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No dia 16 de Março (sexta-feira), o Teatro Municipal da Guarda (TMG) apresenta a leitura encenada do texto teatral inédito de Maria Antonieta Garcia «Pela mão de Carolina Beatriz Ângelo».
Trata-se de uma história que tem como protagonista a primeira mulher que votou em Portugal, Carolina Beatriz Ângelo.
As leituras estarão a cargo de Américo Rodrigues (que também encena esta leitura), Élia Fernandes, Fátima Freitas e Helena Neves. A sessão é às 21h30 no Pequeno Auditório. A entrada é livre.
Maria Antonieta Garcia é professora da Universidade da Beira Interior (aposentada). Publicou, entre outros, os livros: «Carolina Beatriz Ângelo: Guarda(dora) da liberdade: 1878-1911», «Judaísmo no Feminino» e «Denúncias em nome da fé, caderno de culpas do bispado da Guarda, do seu distrito e das visitações». É licenciada em Filologia Românica (Universidade Clássica de Lisboa), mestre em Literatura e Cultura Portuguesas (Universidade Nova de Lisboa) e doutorada em Sociologia (Universidade Nova de Lisboa). Maria Antonieta Garcia especializou-se em estudos judaicos.
Cinema no Pequeno Auditório
O TMG apresenta este sábado, dia 17, às 16 horas, no Pequeno Auditório, no âmbito da iniciativa Famílias ao Teatro, o filme de Walt Disney «Fantasia».
Trata-se de uma das maiores e mais fascinantes obras-primas de animação de Walt Disney. Realizado em 1940 e vencedor de dois Óscares, este filme mantém, ainda hoje, toda a magia visual e musical que encanta miúdos e graúdos. Com a música de Stravinsky, Tchaikovsky, Beethoven e Bach e as aventuras da mais popular personagem da Disney, o rato Mickey, «Fantasia» é um filme deslumbrante, capaz de apaixonar o público de todas as idades.
Na próxima quinta-feira, dia 15 de Março o Cineclube da Guarda apresenta, com o apoio do TMG, o filme «Inquietos» de Gus Van Sant. O filme é para maiores de 12 anos e passa às 21h30 no Pequeno Auditório.
Enoch Brae (Henry Hopper) é um rapaz deprimido que, desde a morte trágica dos pais, vive com a tia. Desde que os pais partiram, numa tentativa de lidar com o seu próprio sofrimento, passou a conversar com o fantasma de Hiroshi, um kamikaze japonês falecido na II Guerra, e ganhou o estranho hábito de ir a funerais de desconhecidos.
plb (com TMG)
A Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) apresentou ao governo um conjunto propostas para melhoria da proposta de lei que visa reformar a organização política das autarquias, dentre as quais a de que as Assembleias Municipais deverão emitir parecer vinculativo relativamente à reorganização administrativa das freguesias. A ANMP avisa mesmo que a não aceitação das suas propostas fará com que os municípios não apoiem o processo.
O Conselho Directivo da ANMP sublinhou que a reorganização administrativa das autarquias deve seguir princípios consensuais, como a descentralização, a racionalização, a autonomia, a responsabilidade, e a definição clara de objectivos e de meios. Outra questão essencial é a da audição das populações e a da realização de estudos técnicos credíveis antes de ser tomada qualquer decisão.
A ANMP adverte o governo que a par de qualquer reforma autárquica devem também avançar reformas na reorganização do Estado Central, dando coerência a uma Administração que mantém uma grande desorganização, pois só assim se contrariará o processo de «desertificação acelerada que já afecta 80% do território e que conduz à diminuição da coesão económica e social», diz a ANMP na sua resolução, que remeteu a todos os municípios.
Faz-se uma advertência clara ao governo: «não é adequada a aplicação de fórmulas gerais para o território». As reformas têm que assentar na sua aceitação pelos cidadãos.
No tocante à diminuição do número de freguesias, um dos principais cavalos de batalha do projecto governamental, a ANMP adverte que importa sobretudo equacionar uma resposta aos interesses e às necessidades essenciais das populações, que não poderão ficar abandonadas à sua sorte, devendo antes ter direito a mais e melhores serviços. A exclusão das populações, por via do seu isolamento e do fim de algumas freguesias, poderá criar problemas no que toca à sua representatividade política, excluindo-as do processo democrático, o que é inaceitável.
«A reforma administrativa territorial autárquica deve ser participada e partilhada, atendendo a que o resultado final deve reflectir o sentimento de presença de cada um à nova entidade territorial em que fique integrado», avisa a ANMP.
Sem embargo cada caso ser diferente dos outros mais, apela-se a uma especial ponderação na agregação das freguesias cujos autarcas são eleitos em plenário, tendo sobretudo em atenção as suas características rurais, com problemas específicos, pois essas populações não têm direito aos serviços sociais de que usufruem os habitantes das zonas urbanas. A distância em relação à sede do concelho, independentemente do número de habitantes, deve ser tida com factor preponderante para a reorganização das freguesias.
Para a concretização da reforma autárquica a ANMP defende que os órgãos das freguesias deverão emitir parecer não vinculativo e que as Assembleias municipais deverão emitir parecer vinculativo acerca do processo de reorganização administrativa das freguesias. Se estas propostas não forem consideradas, os Municípios opor-se-ão à reforma que o governo quer implementar.
plb
Na sua extensão raiana o Interior pontua-se com pequenos povoados, sóbrios e graníticos, que sobem os montes e decoram os vales. Pouquíssimos habitantes ocupam, ainda, esta faixa cuja população mingua velozmente neste enigmático início de século. Trata-se, no entanto, de gente que armazena na memória saberes e sabores infindáveis.

Falo de pessoas e sítios de encanto. Lugares onde a história deixou marcas e onde as gentes (de boa fé) amalgamam história e lendas.
Mas, nestes lugares de que falo, vivem-se, em cada presente, tempos etiquetados com ausências. Apagam-se, em cada dia, hábitos e tradições. Têm vindo a esmorecer os seus mais carismáticos ambientes e contextos. Urge, portanto, salvar o que, ainda, for possível.
Esta zona, vizinha de Espanha, é terra de invernos excessivos e verões escaldantes. Ora, tais contrastantes evidências, condicionam e sugerem alimentação a contento.
Por outro lado, o moldar da história tem dependido (consideravelmente) da alimentação e, esta, tem vindo a adaptar-se a condicionalismos históricos vencendo dificuldades e diminuindo desigualdades. Eis, portanto, onde me parece morar a razão pela qual a criatividade tem progredido no ensejo de superar carências e limitações.
Aceite-se, então, a evidência de que a utilização da tradição alimentar pode gerar dinâmicas e, eventualmente, (re)constituir recursos regionais ou locais.
Claro que é possível lançar interesses e, até, curiosidades susceptíveis de constituir fortes motivações para quem visite ou pretenda visitar.
Também não escasseiam enormes paixões que intimam os naturais a regressar definitiva ou temporariamente. Só não sobeja , por enquanto, quem arrisque aproveitar tradições (seiva deste povo) para as difundir, tornando-as rentáveis. Refiro-me, concretamente, a potencialidades gastronómicas, capazes de constituir motivação de visita ou regresso sendo certo que há sabores só possíveis de comprovar em contextos e lugares próprios.
São, portanto, reais os desafios.
Aqui trago, hoje, servindo de exemplo, a «morcela doce».
Em toda a zona jarmelista os sentidos podem ainda abrir-se para o sabor (já algo suspenso) desta morcela especial. Sabor que me surge, a mim, tão natural como o frio do inverno ou tão doce como o quente calor da lareira, companheira perene das noites inverniças.
Poder-se-á, então, incumbir a “morcela doce” de alguma missão mais importante?
«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
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