O rio Côa é a espinha dorsal da Beira Interior Norte Raiana, constituindo uma das áreas de maior valor natural do país, cujo vale é um corredor ecológico unindo os maciços montanhosos do sistema central, a serra das Mesas e Malcata, com o coração da bacia hidrográfica do Douro. Neste percurso atravessa os extensos planaltos de granito da Beira, formando vales «encaixados» no troço médio.

José MorgadoAs condições climáticas e orográficas que caracteriza o seu percurso, entre montanhas, planaltos e vales criam uma elevada riqueza paisagística e biodiversidade especialmente ao nível da fauna.
Podem classificar-se três situações, ecologicamente distintas que reflectem a posição do Rio Côa na sua bacia e a sua ligação à história recente do Côa, a zona de cabeceira, a montante, o troço médio e o percurso terminal, a jusante na sua foz.
Há vinte anos, quando a EDP, decidiu fazer uma Barragem no Côa, logo nesse ano de 1989 o então estudante de Arqueologia, Francisco Sande Lemos, identificou as primeiras gravuras rupestres e delas avisou o IPPAR e a EDP.
Só em 1993, a EDP contrata o arqueólogo Nelson Rebanda, curiosamente do IPPAR, quando já estavam a decorrer as obras.
O património mundial enriqueceu-se em 1994, com o achado mais complexo de arte rupestre do paleolítico, ao ar livre, tendo como contra partida negativa, em termos financeiros, o abandono do projecto da Barragem do Rio Côa.
José Penedos, actual presidente da REN, pertenceu ao núcleo duro de Guterres e este homem da Energia, em nome da cultura, ajudou a travar a construção da barragem de Foz Côa e autor da celebre tirada «as gravuras não sabem nadar».
(continua.)
«Terras entre Côa e Raia», opinião de José Morgado

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