nome) Rua Cinco de Outubro, no Sabugal.

Desfile no Sabugal - 1947

Joao Aristides DuarteÀ frente do desfile vão aqueles que, com toda a certeza, devem ser os membros da elite sabugal, chamemos-lhe as «altas individualidades».
Também se vêem algumas crianças e pessoas do «povo» (basta reparar no traje dos dois homens do lado direito).
O desfile está a entrar no Largo, e do lado esquerdo (onde agora está instalado um Banco) pode ver-se a tasca dos Campainhas (que existiu até ao início da década de 1980).
Mais atrás, do lado esquerdo, onde existe hoje a Ourivesaria Margato, vê-se um anúncio onde está escrito «Viúva Monteiro & Irmão- Despacho Central», com dois desenhos (um dos quais é uma camioneta de carreira).
Atrás, já na Rua Cinco de Outubro, vê-se aquilo que parece ser um conjunto de soldados com armas, a desfilar. Pelo menos vislumbram-se as baionetas.
Há, também, bandeiras e pendões penduradas nas janelas de algumas casas, ao longo da rua.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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O Capeia Arraiana lançou-me o desafio e aqui está a minha perspectiva sobre o tema do presente e futuro do concelho de Sabugal.

Joao Aristides DuarteDevo referir desde já que não tenho nenhuma varinha de condão capaz de fazer parar a desertificação do concelho. Se a tivesse não estaria, com toda a certeza, a exercer a minha profissão de professor em Aguiar da Beira. Andaria por aí a proferir palestras por todo o país e, quiçá, no estrangeiro, sobre como estancar a hemorragia humana no Interior.
Concordo, por isso, com o Presidente da Câmara do Sabugal, quando na Assembleia Municipal, realizada em 29 de Dezembro de 2009, e em resposta a um longo «libelo» acusatório sobre as GOP’s e o Orçamento lido por dois deputados municipais eleitos pelo PS, referiu que não havia nenhuma varinha de condão que pusesse fim à desertificação. Refira-se a propósito que, apesar de o PS ter feito os maiores reparos ao Orçamento e às GOP’s acabou por se abster na votação sobre esses documentos, na Assembleia Municipal. Não deixaram, no entanto, estes deputados, de referir a crónica desertificação do concelho, mas não se lhes ouviu uma única ideia para a contrariar.
A desertificação do concelho (tema que é já recorrente em campanhas eleitorais há muito tempo, talvez desde o final dos anos 80, do século XX) não se combate na minha opinião, com a promoção da Capeia Arraiana a Património Imaterial da Humanidade. Posso ser bastante politicamente incorrecto, mas acho que as Capeias Arraianas são um divertimento com tradição, sem dúvida (com todas as virtudes que os divertimentos têm), mas não travam nenhuma desertificação do concelho do Sabugal. Aliás, acho até que esse divertimento já se está a descaracterizar com a presença das «moto-quatro», tractores e tudo o mais, nos encerros. Já li apelos de verdadeiros aficionados para que parem com esse «espectáculo» (dentro do próprio espectáculo) que são as «moto-quatro» a acelerar nos encerros. Não fui eu que escrevi isso. Considero, também, e poderei voltar a ser politicamente incorrecto que nas Capeias Arraianas não vejo turistas. Apesar de ver milhares e milhares de pessoas nos encerros e nas Capeias apercebo-me que são quase só pessoas da região. Como o concelho fica com o triplo da população no mês de Agosto é natural que se vejam muitas pessoas. Mas, se exceptuarmos alguns espanhóis das localidades fronteiriças (que vão logo embora, mal termina a tourada), não se vislumbram pessoas que venham de longe ver esta tradição. Talvez uma ou outra pessoa, mas sem qualquer significado.
A criação de infra-estruturas não é, por si só, sinónima de fim da desertificação humana no concelho de Sabugal. Mas quando se pergunta ao povo se quer ou não essas infra-estruturas, o mais certo é que diga que sim. Pode ser que algumas dessas infra-estruturas não tenham utilização, mas o povo quer que elas existam. Como explicar este fenómeno? Não sei explicar. Se alguém souber, que explique. Podia aqui dar um exemplo (um pouca a talhe de foice, embora não relacionado com o Sabugal): para que servem os submarinos comprados pelo Ministro da Defesa Paulo Portas, se ainda esta semana foi noticiado que os vendedores não estão a cumprir as contrapartidas acordadas? Quanto a mim, não servem para nada, mas o povo não pensa isso, tanto que, nas últimas eleições legislativas, premiou o partido de Paulo Portas em vez de o castigar. No entanto a recuperação das Termas do Cró, o empreendimento Ofélia Club, em Malcata, o Parque de Campismo ou o CNT (antiga Cristalina) no Soito, ao criarem postos de trabalho (como se espera) são infra-estruturas que merecem o meu apoio.
Varinha de CondãoOutra questão é de arranjar algo que nos identifique como povo e partir daí para a promoção do concelho, atraindo um número crescente de turistas que nos visitem, cá durmam e se alimentem. Isto é outro assunto. Estará aqui a descoberta da «pólvora». Resta saber o que se pode «vender» (detesto esta palavra, neste contexto, mas à falta de melhor…) aos turistas. Óbidos tem a Festa do Chocolate, Mora tem o Fluviário e o Entroncamento tem o Museu Ferroviário. Resta dizer que todas estas localidades estão perto de Lisboa, portanto a conversa é outra. Podem ir 200.000 pessoas à Feira do chocolate a Óbidos e voltar no mesmo dia para Lisboa. O Sabugal, tão longe de Lisboa, não tem esse privilégio. Podem dizer, também: e Seia, não tem o Museu do Pão, com milhares de visitantes? Tem, mas Seia fica pertinho da Serra da Estrela que os turistas sempre aproveitam para visitar, também.
Na minha perspectiva o único turismo de que o Sabugal poderá beneficiar será o turismo cultural. Foi isso mesmo que a CDU (que elegeu dois deputados municipais, o João Manata e eu próprio, na qualidade de independente) apresentou ao eleitorado, nas últimas autárquicas, no concelho de Sabugal, através do seu manifesto eleitoral onde se escreveu o seguinte:
«Fazer do Sabugal um pólo de atracção turístico, através da valorização do património natural e edificado, destacando-se: Implementação de uma Rota dos Castelos; Reabilitação dos núcleos históricos do Sabugal e principais aldeias do concelho; Fomento do turismo rural e turismo de lazer e saúde e Reabilitação dos moinhos existentes.
Valorizar e difundir a cultura e a gastronomia local, através de: Apoio às associações e agentes culturais; Recuperação, em colaboração com as escolas, da Gíria Quadrazenha; Constituição um pólo museológico do contrabando e da emigração, Valorização da gastronomia local em particular os enchidos, truta e cabrito e associá-la à Rota dos Castelos.»
Julgo que neste conjunto de propostas estará um bom ponto de partida para um Sabugal com (algum) futuro a nível turístico. No Verão até se poderá (aí sim) acrescentar a este conjunto de propostas uma passagem dos turistas pelas Capeias Arraianas, integrando-os nas Rotas anteriormente apresentadas. Nem todos gostarão, mas haverá sempre alguns que gostem. Penso, também, que a divulgação do concelho através dos grandes meios de comunicação social, poderá trazer alguma mais-valia ao concelho. Mas não tanta como se pode imaginar.
No entanto, termino como comecei, sem qualquer varinha de condão.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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A foto de hoje, do Cortejo de Oferendas a favor do Hospital do Sabugal, apresenta um grupo de homens, rapazes e raparigas, para além de crianças. Na fotografia não é visível a identificação de nenhuma localidade do nosso concelho.

Cortejo de Oferendas - 1947 - Sabugal

Joao Aristides DuarteO carro alegórico, lá atrás, tem escrito «Comércio», pelo que tudo leva a crer que seja o representante dos comerciantes do concelho de Sabugal ou só da vila do Sabugal.
À frente vai uma senhora com um vestido comprido, que transporta um cesto com flores, na mão esquerda.
Atrás dela seguem as crianças, com uns cajados e um barrete na cabeça, como o que usam os campinos, no Ribatejo. Essas crianças estão com gravata.
Os homens levam cajados e usam chapéu de feltro, para além de se apresentarem, também, com gravata. Os cajados levam umas fitas na parte cimeira.
Já as mulheres levam um cesto com flores na mão e usam blusa branca e vestido de cor escura, por cima.
O público, como sempre, está atento ao desenrolar da acção.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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A fotografia que hoje se anexa à crónica sobre o Cortejo de Oferendas a favor do Hospital do Sabugal, realizado em 1947, é referente ao público junto à Casa dos Britos.

Cortejo de Oferendas - 1947 - Fotografia tirada da tribuna aos espectadores da Casa dos Britos

Joao Aristides DuarteA fotografia foi tirada da tribuna, onde estava o júri que iria classificar as várias freguesias e anexas participantes.
Podem ver-se, em primeiro plano, as cadeiras, onde esse júri se sentava.
De certeza que esta fotografia foi tirada antes do início do Cortejo.
Podem ver-se dois soldados da GNR com a sua arma (uma Mauser?) a tiracolo, controlando a verdadeira multidão que se concentrava na escadaria da Casa dos Britos e, mesmo, no seu telheiro. Também em ambos os passeios da rua se encontra bastante público.
Do lado direito pode ver-se a igreja do Sabugal, também ela com muita gente junto à sua entrada, para assistir ao Cortejo.
Os Cortejos de Oferendas a favor do Hospital não aconteceram só no Sabugal.
Ainda esta semana, ao ler uma monografia do concelho de Aguiar da Beira (onde estou a trabalhar como professor), pude aperceber-me que também nesse concelho se realizaram Cortejos de Oferendas a favor do Hospital concelhio.
Realmente, era uma época em que se não se realizassem estes Cortejos de Oferendas, a população não tinha direito a cuidados de saúde. E mesmo assim…
Não posso deixar vir ao de cima a minha costela de político que sou (e de que faço gala) e referir que, ainda, recentemente, alguém mais velho do que eu colocou um comentário neste blogue referindo que antigamente (no tempo do Estado Novo) havia assistência para todos. Realmente, essa pessoa e eu devemos ter vivido em países diferentes, já que tendo eu nascido em 1960 (portanto já depois da pessoa que escreveu esse comentário) nunca dei conta que houvesse essa assistência para todos, a não ser aquando da implementação do Serviço Nacional de Saúde, já depois do 25 de Abril de 1974.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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Continuando a analisar as fotografias do Cortejo de Oferendas, realizado no Sabugal, em 1947, a favor do Hospital do Sabugal, eis hoje a representação da Torre.

Cortejo de Oferendas -  1947 - Torre

Joao Aristides DuarteA Torre é, hoje, uma localidade anexa do Sabugal, tal como era em 1947.
A representação da Torre está a desfilar junto à tribuna, onde se encontravam as altas individualidades da época.
Antes da Torre, termina o seu desfile o Soito (com a Banda Filarmónica a fingir, já motivo de crónica anterior).
A Torre apresenta um Rancho de raparigas, algumas ainda bastante jovens, que vão vestidas com saias à moda antiga e levam (algumas) um lenço ao pescoço.
A multidão que rodeia as participantes da Torre é imensa. Quase não há espaço para poderem executar a sua dança de roda.
Algumas das raparigas da Torre estão a tocar adufe e outras usam um chapéu de palha de aba larga, na cabeça.
Atrás (já depois do cartaz onde está escrito o nome da localidade) surgem umas mulheres com mais idade e vestidas com xaile preto.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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De regresso ao Cortejo de Oferendas de 1947, a favor do Hospital do Sabugal, temos hoje a representação da freguesia de Rendo.

Cortejo de Oferendas

Joao Aristides DuarteA freguesia apresenta um Rancho de rapazes e raparigas, que estão a dançar. Ao centro encontram-se um acordeonista, um tocador de ferrinhos e um tocador de pandeireta. Há, também, um senhor que transporta a placa com o nome da freguesia.
Todos os rapazes de Rendo se apresentam com um lenço ao pescoço, de várias tonalidades. Também usam, todos eles, uma boina tipo basco.
Já as raparigas se apresentam vestidas (parece-me) à moda da época e não com as roupas tradicionais nos Ranchos Folclóricos portugueses, que, normalmente, são de épocas mais antigas.
Todos os elementos do Rancho dançam à volta dos «tocadores».
A «molhe» humana, neste local do Cortejo de oferendas é imensa. Há pouco espaço livre para os participantes de Rendo poderem executar as suas danças. Pela fotografia apercebe-se que a multidão estava atentíssima à participação de Rendo, neste Cortejo de Oferendas.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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Natural de Aldeia do Bispo (Penamacor), de seu nome António Afonso Ramos, o Tonho era uma das figuras mais típicas que apareceram no concelho do Sabugal, nas décadas de 40 e 50, do século XX.

Joao Aristides DuarteSegundo me disse o João Manata, cuja mãe era natural de Aldeia do Bispo (Penamacor), o Tonho era aí conhecido pelo Tonho Tonho.
No concelho do Sabugal era conhecido pelo Tonho D’Aldeia.
Corria as terras do concelho, sobretudo as que ficavam no caminho de Penamacor para a zona raiana do concelho do Sabugal.
Também era certo e sabido que essa figura típica não falhava uma romaria da Senhora da Póvoa e outras romarias nos concelhos de Sabugal e Penamacor.
Quem acompanhava o Tonho era o seu pai, o seu tio e, por vezes a sua mãe e a sua irmã. Traziam um burro, com uns alforges, que esperavam levar cheio, no regresso à sua terra-natal.
No Soito ficavam instalados na casa da sra. Maria José Martins.
O Tonho dava voltas ao Soito, com o seu pai, cego de nascença e que tocava guitarra feita de folha-de-flandres e o seu tio, que cantava com voz muito esganiçada. As cantigas que eles tocavam e cantavam eram referentes a desgraças que se tinham passado em várias das localidades por onde tinham passado, nomeadamente mortes por enforcamento e outros acontecimentos semelhantes, um reportório que já vinha desde tempos medievais, quando era através das «cantigas do ceguinho» que muitos acontecimentos passavam de boca em boca.
Na época das malhas, ao Tonho e à família davam grãos de trigo e centeio que eles colocavam no alforge, para depois ser vendido e com isso arranjarem algum sustento.
Certa vez o Tonho, no Soito, perdeu o chapéu e, então, passou a pedir um chapéu a toda a gente, até que arranjou muitos. Quando questionado, porque continuava a pedir, respondeu: «Se não pedir é que não me dão…»
Quando o pai e a mãe do Tonho faleceram, o Tonho continuou a vir ao Soito, mesmo depois da morte da sr.ª Maria José Martins. Nessa altura ficava instalado na casa do sr. Alfredo Manso, o futuro sacristão do Soito.
Há uns 15 anos vi o Tonho em Malcata, na Festa de Agosto, no Largo do Rossio. A minha mãe, que o conhecia do Soito, foi-lhe falar. Nessa altura ele disse que só já queria «ferrinhos», isto é dinheiro, já não estando interessado em produtos para a alimentação.
Há três anos, em Monsanto, onde se vendem azulejos e outras recordações do Tonho, e onde aparece sempre escrito «Figura Típica», a senhora da loja comercial referiu, no entanto, que as pessoas do concelho de Penamacor já não lhe davam «ferrinhos», porque constava que alguns familiares lhe ficavam com eles. Quem sabia disso continuava a dar-lhe comida e não «ferrinhos».
Uma das suas características era a de pregar sustos às raparigas. Ainda hoje há quem se lembre (por comentários inseridos em blogues) dos sustos que apanhou, quando era jovem, pelo Tonho D’Aldeia.
A morte do Tonho, que aconteceu no dia 15 de Agosto de 1997, nas Aranhas (Penamacor) foi notícia no «Jornal do Fundão» e noutros jornais regionais da Beira Baixa.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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A fotografia que, hoje, apresento refere-se à participação de Alfaiates no Cortejo de Oferendas, a favor do Hospital do Sabugal, realizado no ano de 1947.

Cortejo de Oferendas - Alfaiates

Joao Aristides DuarteAlfaiates apresentou um carro no qual vão algumas raparigas a trabalhar o linho.
Pode observar-se o espadelar do linho, num grande tronco de madeira, bem como o dobar do linho na dobadoira. Também se consegue ver uma rapariga a usar a estopa para «assedar» o linho.
Só não se vê alguém a fiar o linho, numa roca, outra das fases importantes do «ciclo do linho».
Em baixo, junto ao carro alegórico, vêem-se crianças que deviam andar na escola primária, pela sua tenra idade.
Há, também, três homens em cima do carro. Dois deles transportam a faixa com o nome Alfaiates e um outro (que usa chapéu) não se consegue perceber o que estará a fazer.
Atrás desses homens, e em cima do carro, vê-se uma réplica do pelourinho de Alfaiates, que se encontra na praça principal da localidade.

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PS 1: Num comentário sobre a minha crónica, aqui publicada em 19 de Outubro p.p., o sr. Fernando Latote, dos Forcalhos, refere que deverão ter existido dois Cortejos de Oferendas, uma vez que o primeiro aconteceu num dia de forte nevão e algumas localidades (incluindo os Forcalhos) não puderam participar. Não consegui confirmar essa informação, mas é bem possível que tenha sido essa a realidade. Se alguém tiver dados mais consistentes sobre isso, agradecia que colocasse um comentário.

PS 2 : Do sr. Luís Pina (da Rebolosa) recebi um e-mail com o seguinte conteúdo, a propósito da minha crónica sobre a participação da Rebolosa no Cortejo de Oferendas: «Fui procurar informação relativa ao dia em que a população da Rebolosa, foi ao Sabugal participar no Cortejo de Oferendas a favor do Hospital. Segue a informação que consegui: O carro de vacas utilizado no cortejo era do sr. Francisco Peres «Arrifano». A menina que estava em cima do carro, era a Isabel Barros, já falecida, esta menina tinha mais 7 irmãos, entre eles o sr. Manuel Barros, o sr. Ernesto Barros e a sra. Maria dos Anjos «Ti Marquitas». Também consegui a letra da música, cantada pelos representantes rebolosenses nas ruas de Sabugal, durante o cortejo.

Nós somos da Rebolosa,
Viemos ao Sabugal.
Ver esta terra formosa,
Ver este lindo hospital.

Viva Salazar, merece louvores,
Viva o hospital e seus protectores.
Viva o hospital, casa dos doentes,
Viva o hospital e seus dirigentes.

É uma consolação,
Para os doentes pobrezinhos.
Que quando para lá vão,
Têm quem lhes dê carinhos.

Viva a Rebolosa, terra encantadora,
Ó terra mimosa, terra sedutora.
Viva a mocidade, dança de contente,
Viva a Rebolosa, viva toda a gente.

Têm quem lhes dê carinhos,
Tudo que necessitam.
Remédios e tratamentos,
Muitas mortes evitam.

Viva a Rebolosa, terra encantadora,
Ó terra mimosa, terra sedutora.
Viva a Rebolosa, merece louvores,
Viva o Hospital e seus protectores.

Quero agradecer ao Sr. Manuel António Frango, toda a amabilidade e disponibilidade em fornecer toda esta informação sobre um dia que ficou na história e para a história do Concelho de Sabugal.»
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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A «equipa» de Quadrazais, participante no Cortejo de Oferendas, no Sabugal, em 1947, é aquela que hoje é apresentada nesta crónica.

Cortejo de Oferendas - Quadrazais

Joao Aristides DuarteNa fotografia pode ver-se a frente da representação de Quadrazais, terra de grandes tradições.
Montado num cavalo, junto com uma quadrazenha, vestida com o traje típico da época, vai o Presidente da Junta de Freguesia, sr. Simão Salada. Este transporta numa das mãos o brasão da freguesia. O meu pai, que viveu na infância em Quadrazais, ainda hoje conta que as mulheres quadrazenhas usavam um traje muito semelhante às mulheres minhotas, inclusivamente com algum ouro que faziam questão de ostentar ao pescoço. Até nas danças eram parecidas com as mulheres do Minho. O seu traje era muito garrido, com cores berrantes (normalmente vermelho), tal como é uso e costume nas terras mais a norte de Portugal. Embora pareça estranho, por Quadrazais pertencer à Beira Alta, esta era a realidade.
Para evitar que o cavalo do Presidente da Junta de Freguesia se espante com a multidão presente, é puxado pela rédea por um habitante de Quadrazais.
Atrás do Presidente da Junta de Freguesia segue o desfile das moças de Quadrazais, com cestos à cabeça, certamente seguros por alguma sogra ou «molide».
Entre elas podem distinguir-se alguns homens de Quadrazais, vestidos com a moda da época (onde o chapéu era um adereço indispensável).
Entre o público presente (a foto foi tirada junto à tribuna) podem ver-se alguns agentes da autoridade e até um homem, à direita, com capacete (será um bombeiro?).
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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Mais uma freguesia representada no Cortejo de Oferendas, realizado em 1947 na (então) vila do Sabugal, a favor do Hospital. Desta vez é a Cerdeira do Côa, que se apresentou numa camioneta de carga, daquelas da época, com um pára-brisas dividido ao meio.

Cortejo de Oferendas - 1947 - Sabugal - Cerdeira do Côa

Joao Aristides DuarteA camioneta tem escrito na porta «A. Gomes Telf. 87 Guarda». Seria de alguém que fazia transportes na Guarda, mas era da Cerdeira e a cedeu para participar no Cortejo de Oferendas? Ou os organizadores do desfile da Cerdeira alugaram a camioneta na Guarda?
Dentro da cabine da camioneta podem ver-se dois passageiros e o motorista (na época chamado «chauffer»).
Na carroçaria aparece um moinho de vento (nada típico da nossa região). Nas velas do moinho estão escritas palavras como «caridade», «humanidade» e «fraternidade».
Na frente da carroçaria lê-se «A Cerdeira Ao Hospital». Também se vê que a rodear o moinho estão vários ramos de árvores.
Lá atrás, em cima da carroçaria da camioneta, vão algumas raparigas da Cerdeira.
Não se consegue descortinar mais nada, através da fotografia, pelo que não sei se a Cerdeira desfilou com algum rancho de rapazes e raparigas, como o fez a maioria das freguesias ou só o fez com a camioneta.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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A «equipa» dos Forcalhos no Cortejo de Oferendas, a favor do Hospital do Sabugal, apresenta-se com um grupo de jovens que transportam alabardas, tal como ainda hoje são usadas nas capeias e nos «passeios», em algumas aldeias da raia sabugalense.

Cortejo de Oferendas - Forcalhos

Joao Aristides DuarteEstão a desfilar junto à tribuna, onde se encontram as mais altas individualidades (à época) do concelho.
À frente vão dois jovens que transportam o cartaz onde está escrito o nome da freguesia. Ao seu lado esquerdo segue o tamborileiro, outra das figuras sempre presentes na raia sabugalense, nas capeias e nos «passeios» dos rapazes solteiros. Quem participa nos «passeios» diz-se que anda a «passear». O meu pai, que viveu em Aldeia Velha algum tempo, ainda hoje conta que foi convidado pelos rapazes dessa freguesia para ir «passear» com eles, pelas ruas da freguesia, por alturas das Festas de São João Baptista.
Mais atrás, do lado esquerdo, vê-se o porta-bandeira, que, com toda a certeza, fez o seu «bandear», como era (e é) costume fazer no pedido da praça, nas capeias e no chamado «passeio» dos rapazes que se pratica em localidades como Aldeia Velha, Aldeia do Bispo, Aldeia da Ponte ou Lajeosa.
Os moços que transportam as alabardas usam chapéu e, alguns, fato e gravata.
Entre as duas alas dos que transportam as alabardas encontra-se uma rapariga, que leva nas mãos uma «estampa» ou quadro, de que não se consegue identificar o motivo.
De todas as fotografias a que tive acesso, referentes às várias localidades do concelho de Sabugal, os Forcalhos são a única que desfilou com as alabardas e a bandeira multicolor usadas pelos rapazes nas capeias. Digamos que os Forcalhos foram a única freguesia do concelho que desfilou usando os símbolos de uma tradição que se mantém, ainda, em vigor. As restantes freguesias usaram outros meios para se fazerem representar no Cortejo de Oferendas, sendo que nem todas o fizeram com motivos vindos da tradição.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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Já encontrei o António Robalo e lhe dei os parabéns por esta vitória. Agora, permitam-me que faça uma leitura política dos resultados das eleições autárquicas no concelho do Sabugal, onde houve, como sempre acontece em eleições, vencedores e vencidos.

Análise Eleitoral - Autárquicas SabugalO principal derrotado foi o Eng. Morgado. A sua estratégia de colagem ao PS, sempre me pareceu que não acrescentaria nada à candidatura do Toni. Tenha-se em conta que, como eu sempre escrevi, o Eng. Morgado não era um eleitor qualquer. Foi presidente da Câmara durante dois mandatos, eleito pelo PSD, e é, ainda, o Presidente da Assembleia Municipal. A parte final da sua estratégia, com o facto de querer os louros dos anos à frente da Câmara só para si, não resultou. Afinal, quer ele queira quer não, fazia parte de uma equipa.
Não considero o Toni um derrotado. Fez a campanha possível, aguentou-se bem e conseguiu uma menor diferença de votos do que o que aconteceu nas últimas eleições para a Câmara (há quatro anos). Ganhou, por margem folgadíssima, no Sabugal. Fez o possível e o impossível para ganhar, mas tinha contra si o facto de haver um eleitorado fiel ao PSD, no concelho, que é muito difícil mudar (só não vê quem não quer ver – apesar de todo o mérito que não se pode tirar ao António Robalo e à sua equipa, que fez uma melhor campanha).
Outro dos derrotados nestas eleições foi o Chico Bárrios. Pela primeira vez perdeu a eleição para presidente da Junta de Freguesia de Aldeia do Bispo, o que garantia ser impossível. Um dos autarcas mais antigos do concelho, com mais «tarimba» não viu o seu esforço reconhecido. Resta-lhe a consolação de ter sido eleito para a Assembleia Municipal, onde poderá continuar a explanar a sua visão para o concelho.
Ainda nos derrotados temos que incluir o ex-candidato da CDU à Câmara Municipal do Sabugal (Geraldo Mendes) que, apesar de «zitaseabrar» e se passar para as hostes do PSD (como candidato à Junta de Freguesia de Sortelha) perdeu para o PS. De nada adiantou, portanto esta sua mudança de «camisola».
O Dr. Joaquim Ricardo não é um derrotado. Apesar de ter conseguido eleger, apenas, um vereador, a sua lista conseguiu o feito de ter retirado a maioria absoluta ao PSD e, passará a ser, portanto, o fiel da balança. Sempre julguei impossível que o MPT conquistasse a Câmara Municipal.
Uma curiosidade nestas eleições aconteceu em Vila Boa, onde a lista do PSD (única concorrente) conseguiu ter menos votos expressos do que a soma dos nulos e brancos (teve 91 votos e a soma dos brancos e nulos foi de 102 votos). Nunca tal tinha acontecido no concelho.
Outra curiosidade é que passou a haver mais Assembleias de Freguesia com maioria relativa de um partido. Até agora só existia a do Soito. À do Soito (que continua com maioria relativa do PSD) juntam-se Seixo do Côa, Pousafoles, Aldeia da Ribeira e Águas Belas.
O PS ter conquistado a presidência da Junta de Freguesia de Vale de Espinho também é um feito histórico.
A CDU conseguiu para a Câmara Municipal o resultado possível num contexto de forte bipolarização entre PS e PSD e com o MPT a baralhar os dados.
A CDU manteve os dois mandatos na Assembleia Municipal, o que já não é mau. Perdeu, no entanto a presidência da Junta de Freguesia da Moita, por 8 votos. Esta foi a maior derrota da CDU, no concelho, nestas eleições.
O CDS ultrapassou a votação da CDU para a Câmara Municipal, mas foi ultrapassada pela Coligação PCP/PEV nos votos para as Assembleia de Freguesia (onde teve menos mandatos que a CDU) e para a Assembleia Municipal (onde só teve um mandato, contra dois da CDU).
João Aristides Duarte

Chegou a vez da participação da Rebolosa no Cortejo de Oferendas a favor do Hospital do Sabugal, que teve lugar em 1947.

Cortejo de Oferendas - Rebolosa

Joao Aristides DuarteA Rebolosa está a desfilar à frente dos Fóios, já que se consegue vislumbrar o cartaz dos Fóios, lá atrás.
Um carro de vacas, enfeitado e com um chafariz (?) onde se encontra uma criança com uma bilha de barro, é o que dá início ao desfile da Rebolosa. O carro de vacas ainda é daqueles que tem as rodas de madeira (mais tarde apareceram uns que já tinham uma parte em ferro). Na parte de trás do carro pode ver-se uma rapariga sentada, transportando nas mãos uma coroa de flores.
No jugo que as vacas levam está o cartaz com o nome da freguesia: Rebolosa.
Logo atrás encontra-se outro cartaz onde está escrito «Oferece Mocidade da Rebolosa ao Hospital».
Atrás do carro de vacas desfilam uma série de jovens, de ambos os sexos, da Rebolosa, incluindo aqueles que transportam um novo cartaz com o nome da localidade.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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Continuando com as localidades que participaram no Cortejo de Oferendas a favor do Hospital do Sabugal, que teve lugar em 1947, apresento, desta vez, os representantes de Malcata.

Cortejo de Oferendas - Malcata

Joao Aristides DuarteOs habitantes da «terra do lince» estão a desfilar junto à tribuna, perto da Casa dos Britos. Podem ver-se algumas das «altas individualidades» presentes a aplaudirem a passagem de Malcata.
Na frente seguem um homem e uma mulher do povo vestidos mesmo à moda da época.
O homem leva um «placard» onde está escrito «D. A. P. oferece uma casa». O que seria o D.A.P.?
As raparigas de Malcata que participam no desfile levam uma canastra na cabeça. Será que essa canastra teria alguma coisa dentro para ser oferecida ao Hospital? As moças desfilam com lenço na cabeça e um avental também branco. Já os rapazes de Malcata (só é visível um) levam camisa branca, calças pretas e chapéu.
Lá mais atrás, embora não se perceba muito bem, vê-se um «carro alegórico» de Malcata com uma plataforma onde vão duas raparigas de pé.
Para a semana regressa mais uma localidade que participou neste histórico Cortejo de Oferendas.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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Fazendo uma pausa nas representações alegóricas referentes ao Cortejo de Oferendas que teve lugar no Sabugal, em 1947, a crónica de hoje refere-se a uma das figuras mais típicas da vila do Sabugal, o Fernandinho. Para a semana regressa uma nova crónica (com fotografia) sobre outra localidade participante no Cortejo de Oferendas. Não perca…

Fernandinho - Sabugal

Joao Aristides DuarteDe seu nome Fernando Sousa, o Fernandinho era filho único de uma das pessoas mais ricas do Sabugal. Com efeito, o pai do Fernandinho (natural de Pedrógão de S. Pedro, Penamacor) deixou uma parte dos seus bens ao sr. David Alexandre para que este tomasse conta dele.
O Fernandinho era uma pessoa muito querida no Sabugal. Toda a gente gostava dele e era muito acarinhado pelos sabugalenses. Ao contrário do que acontecia em Pedrógão de S. Pedro onde toda a gente o tratava por tu e o desprezava, no Sabugal o Fernandinho era sempre tratado por senhor. Uma maneira de se saber, no Sabugal, se uma pessoa era mal-educada era quando alguém tratava o Fernandinho por tu. No entanto, ele tratava toda a gente por colega. Uma das suas imagens de marca era o seu chapéu e o facto de andar sempre muito bem vestido.
Uma das facetas mais características do Fernandinho era que ele comparecia em todas as inaugurações de serviços públicos ou outros, mesmo sem ser convidado.
Aquando da inauguração da agência do Banco Português do Atlântico, no Sabugal, ainda antes do 25 de Abril de 1974, o Fernandinho esteve presente e tratava todos os administradores do banco por colegas. Alguns dos presentes, não o conhecendo e vendo-o tão bem vestido, até pensavam que ele era mesmo administrador. Só descobriram que não era quando um dos que o não conheciam lhe ofereceu champanhe e o sr. Aristides disse «Não dês bebida a esse gajo!»
Ele nunca dizia a idade, dizia sempre que tinha ido à inspecção militar com o Adérito Carreto.
O Fernandinho tinha autorização para se sentar em qualquer audiência do Tribunal Judicial, ao lado dos advogados. Os juízes deixavam que isso acontecesse por saberem quem ele era.
O pior aconteceu, um dia, quando o Fernandinho concordou com uma afirmação (no final de um julgamento) de um juiz que era novo no Tribunal e disse em voz alta na sala de audiências: «Tem toda a razão, senhor doutor juiz!» O juiz ordenou que o retirassem da sala e queria, mesmo, mandá-lo prender por ter ofendido o Tribunal.
O Fernandinho passou a referir-se a esse juiz como o «juiz mau». Quando alguém lhe perguntava «Então Fernandinho, não foi ao Tribunal?», ele respondia «Não, está lá o juiz mau!»
O Fernandinho participava em todas as reuniões da Assembleia Municipal, que se realizavam no Sabugal, sendo acarinhado por todos os eleitos.
Passeava muito pelo Sabugal. Era muito natural encontrá-lo a passear junto à, agora, praia fluvial ou no centro da vila.
Percorria todos os estabelecimentos comerciais do Sabugal (O «Depósito», o sr. Rato, a relojoaria do João Manata, etc.), contando as suas estórias, nomeadamente que «A Viúva já comprou uma camioneta nova» ou que «Já veio o carro novo do meu primo Xico».
Quando alguém queria espalhar um boato, no Sabugal, bastava que o contasse ao Fernandinho, que ele se encarregava de o ampliar, contando-o a toda a gente.
O Fernandinho faleceu há cerca de oito anos. O seu funeral foi um dos maiores de que há memória na vila do Sabugal.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

akapunkrural@gmail.com

Continuando com o «folhetim» das representações alegóricas das freguesias e localidades do concelho de Sabugal que participaram no Cortejo de Oferendas, a favor do Hospital, no ano de 1947, seguem-se os Fóios.

Cortejo de Oferendas - Fóios - 1947

Joao Aristides DuarteNa época esta freguesia era conhecida como o «calcanhar do mundo».
É mais que evidente o progresso dos Fóios, sobretudo desde o 25 de Abril de 1974. Essa alcunha não faz, realmente, qualquer sentido, hoje em dia. Mas a História é o que é.
Na fotografia podemos ver um «rancho» de raparigas dos Fóios trajadas a rigor, atrás dos dois rapazes que transportavam o cartaz com o nome da freguesia. Não sei qual era o tipo de traje que as raparigas usavam, mas é bem vistoso. Atrás das raparigas ainda se conseguem distinguir uns poucos de rapazes, integrando, também, a representação dos Fóios.
À frente de todos vemos um homem de chapéu e casaco. Seria o Presidente da Junta ou o Regedor, que indicava o caminho a seguir aos seus conterrâneos? Ou alguém da Organização do Cortejo de Oferendas, que estava incumbido da tarefa de indicar aos participantes a via que deveriam seguir?
Esta fotografia foi tirada perto da tribuna onde são visíveis as «altas individualidades» que eram saudadas pelos participantes (o rapaz que transporta o cartaz, do lado esquerdo coloca o chapéu na cabeça, após ter saudado a tribuna).
Apesar de eu não estar de acordo com o regime político vigente na época e o motivo que levou à realização deste Cortejo de Oferendas (o facto do Estado não garantir às populações serviços de saúde e terem que ser as pessoas a fazer estas manifestações para angariar fundos para o funcionamento do Hospital), tal não significa que não veja estas fotografias como um verdadeiro achado e agradeça imenso à mão amiga que as disponibilizou. Pode haver quem não goste de História, mas tal como escrevi num comentário, neste blogue, há uns tempos, «um povo sem História é um povo sem Futuro».
Nestas fotografias está um pouco da História do povo do concelho de Sabugal. Faço ideia do que seria este Cortejo de Oferendas, numa época em que não se passava (quase) nada. Um verdadeiro acontecimento.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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A «Imagem do dia» e a «Imagem da Semana» são dois destaques em imagens sobre acontecimentos, momentos ou recordações relevantes. Ficamos à espera que nos envie a sua memória fotográfica para a caixa de correio electrónico: capeiaarraiana@gmail.com

Data: 1947.

Local: Junto à Casa dos Britos no Sabugal.

Legenda: Bendada foi a vencedora do prémio da melhor representação alegórica com o carro-cisne.

Autoria: Desconhecido.

Clique na imagem para ampliar

Mão amiga arranjou-me mais algumas fotografias do Cortejo de Oferendas a favor do Hospital do Sabugal, que teve lugar em 1947 na vila do Sabugal.

Cortejo de Oferendas - Sabugal - 1947

Joao Aristides DuarteO desfile onde participaram todas as freguesias do concelho percorreu as ruas principais da então vila.
Esta fotografia refere-se à representação de Vila Boa.
O público a assistir era muito. Nesta época ainda não tinha acontecido a grande vaga de emigração (sobretudo para França), que levou à perda de 60% dos habitantes do concelho. Essa vaga só surgiria na década de 1960.
Os homens mais velhos do público usavam chapéu. Era um adereço de moda, nesta época.
Vila Boa desfilou com crianças (que deveriam andar na escola e levavam cestos na cabeça), e um rancho de mulheres. Para acompanhar o rancho, musicalmente, Vila Boa fez-se representar por dois acordeonistas. Que tema musical estariam a tocar os acordeonistas?
Curiosamente, passados muitos anos (já no final do século XX) Vila Boa voltou a ter um Rancho Folclórico, que ainda hoje existe.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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A foto reproduzida nesta crónica refere-se a um Cortejo de Oferendas, realizado a favor do Hospital do Sabugal, no ano de 1947. Quem está a desfilar é a representação do Soito.

Cortejo de Oferendas - Sabugal - 1947

Joao Aristides DuarteA foto reproduzida nesta crónica refere-se a um Cortejo de Oferendas, realizado a favor do Hospital do Sabugal, no ano de 1947. Quem está a desfilar é a representação do Soito.
Era costume, por esta época e até posteriormente, realizarem-se Cortejos de Oferendas, onde a população do concelho se juntava para angariar fundos para alguma instituição.
O Estado não cumpria, efectivamente, o seu dever e não dotava as instituições (hoje chamadas IPSS) com as verbas necessárias para a realização de obras ou compras de material.
Nesta época o Hospital era propriedade da Misericórdia do Sabugal.
Nas imagens pode ver-se que a representação do Soito, nesse Cortejo de Oferendas, que se apresentou com uma espécie de Banda Filarmónica, só que com instrumentos forjados ou que não eram verdadeiros instrumentos musicais. Por exemplo, pode ver-se uma campânula de uma grafonola a servir de instrumento de sopro.
Claro que esta «Banda» não tocava. Era tudo a fingir.
O Soito teve uma Banda Filarmónica, que terminou em 1918, tendo os seus instrumentos sendo vendidos.
Talvez a vontade dos habitantes do Soito de poderem voltar a ter a Banda Filarmónica, os tivesse levado a desfilarem desta maneira.
O último Cortejo de Oferendas de que eu tenho conhecimento aconteceu aquando da visita do Presidente do Conselho (curioso existir ainda hoje um Ministério da Presidência do Conselho de Ministros, com 2.670 funcionários), Marcello Caetano à vila do Sabugal, no ano de 1969.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

akapunkrural@gmail.com

A fotografia reproduzida nesta crónica, de que desconheço o autor, foi tirada na década de 1950, quando no Soito ainda não se tinha iniciado a grande vaga de emigração, sobretudo para terras de França.

Equipa de Futebol do Soito nos anos 50

Joao Aristides DuarteJulgo que a fotografia foi tirada nas Eiras, o local onde existiu durante muitos anos o campo de futebol.
Na época ainda não existia o clube (Associação Cultural e desportiva do Soito) que só seria fundado em 1977 e que este ano vai disputar o Campeonato Distrital da 1.ª Divisão da Associação de Futebol da Guarda.
Os jogos que se organizavam, por estes anos, eram mais informais, bem como as equipas que se formavam. Jogava-se, normalmente, com equipas de terras próximas ou, no máximo, com alguma equipa de localidades como Navasfrias, em Espanha.
Esta equipa é constituída pelos seguintes elementos:
Atrás (da esquerda para a direita) – João Nabais, Zé Nabais, Zé Manel Cardepe, Mingo Cardepe, João Rambóia e Romeu Tolda.
À frente (da esquerda para a direita) – Manuel Lopes, Maurício da Ti Maria Neta, Fernando Carrilho, Fausto Carrilho e Jeremias Carrilho.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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Esta fotografia foi tirada no dia 3 de Dezembro de 1978, no final do Baile de Finalistas do Externato Secundário do Sabugal. Os finalistas desse ano resolveram contratar para abrilhantar o Baile de Finalistas, o grupo Hosanna, de Lisboa, um dos mais famosos da época.

Baile de Finalistas do Colégio do Sabugal em 1978

Joao Aristides DuarteO cartaz anunciava o início do Baile de Finalistas para as 21h30m do dia 2 de Dezembro, pelo que a foto aqui reproduzida, foi tirada já no início do dia seguinte (pelas 2 ou 3 da manhã).
A fotografia é da autoria de Viriato Louro e é das primeiras que eu vi a cores, tiradas por esse famoso (e já desaparecido) fotógrafo. A maioria das fotografias que ele tirava nos Bailes de Finalistas (da Guarda, Sabugal, Penamacor, etc.) e que eu conheço são a preto e branco.
Nesta fotografia estão os finalistas (que andavam a estudar no antigo 7.º Ano, actualmente 11.º Ano) e o Director do Colégio (o, recentemente, desaparecido Dr. Diamantino). Neste tempo era assim: os Bailes de Finalistas não eram para mostrar as fatiotas dos estudantes, mas, apenas, um são convívio.
Lá atrás, no palco, podem ver-se alguns elementos do grupo Hosanna (entre os quais, de calças vermelhas, Agnelo Monteiro, muito conhecido no meio musical português como o «indiano») nas tarefas de desmontagem da aparelhagem.
O autor desta crónica é o primeiro a contar da esquerda (de pé). O quarto a contar da direita (sentado) é Norberto Manso, actual presidente da Empresa Municipal Sabugal +.
Foram bons tempos…
Se os leitores quiserem fazer um exercício de adivinhação da identificação dos fotografados, estejam à vontade na caixa de comentários.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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As primeiras eleições autárquicas, depois da Revolução de Abril, em Portugal, tiveram lugar em Dezembro de 1976. O primeiro Presidente da Câmara Municipal do Sabugal eleito em Democracia foi o Dr. João Lopes, natural de Vale de Espinho, que tomou posse em 1977.

Tomada de posse do Presidente da Câmara Municipal do Sabugal em 1977

Joao Aristides DuarteA Câmara do Sabugal não era nada do que é hoje, em termos de equipamentos, por exemplo. A velha camioneta Barreiros era um dos únicos veículos de que a Câmara Municipal dispunha para acudir às mais variadas situações. Os orçamentos eram reduzidíssimos. Só com a aprovação da Lei das Finanças Locais se notou algum progresso em termos financeiros nas autarquias de todo o país. Até dava vontade de rir, se não fosse tão trágico, alguém dizer que antes é que era bom.
No Sabugal o candidato que saiu vencedor, e foi eleito o primeiro Presidente da Câmara Municipal em Democracia, foi o Dr. João Lopes, natural de Vale de Espinho.
Esta fotografia refere-se à sua tomada de posse, como Presidente da Câmara.
O Dr. João Lopes, à direita em grande plano, prepara-se para assinar o documento da sua tomada de posse, enquanto a médica Dr.ª Maria de Lurdes, que exerceu durante muitos anos o cargo de Delegada de Saúde, no Sabugal e vereadora eleita nas eleições de Dezembro está a discursar.
Ao lado da Dr.ª Lurdes está o Sr. José Fernandes de Oliveira, do Soito, também vereador eleito nessas eleições.
O terceiro a contar da esquerda é Abílio Curto, que tinha sido eleito para o seu primeiro mandato como Presidente da Câmara Municipal da Guarda e se deslocou ao Sabugal para assistir à tomada de posse.
Do lado direito de Abílio Curto encontra-se a (já falecida) funcionária da Câmara Municipal, D.ª Lena.
As restantes pessoas nesta fotografia não as consigo identificar. Se algum dos leitores desta crónica puderem ajudar (através de comentários) agradecia.
O Dr. Lopes faleceria passados poucos anos da sua tomada de posse, atingido por uma doença fatal que o vitimou. Hoje, há, no Sabugal, uma rua com o seu nome.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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A fotografia reproduzida nessa crónica foi tirada em meados da década de 1950. Nela podemos ver o Ti João Rito, do Soito, com a boina basca na cabeça, e o João Pereira (no Soito conhecido como João Russo), ambos junto ao carro de aluguer, propriedade do primeiro.

Ti João Rito e o João Russo

Joao Aristides DuarteO Ti João Rito (de seu nome João Augusto Pina Rito) é o homem que, actualmente possui as bombas de gasolina, no Soito, e a empresa de distribuição de produtos alimentares Aviário São Cristóvão, conhecida em todo o concelho e não só.
A foto foi tirada perto do Chafariz da Dorna, na descida da cidade da Guarda para a zona do Mondego. Trata-se de um automóvel de origem norte-americana, que era de cor verde.
Segundo me contou o Ti João Rito serviu para transportar passageiros, mas também para passar algum contrabando para Espanha.
O carro de aluguer, nessa década de 1950 tinha bastante procura, já que quase ninguém tinha automóvel particular e os transportes públicos só aconteciam de manhã ou à tardinha. Quem precisava de deslocar ao Sabugal ou à Guarda a tratar de qualquer assunto tinha que alugar o «táxi».
Nesta época não havia muito trânsito nas estradas do concelho e, até, do país. Para fazer um frete do Soito para os Fóios, Quadrazais ou Vale de Espinho o carro de aluguer tinha que ir ao Sabugal ou cortar num caminho térreo junto à Colónia Agrícola de Martim Rei, uma vez que o Soito só tinha uma estrada (a que ia do cruzamento, junto à Nave até ao Soito). Não existia a estrada para o Ozendo nem a estrada para Quadrazais, que existem hoje em dia.
O Ti João Rito «passou» o alvará para outro habitante do Soito e deixou de ser o taxista da terra.
Já na década de 1960 o taxista do Soito foi o sr. Manuel Joaquim Rito, actual empresário das Confecções Univest. Um dos motoristas do «táxi» do sr. Manuel Joaquim, na década de 1960, foi o, já desaparecido, sr. Jeremias Amaral Dias, presidente da Câmara Municipal do Sabugal nos anos 80, do século XX.
O primeiro carro de aluguer existente no Soito surgiu, no entanto, na década de 1940, propriedade do sr. Miguel Diamantino, que conseguiu o alvará por intermédio do famoso almirante Gago Coutinho.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

akapunkrural@gmail.com

A fotografia reproduzida nesta crónica foi tirada em Agosto de 1974, no pedido da Praça para a Capeia, no Soito.

Joao Aristides DuarteO redondel, em cimento, tinha sido colocado nesse mesmo ano. Até 1974, as capeias decorrem durante muitos anos no mesmo local, mas a praça era tapada com carros de vacas carregados de lenha, que serviam de calampeiras.
O Soito sempre foi uma terra especial no pedido da praça, nas capeias. Não era costume pedir a praça a uma pessoa muito importante da terra, como acontecia noutras localidades vizinhas. Aqui pediu-se, muitos anos, a praça «ao povo do Soito» ou, então a personagens bem típicas como o Ti Bernardo da Ti Rata ou o Zé Nenho.
Lembro-me, também, de um pedido de praça, por estes anos, em que o falecido Zé Nenho apareceu em «traje de luces», tendo dado uma volta à praça com essa vestimenta, levando muita gente que não o conhecia ao engano, pensando que era mesmo um toureiro de verdade.
Neste ano de 1974 quem participou no cortejo (para além dos mordomos) foram os Zés Pereiras do Paul, no concelho da Covilhã, que, por esta época, vinham muitas vezes ao Soito, animar festas.
Para além dos Zés Pereiras podemos ver o Toninho Oliveira a tocar tambor (em primeiro plano, do lado esquerdo), tendo ao seu lado direito o mestre Fernando Monteiro Fernandes (com as calças às riscas e a t-shirt do 25 de Abril – afinal a Revolução tinha sido há 3 meses!). Atrás do Toninho Oliveira e a fingir que está a tocar guitarra está Eugénio dos Santos Duarte, o pai deste cronista.
Do lado direito da fotografia (de chapéu de palha na cabeça) podemos ver o Ti Zé Impedido, um grande aficcionado das capeias, que completou este ano um século de existência.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

akapunkrural@gmail.com

A cerimónia de inauguração do telefone no Soito decorreu no local onde, hoje, se encontra o Posto de Correios, no Largo da Praça.

Joao Aristides DuarteA fotografia que se reproduz neste artigo refere-se à inauguração do telefone, no Soito, em 1951. Na fotografia pode ver-se o Governador Civil da Guarda a cortar a fita. Ao seu lado está Isabel Augusta Tolda Martins, então com pouco mais de 10 anos, e futura esposa daquele que viria a ser presidente da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, na década de 1980, Fernando Carrilho.
Esta cerimónia decorreu no local onde, hoje, se encontra o Posto de Correios, no Largo da Praça.
No final da cerimónia, os convidados (que pagaram cada um 100$00) tiveram direito a um «copo de água», a primeira vez que tal expressão foi utilizada no Soito. Realmente, quase nenhum habitante do Soito sabia o que fosse um «copo de água». Não será, portanto de admirar que só tivessem participado nesse «comerete» as pessoas mais ricas da terra. Os outros ficaram só com a vontade.
Inauguração telefoneAntes do telefone ter sido inaugurado, no Soito, já a localidade era servida por telefone. Isso deveu-se à iniciativa do capitão Carlos Carrilho, que era homem de aventuras. Construiu um «engenho» no lugar da Murganheira e, mais tarde, uma fábrica de cobertores e mantas, no mesmo local.
Já antes tinha resolvido fazer uma barragem em Vale Espinho e, para não ficar isolado conseguiu, por engenhos e artes, ligar o Soito, Quadrazais e Vale de Espinho, por um telefone rudimentar, com o qual comunicava com os seus familiares.
Já não há sinais desse telefone, mas, ainda não há muitos anos eram visíveis alguns dos fios que o capitão Carrilho utilizou, usados para vedar lameiros, no Ribeiro do Bispo, nas cercanias do Soito.
Pode, portanto, afirmar-se que aquando desta cerimónia, reproduzida nesta fotografia, já o Soito tinha tido acesso ao serviço telefónico.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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A Primeira Guerra Mundial aconteceu nos anos de 1914 a 1918. Alguns rapazes do Soito foram, também, mobilizados para a Guerra. Mais de uma dezena de soitenses partiram para França.

Joao Aristides DuarteA Guerra começou entre a Tríplice Entente (França, Inglaterra e Império Russo) e a Tríplice Aliança (formada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano) e mudou de forma radical o mapa político da Europa e do Médio Oriente (…).
(…) A 9 de Março de 1916 a Alemanha declarou guerra a Portugal. Tudo começou com o facto de Portugal ter capturado 70 navios alemães (que estavam fundeados em portos portugueses) a pedido das autoridades inglesas.
Portugal entrou na Guerra, como aliado da Inglaterra.
(…) Alguns rapazes do Soito foram, também, mobilizados para a Guerra. Mais de uma dezena de soitenses partiram para França.
A despedida dos mobilizados, do Soito, aconteceu nas Eiras do Calvário onde se reuniram muitos familiares e mesmo muitos membros da população. Os soldados foram a pé até à Cerdeira, onde apanharam o comboio para a Guarda (quartel de Infantaria 12) e de onde, posteriormente, seguiram para Lisboa. Às costas levavam uma bolsa com comida e alguma roupa.
João EscolásticoEm Lisboa os soldados foram treinados para a Guerra e foram enviados para França.
Foi um dia muito triste, com muitas pessoas a chorar e a gritar, já que partir para a Guerra significava que os soldados poderiam não mais voltar.
Foi isso que aconteceu a dois soldados do Soito que acabaram por morrer na Guerra. Eram eles João Baptista Dias e João Escolástico (…). – citações do livro «Baú da Memória – O Soito de Antigamente», de Eugénio dos Santos Duarte, recentemente editado.
Todas as Guerras, sobretudo aquelas com um número tão impressionante de vítimas como a Guerra de 1914/1918, são injustas. Eu cumpri serviço militar obrigatório, como soldado, e sei bem, que no caso de acontecer uma mobilização por qualquer motivo, lá teria de ir, mesmo contra a minha vontade.
É por isso que eu tenho o máximo respeito por esses bravos soldados anónimos que combateram e combatem nas batalhas, por motivos a que são, verdadeiramente, alheios. Com certeza que os interesses dos oficiais de alta patente nunca serão os interesses dos soldados. Mas há que cumprir ordens e sujeitar-se à hierarquia militar.
A fotografia reproduzida nesta crónica é de João Escolástico, um desses bravos soldados do Soito, que participaram na Primeira Guerra Mundial. A sua morte aconteceu na terrível batalha de La Lys, na Flandres, onde o exército português sofreu uma terrível derrota.
João Baptista Dias era irmão da minha avó materna. Lembro-me bem de ela ter uma fotografia do seu irmão, mas não foi possível encontrá-la, agora.
A fotografia de João Escolástico foi-me cedida pelo seu neto, também chamado João Escolástico, um emigrante em França, que tem memória e a quem agradeço.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

akapunkrural@gmail.com

Em Maio de 1974 realizou-se no Sabugal uma manifestação de apoio ao regime saído da revolução de 25 de Abril do mesmo ano, convocada através de panfletos colocados em todas as freguesias do concelho.

(Clique nas imagens para ampliar.)

Joao Aristides DuarteEstiveram presentes milhares de pessoas, naturais e residentes em todo o concelho de Sabugal. Participaram pessoas de todas as idades e condições sociais.
A manifestação iniciou-se junto às bombas da Shell, na estrada para Vilar Formoso e percorreu toda a vila do Sabugal. As pessoas foram dando largas à sua alegria e gritando palavras de ordem, durante o percurso.
A concentração da multidão teve lugar no largo fronteiro à Câmara Municipal, onde não havia espaço para tanta gente.
Na varanda da Câmara Municipal houve uma série de oradores que proferiram diversas intervenções. Entre esses oradores contaram-se o, recentemente falecido, José Manuel Ramos (do Soito), o sr. Alexandre Pereira (de Rendo) e uma representante dos estudantes do concelho, a estudante Vitória (do Soito).
Um oficial das Forças Armadas foi também orador, tendo recebido uma grande ovação.
Nesta série de fotografias, da autoria de Manuel Joaquim Rito, podemos ver a grande concentração de pessoas junto à Câmara Municipal e alguns dos cartazes que os manifestantes exibiam.
As palavras de ordem inscritas nos cartazes (todos brancos) eram do género: «Lambões, Acabaram-se presuntos e cabritos» (exibido pela representação dos Fóios), «Vivam as Forças Armadas», «Paz nas Colónias», «A Bendada saúda as Forças Armadas» (pelas pessoas da Bendada, obviamente), «Fora com os Fascistas», «Fóios também é Portugal» (mais uma vez os Fóios), «Sindicato para os lavradores – Reforma aos 60 Anos», «Fim à exploração do Povo- As Receitas do Povo são para o Povo», «Queremos assistência na velhice», «Onde está o dinheiro dos impostos?» ou «Abaixo o capitalismo».
Quem se lembra?
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte

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