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O auditório do Centro Cívico dos Fóios, no concelho do Sabugal, vai receber um Encontro Interdiocesano Transfronteiriço, organizado pelas Cáritas Diocesanas de Ciudad Rodrigo, Guarda e Salamanca.
O Encontro vai acontecer no próximo dia 29 de Novembro. Pretende-se dar seguimento ao estudo «A Raia… Realidade Problemática, Futuro de Esperança», apresentado recentemente, no sentido de se ir concretizando o Projecto Interdiocesano Transfronteiriço de Intervenção Social.
O programa centra-se, sobretudo, na temática da Animação Comunitária, Participação e Desenvolvimento Local, e Estratégias de Dinamização Comunitária.
Alcides Monteiro, do Departamento de Sociologia da Universidade da Beira Interior (da Covilhã), e Santiago Gomez Martín, da Universidade Popular Martín Sosa (em Salamanca), são os oradores convidados.
plb
«Viagens na minha infância» é um livro da autoria de Joaquim Tenreira Martins, recentemente editado, o qual conta episódios romanceados da infância do autor em Vale de Espinho, terra raiana pegada a Espanha.
É um livro de afectos, que nos fala de um tempo antigo. O tempo da infância do autor, que nasceu e cresceu numa aldeia da raia sabugalense, onde se vivia com dificuldades, nas no seio de uma família feliz, inserida numa comunidade solidária.
Ler este livro, muito bem escrito e organizado, não leva apenas ao conhecimento de aspectos da meninice do seu autor. Ler e folhear as suas páginas, é sobretudo uma viagem ao ambiente comunitário de uma aldeia serrana nos anos 50 do século XX, vendo tudo na perspectiva de uma criança. Ali está bem patente o amor e a admiração pelo pai alfaiate, mestre empenhado em seu afazer quotidiano, condescendente com os aprendizes, justo nos meandros do negócio, corajoso perante as adversidades, sensível para aqueles que não tinham posses e queriam casar com um fato novo.
O livro também viaja pelos mitos e os medos da meninice da altura, onde campeavam as bruxas, os lobos e os ciganos. Também há a referência aos homens que serviram de exemplo ao jovem valdespinhense no seu trajecto. Homens que lhe ficaram na memória pelo seu saber, pela argúcia na vida, pela honestidade e integridade. Depois, o livro embrenha-se na descrição de algumas tradições aldeãs. Tudo pela observação do menino que foi crescendo entre outras crianças e os adultos, numa vida plena de emoções e de sentimentos.
Os textos sobre as tradições do povo são valiosos quadros etnográficos, com a originalidade de se apresentarem sob a perspectiva de uma criança interessada e observadora. Destaque para a descrição de uma matança, no texto intitulado «O cuchillo de meu avô», em que o jovem se arrepiava ao ver o facalhão enterrar-se na carne do porco, que grunhia desesperado enquanto o jorro de sangue era apulado para uma barranha. A crueldade da matança era porém compensada com as iguarias que nesse dia se comiam á mesa, onde não faltava a passarinha, pedaço de carne que por tradição pertencia aos garotos e que o avô, num repente, atirava ao ar dizendo: «Agarra a passarinha».
Um livro que merece a pena ler, porque verdadeiramente revelador das formas de vida na aldeia raiana, reportando a um tempo passado que deixou marcas que não podemos apagar.
Pode ser adquirido na Casa do Castelo, no Sabugal.
plb
Consumada a fundação da Casa, vamos agora destacar todo o trabalho da Comissão Instaladora, que passou a reunir na Casa das Beiras, situada no andar de baixo, mediante o pagamento de cem escudos mensais, a partir de 10 Julho de 1974, enquanto não se encontrou a sede própria, terminando as reuniões no Técnico, a partir desta data.
Antes do início das reuniões neste local, já havia sido decidido realizar o primeiro convívio de sabugalenses, ficando o Sr. Alberto Gata encarregue de fazer os devidos contactos com o Seminário dos Olivais, sendo marcado para o dia 14 de Julho.
Na primeira reunião da Comissão Instaladora na Casa das Beiras, no dia 10 de Julho, foi posto à consideração o seguinte: Adelino Dias defendeu que a «Casa» deveria ser um lar económico para os sabugalenses, principalmente para os estudantes. «Deve ter condições para receber todos os que a visitem e para nela se efectuarem conferências de carácter rural, cultural, regional, nacional e recreativas».
Concordou-se em divulgar no próximo convívio, a realizar no Seminário dos Olivais, que se está a redigir o projecto dos estatutos e, se aproveite para recolherem os nomes dos futuros sócios, para além de se angariarem ofertas, para fazer face às primeiras despesas.
Na reunião seguinte: Congratulação pelo grande convívio realizado na mata do Seminário dos Olivais em 14 de Julho, merecendo honras de notícia pelos Jornais, Amigo do Sabugal, A Guarda, Diário Popular e Diário de Notícias.
Importa referir que este convívio foi uma das primeiras realizações da Comissão Instaladora, tendo um grande sucesso, em termos de participação, conforme documenta a foto deste dia, oferecida pelo Sr. Álvaro Valverde, que fez a reportagem fotográfica, servindo ainda para uma aproximação das pessoas do Concelho. De tudo um pouco se passou, para além de um grande dia de convívio com sardinhada, petiscos, muitas opiniões e conversas sobre o Concelho e a sua futura Casa em Lisboa, aproveitando-se para angariar mais sócios e algumas dádivas para a Casa.
As reuniões seguintes foram dedicadas à feitura dos estatutos, decidindo-se ainda, na 12.ª reunião, em 9 de Outubro, encarregar o Sr. Alberto Gata de organizar um Magusto, para aí se promover a Casa do Concelho.
Na reunião seguinte, 13.ª em 17 de Outubro de 1974, o Dr. Fitz Quintela apresentou conta corrente dos fundos da futura Casa do Concelho do Sabugal, sendo a 1ª vez nesta data, que assim aparece identificada nas actas. Até esta reunião, fora sempre chamada a «Casa do Sabugal».
Dr. Antero Seabra informou que já pagara à Casa das Beiras a utilização das instalações.
Alberto Gata conseguiu a marcação do Magusto para o dia 10 de Novembro de 1974, na Quinta das Irmãs Maristas, na Estrada de Benfica.
Tal como anunciei no último escrito, fica o registo de nomes, que assistiram, entre outros, a algumas reuniões da Comissão Instaladora, como, Pedro André Gonçalves, Dr. Aurélio Matias, Dr.ª Amélia Martins, Joaquim Pires Paula, José Correia, João Leitão, Augusto Gonçalves, Júlio Casanova Nabais, Ramiro Matos, Isabel Franco, José António Pires Paiva, José Dinis Morgado, Carlos Santos, Carlos André Neves Rodrigues, André Neves Rodrigues, Joaquim Augusto da Fonseca Corte, Amândio Francisco da Rosa, António César Marques Gata e João Quelhas Sanches.
Certamente, outros mais haverá, que também colaboraram e surgirão, aí mais para a frente.
«Ecos da Aldeia», opinião de Esteves Carreirinha
estevescarreirinha@gmail.com
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