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Dia 1 de novembro é dia de lembrarmos os nossos que já partiram…
Sei cada vez mais o que devo aos homens mais importantes da minha vida – o meu avô Manuel Gonçalves e o meu pai Armando Matos.
Devo-lhes esta forma de estar na vida.
Devo-lhes o acreditar que vale mais ser do que ter.
Devo-lhes o valor que dou a palavras como honestidade, honradez, lealdade, amizade, cumprimento da palavra dada.
Devo-lhes a forma simples mas firme de estar na vida.
Não me deixaram dinheiro nem propriedades, que não tinham, pois foram homens cuja riqueza se media pela sua estatura humana e pela capacidade de trabalhar.
Do meu avô recordo hoje coisas simples:
A maçã, a noz, a castanha que sempre havia nos seus bolsos quando ao fim do dia voltava da horta e via o neto;
A ida às cerejas na manhã de São João;
A ida à Sra da Póvoa em dias de romaria;
A ferramenta de sapateiro, único bem material, mas tão cheio desse homem bom, de que solenemente fez questão de me nomear seu herdeiro…
De meu pai recordo:
A sua severidade que escondia, sei hoje, uma ternura envergonhada, reprimida desde a sua infância;
A capacidade de trabalho, desde que se levantava até altas horas da noite quando voltava das escritas que fazia para poder ter os filhos a estudar;
A amizade que dedicava a quem o conhecia e que lhe mereceu o apelido de “Armando Colega”;
A doença dele que o levou praticamente à cegueira e as da minha mãe que sentia como suas;
A dedicação à causa pública, desde os bombeiros à Câmara (foi vereador), passando pelos seus escritos sob o pseudónimo de «SOTAM».
Neste dia 1 de novembro corporizo no meu avô e no meu pai todos os familiares e amigos que já vi partir.
De todos colhi ensinamentos.
A todos devo uma parte do que sou hoje…
PS1. Infelizmente a Igreja Católica acordou com este (des)Governo acabar com o feriado de 1 de novembro.
Para uma Instituição que tanto diz defender os valores da família, só falta acordar também o fim do feriado do 25 de dezembro, pois assim, já não havia nenhum feriado que os portugueses associassem à família.
PS2. Como já tive oportunidade de dizer à Presidente da Junta de Freguesia não me vai ser possível estar presente na Mostra de Doces e Compotas Locais que decorre entre hoje e domingo que vem em Sortelha.
Eu é que perco, pois pelo que por lá vi, vai ser de olhar, provar e chorar por mais. E já agora comprem para o prazer não acabar ali…
PS3. A situação a que estes garotinhos, mas malfeitores, nos estão a conduzir, traz-me à memória uma exclamação do meu avô, face a qualquer coisa que corresse mal no País: «Ai portugalito, portugalito!»
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
rmlmatos@gmail.com
«Um lugar vazio à mesa», é o título da memória de Natal que o escritor sabugalense Manuel António Pina enviou à Rádio Renascença no âmbito da iniciativa «Era uma vez… no Natal», que aquela emissora de rádio tomou e em que participam outras cinco figuras conhecidas: a fadista Carminho, o poeta Tolentino Mendonça, o ex-presidente Jorge Sampaio, o treinador de futebol Fernando Santos e o padre Hermínio Rico. O texto de Manuel António Pina consta no portal da Rádio Renascença e pode ser lido ouvindo ao mesmo tempo o segundo andamento do concerto nº 2 para piano e orquestra de Brahms.
A memória de Natal que me é pedido que partilhe é, não de um, mas de 11 dolorosos natais, os de 1963 a 1974.
Em 1963, meu irmão mais novo, em desacordo com a Guerra Colonial, recusou-se a comparecer à inspecção militar e fugiu clandestinamente para França. Meus pais e eu pensámos que nunca mais o veríamos. O regime de Salazar parecia eterno e as guerras nas colónias africanas constituíam o centro, praticamente exclusivo, da política do país. Daí que a deserção (a situação de meu irmão não era rigorosamente de deserção, pois não chegara a ser incorporado mas, em termos militares, era afim) fosse o mais grave dos crimes, punível mesmo, se em teatro de operações, com a pena de morte.
Além disso, a deserção lançava uma sombra de permanente suspeita política sobre a própria família do desertor, pelo que meus pais receavam nunca vir a ser autorizados a sair de Portugal para visitar meu irmão. Eu próprio, quando, em 1972 ou 1973, depois de cumpridos quase quatro anos de serviço militar e já jornalista, fui encarregado de um trabalho de reportagem na Alemanha, encontrei dificuldades quase insuperáveis para obter passaporte, o que só acabou por ser possível após responsabilização pessoal do director do “JN”, Pacheco de Miranda, pelo meu regresso.
Esse primeiro Natal sem o meu irmão (de quem não tivemos, durante meses, notícias senão uma vez, através de um emigrante de Braga seu conhecido que, tendo vindo de férias, nos procurara para nos dizer que ele encontrara trabalho como “voyeur de nuit” e pedia que lhe enviássemos comida e algum dinheiro) foi, por isso, triste e sem palavras. Minha mãe levantava-se de vez em quando da mesa e ia chorar longamente para a cozinha; meu pai esperava um pouco e, depois, levantava-se também e ia buscá-la, regressando ambos em silêncio.
Minha mãe pôs o prato e os talheres de meu irmão e, quando trouxe o bacalhau e as batatas, serviu-lhos. Tudo aquilo se me afigurava patético e doentio, mas também eu chorava por dentro. A certa altura, como a cadeira vazia de meu irmão se encontrava um pouco afastada, minha mãe levantou-se para aproximá-la da mesa e, nesse momento, fingi que precisei de ir à casa de banho e deixei correr livremente as lágrimas.
Nos 10 anos seguintes, na nossa ceia de Natal houve sempre um prato e talheres na mesa para uma ausência presente. Até 1974.
«Um lugar vazio à Mesa», de Manuel António Pina
Foi um verdadeiro sucesso o programa de visitas encenadas à sé catedral da Guarda, promovido pele Município da Guarda nos meses de Julho e Agosto. O óptimo resultado da iniciativa «Passos à Volta da Memória» ditarão o seu regresso em 2012.
Entre 7 de Junho e 31 de Agosto, 4858 pessoas participaram na iniciativa «Passos à Volta da Memória – Uma Visita Encenada à Sé Catedral da Guarda» organizada pela Culturguarda E.M., com a parceria da Câmara Municipal da Guarda, em 106 sessões. São números que superaram as melhores expectativas da organização e que traduzem os rasgados elogios do público à actividade.
Ao longo de três meses foram muitos os grupos organizados e o público espontâneo que visitou a Catedral, guiados pelo atento e «ilustre» cavaleiro Pedro Henrique Teles.
Esta actividade teve como objectivo mostrar ao público a História, as histórias e alguns segredos do monumento mais querido dos guardenses, uma das mais antigas, bonitas e imponentes catedrais de Portugal. Participaram nesta visita encenada pessoas dos 8 aos 80 anos, vindas de norte a sul do país, bem como do estrangeiro.
Recorde-se que a iniciativa teve a concepção e coordenação geral de Américo Rodrigues, texto de Pedro Dias de Almeida, encenação de Antónia Terrinha e a interpretação dos actores Miguel Moreira e André Amálio.
«Passos à Volta da Memória – Uma Visita Encenada à Sé Catedral da Guarda» foi uma iniciativa orçamentada em cerca de 20 mil euros, comparticipada a 80 por cento pela União Europeia. Tratou-se de uma actividade levada a cabo no âmbito do Projecto Teatralização do Centro Histórico, fruto da candidatura «Política de Cidade – Parcerias para a Regeneração Urbana Eixo 2 – Desenvolvimento das Cidades e dos Sistemas Urbanos», através do Programa Mais Centro do Quadro de Referência Estratégico Nacional.
Passos à volta da memória judaica
Depois de «Passos à Volta da Memória – Uma Visita Encenada ao Centro Histórico da Guarda» em 2010 e de «Passos à Volta da Memória – Uma Visita Encenada à Sé Catedral da Guarda» em 2011, e devido ao sucesso de ambas as actividades na promoção da zona histórica da cidade mais alta, a organização pensa já na próxima actividade. Em 2012, os «Passos» andarão à volta da presença judaica na Guarda, partindo da história de Inês Pires Esteves, filha do Barbadão e que manteve uma relação amorosa com D. João I, Mestre de Avis.
plb (com Culturguarda)
Os congressistas da área do turismo do 1.º Festival Internacional da Memória Sefardita que decorreu na Guarda defenderam a criação de uma rede nacional de judiarias. A iniciativa, onde participou o historiador Jorge Martins, foi promovida pela entidade regional de Turismo Serra da Estrela juntou no TMG judeus e especialistas nacionais e estrangeiros.

Os especialistas e operadores turísticos que participaram no painel «O impacto da herança judaica no turismo», reconheceram que Portugal poderá tirar partido das potencialidades de uma futura rede nacional de judiarias poderá atrair turistas no âmbito do denominado turismo religioso.
«A criação de uma rede de judiarias em Portugal é, sem dúvida, uma mola dinamizadora para o turismo, a economia e a investigação, e para a valorização da memória de Portugal», defendeu Isaac Assor, da Alegretur-Viagens e Turismo.
O operador turístico referiu que «o turismo é, nos dias de hoje, uma das molas impulsionadoras do desenvolvimento económico do país», reconhecendo que uma rede de judiarias criará um novo atrativo turístico para o país.
O historiador Jorge Martins, investigador do Instituto Universitário de Lisboa, foi moderador (3.º painel) e orador (4.º painel) onde apresentou dados que indicam a presença judaica em «todos os concelhos» da região que integram a TSE e considerou que «as Beiras são um altíssimo laboratório para os estudos judaicos». O estudo apresentado sobre a presença de judeus no concelho do Sabugal entre o século XVI e os nossos dias surpreendeu a plateia que acompanhou com muito interesse toda a exposição. Jorge Martins é autor de vários livros sobre a temática judaica e colaborador do «Capeia Arraiana».
«A rede de judiarias de Portugal vai ser muito importante para os turistas poderem conhecer o património judaico existente nas várias localidades», reconheceu o espanhol Antonio Amil, da rede nacional de judiarias de Espanha.
Carolino Tapadejo, coordenador da rede de turismo social da União das Misericórdias, exortou os autarcas e entidades com responsabilidade na área para que «apostem» neste segmento turístico.
O consultor internacional Jack Soifer anotou que o país possui «um grande potencial e uma riqueza cultural fantástica» e afirmou que só a região da Serra da Estrela poderá ganhar «300 milhões de euros a curto prazo», apostando, em força, no turismo dirigido aos judeus.
António Padeira, do Instituto de Turismo de Portugal, a herança judaica «é um produto que tem um público-alvo mas também pode interessar a outras pessoas, não como motivação principal da viagem mas como motivação complementar e que deve ser ainda mais desenvolvido em Portugal», admitiu, reconhecendo como aspecto positivo, a preparação da rede de judiarias.
Jorge Patrão, presidente da Turismo Serra da Estrela assumiu que o turismo judaico representa «um nicho de mercado que envolve 13 milhões de pessoas e pode ser uma ajuda para a saída da crise de muitos países”, defendendo ainda a necessidade da criação de «mais equipamentos para atingir esse nicho de mercado».
jcl (com agência Lusa)
Os congressistas da área do turismo do 1.º Festival Internacional da Memória Sefardita que decorreu na Guarda defenderam a criação de uma rede nacional de judiarias. A iniciativa, onde participou o historiador Jorge Martins, foi promovida pela entidade regional de Turismo Serra da Estrela juntou no TMG judeus e especialistas nacionais e estrangeiros.
GALERIA DE IMAGENS – FESTIVAL SEFARDITA – 1 A 7-11-2010 |
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jcl
O 1.º Festival Internacional da Memória Sefardita decorre entre os dias 1 e 7 de Novembro de 2010 nas cidades Guarda, Trancoso e Belmonte. A iniciativa do Turismo Serra da Estrela conta com o alto patrocínio de Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa e inclui, no dia 3 de Novembro, uma visita a Sortelha e ao Sabugal.
A cerca de quatro meses do início do I Festival Internacional da Memória Sefardita, que terá lugar na Serra da Estrela, de 1 a 7 de Novembro de 2010, a organização recebeu o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa, Professor Aníbal Cavaco Silva.
Este contributo demonstra a relevância deste evento para a divulgação de Portugal como país fortemente marcado pela Sefardita e sua herança ainda hoje presente em inúmeras localidades.
Um dos momentos altos do Festival será o Congresso que terá lugar no Teatro Municipal da Guarda, de 2 a 4 de Novembro de 2010.
A atestar a importância da temática do Congresso está confirmada a presença de oradores de renome nacional e internacional, focados no estudo do mundo Sefardita.
Alguns dos participantes: Tzvika Schaick, Curador e Director do Museu Dona Gracia em Tiberíades; Marques de Almeida, Coordenador Executivo e Científico da Cátedra de Estudos Sefarditas, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; José Alberto Rodrigues Tavim, Centro de História, Departamento de Ciências Humanas do Instituto de Investigação Científica Tropical de Lisboa e membro da Comissão Executiva da Sociedade de Estudos dos Judeus Sefarditas e da Diáspora Sefaradi, Universidade Hebraica de Jerusalém; Dov Stuczynski, Universidade de Bar-Ilan, Tel Aviv; Antonieta Garcia, Universidade da Beira Interior; Elvira Mea, Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Herman Salomon, Professor Catedrático da Universidade de Albany, E.U.A.; e Yom Tov Assis, professor de História Judaica Medieval na Universidade Hebraica de Jerusalém e Presidente do Instituto Ben Zvi em Jerusalém.
A organização pertence ao Turismo Serra da Estrela, aos municípios da Guarda, Belmonte e Trancoso e à Alegretur. O lema da iniciativa é «Venha descobrir a Serra da Estrela e junte-se a nós no I Festival Internacional da Memória Sefardita!»
As inscrições podem ser feitas no portal oficial do Festival. Aqui.
Secretariado do Festival: secretariado@leading.pt
jcl (com Turismo Serra da Estrela)
«Objectos, Memória, Design, Sedução» é o título da exposição de coleccionismo de Alberto Santos Alves que vai ser inaugurada no dia 5 de Fevereiro, às 17.30 horas, no Museu Municipal de Penamacor. As peças do coleccionador estarão patentes até 30 de Junho de 2010.
Alberto Santos Alves encarna na perfeição o modelo universal do coleccionador, nos seus impulsos e motivações, nas suas dúvidas e embaraços perante os fins e as situações concretas, na paixão e no profundo conhecimento pelo fenómeno do coleccionismo, visíveis quando fala da sua experiência de coleccionador, condição esta que impregna e, de algum modo, condiciona a sua vida.
O que é extraordinário neste tipo de coleccionador é a sua faculdade em discernir e/ou emponderar em objectos aparentemente inócuos e desprezíveis qualidades físico-estético-simbólicas que reportam para um mundo à parte, o mundo do coleccionador com a sua colecção, muitas vezes de difícil compreensão pelo «leigo».
Os objectos expostos corporizam uma ínfima amostra do impulso coleccionador de Alberto Santos Alves, que começou em menino a coleccionar papéis de embrulhar rebuçados e nunca mais deixou de estar atento aos padrões, às formas, aos sentimentos imanentes de tudo o que o rodeia, para concluir que a determinação do que é coleccionável vai da «tara» de cada um, e o valor de cada peça depende apenas do quanto ela é desejada para ocupar o seu lugar na colecção.
Sócio fundador do Clube Português de Mineralogia, membro da Associação Portuguesa de Coleccionadores de Papel de Valor, Alberto diz-se devedor de muitas alegrias e amizades ao coleccionismo, que reconhece como meio transmissor de cultura e conhecimento.
jcl (com Gabinete de Informação da C.M. Penamacor)
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