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A I Feira Eco-Raia decorreu no fim-de-semana de 11 e 12 de Dezembro de 2010 no Recinto de Feiras de Salamanca. A organização pertenceu à organização da Comunidade de Trabalho BIN-SAL (Beira Interior Norte – Salamanca) constituída pelos Municípios do Sabugal, Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel e Trancoso e pela Diputación de Salamanca.
GALERIA DE IMAGENS – ECO-RAIA 2010 – SALAMANCA – 11 e 12-1-2010 |
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«Imagem da Semana» do Capeia Arraiana. Envie-nos a sua escolha para a caixa de correio electrónico: capeiaarraiana@gmail.com
Data: 17 de Dezembro de 2010.
Local: Paris e estradas de França.
Autoria: Direitos Reservados.
Legenda: Les blindés de la gendarmerie au secours des naufragés de la route. Desde 16 de Dezembro que foram posicionados em pontos estratégicos (de maior circulação e maior risco de problemas), 16 blindados, para ajudar a limpar estradas ou retirar carros bloqueados pela neve. Os veículos militares habitualmente destinados a operações de manutenção da ordem como os «lame-bulldozer» – preparados para destruir barricadas – estão a ser usados para limpar a neve das estradas e desempanar veículos bloqueados na neve.
Paulo Adão
Continuando a leitura do livro de Arthur Thomas Quiller-Couch, verificamos como Marmont (duque de Ragusa) colocou as milícias portuguesas de Trant em retirada e como decidiu regressar com as suas tropas ao quartel-general do Sabugal, poupando a Guarda a um ataque que resultaria certamente no saque da cidade.
Fez-se noite cerrada e o propósito de Manuel era cavalgar para ultrapassar as colunas de Marmont e avisar Trant do perigo que corria na Guarda. A meio caminho uma escorregadela do cavalo atirou-o ao solo, tendo desmanchado um tornozelo. Bateu à porta de uma casa isolada, onde vivia um pastor que o ajudou e a quem encarregou de levar uma mensagem a Trant, informando-o da movimentação de Marmont, que em breve atacaria a cidade.
Não foi porém a sua mensagem que salvou Trant e a milícia, porque não chegou a tempo. Na verdade foi Marmont que errou ao avançar de forma desastrada. A cavalaria francesa chegou cedo às portas da cidade e o marechal, impaciente com o atraso das duas brigadas de infantaria, deu ordem aos cavaleiros para subirem a montanha. Uma sentinela da milícia, dando conta da movimentação tocou freneticamente o tambor, no que foi de imediato imitado por outros tamborileiros espalhados pelas portas da cidade. As milícias correram para os seus postos, «e o marechal francês, que poderia ter tomado a cidade com uma só investida e sem perder um único homem, retirou – são estes os absurdos da guerra.» Marmont convencera-se que a Guarda tinha alguma capacidade para resistir e resolveu esperar pela infantaria para avançar.
Isso deu tempo a Trant e a Bacelar, que já se lhe havia reunido, para abandonarem a cidade, saindo com as suas milícias pelo vale do Mondego. Marmont lançou então a sua cavalaria em perseguição dos portugueses, tendo alcançado a retaguarda da coluna a poucas milhas da cidade.
«Chovia e a milícia corria pela lama como um rebanho de ovelhas», tendo os franceses feito 200 prisioneiros. Manuel diz no seu relato que há que fazer justiça ao comandante francês, pois terá proibido os seus cavaleiros de cortarem a fuga aos portugueses e de os massacrarem.
Marmont desistiu de perseguir Trant e Bacelar, e decidiu voltar para o Sabugal sem sequer atacar a Guarda, onde Wilson ainda estava com algumas milícias preparando a explosão dos depósitos de mantimentos aí existentes. O espião foi até à cidade vestindo um casaco velho que lhe deu o pastor e falou com o general inglês, passando a compreender a alegada ira de Marmont e o seu apressado retorno ao Sabugal.
Por que razão estava Marmont zangado? Por isto:
«Em 30 de Março deixei o meu parente, o capitão Allan McNeill, com o seu criado José. Eles mantariam o exército francês sob observação e eu fui para sul a relatar o que sabia a Lord Wellington em Badajoz. Estávamos agora a 16 de Abril e muitas coisa haviam acontecido, mas dos movimentos do meu colega espião nada soubera. Estava seguro de que ele estaria algures na proximidade dos acampamentos de Marmont, mas mesmo no Sabugal nada ouvira acerca dele.
Na tarde do dia 16 o general Wilson foi até mim.
”Tenho notícias desagradáveis”, disse-me. “O seu homónimo foi preso”. “Onde?”. “No Sabugal, mas parece que foi levado para um acampamento em Penamacor. Trant disse-me que vocês, para além de homónimos, são parentes. Quer falar com o mensageiro?”».
O mensageiro era um camponês de Penamacor que informou Manuel dos pormenores da captura do outro espião, na qual o seu criado José fora morto pelos franceses.
O relato acabou com Manuel McNeill contando a aventura do seu parente, capitão Alan McNeill, que acabara de ser feito prisioneiro pelos franceses.
Paulo Leitão Batista
Crise, crise, crise!!! Não se fala noutra coisa, apesar de se saber bem quem foram os responsáveis por ela. No entanto querem fazer-nos crer que todos somos responsáveis por aquilo que aconteceu. Todos, todos, mesmo aqueles (que são a larguíssima e esmagadora maioria) nada, mas mesmo nada tiveram que ver com negócios em Bolsa, com especulação financeira ou com verdadeiros abutres que não olham a meios para atingirem os seus fins.

A propósito da tão propalada crise (mas já ninguém se lembra quando Durão Barroso há sete ou oito anos dizia que Portugal estava de «tanga»? – Como estará, então, agora? Só com uma parra ou nem isso?) tudo aparece.
Recentemente, começaram alguns opinion-makers a difundir a ideia que a divisão administrativa de Portugal está ultrapassada e que é tempo de mudar. Segundo eles, em tempo de «crise» (sempre o velho e estafado argumento) não se justifica a existência de tantos concelhos e freguesias em Portugal.
Normalmente esses tais «fazedores de opinião» vivem em Lisboa onde não se nota tanto o sentimento de pertença a um município ou freguesia. Para esses cosmopolitas que, na maior parte dos casos continuam a dizer que «Portugal é Lisboa e o resto é paisagem» (e, em parte, até têm razão – só que eles usam isso depreciativamente em relação a todos os que não vivem em Lisboa), nada seria melhor do que poupar uns «cobres» com a diminuição de concelhos e freguesia, já que para eles será «igual ao litro».
Até dou de barato que nos grandes municípios, como Lisboa, Porto, Sintra, Amadora, etc., não haverá grandes problemas em elaborar um novo mapa de concelhos e freguesias, mas até aí não tenho a certeza.
No resto do país e, sobretudo no Interior, esse sentimento de pertença a um município ou freguesia está bem enraizado e, penso que quem se meter por esses «atalhos» (mudar o mapa dos concelhos e freguesias) mete-se em grandes «trabalhos». Bem se pode dizer que quem se meter por aí irá comprar uma guerra.
O concelho do Sabugal tem 40 freguesias. Se, por hipótese, se mudasse o mapa das freguesias para ficar só com 25 freguesias, quais seriam as freguesias que estavam dispostas a ser incorporadas noutras? E, em relação aos concelhos: se o concelho de Almeida fosse integrado no concelho de Sabugal (mera hipótese académica) o que diriam e fariam os de Almeida a propósito dessa «anexação»? E se o concelho do Sabugal fosse «anexado» pelo concelho da Guarda, o que aconteceria?
Claro que quem diz isso está a contar com o estafado argumento de sermos um país de «brandos costumes» e toda a gente se resignaria àquilo que os «bem-pensantes» ditassem.
Acredito que os portugueses suportam grandes injustiças, sem se revoltarem, achando que nada poderão fazer, mas essa de quererem mudar o mapa administrativo de Portugal, só porque algum iluminado se lembrou que se pouparia dinheiro, não vejo que tenha grande futuro.
Convém, no entanto, estar preparado para continuarmos a ouvir isso, e ainda mais acutilantemente, quando a «crise» se tornar mais perceptível.
Aproveito para desejar BOAS FESTAS a todos os leitores do Blogue Capeia Arraiana.
«Política, Políticas…», opinião de João Aristides Duarte
(Deputado da Assembleia Municipal do Sabugal)
akapunkrural@gmail.com
Em 17 de Dezembro, a Assembleia Municipal da Guarda aprovou uma moção de repúdio pelo facto do cidadão Américo Rodrigues, Director do Teatro Municipal, ter criticado uma decisão dessa mesma Assembleia. Trata-se de um processo vergonhoso que pretende silenciar quem fala e opina.
A história conta-se duma penada: no verão um presidente de junta de freguesia interrompeu, a roncos de vuvuzela, um espectáculo de música erudita que acontecia na sua terra, o que levou Américo Rodrigues a denunciar esse acto primário no seu blogue pessoal (Café Mondego). O presidente da junta, em puro acto vingativo, levou à Assembleia Municipal a proposta de corte em 20 por cento nas verbas destinadas ao Teatro Municipal, revertendo esse valor para as juntas de freguesia. Américo denunciou e repudiou esse acto impudico no seu blogue pessoal e Baltazar Lopes, o autarca da vuvuzela, decidiu apresentar na Assembleia um voto de repúdio com o seguinte texto:
«Tendo em conta que o senhor Director do Teatro Municipal da Guarda, Dr. Américo Rodrigues, tem vindo a insultar publicamente esta Assembleia – que é constituída por Deputados Municipais e por Presidentes de Junta de Freguesia – por esta ter votado favoravelmente uma Recomendação de corte de verbas ao TMG, a Assembleia Municipal da Guarda, reunida em Sessão Ordinária em 17 de Dezembro de 2010, aprova uma Moção de Repúdio pelas afirmações insultuosas que o senhor Director do TMG, Dr. Américo Rodrigues, tem vindo a proferir em relação à Assembleia e aos seus membros.»
Por estranho que pareça, o repúdio foi aprovado, em escrutínio secreto, com 57 votos a favor, 20 contra, 10 em branco e um nulo (alguns deputados – cerca de 25 – não participaram na votação). Quanto à posição dos partidos, o PSD defendeu o voto favorável, o PS optou pelo silêncio, o PCP manifestou-se contra e o BE defendeu «nada ter com o assunto».
A discussão e votação de uma manifestação de repúdio pela expressão de opiniões relativas a um órgão democraticamente eleito é a pura perversão do sistema. Todos os eleitos e os respectivos órgãos estão sujeitos ao escrutínio dos eleitores, e o exercício da crítica é dos mais elementares direitos de cidadania.
Américo Rodrigues, o pai da grandiosidade cultural da Guarda, exerceu a cidadania, não se calando perante atitudes aviltantes e demonstradoras de pura depravação. Aos democraticamente eleitos cabe saber ouvir as críticas, podendo comentá-las, rebatê-las, contrapô-las, se caso for, mas não é aceitável que formalmente as repudiem, como que dizendo que as mesmas não devem ter lugar.
A Guarda, cidade da cultura e da democracia, escreveu uma página de intolerância, que bem podia ter evitado.
Expresso a Américo Rodrigues a minha solidariedade, desejando que continue a trabalhar com afinco em prol do desenvolvimento cultural da cidade e da região.
«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
Também eu assumo publicamente a minha solidariedade a Américo Rodrigues. Estamos no século XXI mas alguns iluminados (que se escondem quase sempre sob a capa do anonimato) continuam a não saber conviver com opinião identificada nem com os critérios editoriais de cada espaço. O estatuto editorial e o direito que qualquer detentor de cargo público tem de ocupar o seu tempo pessoal como entender, mesmo que seja a escrever enquanto cidadão responsável, perturba e atiça os incompetentes. O Teatro Municipal da Guarda é uma referência nacional com uma programação cultural invejável e isso deve-se e muito a Américo Rodrigues, um homem irreverente e sem papas na língua de grande competência profissional (parece que essa não está em causa) mas a que alguns querem proibir de ter opinião pessoal.
«O provincianismo vive da inconsciência; de nos supormos civilizados quando o não somos, de nos supormos civilizados precisamente pela qualidades por que o não somos. O princípio da cura está na consciência da doença e o da verdade no conhecimento do erro.» (Fernando Pessoa.)
José Carlos Lages
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