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A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Sabugal comemorou 117 anos de existência no passado dia 7 de Agosto. Em cerimónia simples mas muito sentida (e molhada) tomaram posse como Segundo Comandante, José Henriques, e como Adjunto do Comando, Carlos Oliveira. Na sessão solene em frente ao quartel dos bombeiros sabugalenses foram ainda condecorados alguns bombeiros e proferidas palavras de incentivo a toda a corporação pelo Presidente da Direcção, Luís Carlos Carriço, pelo Presidente da Federação Distrital da Guarda dos Bombeiros, Luís Gil Barreiros e através da leitura de uma carta do Presidente da Assembleia Geral, Ramiro Matos.
jcl
Terminaram os Jogos Olímpicos com uma medalha de prata para Portugal. Esta medalha apresenta dois factores interessantes, o primeiro, claro está, a conquista da medalha e, o segundo, o facto de ter sido numa modalidade ligada à água. Associei esta conquista aos feitos dos nossos antepassados que, numa casquinha de noz, se lançaram por esse imenso mar oceano. Este assunto fez-me recordar o quanto temos desperdiçado esse mesmo mar oceano. Primeiro, destruímos a nossa frota pesqueira a troco de quase nada. Estávamos na década de 90, era primeiro ministro o sr. Silva. O mesmo que, agora presidente da república, anda apregoando que temos que nos virar para o mar!
O balanço final da nossa participação olímpica é um fracasso. Alguns atletas vieram, ainda no aeroporto, tecer críticas e levantar alguma polémica. A reflexão e a crítica é sempre importante. Mas aqui, também deveriam ter feito auto – crítica. Para que as coisas não sejam atiradas para o ar, como se nada tivesse acontecido da parte dos atletas. Mas o que me deixou deveras perplexo foi o eterno presidente do Comité Olímpico Português(COP) Vicente Moura. Há quatro anos atrás, aquando dos jogos em Pequim, e de outro mais ou menos fracasso olímpico, disfarçado pelas medalhas de Vanessa Fernandes e Nélson Évora, veio apresentar a sua demissão. Coisa que, como se viu, era somente conversa fiada. É que o tacho é bom! Depois recandidatou-se. Agora vem, novamente com a mesma conversa para, seguramente, ficar tudo na mesma. Mas, o impressionante, é vir afirmar que precisamos de uma nova «Mocidade Portuguesa»! É de bradar. Mesmo que venha com a sibilinar escusa de que é sem conotações políticas. Mas o que era Mocidade Portuguesa? Era uma organização de carácter milicial dirigida às camadas mais jovens da população, foi criada por decreto em 1936, tendo a sua secção feminina sido criada dois anos mais tarde. Em 1939 seria alargada às colónias.
A criação e manutenção de organizações miliciais não era exclusiva do Estado Novo português; na realidade, encontram-se organizações do mesmo tipo quer na Itália de Mussolini (Balilas) quer na Alemanha hitleriana (Hitlerjugend). Tal não quer dizer que a organização criada sob a orientação de Salazar fosse uma cópia fiel daquelas, embora tivesse havido algumas relações entre a Mocidade Portuguesa e as organizações daqueles países e haja algumas semelhanças de facto. A Mocidade Portuguesa destinava-se a crianças entre os 7 e os 14 anos de idade, escolarizadas ou não, e a frequência das suas atividades tinha carácter obrigatório. Para os jovens do sexo masculino entre os 17 e os 20 anos foi ainda criada uma milícia, espécie de braço armado da organização. Estes dois ramos do setor masculino da organização, bem como a respetiva extensão nos domínios coloniais, eram inspirados por objetivos claramente definidos de adestramento pré-militar, para o que se instituíram mecanismos disciplinadores e uniformizadores diversos: a farda, a disciplina rigorosa baseada em conceitos de autoridade e hierarquia, as paradas e acampamentos, os prémios e as sanções. Basicamente, a ideia era a de «domesticar» os jovens e de os doutrinar nos ideais do regime. É isto o que o senhor presidente do COP pretende? Poderá vir dizer o que quiser, no sentido de que a sua intenção não era política, mas o que fica, é que este senhor pretende recuperar um movimento claramente político e nada democrático. Deveria assumir o fracasso da sua comissão à frente do comité olímpico português. Deveria assumir que não existe qualquer plano de acção para melhorar, preparar e incentivar os atletas portugueses, bem como, não existe um plano, uma ideia, para recrutar, descobrir, «fazer», novos atletas. O trabalho deste senhor, quase eterno no seu cargo, é o de se pavonear por aí. O resultado é o de um fracasso maior que o monte Olimpo.
Com o fim destes jogos, deveríamos estar já a preparar os do Rio2016 e os de 2020. Mas ao que vamos assistindo é a um desfiar de queixas e de lamúrios. A um ror de desculpas e ao sacudir da água do capote. É este o nosso cenário olímpico. Daqui a quatro anos estaremos na mesma. Com o senhor do COP a exigir a Legião Portuguesa e mais não sei o quê. Sem nunca se ver ao espelho.
O meu lamento.
«A Quinta Quina», crónica de Fernando Lopes
fernandolopus@gmail.com
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