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O Executivo Municipal do Sabugal, reunido hoje, elegeu um novo Conselho de Administração para a empresa municipal Sabugal+, agora presidido pela vice-presidente da Câmara, Maria Delfina Leal, e tendo por vogais o vereador do PSD Ernesto Cunha e Amândio Simão Pires.
Após o alerta do inspector da IGAL que está a auditar o Município, de que dois elementos do concelho de administração exerciam irregularmente funções, os vogais Vítor Proença e Fernanda Cruz, tiveram de solicitar a demissão dos cargos na empresa municipal, abrindo o caminho para a nomeação, em menos de dois anos, do quarto conselho de administração da Sabugal+.
O presidente da Câmara, António Robalo, voltou a optar por soluções dentro de casa, propondo para os lugares vereadores que já exercem funções a tempo inteiro, assim evitando pagar vencimentos pelas funções na administração da empresa. Apenas um dos novos elementos vem de fora da autarquia, tratando-se do professor do Ensino Secundário Amândio Simão Pires, que já foi membro da Assembleia Municipal, eleito nas listas do PSD.
Como atrás se disse, este é o quarto elenco nomeado pela actual Câmara para a direcção da empresa municipal, tendo os dois últimos conselhos de administração sido substituídos por irregularidades verificadas. Num dos casos por irregularidade no processo de votação no seio do Executivo, que levou ao pedido de demissão de Joaquim Ricardo do cargo de presidente da empresa, e, no outro caso, por incompatibilidade de funções de dois dos seus elementos, o que conduziu à demissão dos vogais Vítor Proença e Fernanda Cruz.
plb
Era uma vez um certo país longínquo, em cujo interior profundo havia uma pequena e antiga vila…

I – Pranto de Alzira
A lua já se pôs,
As Plêiades também:
Meia-noite; foge o tempo,
E chora um mocho,
No silêncio do jardim.
Vem, meu amado.
Vem até este gracioso bosque de macieiras, onde a água fresca canta entre as raizes das árvores, e a trémula sombra da figueira desce um sono pesado sobre as minhas pálpebras.
Vem, meu amado.
Trancemos juntos multiflores coroas de ramos de sândalo e murta,
Que pomos em meus cabelos,
Vem, segreda-me palavras doces ao ouvido, e minha alma te ouvirá cativa e amorosa, e as nossas noites serão como os regatos tranquilos cobertos de flores primaveris, ou roseiras brancas, cujo perfume a brisa sopra docemente, em fragâncias doces ao olfacto;
E meus lábios serão teus lábios, meus cabelos serão os teus cabelos, como a raiz é da flor, a flor é da abelha e da abelha é do pólen.
Vem, decansa a cabeça nos meus seios, bebe a doçura da minha boca, que eu sou o mel de que teus lábios gostam.
Vem, amado do meu coração!
Vem; vem, que toda eu te quero!
Vem; procura o calor das minhas coxas,
Que começam a estremecer;
E verás como, chamando-te com as minhas mãos, e puxando-te para o meu leito, um fogo urgente me sobe pela carne, um frio suor me recobre;
E como, no transporte doce da minha alma,
Sacudindo os cabelos orvalhados de estrelas,
Pálida, perdida, febril,
Um frémito me abalando…
O corpo se me arrepiando…
Respirando a custo…
Caio num langor profundo…
E morro.
Cai a lua, caem as plêiades;
Meia-noite; passa o tempo,
E eu, aqui deitada, sozinha,
Ouvindo o pranto do mocho,
Nada mais ouvindo que o pranto,
Morrendo de tristeza.
II – Fábula do Castelo
Era uma vez um certo país longíncuo, em cujo interior profundo havia uma pequena e antiga vila.
Nesta pequena vila havia um castelo; defronte desse castelo, um largo; deitando para o largo, varias casas; e numa dessas casas, um estabelecimento; nesse estabelecimento, passando-se um guarda-vento exterior, um andar térreo com dois cães e uma mulher franzina a receber os visitantes; e na cave, uma cozinha com sala anexa; e na sala um armário.
Era uma vez um certo país longíncuo, em cujo interior profundo havia uma pequena e antiga vila.
Nesta pequena vila havia uma câmara; na câmara uma empresa; na empresa um funcionário.
O funcionário da empresa da câmara da pequena vila do interior profundo do país longíncuo, avisou a senhora franzina que estava com dois cães no estabelecimento da casa do largo do castelo da pequena vila antiga do interior profundo desse país longíncuo, que um grupo de pessoas iam ver o armário que havia na sala da cave do estabelecimento da casa do largo do castelo da pequena vila antiga do interior profundo desse mesmo país longínquo.
A senhora franzina que estava com dois cães no estabelecimento da casa do largo do castelo da pequena vila antiga do interior profundo do país longínquo, esperou.
Inutilmente esperou, porque tudo não passou de uma partida do funcionário que havia na empresa da câmara da pequena vila do interior profundo de um país longínquo!
III – Mykonos
Sobe-se a rua estreita, ladeada de casas brancas com portadas e sacadas azuis, como é costume nas pequenas aldeias gregas, estendidas sobre as escarpas do mediterrâneo com águas de azul intenso.
Num recanto, ao cimo dessa rua, um pequeno chafariz, cuidadosamente caiado, e uma bilha de duas asas, como as que havia nos chafarizes de algumas das nossas vilas alentejanas, convidando os viajantes a dessedentarem-se.
O barril da água, grego, tal como o alentejano, tem o mesmo feitio; e duas orelhas. O mais interessante é que os alentejanos, tal como os gregos, pegam-lhes pelas orelhas e dão-lhes um beijo, um beijo sequioso, quando querem beber.
Curiosamente, na antiga Grécia, uma forma carinhosa de cumprimento era dar um beijo na fronte e, ao de leve, puxar pelos lóbulos das orelhas.
A esta forma de beijar, davam os gregos o nome de «cytra», nome que puseram também, pela semelhança do beijo ao gesto de beber, a estes barris de duas asas:
«Chose curiose, les grecs avaient une façon a eux de s’embrasser. En déposant un baiser sur le front de la perssone aimée, on lui tirait, en meme temps les oreils, et ce baiser, qui nous paraitrait irrespecteux, reçut le nom dune vase à deux anses, la chytra», como refere W. Froenner, na Anthropologie des vases grecs, La chronique Medicale, n.º 6, 1926, pág. 165.
Num pequeno chafariz de Korfos, o mesmo sol abrasamdo a carne, a mesma luz âmbar à tardinha, a mesma água consoladora da fonte, a mesma bilha de duas asas; todo o Alentejo distante!
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
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