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O conde do Sabugal esteve por largo tempo ligado ao cargo de meirinho-mor do reino e, mais tarde, o título foi acumulado com o de Conde de Óbidos. Enquanto meirinho-mor, ao conde do Sabugal cabia a administração da justiça, podendo prender, citar e cumprir quaisquer mandados judiciais, cumprindo especialmente as questões de justiça decididas por El-Rei, como prender pessoas de Estado e apresentá-las a juízo
O título de Conde começou por ser atribuído ao servidor do palácio real ou o conselheiro do monarca. Depois passou para comandante da guarda do palácio e para o alto funcionário da confiança do rei, que exercia funções locais temporárias e, por fim, passou a ser atribuído ao encarregado do governo, tanto civil como militar, de determinados territórios, denominados condados.
Em Portugal os primeiros condes surgiram no reinado de D. Sancho I e, a partir do século XIV, à concessão do título de conde correspondia um senhorio, cuja localização nem sempre era coincidente com o título. Desde fins do século XVIII o título de conde passou a ser meramente honorífico.
O título de Conde do Sabugal foi instituído por D. Filipe I, em 1582, logo após a perda da independência de Portugal e a consequente sujeição à coroa espanhola.
O 1º Conde do Sabugal foi Duarte de Castello Branco, que era Conselheiro de Estado de Filipe I, que o agraciou com o título em 20 de Fevereiro de 1582.
O nobre havia servido com zelo a coroa portuguesa, tendo sido pajem da companhia do rei D. João III, embaixador em Castela já por mandado do rei D. Sebastião, meirinho-mor do reino, vedor da fazenda e senhor do morgado de Montalvão. Combateu em Alcácer Quibir, ao lado de D. Sebastião, em Agosto de 1578, onde ficou cativo até ser resgatado a toco de dinheiro.
O 2º Conde do Sabugal foi D. Francisco Castello Branco, filho do primeiro, que foi igualmente meirinho-mor do reino, cargo que acumulou com o de alcaide-mor de Santarém.
O 3.º Conde foi D. João de Mascarenhas, que era casado com a filha do 2º conde do Sabugal, e era também comendador de Alpedrinha de Ares e de S. Miguel da Coxa. Serviu na Flandres como oficial de cavalaria e combateu na guerra da restauração, vindo a ser promovido a general e nomeado governador do Alentejo e conselheiro de guerra de D. Afonso VI. Ao obter o título de Conde do Sabugal passou a ser também meirinho-mor do reino.
Era figura de relevo na arte da guerra e também intelectual de prestígio, tendo traduzido o «Tratado do Manejo e Governo da Cavalaria». Deixou ainda escritas obras em verso e em prosa.
O 4.º Conde do Sabugal foi Fernão Martins Mascarenhas, que foi também 2º Conde de Óbidos, por casamento. Foi nomeado Alcaide-mor das praças-fortes do Sabugal e de Alfaiates, onde esteve por algum tempo. D. Pedro II nomeou-o meirinho-mor do reino, que institui que o cargo seria ocupado pelos seus descendentes (a partir daqui começaram a ser chamados «condes meirinhos-mores»). Seria ainda Conselheiro de Estado e da Guerra de D. João V.
O 5.º Conde do Sabugal foi Manuel Assis Mascarenhas Castello Branco da Costa Lencastre, nascido a 18 de Julho de 1778. Foi também conde de Óbidos, alcaide-mor de Óbidos e de Salir, Senhor de Palma, meirinho-mor e ainda par do reino em 1826. Foi capitão de cavalaria do exército português, tenente-coronel do exército napoleónico, agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo e com a Legião de Honra do exército francês. Foi também embaixador de Portugal no Brasil.
Dos restantes condes do Sabugal pouco reza a história, cabendo no entanto aqui deixar os seus nomes:
6.ª Condessa: Eugénia Maria de Assis Mascarenhas, também condessa Óbidos.
7.º Conde: Manuel de Assis Mascarenhas de Sousa Coutinho, também conde de Óbidos.
8.º Conde: Luis António de Assis Mascarenhas Castelo-Branco de Sousa Coutinho, também conde de Óbidos.
9.º Conde: Pedro de Assis Mascarenhas, também conde de Palma.
10.º Conde: Miguel Pedro de Melo de Assis Mascarenhas, também conde de Óbidos.
11.º Conde: Pedro de Melo de Assis Mascarenhas.
12.º Conde: José Luís de Andrade Vasconcelos e Sousa, também marquês de Santa Iria.
13º Conde: José Luis de Melo de Vasconcelos e Sousa.
Os condes do Sabugal nunca nada tiveram a ver com o Sabugal, sendo apenas um título honorífico que ostentava o nome da nossa terra, como aliás aconteceu a muitas outras. De qualquer forma, a «Memória Paroquial do Sabugal», de 1758, refere que costumava haver na vila «um ouvidor que conhece dos apelos e agravos nesta vila e seu termo, posto pelos Condes dela, na forma de suas doações».
Bibliografia:
ALMEIDA, A. Duarte (e outros) – Liberais e Miguelistas.
BRANDÃO, Raul – El-Rei Junot.
PEREIRA, Esteves e RODRIGO, Guilherme – Dicionário Histórico, Coreográfico, Bibliográfico, Heráldico, Munismático e Artístico.
Paulo Leitão Batista
A minha vida, como a de qualquer outra pessoa, obriga-me muitas vezes a ter que lidar com «importantes», mas a companhia que mais prazer me dá e, com aquelas que mais aprendo, é a das pessoas simples.
E um homem simples chegou ao pé de mim a oferecer-me um livro de poemas da sua autoria, esse homem é de Vale de Espinho e chama-se José Manuel Martins Luiz. Li o livro, durante a leitura algumas vezes me vieram as lágrimas aos olhos. Este homem, com toda a simplicidade, mostra-nos a sua vida de sofrimento, não vou falar sobre o livro, o seu título diz tudo – A VOZ DO SOFRIMENTO – se puderem, leiam-no.
O nosso Concelho não é só história e tradições, também é sofrimento, são poucos os que sofrem dirão alguns, são muitos, digo eu, só que não se manifestam como este homem. Quero dizer ao José Manuel Martins Luiz, que a maior parte da humanidade sofre, trabalha, é explorada e humilhada, para que uma minoria viva no luxo e na ostentação. Esses que sofrem, não têm exércitos de escribas a incensá-los, nem passam a vida a vitimizarem-se hipocritamente, os seus gritos de angústia e revolta são verdadeiros, mas infelizmente são muitas vezes motivo de chacota, vivem uma espécie de exílio interior e são desprezados. Os troféus não são para eles, são para os baixos e vulgares que vivem da corrupção e da ambição.
Sinto uma revolta muito grande quando vejo pessoas que têm talento, mas que o não põem ao serviço da justiça, usam-no para se glorificarem a elas próprias e a toda uma séria de sicofantas e parasitas, essas são chamadas as canetas mercenárias.
Vou terminar com umas estrofes de um poema de Pablo Neruda, não é um conforto moral, é um grito de esperança para os que sofrem injustiças:
El dia que esperamos a lo largo del Mundo
Tantos hombres, el dia final del sufrimiento.
Um dia de justicia conquistada en la lucha,
Y vosotros hermanos caídos en silencio
Estareis com nosotros en esse vasto dia
De la lucha final, en esse dia inmenso.
Não deixem de ler «A VOZ DO SOFRIMENTO», verão que a riqueza não está nos números, está também nas almas simples.
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
ant.emidio@gmail.com
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