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O Capeia Arraiana está a publicar as contratações da Câmara Municipal do Sabugal e de outras entidades que, por ajuste directo, envolvam o concelho sabugalense entre Janeiro e Novembro de 2012. As regras da contratação pública previstas no Código dos Contratos Públicos aplicam-se a todo o sector público administrativo tradicional: o Estado, as Autarquias Locais, as Regiões Autónomas, os Institutos Públicos, as Fundações Públicas, as Associações Públicas e as Associações de que façam parte uma ou várias pessoas colectivas referidas anteriormente.
MAIO DE 2012 |
:: 02-05-2012 ::
Descrição: Repavimentação e drenagem nas Estradas Municipais.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Chupas & Morrão – Construtores de Obras Públicas, S.A.
Preço Contratual: 13.950,00 €
:: 07-05-2012 ::
Descrição: Controlo da qualidade da água das Termas do Cró – Análises microbiológicas.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Unidade Local de Saúde da Guarda
Preço Contratual: 5.980,00 €
:: 08-05-2012 ::
Descrição: Aquisição de equipamento informático e de rede, para o Centro de Estudos Jesué Pinharanda Gomes.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: RIS 2048 – Sistemas Informáticos e Comunicações, Lda.
Preço Contratual: 7.872,00 €
:: 09-05-2012 ::
Descrição: Contrato de prestação de serviços de continuidade para o Sistema Integrado de Gestão de Bibliotecas – Mind Prisma.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: MIND-Software Multimédia e Industrial, S.A.
Preço Contratual: 1.848,00 €
:: 14-05-2012 ::
Descrição: Aquisição de serviços para Boletim e Agenda Municipal.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Litorraia – Litografia e Publicidade da Raia, Lda.
Preço Contratual: 5.100,00 €
:: 14-05-2012 ::
Descrição: Reformulação do Data Center da C.M. Sabugal – Rede Digital de Educação e do Conhecimento.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: JORINF – Informática e Telecomunicações, Lda.
Preço Contratual: 68.471,00 €
O Código dos Contratos Públicos criou o Observatório das Obras Públicas e o sistema de informação dos contratos de bens e serviços, incumbindo-os de acompanhar e avaliar a contratação pública. São ferramentas essenciais para o aperfeiçoamento de opções e para a promoção de boas práticas.
jcl
O solipsismo (do latim solus + ipse , só mesmo) é o conceito filosófico com que se designa toda a doutrina segundo a qual é impossível ir mais além da própria consciência, no que resulta a impossibilidade de conhecer algo mais do que o próprio “eu”, considerando-se a única realidade evidente e absoluta. Tornou-se famosa com René Descartes (filósofo francês, 1596-1650). Pode caricaturar-se como se se vivesse numa caixa fechada, e tudo isso fosse a realidade.
Esta doutrina assaltou-me o pensamento ouvindo o Primeiro-Ministro na Madeira, onde foi depois de uma negociata às escuras entre o governo central e o governo regional, com mais um cheque aquele para este, com a certeza de que deve ser para pagar mais uma megalómana iluminação de Natal e o fogo de artifício na passagem de ano. Mas ouvindo-o, colocando aquele ar de que, é ele e o seu governo a salvação da pátria, pensei que todas aquelas convicções deveriam caber unicamente na tal caixa fechada. A crença, porque só pode ser crença, num orçamento que todos consideram irrealista e, portanto, no cumprimento das metas aí estipuladas, cai por terra quando olhamos para o orçamento de 2012, quando se prepara mais um orçamento rectificativo. E este é já o segundo ou terceiro este ano! Haverá confiança para que o do próximo ano não se passe o mesmo? O mesmo solipsismo transbordou na entrevista que o primeiro-Ministro concedeu a uma televisão privada. Dessa entrevista não saiu nada que possa dar um mínimo de esperança aos portugueses. O Primeiro-Ministro falou de uma realidade que só existe na sua caixa. Para o país real (como se gosta de chamar ao país das pessoas cá no burgo) não houve uma palavra que apontasse um abjectivo. Não contrariou a observação do entrevistador quando o confrontou com o facto de que o país vai chegar ao fim do memorando mais fortes mas mais pobres, não respondendo à questão essencial, que sociedade seremos no final do cumprimento do memorando. Limitou-se a um discurso redondo e vazio. Confirmando que todos os sacrifícios que nos estão a ser pedidos, servem para podermos ir aos mercados mais cedo, mas não apontando um único benefício do uso do dinheiro que tem cortado aos trabalhadores. Confessando que todas a previsões do governo têm falhado, desculpando-se com o simplismo de que eram previsões. Pois… Definitivamente, o governo vive em solipsismo. Acredita que a sua receita está certa, quando os números mostram que errou em toda a linha, e para o demonstrar, insiste na receita. “Chegaremos lá vivos. Mas será muito difícil!”, foi com estas palavras de esperança que o Primeiro-Ministro terminou a entrevista. Que consolo!! Mas aqui o governo deve ser entendido não como um todo, mas parte. Pois o partido mais pequeno da coligação demonstrou claramente que está incomodado, disse-o e protestou. Resultado: foi ignorado. Provando-se que o CDS, nesta coligação, vale nada. Se não é, parece que está ali para usufruir do poder pelo poder, permitindo ao seu líder, pavonear-se pelo mundo fora e, a mais uns quantos, manter-se nos corredores do poder. Porque governar, influenciar a governação, decidir, zero. A aprovação deste orçamento provou-o.
Este orçamento é assassino. Contudo o governo espera que a realidade se adeque às suas teorias e receitas. Considerando estas a realidade. É solipsismo.
P.S. O governo decretou tolerância de ponto nos dias 24 e 31 de Dezembro (quanto a mim bem). Para quem acabou com os feriados históricos e religiosos (também eles históricos), acusando os portugueses de trabalharem pouco e de Portugal ter demasiados feriados vem, agora, procurar parecer benevolente e simpático. Precisamente agora, quando nos brinda com um orçamento que nos levará à miséria. É um presente de desconfiar.
P.S. Alguém explica ao senhor Primeiro-Ministro que o ensino é obrigatório e gratuito, preto no branco na Constituição, até ao 12º ano, portanto não pode ser pago!
«A Quinta Quina», crónica de Fernando Lopes
fernandolopus@gmail.com
Cada vez que uma grande superfície comercial abre um novo centro, a comunicação social alardeia solenemente a criação duns tantos postos de trabalho.
A notícia é recebida com um grande júbilo, até porque contrastante com o panorama geral de encerramentos de empresas e despedimentos dia a dia mais numerosos nas que ainda vão resistindo à crise.
E a notícia, embora exagerando por vezes nos números, é substancialmente verdadeira.
A abertura dum hipermercado redunda sempre, efectivamente, na contratação de um considerável número de trabalhadres, especializados uns, com alguma prática outros, totalmente indiferenciados uma boa parte que, por isso, irão receber adequada formação.
Mas neste nosso mundo das compensações e contradições os supermercados acabam por ser uns monstruosos factores de desemprego.
Basta evocar as centenas de lojas do comércio tradicional que o novo centro vai imolar.
Estabelecimentos de todos os ramos, com particular incidência para as mercearias de bairro, recebem assim inapelável sentença de encerramento.
E cada mercearia, assim sacrificada, arrasta uma boa dúzia de pequenas explorações.
Lá vão ao vento as pequenas hortas familiares que ao longo do ano forneciam na sazão as couves e os repollhos, os nabos e os espinafres, as alfaces e as beterrabas, os pimentos e os tomates, os pepinos e os rabanos, as cherovias e as abóboras…
Lá ficam ao abandono os pequenos pomares que, mesmo na sua quase insignificância, abasteciam de peras e bons malápios, de cerejas e de ginjas, de melocotones e rainhas claudias, de figos e beboras, de quivis e maracujás.
Definham à falta de clientela, os micro-cultivadores de melões e melancias.
E não ficam por aqui as explorações arrastadas na queda.
Um vizinho que fornecia frangos quase de campo, um familiar dedicado à cunicultura, uma senhora do bairro que fabricava enchidos, uma outra que fazia bola de carne e fritava bolos de bacalhau, outra ainda que se dizia mestra em confeitaria caseira, até bate-solas ou tricotadeiras que ali tinham uma clientela muito fiel, ficaram desarmados.
Enfim a abertura duma grande superfície implica sempre encerramentos em cadeia de dezenas ou centenas de micro-empresas.
A nível de postos de trabalho há, pois, malefício.
«Caso da Semana», opinião de Manuel Leal Freire
O Capeia Arraiana está a publicar as contratações da Câmara Municipal do Sabugal e de outras entidades que, por ajuste directo, envolvam o concelho sabugalense entre Janeiro e Novembro de 2012. As regras da contratação pública previstas no Código dos Contratos Públicos aplicam-se a todo o sector público administrativo tradicional: o Estado, as Autarquias Locais, as Regiões Autónomas, os Institutos Públicos, as Fundações Públicas, as Associações Públicas e as Associações de que façam parte uma ou várias pessoas colectivas referidas anteriormente.
ABRIL DE 2012 |
:: 19-04-2012 ::
Descrição: Fornecimento contínuo de 20.000 Litros de Gasóleo de Aquecimento, para o Edificio dos Paços do Concelho e Jardim de Infância do Sabugal.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: C.L.M.P. – Monteiro & Pinto, Lda.
Preço Contratual: 22.400,00 €
:: 23-04-2012 ::
Descrição: Área ardida nos incêndios dos dias 30 a 4 de Setembro de 2009.
Adjudicante: Freguesia da Aldeia de Santo António (Sabugal)
Adjudicatário: COOPCÔA – Sabugal, C.R.L.
Preço Contratual: 7.041,30 €
O Código dos Contratos Públicos criou o Observatório das Obras Públicas e o sistema de informação dos contratos de bens e serviços, incumbindo-os de acompanhar e avaliar a contratação pública. São ferramentas essenciais para o aperfeiçoamento de opções e para a promoção de boas práticas.
jcl
Existe um pequeno canteiro a caminho da casa da minha mãe no Sabugal onde o jardineiro municipal coloca umas belas couves em flor…
Nesta manhã de outono mais parecido com inverno em que escrevo esta crónica, apetece-me recordar alguns poemas…
De Geraldo Vandré
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Ou de António Gedeão
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
Ou ainda de José Mário Branco
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda
Terminando com Sebastião da Gama
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Obrigado jardineiro pelas couves floridas!…
PS:: Perdi um grande amigo, o Horácio, deixem-me chamar-lhe assim, Metaio, o meu «padlinho pequeno».
Por alguns momentos acompanhei a família nessa hora triste em Rio de Mouro, recordando com o seu irmão Orlindo, a altura em que viveu em casa da minha avó. Mais um pouco da minha infância que perco, o que me deixa cada vez mais pobre…
Um abraço de solidariedade à esposa Lisália, aos filhos, aos irmãos e a toda a sua família.
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
rmlmatos@gmail.com
Antes de se meter a caminho de Portugal Junot instala o seu quartel-general em Bayonne, no sul de França, e aí reúne o Exército de Observação da Gironda, cujo comando o imperador lhe confiou.
A força militar compôs-se à imagem de um corpo de exército, com três divisões de infantaria, uma de cavalaria, outra de artilharia e algumas companhias de engenharia, sapadores e operários, a que se juntavam os carros com bocas de fogo, barris de pólvora e trens de equipagem.
Instalado no comando, Junot aguarda que se lhe reúnam os destacamentos, o imenso material necessário para a campanha e os oficiais superiores que o imperador lhe dispusera.
Não há somente soldados franceses. Há mercenários suíços (dois batalhões), desertores alemães (um batalhão), e também alguns italianos. São porém escassos os soldados experientes na guerra. A maior parte é tropa de linha e há muitos soldados recém-incorporados. Os poucos veteranos estão na 1.ª divisão, comandada por Delaborde, que de resto virá a ser a tropa que resistirá melhor à marcha.
Ainda em Bayonne, todas as noites desertam dezenas de soldados dos vários acampamentos. Nem os aboletamentos compulsivos, que recaem sobre as famílias dos desertores, evitam as sucessivas fugas. Preocupado, Junot implora ao Imperador que mande castigar severamente os trânsfugas: «creio indispensável mandar fuzilar nesta região alguns desertores, a fim de reter os outros».
O exército reúne a custo. Falta fardamento, sobretudo botas e capotes, e o dinheiro não chega para gratificar a tropa antes de sair em campanha, como é uso no exército francês.
Ainda que mal equipadas as colunas colocam-se em movimento sob uma chuva intensa e um frio cortante, que os acompanhará em todo o percurso.
As ordens são claras e o percurso está estabelecido: Junot atravessará Espanha passando por Vitória, Burgos, Valhadolid, Salamanca, Ciudad Rodrigo, de onde avançará para Portugal e marchará sobre Lisboa.
A invasão de Portugal terá o apoio dos espanhóis, tendo em conta o interesse comum. Uma divisão juntar-se-á a Junot junto à fronteira. Outra divisão ocupará o Porto e uma terceira invadirá o Alentejo.
Poucas semanas antes, em 27 de Outubro de 1807, França e Espanha haviam assinado em segredo o Tratado de Fonteinebleau, pelo qual dividiram o reino de Portugal. O acordo estabelecia o direito da tropa francesa transitar em solo espanhol e balizava os termos do envolvimento militar de Espanha na invasão.
Junot, antes de partir de Bayonne, e já com parte do exército a marchar em solo espanhol, escreve ao imperador garantindo-lhe que cumprirá com rigor as determinações. Avançaria a marchas forçadas até à fronteira portuguesa e aí aguardaria a reunião de todo o exército para avançar em força para Lisboa. «Todo o meu exército estará reunido no dia 26 e, supondo que só a 1 de Dezembro ele entrará em Portugal, espero estar em Lisboa a 10».
Já em Vitória, no País Basco espanhol, o general pára por uma noite e reajusta os planos. Como a ordem do Imperador é para atingir Lisboa quanto antes, decide que marchará para Alcântara, local por onde entrará em Portugal, tomando o caminho mais curto e evitando a via da Beira e a praça-forte de Almeida. A linha de orientação é o rio Tejo, cuja margem direita quer seguir até Abrantes, local onde passará para a margem esquerda e seguirá pelas planuras ou usará mesmo o rio para o transporte das tropas. Se o exército português colocar alguma oposição à invasão, os planos estão traçados: «posso mantê-lo em respeito com uma pequena parte das minhas tropas e alguns espanhóis sob o comando de um oficial inteligente enquanto eu marcho com o resto do exército contra o exército português para lhe dar combate e tomar Lisboa, que é o objectivo principal da operação», escreve a Napoleão.
Os franceses sabiam que havia um plano secreto, gizado entre Portugal e Inglaterra, para a fuga da corte portuguesa para o Brasil em caso de invasão, e Junot prefere primeiramente que esse plano se concretize, por ver assim facilitada a sua acção. Seria pouco provável que o exército português se movimentasse e o general livrar-se-ia do embaraço que seria tomar conta do príncipe regente português.
Napoleão, que também estava em campanha, acompanhava as notícias da marcha sobre Lisboa, recebendo vários informes. Junot escrevia-lhe a dar conta de tudo, mas o imperador recebia relatórios paralelos de outros militares, à margem do conhecimento do general em chefe. A certo momento, Napoleão enviou uma missiva a Junot dando-lhe ordens firmes para acelerar a marcha de modo a estar em Alcântara no dia 20 de Novembro e entrar imediatamente em Portugal, sem perdas de tempo, porque a 1 de Dezembro quer Lisboa tomada. Junot assegura-lhe que cumprirá as ordens, mau grado a chuva intensa, a lama e as torrentes que não o deixam por um instante.
«As invasões francesas de Portugal», por Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
O Capeia Arraiana está a publicar as contratações da Câmara Municipal do Sabugal e de outras entidades que, por ajuste directo, envolvam o concelho sabugalense entre Janeiro e Novembro de 2012. As regras da contratação pública previstas no Código dos Contratos Públicos aplicam-se a todo o sector público administrativo tradicional: o Estado, as Autarquias Locais, as Regiões Autónomas, os Institutos Públicos, as Fundações Públicas, as Associações Públicas e as Associações de que façam parte uma ou várias pessoas colectivas referidas anteriormente.
MARÇO DE 2012 |
:: 01-03-2012 ::
Descrição: Estudo das incidências ambientais da ETAR de Rendo (Sabugal).
Adjudicante: Águas do Zêzere e Côa, S.A.
Adjudicatário: Confeb – Consultores de Engenharia, Lda
Preço Contratual: 24.000,00 €
:: 15-03-2012 ::
Descrição: Drenagem de águas pluviais na Rua do Pinhal – Soito.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: CubosBeira, Lda.
Preço Contratual: 7.243,00 €
:: 16-03-2012 ::
Descrição: Aquisição de mobiliário para o Centro de Estudos Jesué Pinharanda Gomes.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Gonçalves & Gonçalves, Lda.
Preço Contratual: 7.986,78 €
:: 30-03-2012 ::
Descrição: Ligação, em Rede, dos estabelecimentos de Ensino/Educação existentes no concelho do Sabugal.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: C.B.E., S.A.
Preço Contratual: 44.026,94 €
O Código dos Contratos Públicos criou o Observatório das Obras Públicas e o sistema de informação dos contratos de bens e serviços, incumbindo-os de acompanhar e avaliar a contratação pública. São ferramentas essenciais para o aperfeiçoamento de opções e para a promoção de boas práticas.
jcl
Vivi a minha infância em ambiente bucólico, na ruralidade da minha aldeia, nas Cheiras. Passei a adolescência no colégio do Outeiro de S. Miguel e cheguei, no limiar da juventude, ao Liceu Nacional da Guarda.
A urbanidade soube-me a liberdade. Cedo integrei grupo de amigos. A experimentação de hábitos urbanos foi-se impondo, gradualmente. O prazer da «bica», uma das principais novidades da altura, constituiu um deleite que me sobejou para o resto da vida. Hoje até o cheiro do café me inebria!
Iniciei, nessa época, as saídas à noite. Saía mal acabasse de jantar. Do Largo dos Correios, onde morava, rumava ao Café Mondego. No início da minha vida urbana foi nesse café que me acostumei a cavaquear com amigos perante uma bica quentinha. Nas noites frias da Guarda desse tempo pouco mais poderíamos fazer do que conversar, beber um copo, tomar um café e espreitar algum jornal. Folheávamos mais frequentemente o Diário de Lisboa, jornal de títulos vermelhos, de formato mais pequeno e, por isso, mais portátil.
Certa noite de Inverno deu-se a minha saída, regulamentar, depois do jantar, para o café. O frio era excessivo e quase doía. O vento gélido fez-me levantar a gola do casaco que mantive, erecta, com a ajuda de um cachecol atado em nó cego. Mas nada pôde evitar que, a meio do caminho, caíssem grossas e espaçadas pingas de chuva gelada. Ora, quem por aqui habite ou tenha habitado sabe bem que estas pingas quase sempre precedem copiosas chuvadas. Tive, então, que bater o meu record pessoal dos cem metros e, mesmo assim, cheguei ao destino de costas húmidas e espinha arrepiada.
O café estava repleto. Entrei ofegante e sentei-me, como de costume. A montra embaciada não mostrava o exterior. Apenas se enxergava um ponto de luz amarela. Era a lâmpada de um poste de iluminação pública, em frente. No interior pairava um cinzento espesso, quase opaco, proveniente de mais de uma trintena de cigarros ardentes e fumegantes que, antes de extintos, eram substituídos por outros.
Às mesas conversava-se com inegável concentração. A atenção posta nos diálogos mal permitia perceber que havia quem entrasse e quem saísse. Entrei, portanto, e fiquei com a sensação de que ninguém deu por isso. Consegui uma mesa, bem ao fundo, no vértice de um canto. Era uma mesa que um homem, idoso e corcunda, deixou livre, suando e tossindo, enquanto se ausentava meio intoxicado com a excessividade do fumo tabaqueiro.
Nenhum dos meus amigos tinha vindo e, quiçá, nenhum deles viria, fruto da repressão da chuva, que a essa hora, já era diluviana.
Ao sentar-me desapertei o casaco. Tirei o cachecol. Confortei-me com a temperatura. Ajustei a cadeira à mesa e levantei o braço para o empregado.
Do lado de dentro do balcão um homem baixo e atento tirava cafés que não tinha tempo de contar. Do lado de fora outro homem, alto, equipado de casaca branca, circulava entre as mesas, veloz, redopiando a bandeja e conseguindo, milagrosamente, manter as chávenas sem verter. Colocava as bicas sobre as mesas com a mesma velocidade com que retirava as chávenas vazias. Depois recolhia as moedas que guardava numa carteira de cabedal preto pendurada do cinto. Passou junto de mim, olhou-me de soslaio e gritou sem me auscultar:
– Mais um bica para a mesa do canto.
Saboreei o meu café docemente. Folheei o jornal e assumi uma pose concentrada talvez para não destoar, no ambiente. Tinha perdido a esperança de que algum colega viesse mas continuei esperando sem saber bem por quem.
De repente abriram-se as portas de entrada que eram de «vai e vem». Entrou um homem baixo. Usava um sobretudo sobejamente comprido e cinzento, cor de fumo. O cabelo era comprido, desgrenhado e pouco lavado embora completamente ensopado de chuva. Tinha uma cara redonda, pequena, correada e cercada pela basta cabeleira. Parecia um rosto de cabedal castanho, um cabedal já gasto. Os olhos eram pequenos mas muito brilhantes. Olhando parecia emitir energias que nos perfuravam até ao âmago. Trazia na mão um par de chifres de carneiro, compridos e torneados.
Todos teriam preferido ignorar a sua chegada. Mas o homem vinha ao que vinha e para que todos notassem a sua presença quase berrou:
– Boa noite meus senhores.
Com a mão direita levantou até onde pôde os cornos do caneiro e continuou a vociferar:
– De quem são estes artefactos?
Como todos ficassem embasbacadamente calados rematou:
– Pronto, pronto meus senhores. Desculpem lá incomodar. Vou-me embora… Já vi que estão todos servidos.
«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
O Doutor Joaquim Mendes Guerra, do casteleiro, homem de grande cultura e qualificado relacionamento, foi um grande lavrador do concelho do Sabugal.
Um notável trabalho publicado pelo Doutor Francisco Manso, sob o título Revolução dos Nabos, ultimamente referenciado na imprensa regional, trouxe-me à memória o que foi a actuação daquele grande terratenente em prol da lavoura do concelho e dos seus agentes, tradicionalmente desprezados, quando não mesmo vilipendiados por todos os poderes centrais, regionais e até locais.
Aquele levantamento popular foi já também objecto de uma outra publicação do grande estudioso Jesué Pinharanda Gomes, que, no entanto, dera outro nome à mesma série de ocorrências, apelidando-a de motim, das aguilhadas ou dos aguilhões…
Se um terceiro estudioso se lembrasse de lhe chamar insurreição contra a pragmática dos luxos poderia justificar o movimento pela irritação provocada nos ganadeiros pela equiparação, para efeitos de aplicação de taxas dos luxos da pomerania aos mastins castelhanos-serras da Estrela ou outros molossos afectados em primeira linha á guarda dos rebanhos, ao tempo ainda fortemente submetidos à dizimização pelas alcateias na região abundantes.
O povo entendia mal as razões de filosofia que, apregoavam os legisladores, estavam na base das novas sanções que iam atingir pequenos proprietários e jornaleiros, eles sim, fortemente carecidos de protecção.
Será curioso anotar que o levantamento apenas teve sucesso em parte do concelho, pode dizer-se que apenas nos que haviam pertencido aos extintos concelhos de Sortelha e Vila do Touro, tendo-lhe ficado totalmente inemnes as aldeias feudatárias dos antigos municípios de Alfaiates e de Vilar Maior e pouco havendo aquecidos os ânimos da restante terra fria sabugalense. Espontâneo, o movimento não teve figuras centrais, pelo que, quando chegou a horas de prestar contas à justiça, a acefalia reinou.
Foi então que o Doutor Mendes Guerra chamou a si a protecção dos que se viram acossados pelas justiças, muitas vezes injustas e normalmente muito poderosas para com os fracos.
Constituídos réus de delito público, foram submetidos a várias medidas de coacção, e, de entre elas, à prestaçao de cauções de montante elevado para o que não dispunham de dinheiro corrente, bens de raiz cabondes e, menos ainda, fidúcia bancária.
E toda essa cara e intrincada trama judicial foi resolvida pela Família Mendes Guerra. Como depois na fase processual subsequente, a do pagamento de preparos, custas de parte e de honorários a advogados.
De frisar é ainda o uso de influências em prol da causa dos ditos amotinados.
Joaquim Mendes Guerra era um homem de grande cultura e qualificado relacionamento. Fora leitor de Português em diversas universidades alemãs. Era um integralista da primeira geração e muito próximo ideologicamente de António Sardinha, Hipólito Raposo, o Conde de Monsaraz e Pedro Teotónio Pereira.
Pertencente a uma elite católica, gozava da amizade do Cardeal Cerejeira e dos vários irmãos e primos Dinis da Fonseca.
Jornalista de mérito, tinha assento permanente na redacção do diário monárquico Voz, nos cadernos do CADC e outros órgãos oficiosos da Igreja.
De resto, ele próprio criou e deteve um jornal posto ao serviço da Lavoura – A Gazeta do Sabugal.
Além disso, prestou à agricultura do concelho, um relevante serviço, criando e provendo de quadros o Grémio da Lavoura.
Ali, foi coadjuvado por um ilustre gerente que ele próprio contratou e preparou para o exercício do cargo – o senhor Pinto Monteiro, pai do Procurador Geral da República do mesmo nome.
«O concelho», história e etnografia das terras sabugalenses, por Manuel Leal Freire
Ao longo dos próximos dias o Capeia Arraiana vai publicar as contratações da Câmara Municipal do Sabugal e de outras entidades que, por ajuste directo, envolvam o concelho sabugalense entre Janeiro e Novembro de 2012. As regras da contratação pública previstas no Código dos Contratos Públicos aplicam-se a todo o sector público administrativo tradicional: o Estado, as Autarquias Locais, as Regiões Autónomas, os Institutos Públicos, as Fundações Públicas, as Associações Públicas e as Associações de que façam parte uma ou várias pessoas colectivas referidas anteriormente.
FEVEREIRO DE 2012 |
:: 02-02-2012 ::
Descrição: Transporte escolar de uma aluna de Aldeia da Ribeira para a EB1 de Aldeia Velha.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Maria de Lurdes Robalo
Preço Contratual: 5.130,00 €
:: 03-02-2012 ::
Descrição: Projecto para mobilizar os associados da AMCB para a necessidade de implementarem os Planos de Igualdade, através da integração desta temática nas políticas da Administração Pública Local.
Adjudicante: AMCB – Associação de Municípios da Cova da Beira
Adjudicatário: Tecnoforma, S.A.
Preço Contratual: 58.932,00 €
:: 06-02-2012 ::
Descrição: Alteração de execução e manutenção e beneficiação das infraestruturas eléctricas de iluminação do Mercado Municipal.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: José Alberto Martins Monteiro
Preço Contratual: 11.875,00 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviços de fornecimento de refeições ao 1º CEB.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Casa do Povo de Aldeia Velha
Preço Contratual: 5.591,00 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de fornecimento de refeições escolares no 1º CEB.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Santa Casa da Misericórdia do Sabugal
Preço Contratual: 18.251,05 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de fornecimento de refeiçoes escolares – 1º CEB – ano lectivo 2011/2012.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: APEES
Preço Contratual: 18.617,79 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de fornecimento de refeições escolares no 1º CEB – ano lectivo 2011/2012.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Instituto de São Miguel (Ruvina)
Preço Contratual: 5.350,31 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de fornecimento de refeições escolares – 1º CEB – ano lectivo 2011/2012.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Externato Secundário do Soito
Preço Contratual: 14.198,28 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de gestão de cantinas.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Externato Secundário do Soito
Preço Contratual: 5.830,00 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de fornecimento de refeições escolares – Educação Pré-Escolar – ano lectivo 2011/2012.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: APEES
Preço Contratual: 18.426,24 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de fornecimento de refeições escolares – Educação Pré-Escolar – ano lectivo 2011/2012.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Santa Casa da Misericórdia do Soito
Preço Contratual: 9.980,88 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de Gestão de Cantinas na APPES – Educação Pré-Escolar.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: APEES
Preço Contratual: 6.360,00 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de Gestão de Cantina- Educação Pré-Escolar.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Liga dos Amigos de Aldeia de Santo António
Preço Contratual: 6.360,00 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de gestão de cantina – Educação Pré-Escolar.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Santa Casa da Misericórdia do Soito
Preço Contratual: 6.360,00 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviços de entretenimento de crianças – prolongamento de horário – Pré-Escolar – Sabugal.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: APEES
Preço Contratual: 25.423,56 €
:: 07-02-2012 ::
Descrição: Serviço de entretenimento de crianças – prolongamento de horário – Pré-Escolar – Soito.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Santa Casa da Misericórdia do Soito
Preço Contratual: 8.474,52 €
:: 15-02-2012 ::
Descrição: Prestação de serviços de Exploração e manutenção de postos de transformação de potência nos concelhos abrangidos pela Águas do Zêzere e Côa.
Adjudicante: Águas do Zêzere e Côa, S.A.
Adjudicatário: Electro Belarmino, Lda.
Preço Contratual: 14.994,00 €
:: 16-02-2012 ::
Descrição: Aquisição de serviços para a execução da rede primária de faixas de gestão de combustíveis na freguesia de Águas Belas.
Adjudicante: Freguesia de Águas Belas
Adjudicatário: António Panalo Pedrico
Preço Contratual: 21.100,00 €
:: 17-02-2012 ::
Descrição: Operação e manutenção do sistema multimunicipal de saneamento do Zêzere e Côa – Lote 1, relativamente às infra-estruturas de saneamento. Sabugal e outros concelhos..
Adjudicante: Águas do Zêzere e Côa, S.A.
Adjudicatário: Factor Ambiente; Espina & Delfin
Preço Contratual: 1.200.000,05 €
:: 17-02-2012 ::
Descrição: Operação e manutenção do sistema multimunicipal de saneamento do Zêzere e Côa – Lote 2, relativamente às infra-estruturas de saneamento. Sabugal e outros concelhos..
Adjudicante: Águas do Zêzere e Côa, S.A.
Adjudicatário: Factor Ambiente; Espina & Delfin
Preço Contratual: 360.011,00 €
:: 24-02-2012 ::
Descrição: Repavimentação e Drenagem – Rua do Rio Côa – Sabugal.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Construções do Côa de Almeida & Saloio, Lda.
Preço Contratual: 8.542,00 €
O Código dos Contratos Públicos criou o Observatório das Obras Públicas e o sistema de informação dos contratos de bens e serviços, incumbindo-os de acompanhar e avaliar a contratação pública. São ferramentas essenciais para o aperfeiçoamento de opções e para a promoção de boas práticas.
jcl
Querido leitor(a), irá perdoar-me, mas o artigo de hoje vai para os nossos vindouros, para aqueles que daqui a um século, ou mais, serão os portugueses do futuro. O que tenho para lhes dizer? Leia e verá que não me afasto muito da realidade.
Vindouros, a História já vos disse a razão pela qual no ano de 2012 Portugal estava de joelhos perante a Alemanha e o Fundo Monetário Internacional (mercados), ou seja, porque é que Portugal tinha perdido a sua Soberania e muito da sua Democracia. Eu quero simplesmente escrever sobre uma elite político/partidária e outra económica, causadoras da perca da Soberania e da Democracia, e que levou o País à ruina económica.
A partir dos anos 90 do século XX, surge uma classe política que nada teve a ver com aqueles homens e mulheres que lutaram e conseguiram restabelecer a democracia em Portugal. Essa nova classe política a que eu chamava os «jovens lobos» formada no seio dos partidos políticos, burocratas, tecnocratas, pouca cultura, sem ideias e convicções, depressa integrou governos e chegou à Assembleia da República. Esta nova classe política sempre esteve mais preocupada com a sua progressão dentro do partido e situação económica, do que com os portugueses, com isso criou uma sociedade profundamente dividida, os ricos tornaram-se mais ricos e os pobres ficaram mais pobres. A classe média começou a proletarizar-se, a empobrecer, e uma das razões de tanta adesão a greves e manifestações em Portugal no ano de 2012, foi a classe média ter tomado consciência de que estava a empobrecer, e esta classe só se manifestava quando isso acontecia. A classe média-alta sobrevivia, a maior parte dela, à custa da especulação imobiliária e de toda uma série de negócios menos claros, muitas vezes subsidiados pelo Estado… As classes baixas, as mais humildes, abandonadas pelos governantes e grandes empresários atingiam um estado de pobreza que se assemelhava à dos países do terceiro e quarto mundos, devia-se isto em grande parte à perca do emprego, porque quem ficasse sem emprego caía imediatamente na pobreza, Portugal tinha nesta altura um milhão ou mais de desempregados e, tudo indicava que em 2013 o número aumentaria. Esta classe baixa, mais humilde representava já perto de 80 por cento da população portuguesa, suportava sacrifícios económicos impressionantes e nada possuía de seu.
Quem estava no topo da pirâmide, enriquecendo, corrompendo e corrompendo-se cada vez mais? Políticos desonestos, grandes empresários e banqueiros. Essas classes viviam num hedonismo impressionante, passeavam de Verão e de Inverno pelo estrangeiro fazendo compras nas mais sofisticadas e conhecidas casas de moda a nível mundial, possuíam autênticos palácios nos sítios onde iam passar uns momentos de ócio, e tinham luxuosos apartamentos nas cidades. Alguns eram donos de casas de luxo em Paris, Nova Iorque e outras cidades, os carros em que se deslocavam e também os jets privados eram do melhor que existia, e quase todos os anos os trocavam por outros mais modernos que apareciam no mercado. A comunicação social falava em milhões de euros roubados por eles em monumentais corrupções tanto no Estado como no sector privado, mas a mesma comunicação social tinha revistas especializadas só na vida privada dessa elite político/económica, desde os vestidos que compravam até aos amores que tinham, eram reis e senhores, rainhas e senhoras de um País com um milhão ou mais de desempregados, de milhares de trabalhadores que recebiam por mês entre trezentos e quatrocentos euros, e também de pobres pensionistas cujo valor das pensões oscilava entre os duzentos e cinquenta e trezentos euros mensais. Vindouros, os portugueses todos a trabalhar não conseguiam alimentar estas elites, quanto mais trabalhavam e eram explorados no seu trabalho, mais elas se corrompiam e gastavam.
Chegou-se à suprema infâmia, essa elite governante tinha uma estratégia de empobrecimento do País, de mais empobrecimento do País! De retirar ainda mais aos fracos rendimentos das classes baixas, médias, pequenos empresários e pequenos comerciantes! Para quê? À espera do investimento estrangeiro, e este investimento só se conseguia com salários miseráveis e horários infinitos de trabalho, Portugal assemelhava-se a um qualquer país pobre da Ásia para onde as multinacionais levavam as suas fábricas. Pela primeira vez na sua História, Portugal estava a empobrecer propositadamente para se tornar um couto de multinacionais, onde estas pudessem trabalhar sem um mínimo entrave desde social a económico.
Agora vindouro, leia com atenção isto que vou escrever: havia homens e mulheres com funções políticas, de uma dignidade e honestidade irrepreensíveis, gente com ideias e convicções. Na época histórica que atravessávamos, principalmente a partir do ano 2000 até agora, 2012, a classe política foi perdendo o seu prestígio até se tornar a classe mais odiada em Portugal. Compreendia-se, mas não se podia generalizar, infelizmente a maior parte dos portugueses generalizava.
Termino dizendo-lhe duas coisas: primeira, quando ler isto, seja qual seja a data histórica em que o faça, oxalá viva num Portugal mais justo, mais democrático, mais livre e com plena Soberania e Democracia, não num Portugal que seja um protectorado de uma qualquer potência económica e política.
Segunda coisa, quando nos arquivos do Capeia Arraiana, vamos pôr daqui a um século, 2112, ler este artigo, diga para consigo: «O tipo que escreveu isto não deixava de ter uma certa razão, mas foi assim, foi com essa política económica que Portugal se transformou no que é presentemente, uma pequena potência económica, onde a pobreza é residual, e a Democracia e Liberdade são das mais invejadas pela maior parte dos países do Mundo». Nada me faria mais feliz se fosse vivo!
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
ant.emidio@gmail.com
Ao longo dos próximos dias o Capeia Arraiana vai publicar as contratações e ajustes directos da Câmara Municipal do Sabugal entre Janeiro e Novembro de 2012. As regras da contratação pública previstas no Código dos Contratos Públicos aplicam-se a todo o sector público administrativo tradicional: o Estado, as Autarquias Locais, as Regiões Autónomas, os Institutos Públicos, as Fundações Públicas, as Associações Públicas e as Associações de que façam parte uma ou várias pessoas colectivas referidas anteriormente.
Esta segunda-feira e durante os próximos dias vamos publicar as contratações da Câmara Municipal do Sabugal e de outras entidades que, por ajuste directo, envolvam o concelho sabugalense. Neste procedimento a entidade adjudicante convida directamente uma ou várias entidades à sua escolha a apresentar uma proposta.
O Código dos Contratos Públicos (CCP) permite que a entidade adjudicante convide apenas uma única entidade ou empresa e não estabelece qualquer limite máximo de entidades a convidar.
O ajuste direto pode ser usado para a formação dos seguintes contratos:
a) Empreitadas de obras públicas de valor inferior a 150.000 euros;
b) Aquisições de bens e serviços de valor inferior a 75.000 euros;
c) Outros contratos de valor inferior a 100.000 euros.
Pode também recorrer-se ao ajuste directo, para a formação de contratos de qualquer valor, quando se verificarem determinadas razões materiais expressamente identificadas no CCP, entre as quais se contam: os casos de urgência imperiosa, quando só existe um único fornecedor ou prestador, ou ainda quando um anterior concurso tenha ficado deserto.
JANEIRO DE 2012 |
:: 02-01-2012 ::
Descrição: Aquisição de serviços para verificação de medidores de caudal de abastecimento Siemens Danfoss.
Adjudicante: Águas do Zêzere e Côa, S.A.
Adjudicatário: Siemens, S.A.
Preço Contratual: 24.725,00 €
:: 03-01-2012 ::
Descrição: Prestação de serviços para identificar o sistema de entidades do espaço geográfico em que estamos interessados e transformá-lo num modelo de dados espaciais.
Adjudicante: AMCB – Associação Municípios da Cova da Beira
Adjudicatário: MONITAR-Engenharia do Ambiente, Lda.
Preço Contratual: 18.699,19 €
:: 04-01-2012 ::
Descrição: Concepção, desenvolvimento e implementação do projeto de Gestão de Processos.
Adjudicante: AMCB – Associação Municípios da Cova da Beira
Adjudicatário: ENERAREA
Preço Contratual: 18.200,00 €
:: 04-01-2012 ::
Descrição: Prestação de serviços de apoio técnico na aquisição de informação geográfica customizada.
Adjudicante: AMCB – Associação Municípios da Cova da Beira
Adjudicatário: Metacortex-Consultoria e Modelação, S.A.
Preço Contratual: 16.250,00 €
:: 04-01-2012 ::
Descrição: Criação e implementação de projecto SIG.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Agência Regional Energia e Ambiente do Interior
Preço Contratual: 20.500,00 €
:: 09-01-2012 ::
Descrição: Aluguer de equipamento para demolição de casa em ruína.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Construções do Côa de Almeida e Saloio, Lda.
Preço Contratual: 6.300,00 €
:: 11-01-2012 ::
Descrição: Instalar um sistema de recolha e tratamento de RCD´S provenientes de obras públicas e privadas, incluindo a formação dos Técnicos Municipais e a realização dos Planos Municipais de Tratamento de RCD’s.
Adjudicante: AMCB – Associação Municípios da Cova da Beira
Adjudicatário: CIRVA ACE
Preço Contratual: 74.000,00 €
:: 11-01-2012 ::
Descrição: Licenças de utilização de Ortofotomapas para a área abrangida pela AMCB.
Adjudicante: AMCB – Associação Municípios da Cova da Beira
Adjudicatário: Instituto Geográfico Português
Preço Contratual: 10.364,00 €
:: 11-01-2012 ::
Descrição: Licenças de utilização de informação cartográfica de uso e ocupação do solo em formato vectorial, para a área abrangida pela AMCB.
Adjudicante: AMCB – Associação Municípios da Cova da Beira
Adjudicatário: Instituto Geográfico Português
Preço Contratual: 24.332,74 €
:: 11-01-2012 ::
Descrição: Acção 6 – Estudos Específicos, Sessões de Apresentação e Participação Cívica da Candidatura ao Programa RAMPA.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto
Preço Contratual: 4.000,00 €
:: 11-01-2012 ::
Descrição: Acção 9 – Acções Formação/Sensibilização nas Escolas da Candidatura ao Programa RAMPA.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto
Preço Contratual: 2.000,00 €
:: 12-01-2012 ::
Descrição: Requalificação das margens do Rio Côa, entre a Ponte do Açude e a Praia Fluvial.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: Consórcio Edibeiras e R.E.D.
Preço Contratual: 512.994,19 €
:: 16-01-2012 ::
Descrição: Empreitada de remodelação do espaço para instalação do Centro de Estudos Jesué Pinharanda Gomes e execução de dreno e pavimentação na envolvente da Biblioteca Municipal.
Adjudicante: Município do Sabugal
Adjudicatário: António José Saraiva, S.A.
Preço Contratual: 31.574,01 €
:: 27-01-2012 ::
Descrição: Exploração plena de 25 subsistemas (ETAR e Estações elevatórias associadas) de Lamas activadas. Sabugal e outros concelhos.
Adjudicante: Águas do Zêzere e Côa, S.A.
Adjudicatário: Efacec – Engenharia e Sistemas
Preço Contratual: 9.273,67 €
:: 27-01-2012 ::
Descrição: Exploração plena de 58 subsistemas (ETAR e Estações elevatórias associadas) de leitos de Macrofitas. Sabugal e outros concelhos.
Adjudicante: Águas do Zêzere e Côa, S.A.
Adjudicatário: Floresta Renovada, Lda.
Preço Contratual: 6.014,00 €
O Código dos Contratos Públicos criou o Observatório das Obras Públicas e o sistema de informação dos contratos de bens e serviços, incumbindo-os de acompanhar e avaliar a contratação pública. São ferramentas essenciais para o aperfeiçoamento de opções e para a promoção de boas práticas.
jcl
Brejeirice – mas desta vez no tratamento de umas pessoas a outras. Adoro estes modos de falar do Povo, quando em acção no dia-a-dia, isto é, sem a pessoa estar preocupada «ai, ai, o que é que vão pensar de mim».
Ninguém tem receio do que vão pensar terceiros. Fala-se e pronto. Sem rebuço. Não há qualquer retraimento. Não: quando se está ali no ambiente bem conhecido, sem mirones, não há esses cuidados. Sai cada uma, que até ferve…
São apodos meio brejeiros, meio sérios.
São saltos de língua rápida, dos quais em geral não vem mal ao mundo.
Os ditos nestes casos são formas de falar. Trazem elogios e pancada de meia-noite, tudo de língua. São momentos únicos de má-língua, de língua afiada. O autor ou se dirige expressamente ao visado ou fala de outrem que não está presente. Não que faça muita diferença. Mas faz alguma. Se eu bem entendo, os apodos mais «ofensivos» são dirigidos por mulheres a outras mulheres ou falando de uma terceira.
Um aviso prévio: às tantas deixei de colocar aspas nas expressões populares e na sua transcrição fonética por duas razões: antes de mais por uma questão de respeito pela linguagem popular, depois, para evitar aquele ar superior de intelectual de meia figa que põe aspas como que para dizer «Olha, estes tipos falam assim, mas eu bem sei que isto está errado e não segue a norma gramatical». As pessoas sempre se estiveram nas tintas para isso e são elas que fazem a língua. O resto da malta vai atrás e vai colocando as coisas nos eixos… apenas.
Língua forte
«Aquilo é uma tchecória», dizia-se quando se queria chamar porca à pessoa visada. É um exemplo. Mas julgam que uma mãe não é capaz de dizer isso a uma filha? Se estivesse mesmo zangada, ia tudo à frente.
Outra muito frequente: «Tás cá c’ma gosma» (estás cá com uma gosma). Quer dizer:
– Estás muito constipado.
Mas a palavra gosma também tem outro sentido:
– Aquilo é um gosma, um chupista.
Quer dizer: está sempre à espera que lhe dêem alguma coisa ou de cravar um copo – seja lá o que for…
Verifico que há uma dose valente de qualificativos mais ou menos maldosos (aqui e ali um ou outro assim-assim, elogioso que seja) que têm aplicação geral por sexo do/a referido/a.
Assim, como adiante exemplifico.
Masculinos
Sei lá porquê, não há muitos assim, digamos, ofensivos para os rapazes. Mas há alguns. Por exemplo: «Fulano é um desasado» (não tem jeito para as coisas), que não tem ritmo, que faz tudo ao «ralanti» ( do francês «au ralenti» = muito, muito devagar).
Ou o inverso: para dizer que tem jeito diziam: «É muito àsado», ou, com mais carinho: «É muito àsadinho». Para dizer que a pessoa estava sempre disponível e fazia tudo: «É uma cestinha de mão».
Agora duas ou três mesmo no gozo, a deitar a pessoa abaixo:
– Aquilo é um babanca (não sabe o que diz).
Ou.
– Ah, malandro. Ah, candágua / cão de água… (rufia, um mal enjorcado que faz tudo mal e dá preocupações à família).
Pior:
– Esse? Esse é um colhana.
Significado: um tipo que não sabe fazer, um desajeitado.
Uma pessoa que não tem porte para nada, muito lento, quase um colhana:
– É um tchoninhas
Femininos
Há muitos que só se aplicam a mulheres. Estranhamente. Mas é assim. Não tenho noção de alguma vez ter ouvido estas coisas para referir ou para se dirigirem a um rapaz. Só para elas.
Mais: são elas que assim se referem a elas. Eles «tinham mais que fazer» do que estar ali ao sol / à sombra a treinar a língua (desenferrujar: era assim que se falava).
Parece misoginia mas não: é apenas história, pequena história do que era dantes… e era misógino, sim, embora sem qualquer consciência da coisa…
Por exemplo, e logo para arrasar:
– Aquilo é uma tchoca. Tem lá a casa numa tchoquice…
Isto, para dizer que a pessoa é uma valente porca que nem a casa limpa.
Já quando se queria dizer que a mulher era muito magra, dizia-se:
– É um bacalhau sueco.
E se a pessoa andava mal arranjada:
– És uma boa tchafesga das grelhas.
Já quando se chamava a uma mulher «badagoneira», isso queria dizer que a pessoa andava de porta em porta a dizer mal de umas e de outras.
– Aquela é cá um mostrunço…
Ou então:
– Manhusco…
Isso era para dizer que a pessoa é pouco arrumada e pouco limpa.
Nota
Apesar de já terem passado uns dias, não posso deixar de lhe chamar a atenção para um comentário que escrevi aqui (clique no azul para ler) – comentário por mim assinado com o meu nome verdadeiro.
Essa minha opinião versa sobre um comportamento que considero grave: alguém, a coberto de anonimato, abusou do «Capeia» e dos seus leitores para cometer o crime de fraude de informação. Acho isso imperdoável, e combato esse tipo de coisas em minha defesa e na do leitor.
Hoje trago aqui a referência para que mais pessoas possam detestar o crime cometido.
«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Soito iniciou em 16 de Setembro de 2011 a ampliação das instalações do quartel. O projecto é um grande salto na melhoria das condições da corporação e uma das maiores iniciativas da actual Direcção presidida por Maria Benedita Rito Dias.
Começa a tomar forma e a cor predominante dos bombeiros, fazendo um belo contraste com as incomparáveis nuvens da nossa região.
Quem pretender ajudar os bombeiros pode transferir o seu donativo para:
NIB: 003507020001137293062
ou, se for no estrangeiro, através do:
IBAN: PT50003507020001137293062, código CGDIPTPL.
A Direção e os Bombeiros Voluntários do Soito agradecem.
jcl
A maioria PSD/CDS rejeitou na passada sexta-feira, 23 de Novembro, no Parlamento, projectos de resolução do PCP e Bloco de Esquerda para a abolição da cobrança de portagens nas antigas SCUT (autoestradas sem custos para o utilizador) e manutenção das isenções.
No primeiro ponto do projecto de resolução do PCP, para a abolição da cobrança de portagens nas antigas SCUT, a maioria PSD/CDS e o PS votaram contra, mas sete deputados socialistas demarcaram-se da posição oficial da bancada e optaram pela abstenção.
Desses sete deputados do PS que se abstiveram, seis estão ligados a círculos eleitorais do interior do país: Fernando Serrasqueiro (Castelo Branco), Hortense Martins (Castelo Branco), André Figueiredo (Guarda), Acácio Pinto (Viseu), Elza Pais (Viseu) e Rui Santos (Vila Real).
O ex-líder da Juventude Socialista Pedro Delgado Alves também se absteve na votação.
Já o ex-secretário de Estado das Obras Públicas Paulo Campos anunciou a apresentação de uma declaração de voto, afirmando concordar com as isenções de cobrança de portagens nas autoestradas do interior do país, mas demarcando-se no que respeita à extensão da gratuitidade a autoestradas do litoral do país.
No segundo ponto da resolução do PCP, referente à manutenção das isenções existentes no pagamento de portagens em antigas SCUT, PS, «Os Verdes» e Bloco de Esquerda votaram a favor, mas essa alínea também foi chumbada pela maioria governamental.
A resolução do Bloco de Esquerda, que recomendava ao Governo a manutenção do sistema de isenções e descontos em todas as ex-SCUT, teve o apoio do PS, PCP e «Os Verdes», mas chumbou com os votos contra da maioria PSD/CDS.
Nesta série de votações, com a abstenção do PS, foi ainda rejeitado pela maioria PSD/CDS um projeto de resolução do Bloco de esquerda a recomendar ao Governo a urgente abertura de concursos para financiamento do cinema e audiovisual do ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual).
plb (com Lusa)
«Poetando» é a coluna de Manuel Leal Freire no Capeia Arraiana, na qual aos domingos vai publicando poemas inéditos, cada um dedicado a uma aldeia do concelho do Sabugal. Este Município raiano, um dos maiores do País em termos de extensão territorial, tem 40 freguesias, algumas delas com anexas, sendo no total exactamente 100 (cem) o número das localidades do concelho do Sabugal. Nesta edição o escritor e poeta bismulense dedica um soneto a mais uma anexa da freguesia da Bendada: Rebelhos. No próximo domingo será editado o poema referente à aldeias anexas desta freguesia que ainda falta: Trigais.
REBELHOS
Prefixo que reforça é sempre um re
Nenhum terá impacto que o vença
A condição imposta pelo se
E quando bem cumprida recompensa
Assim determinante como um de
O termo nos explica sem detença
Rebelhos e rebelde quando e se
O povo com razões se não convença
No mais sempre fiel aos seus desígnios
Os itens de seus votos consigne-os
Que são do povo os mais fiéis espelhos
Não quebram no trabalho e na amizade
O dito igual na praça e à puridade
Jamais traíu a gente de Rebelhos
«Poetando», Manuel Leal Freire
A Confraria do Bucho Raiano do Sabugal marcou presença no segundo Grande Capítulo da Confraria da Marmelada de Odivelas que se realizou este sábado, 24 de Novembro, no Mosteiro de São Dinis e São Bernardo.

A cerimónia de entronização de novos confrades realizou-se este sábado, dia 24 de Novembro, em Odivelas, com a presença de muitas pessoas ligadas ao poder local e empresarial, bem como diversas confrarias gastronómicas vindas de todo o país, entre as quais ao do Bucho Raiano, que ali esteve representada por seis confrades.
Pelas 11 horas, após a concentração dos convidados, iniciou-se uma visita ao Mosteiro de São Dinis e São Bernardo. A cicerone foi a Professora Máxima Vaz, natural da Abitureira, freguesia de Vila do Touro, Sabugal, e residente em Odivelas. Doutorada em História é uma das mais importantes individualidades odivelenses e condecorada por entidades como o Rotary Clube de Odivelas ou a Confraria da Marmelada. A Junta de Freguesia de Odivelas atribuiu-lhe o nome de uma rua e a Câmara Municipal fez o mesmo em relação a uma escola básica do concelho.
A historiadora que conhece como ninguém, ou como muito poucos, a história do Reinado de D. Dinis, cativou a audiência pela forma clarividente com que exibiu o seu extenso saber, sempre doseado com um humor bem oportuno. Começou por mostrar o átrio da Rainha Santa, a cozinha velha do mosteiro, os claustros, a sala do capítulo, tendo a aula de história e a visita acabado na igreja do Mosteiro, junto ao túmulo do Rei Dom Dinis.
Máxima Vaz explicou o papel de D. Dinis em Odivelas, onde mandou erigir o mosteiro alegando fazê-lo em resultado de uma promessa que fizera quando no momento em quue foi atacado por um urso quando andava a caçar. Admiradora da figura histórica do Rei Lavrador, explicou ainda o seu papel relevante na consolidação das fronteiras do país, no desenvolvimento da economia e a sua habilidade na política e diplomacia do reino perante os demais monarcas europeus.
Maria Máxima Vaz concluiu a sua viagem «dinisina» afirmando que «Odivelas deve a sua existência a D. Dinis porque se não tivesse sido este Rei esta Terra não teria passado da vulgaridade, não teria tido história alguma».
A cerimónia de entronização dos novos confrades aconteceu na sala do capítulo do convento, que estava repleta de pessoas, entre convidados e assistentes.
Na cerimónia foram entronizados 22 novos confrades, que prestaram juramento e receberam as insígnias, entre os quais José Carlos Lages, vice-chanceler da Confraria do Bucho Raiano, que residindo em Odivelas quis pertencer à confraria local.
À cerimónia de entronização seguiu-se o almoço no refeitório do Instituto.
A representar a Confraria do Bucho Raiano estiveram, para além do vice-chanceler, o grão-mestre Joaquim Silva Leal, o chanceler Paulo Leitão Batista, o almoxarife Paulo Terras Saraiva, e ainda as confreiras Delfina Leal e Ana Paula Sousa.
plb
A Confraria do Bucho Raiano do Sabugal marcou presença no segundo Grande Capítulo da Confraria da Marmelada de Odivelas que se realizou este sábado, 24 de Novembro, no Mosteiro de São Dinis e São Bernardo.
CONFRARIA DA MARMELADA DE ODIVELAS – 24-11-2012 |
Fotos Capeia Arraiana e José Valverde – Clique nas imagens para ampliar |
jcl
Damos continuidade à apresentação do léxico com as palavras e expressões populares usadas na raia ribacudana.
CARDINA – bebedeira.
CARDO – planta cuja flor é usada para coalhar o leite.
CARECA – indivíduo natural da Torre.
CAREIO – cuidado; jeito; maneiras; propósitos; tino. Joaquim Manuel Correia traduz por «forças, melhoras».
CAREIRO – variedade de sapos grandes, com pele muito rugosa (Clarinda Azevedo Maia).
CARESTIA – preços muito elevados; vida cara. Também se diz careza.
CARGA – o que é transportado, por homem ou animal. Bebedeira.
CARGAR – carregar; pôr carga.
CARGUEIRO – aquele que no contrabando transportava as cargas, recebendo por isso uma quantia em dinheiro. Os cargueiros seguiam em coluna, guiados por um guia, o cortador. Em geral, cada carga pesava 25 quilos.
CARNAGÃO – volume exagerado do amojo das vacas paridas, relativamente ao pouco leite que dão (Duardo Neves).
CARNE ESFOLADIA – carne de animal esfolado (cabrito, borrego, vitela).
CARNEIRO DA SEMENTE – carneiro de cobrição.
CARNE GORDA – toucinho.
CARNIÇA – carne (Júlio António Borges).
CARNICEIRO – assassino (Clarinda Azevedo Maia – Fóios).
CARNIGÃO – parte esponjosa e dura de uma ferida (Júlio António Borges).
CAROÇA – cereja. Vamos à caroça? (Rapoula do Côa). Nas terras do Campo designa a azeitona carnuda (Maria Leonor Buescu).
CAROCHA – primeira fatia que se corta do pão (Júlio António Borges).
CAROLA – coisas colocadas em fila (Júlio António Borges).
CAROLO – farinha grosseira de milho, com que se fazem papas. Júlio Silva Marques escreve arolo.
CARPINS – meias dos pés (Clarinda Azevedo Maia, José Pinto Peixoto).
CARQUEJA – planta silvestre, cuja flor se usa para fazer chá, óptimo para o fígado. Também se usa para condimentar cozinhados.
CARRADA – carga completa de um carro.
CARRANCA – cara feia; careta. Clarinda Azevedo Maia, reportando-se a Vale de Espinho, traduz assim: coleira guarnecida de pontas de ferro que serve para defesa dos cães.
CARRANCHA – pernas abertas.
CARRANCHOLA – grande carrada (Adérito Tavares).
CARRANJA – transporte do cereal para a eira, onde será malhado. O m. q. acarranja.
CARRANJAR – transportar; fazer a carranja.
CARRÃO – pessoa vagarosa.
CARRAPACHO – forma de transportar as crianças: escarrapachadas no pescoço dos adultos (Júlio Silva Marques).
CARRAPATO – carraça de pele lisa; nu. Júlio António Borges acrescenta: feijão frade; chícharo. Indivíduo natural da Bendada (Clarinda Azevedo Maia).
CARRAPIÇO – carvalho novo. Desembaraçado a subir (José Pinto Peixoto, Leopoldo Lourenço).
CARRAPITO – coruto de uma árvore; o m. q. carrapiço.
CARRASCA – azeitona de fraca qualidade.
CARRASCO – árvore idêntica ao carvalho, que prolifera nas campinas da raia. Clarinda Azevedo Maia recolheu nos Forcalhos o mesmo vocábulo traduzido por: «tipo de abrunheiro que dá frutos muito amargos».
CARRASQUEIRO – o m. q. carrasco.
CARRASQUINHA – espécie de azeitona; o m. q. carrasca (Clarinda Azevedo Maia – Vale de Espinho).
CARRASPANA – bebedeira.
CARRASPAR – beber em demasia, embebedar-se. «Talvez pela força do hábito, a pinga não carraspava» (Francisco Carreira Tomé). Diz-se quando a língua fica áspera por efeito de certos alimentos.
CARRASPENTO – áspero; amargo. Esta maçã é carraspenta.
CARREGAR OS MACHINHOS – embebedar-se. «Não se livrava da fama de também carregar os machinhos» (Abel Saraiva).
CARREGO – fardo ou carga que se põe às costas, no contrabando. O seu peso rondava os 25 quilos. Carga de três ou mais sacas, colocadas sobre o dorso do burro (Luís Gonzaga Monteiro da Fonseca).
(Continua…)
Paulo Leitão Batista, «O falar de Riba Côa»
leitaobatista@gmail.com
Qualquer iniciado em História sabe que, ciclicamente, se apresentam duas potências rivais, tendentes a disputarem, entre si, o domínio do mundo.
Procuremos fixar alguns desses grandes momentos.
Por vezes pode tratar-se de mera hegemonia espiritual, como no dissídio Babilónia-Sião, lucubrado na toada:
Sobolos os rios que vão
Por Babilónia me achei
Onde sentado chorei
As lembranças de Sião
E quanto nela passei
Então um rio corrente
Foi de meus olhos manado
E tudo bem comparado
Babilónia ao mal presente
Sião ao tempo passado.
Quase sempre, porém, é a luta pela hegemonia política e o domínio territorial.
Comecemos por Tróia.
Recordemos a poética causa belli:
Quando se viu ao espelho
A bela Helena chorou
Por causa dum rosto velho
É que Tróia se arrasou.
Agamemenao, o pastor de todos os povos do Ocidente conglobara e concitara exércitos para se vingar de Paris e Poicena.
Arma virunque cano Troia ab oris.
Tróia arde, mas Eneias, filho de Vénus e Anquises, desloca-se para Ocidente.
Entretanto, a querela renasce perto de onde Tróia tinha sido antes de arder.
São as guerras medicas ou persas, onde gregos e medos se disputam o domínio do Bósforo, símbolo do domínio mundial.
Atenas e Esparta tentam dividir um mundo à sua moda.
Como depois, a Macedónia de Alexandre, o Magno, e os seus quarenta generais, partindo o nó gordio, abriu caminho até ao Oriente quase último.
A questão renasce com as guerras púnicas, já que Anibal, o grande peno, filho de Amílcar e neto de Asdrubal, disputa o domínio dos povos mediterrânicos, a única parte do mundo que interessava, à Roma pré-imperial.
Séculos depois, quando os herulos, chefiados por Odiacro, apeiam Augustulo dum trono que já não existia, ninguém aspirou à hegemonia mundial, que a barbaria obstava a qualquer projecto de união, indispensável a intentos de domínio à escala mesmo dum pequeno mundo.
Breve renasceriam os sonhos imperiais e com elas as perspectivas de partilha.
Os sucessores de Carlos Magno e de Otao Grande dividem as respectivas heranças, dividindo a parte do Mundo que, ao tempo, interessava – o coração da Europa.
Mas o Império Romano renasce, tetrárquico ou diárquico.
E depois de as suas duas metades – Roma e Constantinopla – se haverem disputado primasias, eis que aparece um terrível émulo a exigir a divisão do Orbe – o Império Turco.
Que passa da intenção à acçao, tomando Constantinopola, que mais uma vez muda de nome e avançando até às costas dalmáticas.
Entretanto surgem as duas potências ibéricas – Portugal e Castela – que, depois de delimitarem os velhos continentes, dividem em Tordesilhas o Mundo ainda por achar.
A hegemonia tornou-se duradoira e ainda hoje as três Américas, da Florida à Patagónia dão sinal da validade da partilha.
Temporalmente muito próxima de nós, à distância efectivamente de pouco mais de um século, foi a partilha de África, onde vingou a bicefalia Inglaterra-França.
A primeira conseguiu a ligação Cairo-Cabo, bastante à custa dos nossos direitos que iam de Angola à contra-costa em Moçambique.
A segunda alijou para regiões inóspitas as ambições alemãs e italianas e coartou lesivamente a influência espanhola a Norte e Ocidente.
Com a Segunda Grande Guerra, foram duas novas potências que se impõem a todo o Mundo… Estados Unidos e União Soviética.
Foi o tempo da chamada guerra fria que só se aquietou com a queda do chamado Muro de Berlim e o desmoronar do Império Bolchevista e a irrupção de algumas dezenas de novos estados, grandes uns, como a Ucrânia e a Bielo-Russia, médios alguns, embora territorialmente vastos, minúsculos muitos deles, mas correspondendo a bem vincadas nacionalidaddes.
O sonho de hegemonia mundial dissipou-se.
Mas não há tempo para vacaturas.
E, no seu lugar, está para já de pedra e cal, o colosso chinês, apostado também no domínio económico-financeiro do nosso orbe já pequeno para tanta ambição…
«Politique d’ Abbord – Reflexões de um Politólogo», opinião de Manuel Leal Freire
O Orçamento aí está. Indisfarçavelmente, um orçamento, a que todos apontam defeitos, ausências e a sua não exequibilidade, por um lado (todos os lados), por outro, um governo que teima no que sim, que é exequível, porque sim.
Seria normal, se não fosse, a aparente, paternidade desconhecida. Aqui, caro leitor, escolha o pai que quiser. Pois, pelos vistos, surgiram e surgem vários pais para este orçamento. Contudo, ele aí está. Com uma única conclusão, o aumento brutal de impostos, cortes na acção social e no esvaziamento do estado pelo país fora. Portanto, o empobrecimento da população anunciada por lei. Eis o plano do governo! Nenhum estímulo para a economia, nenhum plano para a sociedade, nenhuma ideia para o país. Não ouço o primeiro-ministro anunciar nenhum programa que nos diga que sociedade seremos e num prazo credível. Um orçamento vazio e que nos esvazia. Um orçamento que só cria desilusão não pode ser um bom orçamento.
Nestes dias, veio o sr. Presidente da República, num daqueles discursos em que nos pretende fazer crer que se encontra na contemplação do Olimpo, anunciar que “é preciso ultrapassar o estigma que afastou Portugal do mar, agricultura e a indústria”. Mas não foi este senhor, então primeiro-ministro, que decretou a morte da frota pesqueira, o abandono da agricultura e da produção industrial, a troco de uns milhões da então comunidade europeia? Deveria anunciar, primeiro, um mea culpa público e, sim, depois alertar que devemos, sim senhor, apostar no mar, na produção agrícola e industrial. Mas sem assumir responsabilidades, todos estes anúncios soam de forma farisaica.
O mesmo som é-nos trazido da Europa. Não do continente, mas dessa europa que se diz união, mas que se tem revelado tudo menos tal. A prova-lo, aí está a discussão para o orçamento europeu. É um regabofe de opiniões, de palpites e de defesa do quinhão de cada um. A palavra solidariedade foi varrida da sala. Sala de onde ressalta à vista a insignificância da comissão europeia e onde a vontade dos mais fortes dita lei. Precisamente o que a tal união queria evitar. E desta forma, manda a Alemanha, mesmo que depois de, no último século, ter sido resgatada várias vezes. Baia união!
Entretanto, Portugal, viu sair do país cerca cem mil portugueses. E vem-me à memória aquela canção dos anos 60/70, «ei-los que partem novos e velhos…». A diferença, é que naquele tempo ia-se a salto, agora, vai-se assaltado. Dir-se-á que a História se repete, mas aqui, são os homens que a fazem repetir. E, sendo assim, então os homens não aprendem.
«A Quinta Quina», crónica de Fernando Lopes
fernandolopus@gmail.com
O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira, 20 de Novembro, a dissolução do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde da Guarda até aqui presidida pela ex-deputada social-democrata Ana Manso.

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira a dissolução do conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, liderado por Ana Manso, administradora hospitalar de carreira, bem como a nomeação da equipa que lhe vai suceder.
A demissão de Ana Manso há muito que era esperada mas o ministro da Saúde, Paulo Macedo, só decidiu afastá-la depois de ter em seu poder a auditoria feita pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde. As conclusões da auditoria foram muito negativas destacando a «excessiva centralização de competências geradora de instabilidade gestionária e de entropia no processo de decisão».
A gestão de Ana Manso que iniciou funções à frente da ULS da Guarda, a 13 de Dezembro de 2011, ficou marcada pela polémica nomeação do marido, Francisco Pires Manso, para auditor interno do hospital, uma escolha que deu na altura origem a muitas críticas e acusações de favorecimento familiar.
A ex-administradora seria forçada a demitir o seu marido no mesmo dia em que o nomeou, depois da intervenção do ministro Paulo Macedo. Mesmo assim, Ana Manso declarou que a designação do marido para o cargo «cumpriu escrupulosamente todos os procedimentos legais».
O afastamento de Ana Manso da administração era já dado esta semana como garantido na ULS e ontem a ex-deputada do PSD terá comunicado internamente a sua saída.
O actual director do Agrupamento de Centros de Saúde da Cova da Beira, Vasco Lino, será a partir de agora o novo presidente da administração da ULS da Guarda, e o médico Gil Barreiros foi escolhido para a direcção clínica dos cuidados de saúde primários. A médica endocrinologista Fernanda Maçoas será a directora clínica com a área hospitalar. Para o cargo de enfermeiro director, a escolha do Ministério da Saúde recaiu em João Marques, que substituirá no lugar a sua mulher, Ester Vaz.
jcl (com agência Lusa)
A regra é milenária, de valor reconhecidamemte universal e impõe-se erga omnes.
Por ela, todas as propostas de contrato e também todo e qualquer contrato assentam num caracter de previsibilidade ou, se quisermos, de previsivel normalidade.
É certo que os contraentes podem ajuntar aos seus contratos simultaneamente as condições ou cláusulas que bem lhes parecerem. E estas condições e cláusulas passam a ser elementos integrantes dos mesmos contratos e governam-se pelas mesmas regras, excepto nos casos em que a lei ordene o contrário.
Depois, o pactuante que satisfizer aquilo a que se obrigou pode exigir daquele que não cumpriu não só o que pela sua parte prestou ou a correspondente indemnização, mas também a pena convencional estipulada, e, na falta desta convenção, indemnização por perdas e danos.
E, se nenhuma das partes tiver cumprido o pactuado e só uma delas se prestar a cumpri-lo, esta pode exigir da outra ou só a execução especifica do contrato, ou só a pena convencionada – ou na falta desta a devida indemnização – mas nunca uma e outra coisa.
A simples mora na execução do contrato basta para que se possa exigir da parte em mora a pena convencional ou a indemnização por perdas e danos.
E quando o contrato depender de alguma condição de facto ou do transcurso de qualquer lapso de tempo, verificada a condição ou transcorrido o prazo, considera-se o contrato perfeito desde a sua celebração.
Mas quando houver a certeza de que a condição se não pode verificar, o contrato será declarado ab initio inexistente.
Mas se o contrato for feito com a condição de que, desde certo facto ou acontecimento se haverá por desfeito, verificado que seja aquele facto ou acontecimento, será cada um dos contraentes restituído aos direitos que tinha no momento da celebração, se outra coisa não tiver sido estipulada.
Deve lembrar-se ainda que os pactuantes cujos contratos dependem de alguma condição, podem, ainda antes de esta se verificar, exercer os actos lícitos necessários á conservação dos seus direitos.
É que a nulidade da condição, por impossibilidade física ou legal, produz a nulidade da obrigação.
Como se vê, é enorme a liberdade de convencionar e condicionar.
O que não obsta a que existam condições nulas, ilícitas e imorais.
E que sendo, embora a condição uma cláusula acessória tem ela de ser isenta de todos os defeitos que anulariam a convenção principal.
Assim, uma cláusula será nula por vício de consentimento e também quando o facto a que se refere ou de que a obrigação depende for física ou legalmente impossível.
Daí a existência de várias espécies de condições.
Logo quanto ao modo como são formuladas podem ser expressas ou tácitas, positivas ou negativas, alternativas ou conjuntas, casuais ou potestativas, puras ou mistas, suspensivas ou resolutivas.
Mas basicamente, há a teorias dos pressupostos.
Negoceia-se com base numa realidade.
Se esta se modifica sem culpa dos contraentes ou até contra a sua vontade, o contrato fica em crise.
Daqui se extrai uma série de conclusões que podem inquinar tanto o contrato de representação que liga eleitores e eleitos, como um contrato de mútuo entre uma instituição bancária e qualquer magnata ou pobre de Cristo, que a ela recorreu.
Os governantes que blasonam sobre a vitória eleitoral que os levou ao poder esquecem que o voto foi dado para a realização dum dado programa.
O banco que negociou um crédito para aquisição dum dado bem com determinado cliente fê-lo tendo em conta o estatuto económico do mutuário e o valor de mercado do bem em causa.
A ponderação da cláusula rebus sic stantibus exige a ponderação das modificações de fundo operadas naquele circunstancialismo.
«Caso da Semana», opinião de Manuel Leal Freire
Os cogumelos venenosos fizeram mais uma vítima mortal, uma mulher de 64 anos, e deixaram um homem em estado muito grave, desta vez foi na Torre, aldeia da freguesia e concelho do Sabugal.
Ludovina Martins, de 64 anos, e João Correia, de 65, emigrantes em França, mas e a passar férias e a tratar da terra, colheram e comeram cogumelos, o que foi fatal: a mulher não resistiu a uma disfunção hepática aguda e acabou por morrer segunda-feira nos Hospitais da Universidade de Coimbra. O marido está em estado grave.
Ao que tudo indica os cogumelos ingeridos eram da espécie amanita phalloides, muito venenosa. Comeram os cogumelos e fecharam-se em casa, onde estiveram dois dias a sofrer, até que pediram socorro aos vizinhos, que por vez chamaram o INEM.
O INEM deslocou-se imediatamente ao local e conduziu o casal ao centro de saúde do Sabugal, de onde seguiram para o hospital da Guarda e depois para Coimbra. Ludovina martins, em estado muito grave, não resistiu e faleceu, enquanto que João Correia ficou internado no serviço de Gastrenterologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, onde ainda permanece, sem estar fora de perigo, embora com prognóstico favorável.
O acontecido deixou os habitantes da Torre em estado de choque. Muitos não compreendem como se enganaram na colheita dos cogumelos, uma vez que o casal era apreciador e aparentemente conhecedor das espécies.
Com este caso na Torre, eleva-se para quatro o número de mortes provocadas por cogumelos venenosos nas últimas três semanas. Em finais de Outubro, em Peso da Régua, um casal e o filho morreram após ingerirem cogumelos da mesma espécie, amanita phalloides. O filho tinha 42 anos de idade, o pai 68 e a mãe 70.
O envenenamento por ingestão de cogumelos venenosos provoca a rápida falência do fígado, dos rins e do sistema nervoso. Em casos graves só o transplante hepático evita a morte.
plb
As comemorações do Dia do Concelho, 10 de novembro, foram um momento alto da afirmação da identidade do Concelho do Sabugal, corporizado na valia dos sabugalenses e das instituições galardoadas.
Como sabugalense e como Presidente da Assembleia Municipal foi com grande orgulho que me associei à comemoração dos 716 anos da confirmação pelo rei D. Dinis dos foros do Sabugal.
Permito-me assim transcrever as breves palavras que dirigi aos sabugalenses presentes, com natural destaque para os galardoados:
«Foi em 10 de novembro de 1296 que o rei D. Dinis confirmou os foros do Sabugal, documento que reconhecia a importância que os monarcas portugueses atribuíam a estas terras fronteiriças.
Naturalmente não me cabe a mim tecer grandes considerações sobre a importância deste acontecimento, mas não posso deixar aqui de dizer o quão orgulhoso me sinto por pertencer a uma comunidade cujas raízes se perdem nos confins da história.
Já o disse em outras ocasiões e aqui o reafirmo: uma comunidade que assenta as suas raízes em tempos tão distantes e que ao longo dos anos soube resistir e prosperar, tem em si, os elementos necessários para fazer frente a estes tempos tão difíceis.
Estou convencido que a nossa existência centenária será o caldo da sabedoria onde encontraremos as soluções que permitirão aos nossos vindouros continuarem na senda do progresso!
E é por isso que esta forma singela de comemorar a data do primeiro foral, onde salientamos os que de nós se vão destacando, deve ser, sobretudo, um momento de exaltação da identidade e da força dos que no Concelho residem e trabalham, mas também dos milhares e milhares de sabugalenses que se espalharam um pouco por todo o mundo.
E o reconhecimento público do mérito das pessoas e entidades, traduzido numa simples medalha, é, por um lado, o nosso agradecimento público pela dedicação e entrega à causa sabugalense, mas deve ser também, um incentivo para que todos nos empenhemos na construção de um futuro melhor para o nosso Concelho do Sabugal.»
PS: «O mais corajoso dos atos ainda é pensar com a própria cabeça» (C. Chanel).
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
rmlmatos@gmail.com
O jovem empresário, Eng.º Paulo Martins, tomou as rédeas das termas do Cró, já a funcionar em pleno, e está a preparar-se para muito brevemente poder lançar a primeira pedra para a construção do hotel que será a mais valia deste importante empreendimento.
Mas o Eng.º Paulo Martins que lidera um grupo de empresários, bastante activo e com provas dadas, não pretende ficar pelo Cró.
Visto estarmos na época da castanha este empresário convidou o Sr. Presidente da Câmara, Eng.º António Robalo, a visitar uma cooperativa agrícola na freguesia chamada Penela da Beira que pertence ao município de Penedono.
Muito embora esta cooperativa seja bastante diversificada em termos de frutos secos, nesta altura está, acima de tudo, a trabalhar a castanha.
Visto os Foios e o Soito serem duas localidades com uma enorme produção de castanha o Presidente António Robalo convidou os dois presidentes de Junta para o acompanhar na visita à dita cooperativa de Penela.
Eu, visto que já estou aposentado, aceitei o convite de bom grado mas o colega e amigo do Soito, Eng.º Alberto, não nos pôde acompanhar devido a afazeres de ordem profissional.
Foi também de bom tom ter convidado e Eng.º Emanuel que é o primeiro responsável pelas experiências que estão a ser levadas a cabo na Colónia Agrícola Martim Rei que reúne excelentes condições para o cultivo, produção e venda das mais variadas árvores de frutos secos com especial destaque para o castanheiro.
O empresário, Paulo Martins, surge em toda esta cena porque uma empresa de construção que também ele lidera no Município da Meda ampliou, para o dobro, o edifício da cooperativa de Penela e que ele também muito acarinha.
Chegámos por volta das 11 horas e, de seguida, foi-nos feita uma visita guiada por um técnico e sócio da cooperativa que penso não ter deixado nada por nos mostrar tendo explicado, ao pormenor, todos os passos desde que a castanha entra até chegar à expedição. E não são poucos.
Parti para esta visita com enormes expectativas e confesso que gostei imenso de tudo quanto vi mas confesso que não me pareceu nada fácil olear e por a funcionar todo aquele mecanismo. Mas como sou homem de fé e de esperança vou sempre na expectativa de ver, aprender e copiar modelos que possam ser ajustados às nossas realidades concelhias. Pois se em alguns lados funcionam porque não hão-de também funcionar no nosso concelho?
Mas com os equipamentos da cooperativa ainda vão funcionar, no âmbito da castanha, durante a próxima semana o Presidente António Robalo encarregou o Eng.º Emanuel de contactar alguns produtores do nosso concelho para que na próxima semana se pudesse deslocar um grupo mais alargado tendo, para o efeito disponibilizado o autocarro do Município. O Eng.º Emanuel vai tratar da logística e brevemente dirá alguma coisa.
Confesso que foi uma visita muito proveitosa e se desde há muitos anos que sonho com uma séria e responsável comercialização – e até mesmo transformação da castanha – agora fiquei ainda mais entusiasmado.
Obrigado pela oportunidade que me deram. Toca a plantar castanheiros!
«Nascente do Côa», opinião de José Manuel Campos
(Presidente da Junta de Freguesia de Foios)
jmncampos@gmail.com
É Novembro de 1807 e o céu parece desabar sobre a terra. Sob chuva intensa, tocada a vento frio e cortante, uma horda de franceses avança a marchas forçadas pelos caminhos e veredas da enorme cadeia de montanhas que se espalham de Ciudad Rodrigo a Alcântara.
A tropa napoleónica entrou em Espanha e atingiu a cidade de Vitória, onde tomou o caminho de Burgos, Valhadolid e Salamanca. O plano da marcha manda avançar até Alcântara para dali entrar em Portugal.
O Exército de Observação da Gironda é composto por 26 mil homens e executa as ordens de Sua Majestade, o Imperador dos Franceses, Rei de Itália e Protector da Confederação do Reno, numa palavra Napoleão, o senhor da Europa Continental.
O general em chefe deste exército que macha veloz é Jean-Andoche Junot, Governador de Paris e Primeiro Ajudante de Campo de Sua Majestade o Imperador e Rei – feroz e corajoso combatente, a quem chamavam «A Tempestade». Merecera as graças do Imperador, que dele fizera embaixador de França em Lisboa e seguidamente tornara responsável pelo recrutamento e instrução militar em Paris. O conhecimento que tinha sobre Portugal pesou na escolha deste cabo-de-guerra para o comando da marcha até Lisboa onde garantiria o bloqueio continental decretado por Napoleão aos navios de e para Inglaterra.
A vaga é composta por três divisões de infantaria, comandadas por outros tantos generais de divisão: Delabord, Loison e Travot. Segue ainda uma divisão de cavalaria, sob o comando do general Kellerman. A artilharia roda igualmente, puxada por machos e bois, dada a falta de cavalos de tiro, e tendo por chefe o general Traviel.
É este o aparatoso exército, que saiu de França e que agora rompe pelas montanhas, espicaçado pelo chefe de estado-maior de Junot, o general Thiébaut, que a todo o custo quer garantir o cumprimento da cronologia da marcha.
Mas a chuva tudo retarda. As ribeiras crescem repentinamente e a lama invade os caminhos. As botas rompem-se e não há pares suficientes para a sua substituição. Cada soldado saíra do campo militar de Bayonne com dois pares de botas na mochila, mas a dureza da marcha faz com que muitos já caminhem descalços, sob o dilúvio, com as fardas encharcadas, pesando como chumbo. Ao cansaço junta-se a fome, a diarreia e o tifo, que derrubam os soldados a cada passo.
Entrados em Portugal, a ordem dos oficiais torna-se mais enérgica, impondo o avanço rápido, sempre em frente, sem parar. Neste ímpeto, cresce o perigo de sucumbir e ficar para trás. Não há camarada que quede para ajudar outro que cai de exaustão ou de fome. Desse se encarregará o campónio, que de navalha em punho o aliviará do pesadelo da existência.
Para os povos por onde o exército passa, o esfaqueamento de um francês caído sem forças ao redor de um caminho é a vingança pelos confiscos e pilhagens. A passagem da horda representa para os aldeões a chegada de uma calamidade.
O exército é composto por dezenas de milhares de bocas esfaimadas que querem ser alimentadas a todo o custo. Não há trem de mantimentos e a tropa fandanga socorre-se ao que encontra no caminho. O transporte das bocas de fogo, da pólvora e das equipagens não deixou espaço para as provisões alimentícias. Os poucos caixões de biscoito há muito que ficaram encalhados nos caminhos.
Por norma os oficiais do exército imperial aboletam-se em solares e palácios e a soldadesca ocupa os conventos e mosteiros que lhe ficam no caminho. Mas no geral dos locais de paragem em Portugal, não há habitações e nem sequer pardieiros, restando aos soldados tomar por cama o chão lamacento, onde nem sequer conseguem acender uma fogueira para lhes aquecer o corpo e secar os capotes.
Não é um exército, mas um formigueiro que avançava pelo carreiro, sujeito à chuva torrencial e ao sopro rijo do vento.
Os camponeses, que tinham guardado as colheitas como provisões para o Inverno, vêem as casas e os celeiros invadidos e rapinados. De nada vale implorar dó e clemência. Tudo acaba vasculhado e roubado, ficando as aldeias reduzidas a nada.
E as vagas não param, todos os dias chegam novas colunas, que passam e rapinam. A disciplina quebrou-se, a formatura está desfeita, a tropa segue em bandos desalinhados. Muitos dos retardatários correm as aldeias em busca de provisões e da satisfação de outras necessidades.
Onde há oficiais diligentes, a ordem é andar sem parar, mas no mais o exército rouba o pão da boca dos camponeses. As casas e as tulhas são reviradas e os animais são mortos, esfolados e esfandegados.
Quando não há aldeias para saquear ou quando a depredação alimentícia não é suficiente para suprir as bocas famintas, os soldados procuram sustentar-se com o que apanham no caminho. Mas é Novembro, e tirante alguma noz ou castanha que escapou ao rebusco dos pobres, nada há no campo. Vale a bolota dos carrascos. Saltando do caminho o soldado abaixa-se e enche os bolsos. Voltando à coluna, retoma a marcha e vai roendo a lande, que o alimenta nas jornadas.
Lá adiante, corre sem parar Junot, sempre acompanhado pelo fiel Delabord e a sua experiente 1ª divisão, deixando para trás um enorme rasto de soldados dispersos e perdidos.
«As invasões francesas de Portugal», por Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
Há assuntos que se explicam melhor por fábula. Aqui vai portanto a minha opinião ao artigo do António Marques, sobre a desertificação do Sabugal.
Havia numa terra um Gigante que adorava pessoas.
Não exactamente como é comum gostar-se de pessoas.
O Gigante adorava comer pessoas.
Tudo começou num dia, há muito tempo, por acaso, quando ele estava deitado à beira de um caminho onde passava um lavrador.
Sem saber o que estava a fazer, tentou comer-lhe um pé, só para se divertir do pobre homem.
Depois, apreciando o sabor, tentou comer uma mão, e logo a seguir um braço, e quando deu conta já tinha comido uma pessoa inteira.
Tomando-lhe o gosto, passou a frequentar os lugares habitados, para comer pessoas.
E ao fim de uns dias já engolia um adulto inteiro de uma só vez, à velocidade de um raio.
Mas esta é a parte melhor: Quanto mais gente comia, mais apetite tinha.
E em vez de comer uma pessoa inteira de cada vez, já devorava às dezenas e centenas ao mesmo tempo, porque não era esquisito e o seu apetite era cada vez mais insaciável.
E foi aí que as coisas começaram a dar para o torto:
As pessoas começaram a escassear, porque o gigante andava a comer pessoas a mais e muito depressa.
E aqui vem a parte pior: O Gigante tinha cada vez menos gente para comer.
Foi ter com ele uma deputação de pessoas corajosas e disseram-lhe que não podia comer mais gente, porque assim desertificava-se a terra.
O Gigante deixou-se ficar sentado a pensar durante um tempo na verdade daquele raciocínio. Mas o seu apetite era insaciável e habituara-se à carne humana. O que é que ele podia fazer?
Então, quase sem pensar, arrebanhou do chão a delegação e comeu-a.
E viu que era saborosa!
E continuou a matança…
O Gigante chamava-se Fome.
A terra… Esquecimento!
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
Martim Codax foi um poeta das Rias Bajas de Vigo que também o poderia ter sido dos picos de Xalma.
Escreveu Hugo Rocha, que foi no Porto ilustre crítico literário e não menos ilustrado membro da Academia Galega, que não se concebe facilmente nos dias de hoje o que teria sido um poeta do século XIII, como Martin Codax e os seus pares.
Pelo menos, não se concebe facilmente o que tenha sido um poeta votado a cantar e declamar urbi et orbe a sua poesia.
É certo que,muito antes dos trovadores, dos jograis, dos segreis da Idade Média, a Grécia da Idade Antiga teve os rapsodos que foram os divulgadores da poesia do seu tempo, os cantores e declamadores de então.
Mais perto de nós, os celtas tiveram os bardos e as valemachias gaulesas eram canções de amor levadas pelos bardos de terra em terra, como o haviam de fazer depois os jograis e menestreis da Idade Média.
A fantasia lírica dos escaldos fez das sagas escandinavas os cantos mais típicos do Norte. A Islândia do passado conheceu as edas. A poesia escandinava e inseparável das tradições runicas. As lendas caledónias poetizadas por Ossian tiveram os seus divulgadores populares.
Falar dos nibelungos, dos poemas do Rei Artur e da Távola Redonda é falar dos famosos minessingueres germânicos. O canto épico de Rolando, os poemas cíclicos de Carlos Magno, o romanceiro de Cid Campeador eram poesia declamada, cantada e estruturalmente acompanhada a música instrumental.
Sabe-se o que todos eles declamaram mas desconhece-se-lhes o canto.
Os registos musicais são muito mais difíceis de fixar, além de os acordes sofrerem o influxo transformador do meio – até do geográfico.
Efectivamente, dizem os entendidos, as czardas russas repercutem tanto as grandes estepes como o tango argentino se filia na sintonia do pampas.
Como entre nós, o cante alentejano se modela nos barros de Beja, o fandango estremenho nas pradarias do Tejo e Sado, o vira minhoto nas colinas ondeantes das arribas de Viana…
Não sabemos que toadas terá cantado Martim Codax.
Conhecemos-lhe já perfeitamente o trovar, a sua fusão idiossincrática com o mar de Vigo, as cantigas de amar e amigo:
Ondas do mar de Vigo
Si vistes meu amigo
E, ay Deus, se verra cedo
Ondas do mar levado
Se vistes meu amado
E, ay Deus,se verra cedo
Se vistes meu amigo
O por que eu suspiro
E, ay Deus, se verra cedo
Se vistes meu amado
Por que hei gran coidado
E, ay Deus, se verra cedo
Ay ondas que eu vin veere
Se me saberedes dicer
Por que tarda meu amigo
Sen min
Ay ondas que eu vin mirar
Se me saberedes contar
Por que tarda meu amigo
Sen min
Se tivesse vivido no Ribacoa, Martin Codax teria igualmente cantado o amor em cantigas de amigo.
Só que o estro sopraria da serra, que não do mar.
Mas a língua seria a mesma – um romanço com muito de charro.
«O concelho», história e etnografia das terras sabugalenses, por Manuel Leal Freire
Chegou às salas de cinema nacionais a quarta longa-metragem do realizador sabugalense Joaquim Sapinho intitulada «Deste Lado da Ressurreição». O filme teve a sua estreia mundial na selecção oficial do Festival de Cinema de Toronto no Canadá na secção Visions dedicada aos filmes que em cada ano contribuíram para a expansão das possibilidades poéticas do cinema.
Rafael (Pedro Sousa, campeão júnior de surf do Guincho) é um jovem surfista perdido no mundo, desenquadrado de tudo e de todos. Com uma grande violência interior, que se reflecte no seu corpo e na maneira como surfa, busca um sentido para a sua vida. E será ali, entre a praia do Guincho, o Convento dos Capuchos e a serra de Sintra, que vai finalmente encontrar o seu lugar…
«Deste Lado da Ressurreição» é a quarta longa-metragem de Joaquim Sapinho, depois de «Corte de Cabelo» (1995), «A Mulher Polícia» (2003) e «Diários da Bósnia» (2005). A película teve a sua estreia mundial na selecção oficial do Festival de Cinema de Toronto no Canadá, na secção Visions, dedicada aos filmes que, nesse ano, contribuíram para a expansão das possibilidades poéticas do cinema.
O filme foi escolhido como um dos dez melhores do ano na revista nova-iorquina «Film Comment» e teve antestreia nos EUA nas mais prestigiadas cinematecas do país: a Harvard Film Archive (Cinemateca da Universidade de Harvard) e Anthology.
Realizador: Joaquim Sapinho.
Argumento: Joaquim Sapinho, Mónica Santana Baptista.
Intérpretes: Pedro Sousa, Joana Barata, Pedro Carmo, Sofia Grillo, João Cardoso, Guilherme Garcia, Luís Castro.
Página oficial. Aqui.
jcl (com Rosa Filmes)
Na manhã de hoje, 20 de Novembro, o Destacamento Territorial da Guarda da GNR, através da Investigação Criminal, deteve dois homens, de 21 e 23 anos de idade, residentes na cidade da Guarda, pelos crimes de tráfico de estupefacientes e posse ilegal de armas.
Segundo um comunicado da GNR os suspeitos, que já estavam a ser investigados há algum tempo no âmbito de um Inquérito criminal, foram detidos no decurso de buscas às suas residências, onde lhe foram apreendidas armas e estupefacientes.
As armas encontradas foram: uma pistola de calibre 6,35 mm, uma espingarda de calibre 14, uma carabina com carregador de calibre 22, duas carabinas de ar comprimido, um aerossol de defesa com gás pimenta. Foram ainda apreendidas 146 munições paras as referidas armas e nove cartuchos de calibre 12 e de 22 mm.
Quanto ao produto estupefaciente foram apreendidas 1,4 gramas de haxixe, 164 sementes de cannabis, um moinho para cannabis.
Também hoje de manhã a GNR de Gouveia e de Fornos de Algodres, detive um homem de 40 anos de idade, residente no concelho de Fornos, igualmente por crime de posse ilegal de armas. A detenção do suspeito, ocorreu no decurso de uma busca domiciliária, autorizada judicialmente, altura em que lhe foram apreendidas três espingardas de calibre 12, uma pistola de calibre 6,35 mm, duas cartucheiras, cinco armas brancas (catanas, punhal e navalha), um monóculo de precisão para arma pressão, 49 detonadores pirotécnicos, um stick de gelamonite 33, 120 cartuchos de calibre 12, quatro munições 6,35 mm, diversos laços em aço para caça ao javali, diversos costilos de várias dimensões utilizados na captura ilegal de aves.
Foi ainda apreendido ao suspeito outro material relacionado em denúncias apresentadas no posto da GNR local e que se presume ser proveniente de furtos, designadamente: uma motosserra, uma moto roçadora, uma electro bomba, um rolo de 100 metros de rede ovelheira.
plb
A encruzilhada em que hoje o concelho do Sabugal se encontra tem um nome: despovoamento.
Se na década de 50 a população rondava os 43.500 residentes, a frieza dos últimos censos diz-nos que são agora apenas 12.500. Esta é a verdadeira questão que condiciona o futuro sustentável do concelho.
Todos sabemos que o despovoamento está ligado à estrutura económica das regiões. No Sabugal, como em todo o Interior, fixar populações deverá ser a obra maior e o objectivo assumido de todas as políticas nacionais, regionais e locais. Parece evidente, pelos números, que tudo o que se tem feito falhou. Ganhos pontuais, como pequenas empresas com criação de alguns postos de trabalho, não alteram em nada a realidade. Falharam os diagnósticos, as receitas, as perspectivas e as estratégias. Esta é a realidade crua.
Por tudo isto, temos que ser muito claros: É urgente inverter este caminho, é urgente a mudança! Mas qual é a receita?
Aprendemos que não há receitas milagrosas. Mas a experiência também nos ensina que perante as adversidades uma coisa simples é possível: é necessário romper com aquilo que parece uma fatalidade, assumindo rupturas e procurar novos paradigmas. E uma coisa básica pode e deve ser feita que passa pelo questionar qual o futuro que queremos, quais os caminhos possíveis, que potencialidades temos, que apostas devemos fazer. Enfim, falta debater seriamente o futuro do Concelho e deixarmos cair as pequenas questiúnculas com que nos deleitamos diariamente.
Os protagonistas locais devem aos sabugalenses uma atitude séria e clara face a esta realidade. Devem assumir este debate, apresentar propostas, estratégias fundamentadas e dizer claramente quais as suas apostas. O presente prova que até aqui todos falharam. Provavelmente porque as estratégias nunca existiram, provavelmente porque o objectivo imediato tem sido o poder pelo poder, provavelmente porque as verdadeiras estratégias nunca vingaram eleitoralmente.
Penso que chegou o tempo de se assumir a ruptura em nome do futuro do Concelho do Sabugal. De debater seriamente como evitar o rumo fatal que os números nos transmitem. De dar oportunidade a novos caminhos, chamem-lhe utopias ou outra coisa qualquer. E todos têm que ser chamados a este combate.
Chegados a uma encruzilhada, temos que optar por onde seguir. Reflectir e fundamentar a escolha.
Em minha opinião é urgente o debate. É urgente a mudança. Porque o tempo escasseia!
António José Marques
(Presidente da Junta de Freguesia do Casteleiro)
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