You are currently browsing the daily archive for Sexta-feira, 10 Junho, 2011.
Castelo Mendo é mais uma das Aldeias Históricas com que me comprometi em «La Ruta de los Castillos». Outro marco histórico, defensor da fronteira, guardião do Côa que, não tendo perdido imponência, terá sido vítima de algum abandono dos homens e das épocas. O facto não lhe retirou, no entanto, a dignidade merecida, como muralhado defensor das suas terras e das suas gentes, ideia que venho repetindo ao longo deste trabalho mas que não deixa de ser justo continuar a fazê-lo.

CASTELO MENDO
Ó Castelo Mendo sempre vigilante
Da Raia beirã, em Dinis reerguida.
Rei qu’em Alcanizes te fez doravante
Português altivo em defesa constante
Mas a tua história de longe vivida.
Cabeço granítico, ó Castelo Mendo,
Rodeando vale Côa, tu foste Fronteira
Vens do neolítico, e gótico sendo
Também castro foste, romano vivendo
Em ti se criou no reino uma feira.
Esta por D. Sancho em foral concedida
Mendo, Alcaide à época, a carta assinou
Seu nome o último ao foral deu vida
Três vezes no ano feira concedida
“Meenedus Menendi”, seu nome ficou.
Na Porta da Vila, em arco quebrado
Divinas figuras, aqueles “berrões”
«O ex-libris» da aldeia respeitado
E o poeta rei, D. Dinis lembrado
Na torre de Menagem e dois torreões.
1ª Feira Franca nos leva então
Ao século treze, quando ela criada
E para defesa desta povoação
El-rei se dedicou a uma construção
Da dita primeira cintura muralhada.
Ó Castelo Mendo, foste de coragem
De perdas sofridas, ao longo da vida
No livro das fortalezas, passa essa mensagem
De triste abandono, esmorecida tua imagem
Mas resististe a napoleónica corrida.
Teu fim de pedra, de pedras feito
Sofreste horrores em grossa medida
Monumento Nacional a que tens direito
Registado teu nome, teu caminhar perfeito
Não perdeste assim dignidade merecida.
E no teu Penedo lamúrias lançadas
Quantos ais não foram já dados aí
Fazendo as curas das tuas flores leitosas
Lembram-nos milagres como o das rosas
Fico assim feliz, por mim e por ti.
A minha homenagem a Castelo Mendo.
«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
netitas19@gmail.com
Os santos estão a chegar, e mesmo que não façam milagres, são motivo para o povo sair à rua e festejar…

De regresso a este cantinho! Pois é, nem sempre o tempo se adequa ás prioridades que temos. E confesso que nos últimos tempos a lista das tarefas urgentes, importantes e prioritárias engrossou. Ossos do oficio de quem abraçou os caminhos do jornalismo e nunca abandonou o sonho da maternidade e de poder dar aos outros um tempo do nosso tempo – que, bem a ver nem sequer é nosso. Isto tudo para vos contar que resolvi fazer uma pausa para reflectir nos meus propósitos de vida. E as respostas vieram, continuam a vir, e a elucidar-me cada vez mais sobre o que de facto é importante para mim. Um sorriso dos meus filhos vale por quantos artigos entregues em tempo recorde? Vale quantas entrevistas arrancadas a ferros? Quantas horas de edição? Vale quantos caracteres com ou sem espaços? E, depois, a bem ver, o lado bom da vida vai nos passando ao lado quando não somos mesmo atropelados pelas nossas próprias passadas aceleradas. A propósito num destes dias fui brindada com momentos únicos: a minha filha decidiu, assim do nada, correr para mim e abraçar-me. Guardei o leve aperto em torno de mim lá no lado mais secreto do meu coração. Basta isto para começar o dia, ainda que nublado e friorento, com outro ânimo. Basta estas pequenas-grandes coisas que a vida me oferece para ser uma pessoa mais grata ainda. Vem aí o feriado (para quem trabalha em Lisboa os feriados) coladinhos ao fim de semana… vem aí a sardinhada (para quem gosta) e a febra, as «bujekas» e as marchas populares. Os santos estão a chegar, e mesmo que não façam milagres, são motivo para o povo sair à rua e festejar, com ou sem calor e sol, como ou sem FMI… Noutros tempos saltava à fogueira lá mesmo com a miudagem da minha rua e embora isso já não aconteça, já não fazem fogueira na rua e já não há crianças a brincar com o fogo sob ameaça de fazerem chichi na cama, há a doce recordação que arde em chama eterna dentro de mim. Boas festas!
«Jardim dos Sentidos», crónica de Carla Novo
carlanovo4@hotmail.com
Comentários recentes