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A fotografia que, hoje, apresento refere-se à participação de Alfaiates no Cortejo de Oferendas, a favor do Hospital do Sabugal, realizado no ano de 1947.
Alfaiates apresentou um carro no qual vão algumas raparigas a trabalhar o linho.
Pode observar-se o espadelar do linho, num grande tronco de madeira, bem como o dobar do linho na dobadoira. Também se consegue ver uma rapariga a usar a estopa para «assedar» o linho.
Só não se vê alguém a fiar o linho, numa roca, outra das fases importantes do «ciclo do linho».
Em baixo, junto ao carro alegórico, vêem-se crianças que deviam andar na escola primária, pela sua tenra idade.
Há, também, três homens em cima do carro. Dois deles transportam a faixa com o nome Alfaiates e um outro (que usa chapéu) não se consegue perceber o que estará a fazer.
Atrás desses homens, e em cima do carro, vê-se uma réplica do pelourinho de Alfaiates, que se encontra na praça principal da localidade.
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PS 1: Num comentário sobre a minha crónica, aqui publicada em 19 de Outubro p.p., o sr. Fernando Latote, dos Forcalhos, refere que deverão ter existido dois Cortejos de Oferendas, uma vez que o primeiro aconteceu num dia de forte nevão e algumas localidades (incluindo os Forcalhos) não puderam participar. Não consegui confirmar essa informação, mas é bem possível que tenha sido essa a realidade. Se alguém tiver dados mais consistentes sobre isso, agradecia que colocasse um comentário.
PS 2 : Do sr. Luís Pina (da Rebolosa) recebi um e-mail com o seguinte conteúdo, a propósito da minha crónica sobre a participação da Rebolosa no Cortejo de Oferendas: «Fui procurar informação relativa ao dia em que a população da Rebolosa, foi ao Sabugal participar no Cortejo de Oferendas a favor do Hospital. Segue a informação que consegui: O carro de vacas utilizado no cortejo era do sr. Francisco Peres «Arrifano». A menina que estava em cima do carro, era a Isabel Barros, já falecida, esta menina tinha mais 7 irmãos, entre eles o sr. Manuel Barros, o sr. Ernesto Barros e a sra. Maria dos Anjos «Ti Marquitas». Também consegui a letra da música, cantada pelos representantes rebolosenses nas ruas de Sabugal, durante o cortejo.
Nós somos da Rebolosa,
Viemos ao Sabugal.
Ver esta terra formosa,
Ver este lindo hospital.
Viva Salazar, merece louvores,
Viva o hospital e seus protectores.
Viva o hospital, casa dos doentes,
Viva o hospital e seus dirigentes.
É uma consolação,
Para os doentes pobrezinhos.
Que quando para lá vão,
Têm quem lhes dê carinhos.
Viva a Rebolosa, terra encantadora,
Ó terra mimosa, terra sedutora.
Viva a mocidade, dança de contente,
Viva a Rebolosa, viva toda a gente.
Têm quem lhes dê carinhos,
Tudo que necessitam.
Remédios e tratamentos,
Muitas mortes evitam.
Viva a Rebolosa, terra encantadora,
Ó terra mimosa, terra sedutora.
Viva a Rebolosa, merece louvores,
Viva o Hospital e seus protectores.
Quero agradecer ao Sr. Manuel António Frango, toda a amabilidade e disponibilidade em fornecer toda esta informação sobre um dia que ficou na história e para a história do Concelho de Sabugal.»
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
A fotografia que apresento nesta crónica é a da tribuna, local por onde passaram todas as freguesias e anexas que participaram no Cortejo de Oferendas a favor do Hospital do Sabugal.
A tribuna estava instalada de frente para a Casa dos Britos.
Altas entidades, civis e militares, da época encontravam-se na tribuna.
Podem ver-se elementos da Guarda Nacional Republicana e, talvez, da Polícia de Segurança Pública, para além, com toda a certeza, do Presidente da Câmara Municipal do Sabugal e outras entidades civis concelhias.
A tribuna era ladeada por umas colunas enfeitadas com pano. Não se consegue ver se o tecto da tribuna era coberto.
Embora na fotografia todos os membros que se encontram na tribuna apareçam de pé, sei que havia umas cadeiras para eles se sentarem, talvez enquanto esperavam a chegada de outra representação alegórica.
Não tenho a certeza, mas penso que a bandeira que se vê ao centro da tribuna contenha o emblema da Santa Casa da Misericórdia do Sabugal, a proprietária do Hospital, que tinha sido inaugurado em 1930.
Aparece, também uma criança, na tribuna, que deverá ser familiar de algum dos membros presentes.
Julgo que seriam os membros presentes na tribuna que classificariam as várias representações alegóricas, que deram a vitória à Bendada, com o «carro-cisne».
Em baixo, do lado direito, com a mão no colete pode ver-se o Dr. Adalberto Pereira, à época médico conceituado na vila do Sabugal. Junto à Escola C+S do Sabugal, numa transversal, existe, desde há uns anos, uma rua com o nome desse médico.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
A «equipa» de Quadrazais, participante no Cortejo de Oferendas, no Sabugal, em 1947, é aquela que hoje é apresentada nesta crónica.
Na fotografia pode ver-se a frente da representação de Quadrazais, terra de grandes tradições.
Montado num cavalo, junto com uma quadrazenha, vestida com o traje típico da época, vai o Presidente da Junta de Freguesia, sr. Simão Salada. Este transporta numa das mãos o brasão da freguesia. O meu pai, que viveu na infância em Quadrazais, ainda hoje conta que as mulheres quadrazenhas usavam um traje muito semelhante às mulheres minhotas, inclusivamente com algum ouro que faziam questão de ostentar ao pescoço. Até nas danças eram parecidas com as mulheres do Minho. O seu traje era muito garrido, com cores berrantes (normalmente vermelho), tal como é uso e costume nas terras mais a norte de Portugal. Embora pareça estranho, por Quadrazais pertencer à Beira Alta, esta era a realidade.
Para evitar que o cavalo do Presidente da Junta de Freguesia se espante com a multidão presente, é puxado pela rédea por um habitante de Quadrazais.
Atrás do Presidente da Junta de Freguesia segue o desfile das moças de Quadrazais, com cestos à cabeça, certamente seguros por alguma sogra ou «molide».
Entre elas podem distinguir-se alguns homens de Quadrazais, vestidos com a moda da época (onde o chapéu era um adereço indispensável).
Entre o público presente (a foto foi tirada junto à tribuna) podem ver-se alguns agentes da autoridade e até um homem, à direita, com capacete (será um bombeiro?).
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
Mais uma freguesia representada no Cortejo de Oferendas, realizado em 1947 na (então) vila do Sabugal, a favor do Hospital. Desta vez é a Cerdeira do Côa, que se apresentou numa camioneta de carga, daquelas da época, com um pára-brisas dividido ao meio.
A camioneta tem escrito na porta «A. Gomes Telf. 87 Guarda». Seria de alguém que fazia transportes na Guarda, mas era da Cerdeira e a cedeu para participar no Cortejo de Oferendas? Ou os organizadores do desfile da Cerdeira alugaram a camioneta na Guarda?
Dentro da cabine da camioneta podem ver-se dois passageiros e o motorista (na época chamado «chauffer»).
Na carroçaria aparece um moinho de vento (nada típico da nossa região). Nas velas do moinho estão escritas palavras como «caridade», «humanidade» e «fraternidade».
Na frente da carroçaria lê-se «A Cerdeira Ao Hospital». Também se vê que a rodear o moinho estão vários ramos de árvores.
Lá atrás, em cima da carroçaria da camioneta, vão algumas raparigas da Cerdeira.
Não se consegue descortinar mais nada, através da fotografia, pelo que não sei se a Cerdeira desfilou com algum rancho de rapazes e raparigas, como o fez a maioria das freguesias ou só o fez com a camioneta.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
A «equipa» dos Forcalhos no Cortejo de Oferendas, a favor do Hospital do Sabugal, apresenta-se com um grupo de jovens que transportam alabardas, tal como ainda hoje são usadas nas capeias e nos «passeios», em algumas aldeias da raia sabugalense.
Estão a desfilar junto à tribuna, onde se encontram as mais altas individualidades (à época) do concelho.
À frente vão dois jovens que transportam o cartaz onde está escrito o nome da freguesia. Ao seu lado esquerdo segue o tamborileiro, outra das figuras sempre presentes na raia sabugalense, nas capeias e nos «passeios» dos rapazes solteiros. Quem participa nos «passeios» diz-se que anda a «passear». O meu pai, que viveu em Aldeia Velha algum tempo, ainda hoje conta que foi convidado pelos rapazes dessa freguesia para ir «passear» com eles, pelas ruas da freguesia, por alturas das Festas de São João Baptista.
Mais atrás, do lado esquerdo, vê-se o porta-bandeira, que, com toda a certeza, fez o seu «bandear», como era (e é) costume fazer no pedido da praça, nas capeias e no chamado «passeio» dos rapazes que se pratica em localidades como Aldeia Velha, Aldeia do Bispo, Aldeia da Ponte ou Lajeosa.
Os moços que transportam as alabardas usam chapéu e, alguns, fato e gravata.
Entre as duas alas dos que transportam as alabardas encontra-se uma rapariga, que leva nas mãos uma «estampa» ou quadro, de que não se consegue identificar o motivo.
De todas as fotografias a que tive acesso, referentes às várias localidades do concelho de Sabugal, os Forcalhos são a única que desfilou com as alabardas e a bandeira multicolor usadas pelos rapazes nas capeias. Digamos que os Forcalhos foram a única freguesia do concelho que desfilou usando os símbolos de uma tradição que se mantém, ainda, em vigor. As restantes freguesias usaram outros meios para se fazerem representar no Cortejo de Oferendas, sendo que nem todas o fizeram com motivos vindos da tradição.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
Chegou a vez da participação da Rebolosa no Cortejo de Oferendas a favor do Hospital do Sabugal, que teve lugar em 1947.
A Rebolosa está a desfilar à frente dos Fóios, já que se consegue vislumbrar o cartaz dos Fóios, lá atrás.
Um carro de vacas, enfeitado e com um chafariz (?) onde se encontra uma criança com uma bilha de barro, é o que dá início ao desfile da Rebolosa. O carro de vacas ainda é daqueles que tem as rodas de madeira (mais tarde apareceram uns que já tinham uma parte em ferro). Na parte de trás do carro pode ver-se uma rapariga sentada, transportando nas mãos uma coroa de flores.
No jugo que as vacas levam está o cartaz com o nome da freguesia: Rebolosa.
Logo atrás encontra-se outro cartaz onde está escrito «Oferece Mocidade da Rebolosa ao Hospital».
Atrás do carro de vacas desfilam uma série de jovens, de ambos os sexos, da Rebolosa, incluindo aqueles que transportam um novo cartaz com o nome da localidade.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
Mão amiga arranjou-me mais algumas fotografias do Cortejo de Oferendas a favor do Hospital do Sabugal, que teve lugar em 1947 na vila do Sabugal.
O desfile onde participaram todas as freguesias do concelho percorreu as ruas principais da então vila.
Esta fotografia refere-se à representação de Vila Boa.
O público a assistir era muito. Nesta época ainda não tinha acontecido a grande vaga de emigração (sobretudo para França), que levou à perda de 60% dos habitantes do concelho. Essa vaga só surgiria na década de 1960.
Os homens mais velhos do público usavam chapéu. Era um adereço de moda, nesta época.
Vila Boa desfilou com crianças (que deveriam andar na escola e levavam cestos na cabeça), e um rancho de mulheres. Para acompanhar o rancho, musicalmente, Vila Boa fez-se representar por dois acordeonistas. Que tema musical estariam a tocar os acordeonistas?
Curiosamente, passados muitos anos (já no final do século XX) Vila Boa voltou a ter um Rancho Folclórico, que ainda hoje existe.
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
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