You are currently browsing the daily archive for Quinta-feira, 16 Dezembro, 2010.
«West Side Story» é ainda hoje um dos musicais com mais Óscares no currículo. Nada mais, nada menos do que 10.
Adaptado pela dupla Robert Wise e Jerome Robbins a partir de um musical homónimo da Broadway, esta é a história de amor entre dois jovens pertencentes a meios diferentes, neste caso ligados a dois gangues rivais de Nova Iorque. De um lado temos os Sharks, oriundos da comunidade porto-riquenha, do outro os Jets, filhos dos imigrantes europeus que vêem os EUA como o seu território.
É no meio deste barril de pólvora que nasce o amor entre Tony (Richard Beymer) e Maria (Natalie Wood). O primeiro é o melhor amigo de Riff (Russ Tamblyn), o líder dos Jets, e a segunda a irmã de Bernardo, o líder dos Sharks (George Chakiris). Mas West Side Story vai muito para além de uma simples história de amor, tão ao gosto dos amantes de um bom romance. Mostra-nos também, através dos dois grupos rivais, a história dos conflitos que sempre fizeram parte de Nova Iorque. Mais tarde Martin Scorcese filmou esta realidade, mas num período histórico muito anterior, em «Gangues de Nova Iorque». Não é à toa que num dos conflitos entre os dois grupos, Bernardo chama nativos aos Jets, expressão que define um dos grupos no filme de Scorcese citado.
As sequências musicais são bastante boas, muitas ainda hoje são conhecidas e fazem parte de qualquer boa antologia do género, e algumas conseguem mesmo aprofundar os temas que à partida dificilmente pensaríamos encontrar num musical, género conotado com o amor e romance. A tal rivalidade é apenas uma delas. Mas por exemplo numa das cenas mais famosas, com a música «America», encontramos um excelente retrato do sonho americano visto pelos olhos de quem o procura: as mulheres vêem os EUA como a terra das oportunidades, enquanto que os homens a vêem como uma terra de oportunidades. Mas no fundo ninguém quer deixar o país.
Apesar de ter já quase 50 anos, «West Side Story» é um filme que nos apresenta uma Nova Iorque que ainda permanece no ideal de quem sonha com a cidade que nunca dorme. É um bocado datado, é certo, mas aquela a Manhattan onde decorre a acção ainda hoje é possível encontrar em muitos filmes passados em Nova Iorque. E curiosamente, apesar do sucesso que teve na altura da estreia, é um filme que tem um final triste (ou menos feliz), o que acaba por ser de certa forma surpreendente se pensarmos que muitos realizadores são obrigados a filmar um final feliz para agradar às plateias.
«Série B», opinião de Pedro Miguel Fernandes
pedrompfernandes@sapo.pt
A decisão de suspender as obras da pretensa ligação à A23 é um bom momento para repensar uma ligação que, sendo essencial, era, na forma como estava a ser feita, claramente, um erro.
A 6 de Setembro de 2007 iniciei a minha colaboração neste Blogue, exactamente com o tema «Acessibilidades».
E recordo aqui as propostas rodoviárias que nessa data apresentei, por considerar que as mesmas têm hoje ainda maior cabimento.
Eixo rodoviário fundamental
Construção de um sistema coerente de acessibilidades rodoviárias, cujo eixo fundamental é constituído por uma estrela que com centro na vila do Sabugal, possui três raios principais – Sabugal – Barracão ligando à A23/A25 e à PLIE; Sabugal – Alto do Leomil, ligando à A25; e Sabugal – Soito – Vilar Formoso, ligando a Espanha, considerando-se que a partir do Soito se deve considerar a extensão deste eixo às povoações vizinhas de Espanha.
Hoje acrescentaria mais um raio, a ligação Sabugal-Caria ligando à A23.
Esta proposta tinha como pressuposto principal a pré-existência de estradas regionais e nacionais – EN233 para o Barracão; ER24 para o Alto do Leomil; EN233-3 e EN332 para Vilar Formoso; e EN233 e a ER18-3 para Caria.
Isto é, haveria sempre margem de manobra para negociar com a Administração Central e as Estradas de Portugal o reperfilamento de estradas existentes e pertencentes ao Plano Rodoviário Nacional.
Eixos de acessibilidades internas
Criação de eixos secundários que, partindo do eixo principal, permitam a ligação ao mesmo de todas as freguesias do concelho, podendo os mesmos funcionar segundo uma lógica de anéis concêntricos.
Eixos de acessibilidades inter-aldeias fronteiriças
Definição, em conjunto com os responsáveis políticos dos municípios espanhóis, visando a construção de ligações rodoviárias de qualidade que potenciem o intercâmbio sócio-económico entre as populações vizinhas.
Parte destas propostas integravam também o Programa Eleitoral do António Dionísio e do Partido Socialista, pelo que, e na verdade, o que separava as duas principais forças políticas concelhias (PSD e PS) era a manutenção da ideia da ligação à A23 tal qual a entendia o anterior Executivo Municipal.
Ultrapassada esta questão, penso que estão criadas as condições mínimas de entendimento sobre quais as opções a tomar em matéria de acessibilidades.
E penso também que era a altura ideal para se elaborar um Plano de Acessibilidades do Concelho do Sabugal, consensual e tecnicamente fundamentado. Há no País muitas empresas e técnicos com capacidade para executar este tipo de Planos, e a discussão política em torno de propostas tecnicamente fundamentadas conduzirá de certeza a opções correctas.
ps. Não querendo, até pelas funções que exerço, tomar posição pública sobre o caso Sabugal+, penso que, face ao que tenho lido, e porque nem sempre correcto, deveriam ser publicitados os Pareceres emitidos pela CCDR-Centro e pela ANMP. Já os li e reli, e da interpretação que faço dos mesmos há duas conclusões que, para mim, são evidentes: (1) o vereador Joaquim Ricardo não podia ter participado na votação em que foi nomeado para Presidente da Sabugal+, logo, a sua nomeação estava ferida de ilegalidade; e (ii) de muito maior gravidade, todos os actos e decisões tomadas, no exercício daquele cargo, deveriam ser considerados nulos e sem efeito.
Assim, o Vereador Joaquim Ricardo fez bem em pedir a demissão e deveria a nova Administração ratificar os actos e decisões tomadas, evitando assim quaisquer situações futuras de pedidos de anulação.
Não posso ainda deixar de estar parcialmente de acordo com o comentário do Deputado Municipal e 1.º Vogal da Mesa da Assembleia Municipal, dr. Vitor Coelho, de que este podia ser o momento certo para analisar a questão da Sabugal+ e da real valia da sua existência.
«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Presidente da Assembleia Municipal do Sabugal)
rmlmatos@gmail.com
Auguste Frédéric Louis Viesse de Marmont (1774-1852) foi um prestigiado marechal de França que serviu Napoleão em várias frentes, nomeadamente na guerra peninsular, onde substituiu Massena no comando do Exército de Portugal. Foi Marmont que perpetrou a quase desconhecida quarta invasão, no decurso da qual se instalou no Sabugal.
Oriundo de uma família nobre, aos 15 anos era subtenente de infantaria. Progredindo depressa na cadeia hierárquica, tornou-se em breve assessor do promissor general Bonaparte, acompanhando-o nas campanhas de Itália e do Egipto.
Voltou para a Europa já como general de brigada, em 1799, sendo então nomeado conselheiro de Estado e, pouco depois, comandante da artilharia da reserva do exército, altura em que se tornou general de divisão.
Em 1805 combateu na batalha de Ulm e, no ano seguinte, foi nomeado comandante geral da Dalmácia, tendo como missão desbloquear os franceses sitiados em Ragusa (actual Dubrovnik) pelos russos, o que cumpriu com êxito.
Em 1808 foi distinguido com o título duque de Ragusa e no ano seguinte participou na campanha austríaca. Foi no decurso dessa campanha que Napoleão o fez Marechal de França e governador-geral de todas as províncias da Ilíria.
Em Julho de 1811 o Imperador enviou-o para Espanha, onde substituiu Massena à frente dos cerca de 50.000 homens do exército de Portugal.
Militar prestigiado e reconhecido estratega, o marechal Marmont manobrou as suas tropas com mestria e, fazendo jus a um pedido formal de Napoleão, cooperou com os demais comandantes franceses que estavam na península. Foi assim que, descendo para sul, juntou as suas forças às do general Murat e obrigou Wellington a desistir da tomada de Badajoz.
O objectivo fixado ao seu exército era o da invasão de Portugal em tempo oportuno, quando tal lhe fosse indicado por Napoleão. Porém o Imperador preparava a guerra com a Rússia e desviara as atenções da Península Ibérica. Entretanto Marmont estendia a sua responsabilidade às Astúrias, Estremadura, Castela-a-Velha e Leão.
No início de 1812, Napoleão ordena-lhe que se fixe em Salamanca e no final de Março, face a nova e fortíssima ofensiva de Wellington sobre Badajoz, manda-o desencadear uma investida em Portugal, através da Beira Baixa.
No dia 3 de Abril de 1812 Marmont inicia a operação, entrando em Portugal e atacando Almeida, que porém resistiu. Avança depois por Alfaiates e instala o seu acampamento no Sabugal, a partir de onde lança colunas para Penamacor e Fundão. Castelo Branco é saqueada a 12 de Abril, o mesmo sucedendo a Pedrogão e Medelim no dia seguinte. A 14 um destacamento atacou a Guarda, onde as milícias portuguesas de Trant foram desbaratadas.
Entretanto, no dia 7 de Abril, Badajoz caiu nas mãos do exército anglo-luso e Wellington veio para norte, a fim de dar combate aos invasores. Marmont sente que não será capaz de enfrentar os ingleses e portugueses e a 24 de Abril de 1812 começa a retirada. Esta quase desconhecida quarta invasão de Portugal durou apenas 20 dias.
Wellington passou pelo Sabugal e Alfaiates e deu perseguição a Marmont em território espanhol. Uma força com cerca de 27.000 ingleses e 18.000 portugueses, atravessou o rio Águeda, e avançou sobre Salamanca. A 28 de Abril foram conquistados os fortes que defendiam a cidade, mas no dia 18 de Julho os franceses saíram vitoriosos dos combates na zona de Tordesilhas.
A derrota francesa só aconteceu no dia 22 de Julho, na batalha de Arapiles, onde Marmont foi gravemente ferido, perdendo um braço.
Face ao ferimento o marechal regressou a França para se recuperar. Em Abril de 1813, já recuperado, recebe de Napoleão um novo comando, passando a combater na Alemanha.
No ano seguinte, quando as tropas aliadas cercaram Paris, Marmont esteve entre os comandantes que defendiam a cidade. Face às dificuldades em manter as posições, foi escolhido pelo Imperador para negociar com os aliados. A capitulação foi assinada em 31 de Março e a 4 de Abril Marmont retira com as suas tropas para a Normandia, em total contradição com as ordens que recebera do Imperador e ignorando os protestos dos seus oficiais e soldados. Este acto ditou que passassem a chamar-lhe duque de «ragusade», para significar traição.
Paulo Leitão Batista
Comentários recentes