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O Orçamento aí está. Indisfarçavelmente, um orçamento, a que todos apontam defeitos, ausências e a sua não exequibilidade, por um lado (todos os lados), por outro, um governo que teima no que sim, que é exequível, porque sim.
Seria normal, se não fosse, a aparente, paternidade desconhecida. Aqui, caro leitor, escolha o pai que quiser. Pois, pelos vistos, surgiram e surgem vários pais para este orçamento. Contudo, ele aí está. Com uma única conclusão, o aumento brutal de impostos, cortes na acção social e no esvaziamento do estado pelo país fora. Portanto, o empobrecimento da população anunciada por lei. Eis o plano do governo! Nenhum estímulo para a economia, nenhum plano para a sociedade, nenhuma ideia para o país. Não ouço o primeiro-ministro anunciar nenhum programa que nos diga que sociedade seremos e num prazo credível. Um orçamento vazio e que nos esvazia. Um orçamento que só cria desilusão não pode ser um bom orçamento.
Nestes dias, veio o sr. Presidente da República, num daqueles discursos em que nos pretende fazer crer que se encontra na contemplação do Olimpo, anunciar que “é preciso ultrapassar o estigma que afastou Portugal do mar, agricultura e a indústria”. Mas não foi este senhor, então primeiro-ministro, que decretou a morte da frota pesqueira, o abandono da agricultura e da produção industrial, a troco de uns milhões da então comunidade europeia? Deveria anunciar, primeiro, um mea culpa público e, sim, depois alertar que devemos, sim senhor, apostar no mar, na produção agrícola e industrial. Mas sem assumir responsabilidades, todos estes anúncios soam de forma farisaica.
O mesmo som é-nos trazido da Europa. Não do continente, mas dessa europa que se diz união, mas que se tem revelado tudo menos tal. A prova-lo, aí está a discussão para o orçamento europeu. É um regabofe de opiniões, de palpites e de defesa do quinhão de cada um. A palavra solidariedade foi varrida da sala. Sala de onde ressalta à vista a insignificância da comissão europeia e onde a vontade dos mais fortes dita lei. Precisamente o que a tal união queria evitar. E desta forma, manda a Alemanha, mesmo que depois de, no último século, ter sido resgatada várias vezes. Baia união!
Entretanto, Portugal, viu sair do país cerca cem mil portugueses. E vem-me à memória aquela canção dos anos 60/70, «ei-los que partem novos e velhos…». A diferença, é que naquele tempo ia-se a salto, agora, vai-se assaltado. Dir-se-á que a História se repete, mas aqui, são os homens que a fazem repetir. E, sendo assim, então os homens não aprendem.
«A Quinta Quina», crónica de Fernando Lopes
fernandolopus@gmail.com
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