You are currently browsing the daily archive for Sexta-feira, 9 Novembro, 2012.
Desde jovem aprendi a ver a Guarda e a admirá-la como uma cidade histórica, onde aquele D. Sancho do Foral, com ar de quem domina o espaço, a meus olhos enchia a Praça. Os arcos ao fundo, onde as lojas quase se escondiam do frio e acoitavam qualquer «estrangeiro» que ali passasse sem abrigo, faziam-me sentir acolhida como se a sua proteção me trouxesse conforto. Por tudo isto, eu estremecia sempre que me abeirava daquela Praça Imponente.

Depois, através da sua história, percebi como muitas verdades se podiam confirmar, pelo que ainda hoje, ir à Guarda é um passeio que me agrada, quase direi, me enche a alma. O clima é frio mas as pessoas são quentes e acolhedoras.
Homenageio o seu castelo que ficou para final entre os castelos de fronteira, não por descuido, mas por querer fechar com algum esmero «La Ruta de los Castilhos», do lado de cá, pois irei ponderar a hipótese de fazer uma busca aos castelos dos nossos vizinhos.
GUARDA
Ó Guarda se foste castro
De nome Lancia opidana
Dos Visigodos eras Warda
Teu castelo fiel guarda
Pela coragem que de ti emana.
Castelo em alvenaria de granito
Estilos românico e gótico são teus
Torre de Menagem no alto da colina
Torre Velha, isolada combina
Como se todas olhassem os céus.
A chamada Torre dos Ferreiros,
Apresenta planta quadrangular
E mostra quadros da paixão
Que quer queiramos quer não
Serve para a muralha recordar.
A Porta da Covilhã e a dos Curros
Provam seu longo existir
Pois entre elas a Rua Direita
Mostra-se caminhando perfeita
Para a todo o burgo servir.
No século XIII, Sancho I
Egitânia para aqui transferiu
Como diocese a vila revigorou
Em 1199 foral te doou
Foi isto que a pesquisa descobriu.
Iniciou vigoroso teu castelo
Que dominou a vila e a paisagem
O distinto e altivo torreão
Que de há tempos já cumpria missão
E Afonso II te fez torre de Menagem.
D. Dinis, Fernando e João
Retocam-te e te fortalecem
Torre Ferreiros, Covilhã também
Porta da Erva, como à época convém
De que muitos traços qu’ainda prevalecem.
No séc. XIV muitas portas existiam
Mas em XIX, as muralhas são benefícios
Alguns troços de muralhas demolidas
As suas pedras dali subtraídas
Para a construção de edifícios.
Em 10 Foste Monumento Nacional
Mas a demolição continuou
Em 40 houve restaurações
Até 21 mais remodelações
Pelo que a Torre dos Ferreiros vingou.
Mais lembro que na vila da Guarda
O Tratado de Alcanizes foi planeado
Em século XIII, seus finais
E apesar de aqui deixar pouco mais
Deixo seu castelo homenageado.
E nessa homenagem deixo também o meu abraço às suas gentes.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Tem continuado esta semana a saga da «refundação» do estado, com argumento do governo e tendo como protagonistas Passos Coelho e António José Seguro.
Esta história da refundação do estado, desculpem, refundação do estado não, só refundação das funções do estado, surge num tempo e num contexto improváveis. Surge, apresentado pelo Primeiro-Ministro, numas jornadas parlamentares da sua maioria, dois dias antes da apresentação do Orçamento do Estado. Não foi explicado nenhum pormenor desse peregrino plano de refundação nem aí, aos seus correligionários, nem ao país. E, o convite público ao PS, soou a convite envenenado. A forma como este governo tem apresentado as suas ideias tem sido de uma forma tão desastrada, que chego acreditar que há ali uma barreira entre o que pensam e o que se transmite. Era bem melhor estarem a pagar a um profissional de comunicação do que ao tal conselheiro para as privatizações… O facto é que, todas as medidas que o governo toma e vem publicamente apresentar, assemelham-se a um elefante numa loja de porcelanas. Se a ideia era um debate ou, como gostam de lhe chamar cá no burgo, um pacto de regime, faria sentido propô-lo á Assembleia da República. Dessa forma, traria para a opinião pública, um debate que tem que ser público. E aqui, seria interessante debater qual o verdadeiro mandato de que um governo é empossado. Reparem (e serve somente como exemplo), o governo nunca é apresentado antes, ele não sai dos deputados que são eleitos e, quando se tornam governos, nunca implementam o programa com que se apresentaram a eleições. E, contudo, falam em nome do povo, da vontade do povo e da sua legitimidade para tomarem decisões mesmo contra aquilo que apregoavam e com o qual foram eleitos. Legitimidade? Qual? E dada por quem? Neste aspecto, a lei do poder autárquico é mais verdadeira. E no entanto é nesta que querem mexer! Porque será?
A refundação de que tem falado este governo mais não é do que o fim do estado. Não falta muito. Vão fechando asa escolas e os centros de saúde. Fecham os correios. Fecham os tribunais. O estado está cada vez menos presente. Deixando as populações ao abandono. E, contudo, ainda nos pedem mais impostos! Para quê? Para Quem? Se já não existe estado na maior parte do território nacional?
E tudo isto surge num tempo de penúria e no momento da apresentação do orçamento. O que pretendia o governo? Se não introduziu o item no orçamento é porque não pode, se o compromisso é com a troika, então deveria ter avisado o país antes. Se… o facto é que este governo é habitual comprometer-se e, depois, é que vem com o discurso lamechas de que tem que ser, é necessário e tal coisa e tal. Quando se lhe pergunta porquê, então, depois de muitas voltas, lá confessa que se comprometeu. O mal, é que não se compromete com os portugueses. E era com estes que deveria estar comprometido.
Ora, faz bem o PS em não alinhar com o governo nessa da refundação, não porque se sinta melindrado com as formalidades, mas, essencialmente, porque seria uma brecha na matriz do partido socialista e um retrocesso civilizacional. Lembro-me de uma frase de um filme, “ a civilização está em ruina, logo agora quando mais precisávamos dela”.
É preciso cortar despesas no despesismo do estado? Inevitavelmente. Mas por que, sempre que se fala em cortar despesas, elas são sempre na saúde, na educação e na acção social? Não há outras áreas em que esses cortes podem ser feitos? Claro que há! Mas aí estão metidos os interesses corporativistas, dos amigos e dos financiadores de campanhas…
Passaremos as próximas semanas acompanhar esta novela da refundação, cujo objecto são quatro mil milhões de euros. Agora, e para já, com mais um laivo da teimosia do Primeiro-Ministro, após a nega do Seguro.
Entretanto, vejam bem, num momento em que nos são apresentadas diariamente restrições, austeridade, pobreza, despedimentos, dificuldades de toda a ordem, emigração… o sr. Silva (Presidente da República), depois de estar calado desde a borrada do 5 de Outubro e de ter “falado” via facebooK, apareceu para comentar a austeridade na inauguração de um hotel de luxo! Ficava-lhe bem um certo pudor. Poderia mandar o ministro da economia, outra pessoa, mas ele deveria comedir-se, porque o luxo destoa com austeridade e com a miséria que grassa pela sociedade portuguesa. E que disse ele? Disse que não se deixava pressionar acerca do Orçamento de Estado! E precisa sr. Presidente?
P.S. Saúdo a reeleição do Presidente Barac Obama. É uma excelente notícia para o mundo.
«A Quinta Quina», crónica de Fernando Lopes
fernandolopus@gmail.com
Comentários recentes