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Damos continuidade à apresentação do léxico com as palavras e expressões populares usadas na raia ribacudana.
BRAÇA – medida que vai de uma mão à outra mantendo os braços estendidos.
BRAÇADA – molho que se abrange com os braços (também se diz braçado). Medida que vai de uma mão à outra com os braços estendidos lateralmente.
BRACEJO – planta silvestre, utilizada para a cama dos animais e para fazer vassouras, estrados, capachos. Também se diz varacejo ou varaceja. Os dicionários registam baracejo.
BRACELETE – pulseira que se usa no braço. Com o advento do relógio de pulso passou a chamar-se bracelete aos tirantes pelos quais o mesmo se aperta.
BRAGAS – calças largas e curtas, usadas em dias de festa.
BRAGUILHA – parte das calças onde estão os botões de apertar. Também se diz perchenóla.
BRANCA – clara do ovo. A gema designava-se por amarela.
BRANDO – mole; doente.
BRANQUEAR (o linho) – lavá-lo em barrela, ou seja: fervido em água, sabão e cinza.
BRANQUINHO – pão de trigo – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
BRANQUINHOSO – pão de trigo – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
BRAVO – rebentos da videira que ainda não foi enxertada. Também se diz bravio.
BRECA – fúria; ira. Deu-lhe a breca num repente.
BREJOEIRO – estadulho; fueiro; pau comprido (Júlio António Borges).
BREQUEFESTA – festa de arromba; grande pândega; comezaina. Júlio António Borges refere brequefestes, que traduz por: banzé; zaragata.
BRIAITO – vestido muito berrante, geralmente de cor vermelha (Júlio António Borges).
BRICHE – espécie de saragoça grossa. «Vestia inteiramente de briche pardo» (Nuno de Montemor).
BRICOLA – pequeno concerto nos sapatos (Júlio António Borges).
BRIDO – vidro (José Manuel Lousa Gomes).
BRINCA – brincadeira; divertimento. A canalha anda na brinca.
BRIOL – vinho; bebedeira. O termo, embora de uso generalizado, fazia também parte da gíria de Quadrazais, com o mesmo significado (Nuno de Montemor).
BRITAR – abrir os ouriços com os pés ou com um martelo de madeira apropriado para recolha das castanhas..
BROCA – vaca – termo da gíria de Quadrazais (Franklim Costa Braga).
BROCHA – pequeno prego de cabeça larga, com que se ferrava o calçado. O m. q. carda.
BROCHO – bruto; estúpido (José Pinto Peixoto).
BROCO – bronco (José Pinto Peixoto). Boi – termo da gíria de Quadrazais (Nuno de Montemor).
BRÓDIO – festa; divertimento; paródia (Nuno de Montemor).
BROEIRO – que se desfaz com facilidade; que se esboroa ou esmigalha. Pedra broeira.
BROSSA – pedra miúda de saibro (Leopoldo Lourenço).
BRUSCO – escuro; nublado; desagradável. Tempo brusco.
BRUXA – espécie de fogareiro de barro crivado de buracos (Joaquim Manuel Correia).
BUA – água (linguagem infantil).
BUCEL – garoto gordo e barrigodito (Duardo Neves).
BUCHA – refeição ligeira; mastiga. Comer dos gadanheiros a meio da manhã (Manuel Santos Caria). «Passei o dia com uma bucha de pão e queijo que levei no bornal» (Abel Saraiva).
BUCHEIRA – peça do enchido feita com pedaços de bucho (estômago), coração, bofes (pulmões) e carnes ensanguentadas. Júlio Silva Marques e Francisco Carreira Tomé referem buchana e Clarinda Azevedo Maia bechana. Também mais a Sul (Monsanto) se usa a expressão buchana (Maria Leonor Buescu).
BUCHO – estômago. Peça do enchido, feita com o estômago do porco, que é cheio com carne, ossos, rabo, orelha e outras partes. Tradicionalmente o bucho é comido no Domingo Gordo. Parte do braço, entre o ombro e o cotovelo (Clarinda Azevedo Maia – Batocas).
BUEIRO – rego feito à roda dos caminhos para escoar as águas. Cano (acrescenta José Pinto Peixoto).
BUENO – exclamação de afirmação (do Castelhano).
BUFANDA – cachecol (Júlio António Borges e Clarinda Azevedo Maia).
BUFARINHEIRO – vendedor ambulante de bugigangas.
BUFO – mocho real (Vítor Pereira Neves).
BULHA – briga; desordem; confusão.
BULIDOR – pau de ranhar o forno. O m. q. arranhadoiro.
BULIR – mexer; andar; trabalhar. Toca a bulir!.
BURGESSO – indivíduo estúpido; parvo. Júlio Silva Marques define assim: insulto equivalente a animal, besta.
BUREL – pano grosseiro de lã, muito usado para fazer capotes.
BURNIZEIRO – chuva miudinha e de curta duração (Duardo Neves).
BURRA – picota; engenho para tirar água dos poços. Tem outros nomes, variando conforme as terras: burra de augar – ógar ou ugar – (Sabugal ), ogadoiro (Pêga), picanço, esteio (Vila Fernando), cambo (nos dois últimos casos toma-se a parte pelo todo). São seus componentes: o esteio, gacha ou galhada (pau bifurcado com a base enterrada no solo); o cambo, travessal ou cavaleiro (pau móvel); o eixo do esteio (ferro que atravessa a bifurcação para segurar o cambo); o contra-peso (pedra que é presa a uma das extremidades do cambo); a vara, cambão ou vareiro (pau que se suspende da extremidade do cambo e onde se dependura o balde). Júlio António Borges traduz burra por: primeira fiada do cereal estendido na eira.
BURRA DE AUGAR – picota; engenho para tirar água dos poços (Sabugal). Também se diz somente burra ou então burra de ugar (ou ógar).
BURRANCO – burro novo e corpulento.
BURRECO – burro pequeno e fraco. Indivíduo pouco esperto.
BURREIRO – muar filho de cavalo e de burra. O macho quer-se burreiro e a mula éguadiça (filha de égua).
BURRICA – diminutivo de burra. Andar às burricas: andar escanchado nas costas de alguém.
BURRINHO – abóbora pequena; o m. q. aboboro.
BURRO – ferida no lábio, ou herpes, resultante do cieiro.
BURZIGADA – cozinhado dos dias de matança feito com sangue cozido e pão, regado com gordura do redanho derretida (adubo). Manuel Santos Caria escreve borgigada. Já Abel Saraiva escreve burgigada.
BURZINEIRO – chuvisco (José Prata).
BUSCAR – trazer. Vai buscar a faca.
BUTILHO – pequeno pau que se coloca entre os maxilares dos borregos e dos cabritos, para não mamarem (Júlio António Borges). O m. q. barbilho.
BÚZERA – barriga; pança, estômago. «Queríamos encher a búzera até o biabo dizer basta» (Abel Saraiva).
BÚZIO – vidro que está baço, fusco. Situação pouco clara.
(Continua…)
Paulo Leitão Batista, «O falar de Riba Côa»
leitaobatista@gmail.com
A Agência da Guarda da Fundação INATEL, em colaboração com grupos de teatro amador e autarquias locais, organiza a iniciativa «Teatro de Outono 2012», que passará por diversas localidades, cabendo a representação a vários grupos teatrais, entre os quais o grupo Guardiões da Lua, de Quarta-Feira, aldeia do concelho do Sabugal.
O primeiro espectáculo é já na próxima semana, no dia 20 de Outubro (sábado), pelas 21h30, no Cine-Teatro S. Luís, em Pinhel. A peça a representar chama-se «O Movimento» e está a cargo do Grupo Escola Velha Teatro, de Gouveia.
A iniciativa Teatro de Outono leva os grupos de teatro amador do distrito da Guarda e da região centro-norte a itinerarem pelas salas do distrito da Guarda, entre os dias 1 de Outubro e 31 de Dezembro, a preços repartidos entre a agência da Guarda da Fundação INATEL e as autarquias locais.
Disponibilizam espectáculos para este Ciclo os grupos Escola Velha, Guardiões da Lua, Aquilo Teatro, Teatro do Imaginário, Gambozinos e Peobardos, Grup’Arte (estes seis do distrito da Guarda) e ainda o Teatro Experimental de Mortágua, Companhia Pouca Terra, Teatro de Arzila, Teatro O Celeiro, Ultimacto, Teatro Olimpo e Teatro da Perafita.
Estão já agendados mais seis espectáculos para as salas de Pinhel, Celorico e Manteigas, sobre as quais a seu tempo a Fundação INATEL prestará informação.
plb
O Reino Unido conseguiu o maior império que a História regista.
Do compêndio de Geografia já noutra crónica referido, consta uma extensa listagem de colónias britânicas que passamos sumariamente a enumerar, anotando a superfície que o livro lhes atribui e que são:
Na Europa:
Heligolândia (0,5 km2), Gibraltar (5) e Malta (370).
Na Ásia:
Chipre (960), Índia (2.400.000), Ceilão (640.000), Estabelecimentos do Estreito (3.800), Hong-Kong (83), Labuão (78), Nicobar (1.800), Andamão (6.500), Laquedivas (2.000), Kuria-Muria (55), Adem (20), Pérsia (2.000.000), Kamarao (165) e Keeling (22).
Na Oceânia:
Novas Gales do Sul (800.000), Norfolk (14), Vitória (230.000), Gucensland (2.000.000), Austrália Meridional (1.000.000), Territórios do Norte (1.400.000), Austrália Ocidental (2.500.000), Indígenas da Austrália (100.000), Tasmânia (70.000), Nova Zelândia (270.000), Chatam (1.600), Fidji (20.000), Rotuma (36), Aucland (500), Lord Hove (8), Carolina (5), Starbuck (3), Malden (90) e Funning (40).
Na África:
Colónia do Cabo (572.000), Basulolândia (22.000), Griquelândia Ocidental (45.000), Transkai (40.000), Natal (50.000), Transval (300.000), Indígenas do Transval (100.000), Walthis-Bay (20.000), Serra Leoa (2.600), Gâmbia (179), Costa do Ouro (40.000), Lagos (200), Santa Helena (123), Ascensão (83), Tristão da Cunha (116), Maurícia (2700) e Nova Amesterdão com São Paulo (100).
Finalmente, nas Américas:
Canadá (8.500.000), Terra Nova (110.000), Bermudas (60), Honduras (20.000), Bahamas (14.000), Ture (25), Caicos (550), Jamaica (10.000), Cayman (600), Leward-Island (1.800), Windward-Islands (2.000), Staten-Island (2.000), Trindade (5.000), Guiana Inglesa (220.000) e Falclândia (12.500).
A enumeração, conquanto fastidiosa, não consigna, mesmo assim, a totalidade dos territórios que chegaram a estar dependentes da coroa britânica; e, quanto à sua extensão territorial, para a maioria dos casos, peca por deficientíssima, sendo certo que os dados procederam de repartição administrativa que só considerava os quilómetros quadrados sitos onde a jurisdição efectivamente funcionaria.
Com efeito, para numerosas parce1as, as superfícies indicadas apresentam valores manifestamente ridículos quando confrontados com as dos estados que actualmente lhes correspondem.
Acresce que, ao tempo, os Estados Unidos, outrora a mais importante e rica colónia do império se havia já emancipado; que o Império Turco ainda se não havia desmembrado e parte importante daquele, nomeadamente a Palestina e o Egipto, haviam de passar para a administração britânica, tal como a península arábica; e que territórios que na partilha da África haviam sido consignados à Alemanha transitaram, por virtude dos tratados que puseram fim à Primeira Grande Guerra para a posse ou, minime, a zona de influência de Londres.
Resumindo, poderá dizer-se que um súbdito de Sua Majestade britânica podia ir do Cairo ao Cabo, ou da Serra Leoa ao Corno de África sem ter de prestar obediência a outro chefe, que imperava em toda a Oceânia, na América do Norte, no Próximo, Medio e Vero Oriente, ou em todo um longo rosário de ilhas esparsas par tados os oceanos, ou mesmo por todos os mares.
Na génese de tão vasto império intervieram razões como a do espaço vital e a das oportunidades comerciais.
A população inglesa subiu rapidamente de menos de vinte milhões para mais de cinquenta. Daí a emigração para a América do Norte e a África do Sul, territórios de grandes riquezas agrícolas e mineiras e grande aptidão para a pecuária, ainda com a vantagem de serem dotadas de c1imas perfeitamente adaptados à raça branca.
Mas também a pirataria e o crime assumiram aqui poderosa influência.
Os portos de onde se vigiavam as mais concorridas rotas: as ilhas que rnais recôndito esconderijo fossem capazes de propiciar aos corsários que actuaram nos sete mares; as costas mais difíceis para servirem igualmente de coito: ou as embocaduras dos mais caudalosos rios usados para os raides fluviais, enfim todos os lugares eleitos por uma pirataria muito activa, eficiente e gozando da tolerância ou mesmo da protecção da Coroa e da sua política de canhoneira – acabaram por vir a tornar-se parte integrante do Império.
Mais importante do que a acção destes viquingues da Idade Moderna se revelou a dos condenados que eram remetidas para lugares de degredo onde poderiam vir a fixar-se como colonos livres se ali dessem provas de regeneração e, numa primeira fase, se comprometessem a não regressar à metrópole.
Como exemplo deste tipo de colonização costuma citar-se a Austrália, onde se começou pela parte sul da costa oriental, antes explorada pelo capitão Cook e por ele designada Nova Gales. Foi um oficial de marinha que, com cerca de oitocentos condenados, fundou a cidade de Sydnei.
A carência de mulheres já que os criminosos condenados à morte ou penas de degredo eram guase só homens, resolveu-se com a deportação das que na Inglaterra se dedicassem à prostituição.
O País, mau grado a procedência da generalidade da população, cedo atingiu elevados níveis de prosperidade e civi1ização e pouco tempo após o papel de colónia penal passou para a Tasmânia.
Como se vê, foi muito heterogéneo o contributo dos que a1icerçaram a maior comunidade de povo. ligado por laços de soberania, cultura e idioma, jamais existente.
O inglês tornou-e assim uma língua praticamente universal, sendo falado e tido como oficial nos mais variados lugares do mundo.
As independências começaram há mais de duzentos anos e ainda não terminaram.
Mas a Comunidade, tendo como principal elo, a língua inglesa e acatando também genericamente como símbolo a casa real assume-se como realidade que sabe resistir a interesses e posições, não raro aparentemente irrecinciliáveis.
«Politique d’ Abbord – Reflexões de um Politólogo», opinião de Manuel Leal Freire
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