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A Câmara Municipal do Sabugal decidiu lançar novo concurso público para a concessão da exploração comercial e turística do balneário termal do Cró, com vista a encontrar uma entidade que assuma o encargo que actualmente se encontra adstrito à empresa municipal Sabugal+.
Um primeiro concurso, aberto em 25 de Novembro de 2010, ficou deserto, por falta de interessados, tendo a Câmara Municipal assumido ela mesma, através da empresa municipal Sabugal+, a gestão do novo balneário termal, construído pela Somague.
Na reunião de Câmara de 29 de Abril, os vereadores da oposição (eleitos pelo PS e pelo MPT) manifestaram recusar a proposta do presidente de transferir a exploração das termas para a Sabugal+, atendendo aos elevados encargos financeiros que tal comporta para uma empresa que já está a enfrentar sérios problemas de gestão. Porém o facto do presidente, em Outubro de 2010, ter candidatado a exploração das termas a fundos comunitários, assumindo que a sua gestão seria delegada na Sabugal+, ditou a abstenção dos vereadores, assim a viabilizando a proposta.
O Partido Socialista apresentou na reunião, pela voz da vereadora Sandra Fortuna, uma proposta alternativa, que passava pela elaboração de uma plano integrado de desenvolvimento para as termas do Cró, mantendo por enquanto a tutela directa da Câmara, dando continuidade à parceria com o Centro Social da Rapoula e avançando ao mesmo tempo com um novo procedimento concursal para se encontrar um interessado no desenvolvimento da exploração.
Já o vereador do MPT, Joaquim Ricardo, alertou para o custo da exploração para a Sabugal+, que poderá atingir em sete meses os 58 mil euros, o que transformará a concessão num pesado encargo.
Contudo o facto de estar assumida, em sede de candidatura a fundos europeus, uma parceria estratégica com a Sabugal+, os vereadores da oposição decidiram viabilizar a proposta do presidente de passar desde logo a gestão para empresa municipal, abstendo-se na votação. A condição exigida para essa viabilização foi a de se proceder a uma abertura imediata de novo concurso, corrigindo algumas das cláusulas menos atractivas para os potenciais interessados, que constavam no aviso de abertura do primeiro concurso.
Na mesma reunião os vereadores aprovaram, por unanimidade, a nomeação como presidente do Júri do próprio presidente da Câmara, António Robalo, integrando ainda no dito júri os vereadores Joaquim Ricardo, Luís Sanches e Delfina Leal.
plb
O Monte de Santa Bárbara eleva-se ligeiramente a sul do Monte do Jarmelo, plenamente integrado na zona jarmelista. Ambos nascem da mesma base: O do Jarmelo mais alto, o de Santa Bárbara, mais baixo e mais a norte. Ambos se observam mútua e irmãmente.
Em tempos idos, por imperativos de defesa, ambos foram povoados. Na base estendem-se-lhe planuras pouco longas, é verdade, mas densamente ponteadas por pequenas povoações, dispersas, que, receberam, há muito, os habitantes das alturas. Presentemente, estas aldeias vêm-se, elas próprias, cada vez mais desertificadas. No sopé do Monte de Santa Bárbara situam-se, equidistantes do cimo, quatro pequenas localidades: Cheiras, Abadia, Trocheiros e Miragaia. Pínzio, sede da freguesia, afasta-se um pouco, a leste.
A capelinha de Santa Bárbara encima o Monte do mesmo nome e, ali, subsiste desde os primórdios da nacionalidade. É herdeira de um antigo castro lusitano que, em tempos imemoriais, defendeu monte e falda.
O pequeno templo tem constituído e constitui epicentro de devoções e romarias tendo sofrido várias alterações ao longo dos tempos. Aclarado de branco, lá no alto, detém forte carisma religioso influenciador das terras circunvizinhas.
Os cursos de água só na base se atrevem. A leste desliza, estreita e limosa, a Ribeira das Cheiras, cuja nascente se situa a escassas centenas de metros. É uma pequena Ribeira que, a pouco mais de três quilómetros, se abraça à Ribeira das Cabras. A poente a Ribeira da Pêga, mais pedregosa e corpulenta, corre uma dezena de quilómetros antes de contornar Pinhel, sede do concelho. Pouco depois da cidade, também a Pêga, já adulta, encontra a Ribeira das Cabras prosseguindo, ambas numa só, a caminho do Douro.
São terras antigas, estas. Antigas e históricas. Mas, tais características de pouco lhes têm valido, na prática. São parcas em recursos e, por vias disso, têm deixado fugir a maioria dos seus filhos. Cada vez mais vivem tempos de solidão. Esperam, hoje, que volte quem partiu e que se junte aos que ficaram. O mínimo que se pode desejar é que todos consigam ocasos de vidas felizes. Aliás, não apenas os residentes como também os que, ora, regressam marcarão a longevidade destes sítios que resistirão habitados, convenço-me, enquanto uns e outros subsistirem. Depois, Deus dirá…
Foi por aqui, mais concretamente nas Cheiras, que vim ao mundo. Por aqui, criei raízes de infância que nunca quebraram, antes endureceram com a idade. Pisei vezes sem conta este chão. Os meus pés de criança, receberam dele uma marca inevitável e impossível de apagar. Estes montes, estas aflorações graníticas, este permanente contraste entre terras altas e curtas terras chãs, moldaram-me a alma e a personalidade. Eis a razão porque, para onde parto, levo comigo estas terras e, lá, onde eu chegar sempre farei questão de as contar.
«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
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