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A quarta edição dos Roteiros Gastronómicos, desta vez com a oportuna epígrafe «Sabugal à Mesa», foram do agrado geral e contribuíram para a divulgação da cozinha tradicional raiana e dos restaurantes do concelho do Sabugal. Bucho, enchidos e cabrito na brasa terão sido os pratos mais apreciados pelos que nos visitaram no decurso do evento.
Fizemos uma breve «ronda» por alguns dos restaurantes aderentes aos Roteiros Gastronómicos, realizados de 5 a 8 de Março. No geral obtivemos menções elogiosas à organização do evento, que proporcionou a oportunidade para o reviver de sabores antigos que representam o melhor da nossa gastronomia tradicional.
O calendário da iniciativa foi decididamente bem escolhido, segundo os responsáveis dos restaurantes com que falámos. A nossa gastronomia antiga liga muito bem com o tempo frio e o Entrudo é uma quadra em que muita gente vem à região aproveitando os dias de férias escolares, o que potencia o êxito da iniciativa.
O El Dorado, nos Fóios, teve casa cheia no geral dos dias da iniciativa. O bucho, o caldo escoado, o caldo de vagens secas e o cabrito, que é o prato-rei da casa, tiveram muito boa «saída», assim como as sobremesas tradicionais. A sempre diligente e bem-disposta Ramitos, proprietária do estabelecimento, encontra, para além dos «roteiros» outra explicação para o facto de ter tido a casa cheia: «O facto se ser Carnaval e de haver touradas na Raia (em Aldeia do Bispo e na Lageosa) fizeram com que muita gente viesse aqui almoçar e jantar.» Entre os clientes não notou muita gente vinda de longe, tirando os espanhóis que contudo são presença assídua na casa. Contudo está muito satisfeita com a organização dos Roteiros: «Este ano a Câmara organizou melhor a iniciativa e a Felismina Rito, que foi o rosto de tudo isso, merece os parabéns pelo empenho que demonstrou», disse-nos a empresária.
Antoine Tavares, do Trutalcôa, restaurante situado junto ao rio Côa, em Quadrazais, também nos disse que mereceu a pena ter aderido à iniciativa. Anota porém que muitos dos que vieram ao seu estabelecimento manifestaram desconhecer os Roteiros, o que revela que pode ser feito um esforço ainda maior em termos de divulgação. A truta é a especialidade da casa e teve muita «saída», especialmente o rodízio que o restaurante apresentou no primeiro dia, em que o cliente podia degustar um pouco de cada uma das diferentes formas de cozinhar as trutas. O caldo escoado foi também do comum agrado dos clientes. «A iniciativa é uma boa ajuda da Câmara para os restaurantes do concelho, e penso que vale a pena continuar, até porque está a melhorar em cada edição, o que é normal. Se continuarmos, daqui a uns anos pode tornar-se num acontecimento de grande importância a nível regional e até nacional.» Antoine Tavares deixa contudo um pequeno reparo: «a divulgação tem de ser maior, para que aqui venha mais gente de propósito.» À organização, que elogia pelo esforço e pela atenção prestada, deixa uma sugestão para as edições seguintes: «disponibilizem um pequeno questionário para os clientes preencherem, dizendo de onde vieram, porque vieram, como souberam da iniciativa, etc. A Câmara pediu-nos que fizéssemos algumas dessas perguntas aos clientes mas isso para nós não é fácil, porque estamos a trabalhar e às vezes consegue-se estabelecer diálogo para isso mas outras vezes não é possível.»
O Robalo, restaurante do Sabugal, encarou o evento com naturalidade, mas sentindo que a iniciativa é boa e deve continuar. «Nós há mais de 10 anos que na altura do Carnaval servimos preferencialmente bucho com batatas cozidas e grelos de nabo, bem como os nossos enchidos, pelo que para nós isto é já habitual nesta altura», disse-nos João Carlos Robalo. O restaurante esteve com muita afluência, sobretudo de pessoas vindas de outras terras, algo que contudo já é também habitual neste estabelecimento, que serve muitos forasteiros ao longo de todo o ano. João Robalo sugere porém que se melhore a divulgação pois importa trazer ao concelho e à generalidade dos restaurantes pessoas vindas de longe para apreciarem as nossas terras e a nossa gastronomia. Em concreto considera que a Câmara, em articulação com os restaurantes aderentes, deveria promover campanhas para a organização da vinda de grupos organizados ao Sabugal, mediante a cedência de um cupão com direito a uma refeição a um preço aceitável para que aqui possam degustar a nossa gastronomia.
Germano Matos, do restaurante Sol-Rio, do Sabugal, também se mostrou satisfeito com a iniciativa, embora tenha constatado que este ano houve menor divulgação que no ano anterior. «O prato que mais servi foi o bucho, que disponibilizei todos os dias e que se está a transformar no prato mais representativo do Sabugal. O cabrito grelhado na brasa também saiu muito, até me apareceu aqui um grupo de pessoas que quiseram provar o cabrito na brasa, porque nunca tinham tido essa oportunidade. E apreciaram muito o que comeram.» Germano Matos garantiu-nos que muitos dos seus clientes vieram de longe, grande parte eram pessoas que tinham vindo à Serra da Estrela e que foram de propósito ao Sabugal para comer. «O Carnaval é sem dúvida a melhor altura para realizar estes Roteiros, já que há muita gente a visitar a região», considerou o empresário.
plb
Também me congratulo com o sucesso da iniciativa, mas deixo dois apartes, que considero oportunos:
1- A brochura de divulgação dos Roteiros Gastronómicos e das ementas dos restaurantes, bem elaborada do ponto de vista gráfico, apresentava uma péssima qualidade de impressão. Desconheço qual a empresa que fez o trabalho, ou se foi a própria Câmara a fazê-lo com os seus meios, mas a organização tem de ser exigente nesta matéria. Uma má qualidade do roteiro pode deitar por terra todo o esforço num evento desta natureza, na medida em que o opúsculo é a primeira imagem da iniciativa.
2- Na penúltima pagina do dito folheto de péssima impressão, onde se fala de «vinhos da região… para regar as refeições à mesa», refere-se do vinho «graminês», o que é natural, por se tratar do vinho de produção local, que infelizmente não está à venda. Mas eu pergunto: quem encomendou a conversa acerca do vinho «Quinta dos Termos»? Esse vinho constitui uma marca comercial que está no mercado e aparece com um tratamento de favor no Roteiro. Bem, se era reclame, então a palavra «publicidade» ou «patrocínio» deveria constar do texto.
Duas falhas, que em nada desmerecem a excelência da organização e do acontecimento.
plb
Foi recentemente assinado no Sabugal o protocolo entre a Câmara Municipal, a Casa do Concelho e a Cooperativa Agrícola que irá permitir concretizar a abertura de uma loja de produtos raianos sabugalenses em Lisboa.
Os produtores agrícolas do Sabugal há muito que vêem repetindo o mesmo lamento. A falta de escoamento dos seus produtos que depois de muitos trabalhos e canseiras apenas servem para alimentar os animais. A vontade de desistir está, quase sempre, presente nas suas conversas e desabafos. A qualidade dos seus produtos é inquestionável e utilizando um termo que é moda nas cidades podemos falar em verdadeira agricultura biológica.
Surge, agora, uma tentativa de inverter a situação. Vai, finalmente, avançar a loja de venda de produtos raianos do concelho do Sabugal em Lisboa.
Após várias reuniões preparatórias foi aprovado por unanimidade em reunião ordinária do executivo camarário o protocolo de parceria entre três entidades do Sabugal: a Câmara Municipal, a Casa do Concelho e a Cooperativa Agrícola. Estavam presentes pelo município o presidente Manuel Rito Alves, o vice-presidente Manuel Fonseca Corte, e os vereadores António dos Santos Robalo, Ernesto Cunha, José Santos Freire, Luís Manuel Nunes Sanches e Rui Manuel Monteiro Nunes, o presidente da Casa do Concelho do Sabugal, José Eduardo Lucas e o presidente da Direcção da Cooperativa Agrícola do Sabugal (acumulando como presidente da Junta de Freguesia do Sabugal) João Luís Batista.
O presidente da Câmara Municipal do Sabugal, Manuel Rito Alves, aproveitou para dizer que «tinha solicitado aos representantes da Casa do Concelho do Sabugal, da Cooperativa Agrícola do Sabugal e da Junta de Freguesia do Sabugal para estarem presentes na reunião afim de discutirem as cláusulas do protocolo a celebrar entre a Câmara e as entidades por eles representadas com o objectivo de concretizarem o projecto de promoção da produção agrícola e pecuária do concelho arranjando formas alternativas de escoamento, em parceria com outras instituições».
Manuel Rito aproveitou ainda para lembrar que o protocolo pretende «preservar e valorizar o património natural e cultural, promovendo e dinamizando actividades turístico-culturais capazes de criar emprego e gerar riqueza».
O projecto prevê a inscrição, legalização e licenciamento dos produtores do concelho do Sabugal que farão chegar batatas, castanhas, queijos, mel, fruta, hortaliça, buchos, enchidos, etc., a um armazenamento inicial no Sabugal para posterior transporte até Lisboa.
Na Casa do Concelho do Sabugal, em Lisboa, irá funcionar uma loja de encomenda e venda aberta a todos os interessados dos produtos raianos sabugalenses.
O sucesso do projecto que envolve um investimento de 100 mil euros suportado pela Câmara Municipal do Sabugal irá depender do querer e boa-vontade de todos. Produtores, entidades envolvidas e especialmente dos sabugalenses que vivem na grande Lisboa. Vamos acreditar na iniciativa porque por um lado escoamos os produtos do concelho e por outro consumimos na «grande cidade» qualidade comprovada.
Parabéns às três entidades por terem passado o projecto da teoria à prática.
«A Cidade e as Terras», opinião de José Carlos Lages
jcglages@gmail.com
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