Há assuntos que se explicam melhor por fábula. Aqui vai portanto a minha opinião ao artigo do António Marques, sobre a desertificação do Sabugal.
Havia numa terra um Gigante que adorava pessoas.
Não exactamente como é comum gostar-se de pessoas.
O Gigante adorava comer pessoas.
Tudo começou num dia, há muito tempo, por acaso, quando ele estava deitado à beira de um caminho onde passava um lavrador.
Sem saber o que estava a fazer, tentou comer-lhe um pé, só para se divertir do pobre homem.
Depois, apreciando o sabor, tentou comer uma mão, e logo a seguir um braço, e quando deu conta já tinha comido uma pessoa inteira.
Tomando-lhe o gosto, passou a frequentar os lugares habitados, para comer pessoas.
E ao fim de uns dias já engolia um adulto inteiro de uma só vez, à velocidade de um raio.
Mas esta é a parte melhor: Quanto mais gente comia, mais apetite tinha.
E em vez de comer uma pessoa inteira de cada vez, já devorava às dezenas e centenas ao mesmo tempo, porque não era esquisito e o seu apetite era cada vez mais insaciável.
E foi aí que as coisas começaram a dar para o torto:
As pessoas começaram a escassear, porque o gigante andava a comer pessoas a mais e muito depressa.
E aqui vem a parte pior: O Gigante tinha cada vez menos gente para comer.
Foi ter com ele uma deputação de pessoas corajosas e disseram-lhe que não podia comer mais gente, porque assim desertificava-se a terra.
O Gigante deixou-se ficar sentado a pensar durante um tempo na verdade daquele raciocínio. Mas o seu apetite era insaciável e habituara-se à carne humana. O que é que ele podia fazer?
Então, quase sem pensar, arrebanhou do chão a delegação e comeu-a.
E viu que era saborosa!
E continuou a matança…
O Gigante chamava-se Fome.
A terra… Esquecimento!
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
1 comentário
Comments feed for this article
Quinta-feira, 22 Novembro, 2012 às 7:27
Ramiro Matos
Caro João Valente
Permito-me criar um novo final para a tua fábula:
“Mas nas serras de Malcata e das Mesas um punhado de homens e mulheres lançavam os primeiros sinais de revolta, acreditando que o gigante podia ser derrotado pela capacidade, força e união daquele Povo.
A terra chamava-se agora… esperança!”
Ramiro Matos