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A partir de agora está disponível no mercado mais um produto «Terras do Lince». Trata-se de enchido feito de forma tradicional a partir de porco «Pata Negra». Os suínos são criados em Penamacor, em regime extensivo, em montados de sobro e azinho, a sul da Serra da Malcata, junto à fronteira. A montanheira em sub-coberto, sabiamente feita desde tempos imemoriais, num convívio sereno e ecológico e beneficiando reciprocamente árvores e animais, tem permitido a produção de uma carne suculenta, aromatizada e de sabor intenso.
A salsicharia, recentemente construída na vila raiana, no antigo matadouro municipal, pertence à empresa Vale do Alcaide e foi co-financiada pelo IEFP e pelo Penamacor Finicia. A Câmara cedeu o espaço em regime de comodato com prazo alargado, a empresa elaborou o projecto e executou as obras.
Os diversos tipos de paios e chouriços «Terras do Lince» poderão a partir de agora ser comprados em algumas cadeias de hipermercados nacionais, em França e na Suíça, juntando-se aos queijos, azeite, mel e doces já existentes. A estes produtos juntar-se-ão em breve azeitonas de mesa e outros produtos das terras do lince.
A marca, registada há dois anos pelo município de Penamacor, está disponível para produtos agro-alimentares e serviços e produtos turísticos dos concelhos integrantes da Serra da Malcata (Sabugal e Penamacor), e das regiões espanholas vizinhas Sierra de Gata e Alto-Águeda.
Os representantes destes quatro territórios reuniram-se recentemente em Hoyos para acertarem estratégias de cooperação transfronteiriça e lançarem projectos comuns aos instrumentos financeiros existentes. Há muito que os respectivos municípios cooperam nas áreas do turismo, da educação ambiental, da juventude e, genericamente, do desenvolvimento regional. As candidaturas ao programa POCTEP, antigo Interreg, estão agora abertas e as quatro regiões pretendem candidatar projectos nas áreas do Turismo, das energias renováveis, do emprego e em todas aquelas a que a cooperação possa conferir algum tipo de vantagem.
Um dos temas em discussão na reunião foi justamente a marca «Terras do Lince», em que a vontade de a aproveitar e potenciar foi consensual, para isso, deverá agora ser registada na União Europeia e apostar-se na sua promoção.
«Terras do Lince», opinião de António Cabanas
kabanasa@sapo.pt
Mau grado o impacto das multinacionais agro-alimentares, que criaram uma nova geração de consumidores, à força de bifes, bitoques, «fast-food», falsos mariscos, produtos lácteos bífidos e uma infinidade de produtos sucedâneos, inventados pela engenharia alimentar, a cozinha tradicional/regional, volta a ocupar lugar se não nas nossas mesas, pelo menos nas nossas cabeças, porque o prazer voltou à mesa, instalou-se e a vontade de boa comida reapareceu depois de anos de privação.
O primeiro momento de independência do novo apreciador, foi a tentativa de regressar aos sabores da infância, feita com forte dose de paixão e um sólido sentido de memória.
A cozinha regional está na moda, intimamente ligada aos afectos e à cultura. À falta de uma cozinha tradicional, que satisfaça a procura do consumidor, convoca produtos que trazem sabores de reencontro, sendo os mais representativos os Enchidos os Queijos e os Doces.
Com estes produtos típicos de cada região, viaja a memória do que se procura: «Pastagens verdes, onde pastam ovelhas e cabras; ruídos de chocalhos; brenhas que dão cardos para coalho; caniços onde o queijo repousa; alaridos de matanças; alguidares de carnes para encher; paus na chaminé, para fumagem dos enchidos e tachos onde colheres de pau, obrigam o açúcar, as amêndoas e os ovos a uniões felizes».
Apaixonadamente agarrados a um passado, procuramos os sabores tradicionais, embora sabendo que estamos envolvidos em elaboradas mentiras, porque o sabor da memória, mesmo reencontrado, está isolado do cenário que essa mesma memória guarda. O tempo e a distância favorecem o sonho.
Sem pretensões de especialista na matéria, nesta época em que mandamos as dietas para as urtigas, enumeram-se, com explicações sintéticas, as delicias gastronómicas mais conhecidas, começando pelos Enchidos:
– BUCHO – É típico da Beira Alta. Em Trás-os-Montes dá-se-lhe o nome de Butelo. É composto por diversas carnes de porco, incluindo por vezes uma certa quantia de ossos tenros, o que confere ao bucho um sabor muito especial. Em algumas regiões pode incluir ainda arroz e pão, sendo o tempero essencial conseguido pela vinha de alhos e é utilizada a bexiga ou a tripa larga do porco, para acondicionar os componentes. Se for fumado pode ser consumido algum tempo depois da confecção.
Uma variante ao Bucho que é exclusiva da Beira-Baixa é o Maranho, em que a matéria-prima é o cabrito ou o borrego. As carnes são ligadas com arroz, juntando-se salpicão, presunto, toucinho, tudo temperado com alhos, cebola, vinho, azeite, salsa e hortelã. Como não são fumados, os maranhos devem ser consumidos, imediatamente após a confecção;
– MORCELA – A mais conhecida é a morcela da Guarda. O elemento de ligação dos pedaços de entremeada, usado neste enchido é o sangue de porco, que lhe confere a consistência e a coloração escura. O cravinho e os cominhos, fazem parte dos temperos utilizados, geralmente servida frita ou cozida ou apenas escaldada, acompanhada com grelos cozidos e outros legumes. Há também a chamada morcela de arroz. É típica da região de Leiria e que se faz na altura da matança. O sangue fresco do porco é temperado com sal e pimenta e diluído com vinagre e vinho tinto. Junta-se carne entremeada de porco, alho, cebola, salsa, cominhos e cravinho e deixa-se marinar, durante cerca de oito horas. O arroz cozido à parte e escorrido, é adicionado ao preparado. Enchem-se as tripas depois de muito bem lavadas e esfregadas com limão. Podem ser servidas após leve cozedura em água temperada com sal louro e cebola;
– CHOURIÇA – A confecção das chouriças/chouriços, tornou-se quase uma arte, sendo sem dúvida, os enchidos mais populares em todo o país, apresentando técnicas de preparação e designações bem diferentes de região para região. Os mais conhecidos são a Chouriça de Vinhais, onde se realiza anualmente uma Feira de Fumeiro muito concorrida.
Os cuidados não se prendem apenas com a escolha das carnes (lombo, lombinho, cachaço, entremeada e aparas) e com a adouba, que dura quatro dias, mas também com a alimentação dada ao porco, alimentado só com grão, beterraba e abóbora.
O chouriço ou chouriça passa a ser Linguiça no Alentejo e os produtos sofrem um longo período de maturação por não utilização de fumeiro.
– OUTROS ENCHIDOS – Além dos mencionados podem referir-se o chouriço de mel, o presunto, as alheiras, o salpicão e a cacholeira.
«Terras entre Côa e Raia», opinião de José Morgado
morgadio46@gmail.com
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