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Estivemos no Soito, no primeiro sábado de Agosto, dia 4, respirando da ambiência emotiva das festas de S. Cristóvão, onde para além dos imprescindíveis touros, da música e dos bailes, havia festas dos quintos, que conferiram aos festejos um novo colorido e uma acrescida dinâmica.
Antigamente chamavam «quintos» aos rapazes nascidos no mesmo ano. A origem dessa curiosa expressão popular é-nos explicada pelo grande etnógrafo Manuel Leal Freire, da Bismula: «nos tempos da monarquia só um em cada cinco rapazes que iam à inspecção ficava, por sorteio, apurado para ir à tropa – por isso se dizia o “meu quinto” para designar um rapaz da mesma idade.
Era comum os «quintos» fazerem uma festa conjunta por ocasião da ida à inspecção militar, que ocorria na sede do concelho. E no que toca ao Soito, é o memorialista Eugénio Duarte, que nos explica a vetusta tradição: «havia uma série de rituais associados à Inspecção. Para o Janadão levavam carne (de vitela ou de borrego) e faziam um assado. Levavam, é claro, vinho e pão e começavam logo aí a festa.». A festa acontecia também no dia da própria inspecção, aquando do regresso dos mancebos, que entravam na aldeia marchando atrás de um acordeonista contratado, que assim proporcionava um caloroso baile que juntava toda a juventude. Era dançar até cair, bem como comer e beber à tripa forra.
Depois de um longo período em que a modernidade derriscou do alendário a festa dos quintos, eis que há meia dúzia de anos, alguém se lembrou de refazer a tradição, chamando ao convívio os seus «quintos» no mês de Agosto, por ocasião das festas maiores da agora vila do Soito. A ideia depressa teve seguidores e, num ápice, todas as gerações passaram a fazer a sua festa de quintos aproveitando a enchente de conterrâneos que se juntam por ocasião das festas.
Rapazes e raparigas, homens e mulheres, que nasceram no mesmo ano combinam o seu jantar de amizade. As famílias dividem-se, o homem parte a jantar com os seus quintos, o mesmo faz a mulher e os filhos não se ficam atrás. Cada um vai ao encontro dos da sua idade, e às vezes andam até à compita, mandando confeccionar camisolas onde estampam o ano de nascimento, acompanhado por vezes de frases fortes e indicadoras na dinâmica que caracteriza aqueles quintos, que se querem diferenciar da passividade dos outros.
O restaurante do arraial é o mais procurado para os convívios, que se sucedem por todo o fim de semana. O ambiente é colorido pelas diferentes camisolas e animado pelos cânticos e palavras de ordem vindas de cada mesa.
As festas dos quintos trouxeram ao Soito uma dinâmica diferente e alternativa a outras formas de convívio salutar, como o sejam as peñas, que acontecem nalgumas terras raianas.
plb
A Câmara Municipal do Sabugal prepara um regulamento relativo ao exercício de actividades diversas na área geográfica do concelho, nomeadamente de arrumador de automóveis, guarda-nocturno e vendedor ambulante de lotarias, entre outras.
A elaboração sucessiva de regulamentos, entretanto já aprovados e em fase de discussão pública, ocorre no quadro da implementação do programa «Licenciamento Zero», que pretende desburocratizar as práticas administrativas nos municípios portugueses, e são também objectivo para o Sistema de Avaliação e Desempenho da Administração Pública (SIADAP).
O projecto de regulamento sobre o exercício de actividades diversas reporta-se à definição dos termos em que algumas actividades podem ser praticadas, sendo competência da Câmara Municipal licenciar cada uma delas mediante determinados procedimentos.
Uma profissão regulamentada é a de arrumador de automóveis, sendo da competência da Câmara a atribuição da respectiva licença. A estes profissionais será emitido o «cartão de arrumador de automóveis», o qual os deve acompanhar aquando do exercício da sua actividade.
O regulamento estabelece as condições para o exercício da profissão de arrumador de automóveis no concelho do Sabugal. O arrumador, no exercício do seu ofício, sujeita-se a algumas obrigações, de onde se destaca zelar pelas viaturas estacionadas, sendo-lhe vedado solicitar pagamento como contrapartida à actividade desenvolvida, podendo apenas aceitar contribuições voluntárias dos automobilistas. O arrumador de automóveis do concelho do Sabugal é ainda impedido, pelo regulamento, de importunar os automobilistas, nomeadamente através da venda de artigos ou da lavagem dos carros estacionados.
A função de guarda-nocturno fica por sua vez dependente da sua efectiva necessidade, podendo as Juntas de Freguesia e as associações de moradores tomar a iniciativa de requerem a criação de lugares para essa função de vigilância.
Cabe à Câmara atribuição aos guardas-nocturnos das respectivas licenças, desde que os candidatos reúnam determinados requisitos, que o regulamento prevê, como o sejam ter idade compreendida entre os 21 e os 65 anos e não possuir cadastro criminal.
O regulamento define os deveres do guarda-nocturno do concelho do Sabugal, cujo cumprimento é essencial para que se possa manter em actividade. Define ainda a forma como este profissional se deve identificar, o equipamento que pode e deve usar, a actividade que deve exercer e o regime de horários, férias, folgas e substituição a que se deve submeter.
Outro profissional que a câmara pode vir a licenciar é o vendedor ambulante de lotarias, a cujos pedidos o Município tem de deliberar no prazo máximo de 30 dias. Ao vendedor de lotarias é emitido um cartão identificativo no qual serão averbadas as licenças para o exercício da actividade e as respectivas renovações.
Os acampamentos ocasionais também são regulamentados, nomeadamente o caravanismo e o campismo, os quais dependem de autorização da Câmara e da emissão de licença.
Recebido um requerimento a Câmara terá que decidir em cinco dias, sendo porém obrigatórios os pareceres do delgado de saúde e do comandante da GNR.
Cada acampamento terá um responsável, ao qual caberá guardar e exibir a licença quando solicitada, afixando cópia da mesma no local do acampamento. Deverá ainda alertar as autoridades em caso de risco, não incomodar os restantes acampamentos, não fazer fogo fora dos locais autorizados e zelar pelo espaço ocupado.
Outra actividade regulamentada é a da exploração de máquinas automáticas de diversão, que estão igualmente dependentes de licença camarária. As máquinas terão que funcionar em locais definidos e não poderão estar a menos de 200 metros de estabelecimentos de ensino, sendo ainda vedada a sua utilização a menores de 16 anos.
Também se regulamentam os chamados «espectáculos de natureza», como sejam provas desportivas, arraiais, romarias e bailes em lugares públicos. Outra actividade regrada é a prática de fogueiras e queimadas.
O projecto de regulamento pode ser consultado na página digital da autarquia.
plb
… ou: uma pronúncia popular que me serviu sempre de guião para a escrita sem erro. Mas que nas últimas décadas, com neologismos e entradas novas de palavras na nossa escrita de cada dia, já não me serve de regra maior. Apenas mais um apontamento sobre a validade dos linguajares e das corruptelas que o Povo soberanamente foi introduzindo…
Quem não se lembra deste dilema fulminante da sua escrita? Perante um som ch como vou ter de escrever? Com x ou com ch?
É que se trata rigorosamente do mesmo som. Adiante, para aumentar ingenuamente o «suspense», vou substituir a grafia desse som por sh em vez de x ou de ch.
Só não teve dúvidas destas quem foi insensível às questões da escrita.
Faça desde já o seu teste – pense quais destas palavras se escrevem com x e quais com ch: ameisha, shapéu, sharca, shafariz, shefe, baisho, enshada, enshuto, shover, shapada, sheirar, shoquice, shamar, caisha, eisho, faisha,…
Adiante.
Não quero com isto dizer que todas as palavras, todas, se nos colocassem como dúvida.
Mas lá que havia muitas dúvidas, isso havia.
Não devo ser nenhum génio. Mas cedo descobri uma regra fundamental que tem a ver com palavras simples mas me ajudou sempre a resolver a questão de forma correcta.
De facto, descobri, sei lá quando, sei lá onde, que se o povo dizia de determinada forma, eu devia escrever com x. Se dizia de outra, era de escrever com ch.
A regra de ouro
Termino com um vocábulo bem simples. A palavra chave. Os mais velhos diziam e ainda dizem tchavi, uns, e outros tchave. Em todo o caso: tch era o primeiro som da palavra.
Ora vou pegar nesta palavrinha para contar como descobri a tal regra de escrita correcta naqueles anos, quando, nos primeiros anos da escola que hoje chamaríamos do segundo ciclo (nos então terceiro, quarto, quinto anos – anos da nossa sedimentação em certas áreas, e julgo que a da escrita é uma delas e não das menos importantes).
Volto à tchavi.
Aprendi que, quando os mais velhos lá da minha terra pronunciavam tch, então devia escrever a palavra com ch.
Mas quando o povo não metia o tal t no som, então devia escrever a palavra com x.
Os exemplos acima devem então escrever-se: caixa, ameixa, etc..
Vejam então como as pessoas do Casteleiro dizem estas palavras (recordo que em vez de ch ou de x, volto a colocar sh).
Exemplos que levam «t» na pronúncia popular: tshapéu, tsharca, tshafariz, tshefe, tshover, tshapada, tsheirar, tshoquice, tshamar.
Mas outras não levam t na pronúncia popular. Exemplos: ameisha, caisha, eisho, faisha, baisho, enshada, enshuto, etc..
Hoje, é no Lar do Casteleiro que se encontra a maioria das pessoas que assim falavam. Uma homenagem para elas: a foto que se publica.
Mas há excepções
Mas a vida moderna trouxe outras palavras onde esta regra já não entrou necessariamente. Foram palavras trazidas pelos emigrantes e por nós, os migrantes – os que passamos a vida nos centros urbanos e apenas algum tempo, uns mais e outros menos, no torrão natal. Razões de vida.
Palavras como, por exemplo: chaminé, churrasco, charuto, chanfana, etc.
Ninguém, que eu saiba, diz tchanfana ou tcharuto. Soa a ridículo, só de imaginar.
A seguir então a tal regra antiga, se o povo diz sem t, eu devia escrever xanfana, xaruto…
Mas, claro, nada disso.
Estas fogem à regra. Chegaram tarde à aldeia. Não vão por isso ao mesmo quadro de referência.
«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
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