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No verão de 2009, já lá vão três anos, os turistas que visitaram o Castelo do Sabugal tiveram ao seu dispor bicicletas para percorrem a cidade. O projecto «Bicôas – Passeios a Rodar», da iniciativa da empresa municipal Sabugal+ depressa definhou e com ele as bicicletas, que nunca mais foram vistas.
O projecto BICÔAS (bicicletas do côa) afigurou-se como uma iniciativa inovadora e pensada para dinamizar a cidade. Os visitantes poderiam alugar as bicicletas e assim rodarem em busca de um Sabugal diferente, visto a partir de um transporte ecológico, que ao mesmo tempo lhes proporcionava a melhoria da condição física.
Foram até definidos percursos, passando pelos pontos históricos de maior interesse da cidade, sendo um deles a barragem do Sabugal, no sentido de aproveitarem o nosso ar puro à beira-rio e contemplarem as nossas paisagens.
As bicicletas estavam no Castelo do Sabugal, onde se disponibilizavam para aluguer, acompanhadas por um regulamento de utilização (a febre camarária da produção de regulamentos já se fazia sentir), que obrigava ao preenchimento de uma ficha de inscrição e de um termo de responsabilidade.
Os preços eram convidativos: 2 euros à hora, 3,50 euros por manhã ou tarde, e 5 euros ao dia. Estiveram disponíveis durante uns meses, sem grande sucesso em termos de utilização, mas depois desapareceram para local incerto e das Bicôas não mais se ouviu falar.
Onde andam as Bicôas (que eram bicicletas de qualidade), é a questão que importa levantar.
«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
Continuo hoje em volta desta Empresa Municipal, tentando colocar algum bom senso no que vem sendo dito.
1. As atividades da SABUGAL+
Esta é uma questão central, pois tem vindo a justificar a argumentação dos que defendem a necessidade da sua existência.
Em primeiro lugar, está, sem dúvida, a gestão e o funcionamento dos seguintes equipamentos: Museu/Auditório Municipal, Piscinas e Gimnodesportivo Municipais, Centro de Juventude, Cultura e Lazer do Soito, Posto de Turismo do Sabugal e de Sortelha, Colónia Agrícola de Martim Rei, Estádio Municipal, Praia Fluvial do Sabugal e Centro de Negócios Transfronteiriço.
Por outro lado, a SABUGAL * estava envolvida na questão do Parque de Campismo (hoje um projeto à espera de melhores dias), na gestão das Termas do Cró, gestão que já passou para uma empresa privada e, ainda, na organização de um conjunto de eventos, questão também ultrapassada, pois o Sr. Presidente atribuiu em 2012 essa responsabilidade aos serviços municipais.
Isto é, em 2012 a única coisa que ainda está a cargo da Empresa é a gestão dos equipamentos.
Face à tipologia e ao número de equipamentos sob a gestão da empresa, não encontro qualquer justificação para que a mesma não pudesse ser efetuada pelos serviços municipais.
Assim: a gestão do Museu/Auditório Municipal, Piscinas e Gimnodesportivo Municipais, Centro de Juventude, Cultura e Lazer do Soito e Estádio Municipal seria atribuída à Divisão Sócio-Cultural e Qualidade de Vida – Serviço de Cultura, Juventude, Desporto e Associativismo; a praia Fluvial do Sabugal ou passaria para a responsabilidade da Junta de Freguesia do Sabugal (como acontece com as restantes praias fluviais do Concelho), ou ficaria na Divisão indicada; ainda na mesma Divisão ficariam os Postos de Turismo, pois esta Divisão possui já um conjunto de competências no âmbito do Turismo; no que diz respeito à Colónia Agrícola de Martim Rei e ao Centro de Negócios Transfronteiriço, os mesmos poderiam ser integrados no Serviço de Desenvolvimento Rural e no Serviço de Estratégia e Desenvolvimento, respetivamente.
2. O pessoal ao serviço da SABUGAL +
Eis um outro argumento, o do pessoal, que se prende com o que iria acontecer aos trabalhadores se se extinguisse a empresa.
Estamos a falar (e continuo a socorrer-me do Relatório de Gestão de 2011, disponível na INTERNET), de um universo de 39 pessoas, com o seguinte estatuto: 22 efetivos, 14 com contrato a termo certo, 1 em regime de mobilidade e 2 em regime de prestação a tempo parcial.
A afetação dos trabalhadores a 31 de dezembro de 2011 era a seguinte: Museu e Auditório Municipal – 9; Pavilhão e Piscinas Municipais – 19; Estádio Municipal – 1;Postos de turismo – 4; Centro de Juventude, Cultura e Lazer – 1; Colónia Agrícola de Martim Rei – 2; Centro de Negócios Transfronteiriço – 3; Complexo Termal do Cró – 2. (havia trabalhadores que estavam afetos a mais de um serviço)
Uma leitura rápida destes números, mostram que quase 70% do pessoal se encontrava afeto à gestão do Museu/Auditório e do Pavilhão/Piscinas.
O futuro destes trabalhadores, em caso de extinção, está claramente salvaguardado na Lei que aprova o regime jurídico da atividade empresarial local e das participações locais (decreto 77/XII, aprovado na Assembleia da República e a aguardar promulgação pelo Presidente da República, como mostrarei na próxima semana.
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
rmlmatos@gmail.com
O tempo passa depressa. Já lá vão três anos, que o Padre Francisco dos Santos Vaz deixou o mundo dos vivos. Neste terceiro aniversário o meu objetivo é relembrar, avivar a sua memória. Sabemos que há tendências para esquecer aqueles que nos são próximos, os nossos familiares, os nossos amigos, muitas vezes aqueles que nos ajudaram a crescer em todas as amplitudes humanas e sociais. Para combater essa vertente aqui estou novamente a escrever, porque há pessoas que pelo seu caminhar ao lado de comunidades, de sentirem e apontarem injustiças, não devem ficar nos baús do esquecimento. O Padre Francisco dos Santos Vaz não pode, não deve ser ignorado.
Com ele, partilhámos diversas atividades lúdicas na terra que nos viu nascer – A Bismula – Sabugal.
Com ele, partilhámos idas a Almedilha, terra fronteiriça de Castela, onde na casa «d´el Cura» tomávamos o pequeno-almoço. Ofertava-nos lindos selos que coleccionávamos em uso naquele país. Ainda nos ajudava para que as autoridades (os terríveis carabineiros franquistas), não nos «roubassem» uns pães, uns doces – as galhetas –, uma bola de borracha de futebol, umas sapatilhas e um ou outro livro religioso.
Com ele, partilhámos as idas e estadias no Rio Coa, nas margens de Badamalos, na propriedade de António Joaquim Morgado Leal. Com outros companheiros, pescávamos peixes, refrescávamo-nos, cozinhávamos, enfim, passávamos momentos maravilhosos de entretimento, fazendo parte deste grupo o actual Pároco do Sabugal – Padre Manuel Igrejas. Ainda no passado dia oito de Agosto, na renovada Igreja de Badamalos, na Celebração das Bodas de Oiro do Padre Agostinho Crespo Leal, e no Encontro Anual dos Sacerdotes da Diocese de Évora da Zona Raiana, te recordámos com saudade e rezámos.
Com ele, partilhámos na casa de seus pais, Albertino Vaz e Maria d’Ascensão Leal, o pão repartido, as refeições que fumegavam nas panelas de ferro, aquecidas à lareira, e alojamento à luz da candeia porque a luz elétrica ainda era uma miragem.
Com ele, partilhámos milhares de quilómetros à boleia quando éramos jovens estudantes, ficando mais conhecedores do património nacional.
Com ele, partilhámos cultura quando nos deslocávamos às ruinas romanas de Tróia, aproveitando para umas idas à praia com o mesmo nome, quando esses locais eram do Povo, as salgadeiras, onde os romanos guardavam o melhor peixe de Setúbal.
Com ele, partilhámos conhecimentos de línguas clássicas, grego e latim, onde era mestre, além de dominar o francês, o inglês e o alemão, sem esquecer a língua portuguesa com provas dadas no Ensino Secundário, no Jornal «O Nordeste» e nos livros de sua autoria.
Com ele, partilhámos a amizade dos meus pais e meus irmãos, que viam, no Francisco dos Santos Vaz um filho e irmão mais velho, culto e sabedor.
Francisco dos Santos Vaz, escrevi-te este pobre e simples texto, para que sejas recordado, para que ninguém afirme que já te não conhece na Bismula. Sabes que há muita gente que tem a memória muito curta. Esquecem-se facilmente aqueles que fizeram história, semearam e ensinaram cultura, apregoaram valores e foram sacerdotes ao serviço do amor e da proximidade, nas aldeias dos outros e na sua terra natal.
Francisco dos Santos Vaz, em tua homenagem e para que nunca sejas esquecido «cantarei sempre até que a voz me doa».
António Alves Fernandes – Aldeia de Joanes
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