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Presidente da Junta de Freguesia dos Fóios, José Manuel Campos é um guerreiro que não desiste de batalhar pelo desenvolvimento da aldeia raiana onde nasce o rio Côa.
Capeia Arraiana foi aos Fóios conversar com um nosso amigo e colaborador, que nos recebeu com honras, que passaram pela degustação de um saborosíssimo jantar no restaurante «El Dorado».
Nos Fóios e no concelho do Sabugal é conhecido por Zé Manel, como aliás gosta de assinar, dando assim o ar de simplicidade e de popularidade que o caracterizam. Presidente de junta há longos anos, empenha-se por dar expressão à terra que administra. Antigamente chamavam aos Fóios o «calcanhar de mundo», tal o seu isolamento, mas hoje é uma aldeia conhecida, com bons acessos, excelentes equipamentos urbanísticos e variados negócios, recebendo muitos visitantes. «O restaurante serve diariamente dezenas de refeições, havendo gente que vem de muito longe para comer o nosso cabrito assado, o javali e as trutas, que são os ex-libris da nossa gastronomia», diz-nos o Zé Manel com uma ponta de orgulho.
Como autarca, sente ainda a veia revolucionária que o levou a candidatar-se pela primeira vez à Junta. «De vez em quando gosto de falar à população no adro da igreja como nos velhos tempos. Peço ao prior para anunciar que o presidente da junta quer falar ao povo e, no final da missa, assim que as pessoas saem da igreja, subo a um muro e dali falo à população dando-lhe conta de assuntos que interessam a todos».
Querendo lançar longe o nome da terra, organiza, de parceria com outras entidades locais, iniciativas culturais, recreativas e desportivas, que depois conseguem ter expressão na comunicação social, assim se enaltecendo espírito empreendedor e o bairrismo do povo dos Fóios. Foi assim com a organização dos carretos, jornadas culturais, torneios desportivos, a reparação do caminho para a nascente do Côa, a geminação com Eljas e as relações de proximidade com o alcalde de Navasfrias.
José Manuel Campos é o autarca do concelho que mais tem colaborado com o Capeia Arraiana, dando-nos conta do que de mais relevante ocorre na freguesia, ou enviando ele mesmo artigos por si assinados. Uma cooperação que irá prosseguir em nome da amizade e do empenho no desenvolvimento das nossas terras.
plb
A Câmara Municipal do Sabugal vai ser convidada pela Associação de Municípios da Cova da Beira (AMCB) a participar na próxima edição do concurso Eco-Município que comprova anualmente a qualidade ambiental dos concelhos.
José Manuel Biscaia, presidente da Câmara Municipal de Manteigas e da AMCB, vai convidar o Sabugal e os restantes concelhos da associação a candidatarem-se ao prémio «eco XXI» da Associação da Bandeira Azul da Europa do qual foi o grande vencedor da edição de 2006.
A bandeira (equivalente à bandeira azul das praias) é um símbolo que certifica os valores exigidos e promove as potencialidades dos concelhos contemplados chamando à atenção dos agentes de turismo e das empresas abrindo novas perspectivas de progresso. Por outro lado ajuda os autarcas envolvidos no diagnóstico a rever pontos fracos e fragilidades ambientais que por vezes passam despercebidas no dia-a-dia com o objectivo de alcançar melhor pontuação final. Os candidatos têm obrigatoriamente que cumprir quatro indicadores primários: qualidade da água para consumo humano, valorização de resíduos, promoção de educação ambiental e aplicação do programa eco-escolas. Os restantes analisam a conservação da natureza, o ruído, o funcionamento das instituições, a conservação do património, a qualidade do ar, o turismo, a taxa de abandono escolar e as acessibilidades para deficientes num total de 50 parâmetros.
O nosso concelho tem tudo para alcançar um lugar de relevo e provocar a divulgação da marca «Sabugal» como sinónimo de qualidade ambiental e do património histórico tendo em vista o promoção turística.
O município de Manteigas conquistou na edição de 2006 o primeiro prémio nacional cumprindo 66 por cento dos requisitos de avaliação tendo sido o único a ultrapassar os 60 pontos percentuais exigidos pela comissão de avaliação (ver notícia do Capeia Arraiana de 13 de Março) e ostenta em exclusivo na Beira Interior a bandeira da qualidade ambiental.
A cerimónia da entrega dos prémios decorreu a 16 de Março, na Biblioteca Almeida Garrett, no Palácio de Cristal, no Porto, tendo os municípios participantes recebido um diploma de participação. Os que ultrapassaram os 40 por cento tiveram direito a uma medalha comprovativa e os 20 municípios que superaram o índice 50 levaram para casa uma bandeira verde.
Para além do Sabugal e de Manteigas, fazem ainda parte da AMCB os municípios da Guarda, Almeida, Pinhel, Mêda, Belmonte, Fundão, Penamacor, Figueira de Castelo Rodrigo, Celorico da Beira, Fornos de Algodres e Trancoso.
jcl
O Forcão é um instrumento típico da região fronteiriça do concelho de Sabugal, que é utilizado nas Capeias, realizadas nas povoações das terras de Ribacôa.
Todos os anos, por alturas de Janeiro ou Fevereiro, é escolhido e cortado na «folha«, sendo construído, mais tarde, com fortes troncos de carvalho, bifurcados à frente, reforçado no meio por transversais, que lhe dão maior consistência e segurança, na «espera» dos bois.
Com um peso aproximado de 300 quilos, medindo os troncos laterais 3,80 metros, de prego a prego, local onde os troncos se cruzam com o da frente e o do Rabicho, sendo que este mede cerca de 7 metros. O tronco da frente, em pinho por ser mais leve, atinge um total variável de 7,80 metros, verificando-se uma distância de 4,20 metros, também de prego a prego, onde se cruza com os troncos laterais, completando o triângulo do Forcão.
Na parte frontal do Forcão situam-se as duas galhas, esquerda e direita, compostas de cinco paus de carvalho, na parte de cima e outras tantas na parte de baixo, chamadas também galhas miúdas, pregadas bem abertas, de modo a que o touro possa marrar, introduzindo a cabeça nas suas investidas.
Os rapazes dispõem-se lateralmente ao Forcão, com os mais destemidos na frente, aguentando as investidas do touro a uma das duas galhas frontais, sempre viradas para o touro. No vértice traseiro situa-se o Rabicho, onde os rapazes mais altos, denominados Rabichadores ou Rabicheiros, comandam o Forcão, contribuindo, decididamente, na luta contra o Touro, não permitindo a sua passagem para os lados, onde mora o perigo de alguma colhida.
O Forcão serve, essencialmente, para «esperar» o touro, mostrando a valentia dos rapazes, desenhando-se belos movimentos na Praça, numa luta constante, consistindo num medir de forças entre a destreza do manuseamento do Forcão, tendo do outro lado, um animal em pontas, ostentando, bastas vezes, corpulência de meter respeito.
Há variadas teses desenvolvidos por alguns estudiosos, sobre a origem do Forcão, podendo conter algum fundo lógico de verdade, que é possível se tenha verificado, nos primórdios do seu nascimento. Poderá o Forcão, não ter tido a sua génese devido aos touros, mas também não se pode argumentar, com segurança, o contrário.
Como meio de subsistência, sendo as comunidades numerosas e concentradas, utilizavam, entre outras, a caça a animais de grande porte, levando-os a construir um instrumento semelhante ao Forcão, sofrendo ao longo dos tempos uma evolução, surgindo em forma de «forca» que terá, eventualmente, dado origem ao nome, permitindo-lhes «encurralar e forcar» animais de grande porte, como o touro, contra algo onde não pudessem escapar, conseguindo-se assim, depois do animal imobilizado, o seu abate, sem correr riscos desnecessários e perigosos, como ter de enfrentá-lo em campo aberto, face aos utensílios de caça rudimentares, existentes na época.
Uma outra hipótese a ter em conta, seria a invasão dos touros espanhóis, pois do outro lado da fronteira existiam grandes ganadarias, onde os touros viviam tranquilamente e, em alturas de seca, debandavam a zona raiana, devastando culturas, obrigando os nossos antepassados a afugentá-los ou imobilizá-los, utilizando o Forcão como modo de defesa contra estes animais bravios e perigosos.
Seja como for, desde tempos bem longínquos, o Forcão foi sendo alvo de aperfeiçoamentos, que ainda hoje se aprimoram, quando chega a altura de se construir um novo para a Capeia, mantendo a sua forma actual, servindo exclusivamente para as Capeias Arraianas das aldeias fronteiriças do concelho de Sabugal.
«Ecos da Aldeia» de Esteves Carreirinha
estevescarreirinha@gmail.com
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