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Foi dia de festa em Odivelas. A jovem Confraria da Marmelada realizou este domingo, 28 de Novembro, o seu primeiro capítulo. O Sabugal esteve representado pela Confraria do Bucho Raiano.
No 1.º Capítulo da Confraria da Marmelada foram entronizados cerca de 20 confrades e tiveram como confrarias madrinhas a Confraria Queijo Serra da Estrela e a Confraria da Chanfana.
Os confrades foram recebidos na Junta de Freguesia de Odivelas onde decorreram todas as cerimónias. A mesa do monumento ao senhor Roubado estava reservada para a Confraria do Bucho Raiano do Sabugal.
Na cerimónia realçamos a entronização de Maria Máxima Vaz como Confreira Honorária.
Após a entronização fomos abordados pela homenageada que nos surpreendeu com uma declaração inesperada: «Somos conterrâneos. Sou natural de Aldeia da Ponte.»
A conversa com esta senhora muito simpática e de trato muito afável foi muito interessante. Foi também ela quem fez o discurso sobre a origem de Odivelas e da Marmelada de Odivelas.
O movimento confrádico em espírito de irmandade reforça-se na defesa do que é tradicional e ancestral.
Odivelas – Um pouco de história
«O nome da cidade é explicado pelo povo através de uma lenda. Conta-se que «O Lavrador» tinha por hábito deslocar-se à noite a uma localidade nos arredores de Lisboa para visitar raparigas de seu agrado. A rainha Dona Isabel, conhecedora do facto, acompanhada por outras damas da corte, deslocou-se até ao Lumiar, na altura desabitado, com grandes archotes acesos, a fim de iluminar o caminho ao «marido infiel». Quando D. Dinis com o seu séquito passou junto dela, a rainha dirigiu-se-lhe nestes termos: «Ide vê-las», por evolução, teria surgido o topónimo «Odivelas».
No entanto a filologia explica de modo diferente. A palavra é composta por dois elementos «Odi» e «Velas» sendo o primeiro de origem árabe e tendo como significado «curso de água» (efectivamente em Odivelas passa uma ribeira) e o segundo de origem latina em alusão às velas dos muitos moinhos que povoavam a região.
Marmelada branca de Odivelas
A marmelada é um doce confeccionado em todo o País. A marmelada branca é um doce exclusivo de Odivelas, tendo sido confeccionado no mosteiro das Bernardas que sempre guardaram o segredo que lhes permitia obter um doce de cor muito clara, próximo do branco. A marmelada tinha a forma de quadradinhos e pegava-se nela à mão como qualquer bolo seco.
O segredo só foi desvendado depois da morte da última freira, em finais do século XIX, porque ela deixou um caderno de receitas escrito pela sua mão a uma afilhada onde além de muitos outro doces deste mosteiro estava escrita a receita da marmelada branca.
Maria Máxima Vaz dá-nos a receita da marmelada branca tal como está manuscrita no caderno da última freira:
«Vão-se esburgando os marmelos e deitando-os em água fria. Põe-se a ferver em lume brando, estando bem cozidos se passam por peneira. Para 1kg de massa 2kg de açúcar em ponto alto de sorte que deitando uma pinga n’agua coalhe. Tira-se o tacho do lume e se lhe deita a massa muito bem desfeita com a colher, torna ao lume até levantar empolas. Tira-se para fora e se bate até esfriar para se pôr em pratos a secar.»
Odivelas e o Sabugal estão unidos, há séculos, por laços reais protagonizados por el-Rei D. Dinis e D. Isabel.
Paulo Saraiva
Tal como estava previsto realizou-se, em Foios, no sábado, dia 27, o primeiro festival de sopas. Não vamos dizer que ultrapassou todas as expectativas como muitas vezes se costuma dizer. Apenas dizemos que correu muito bem e que é para continuar.
As pessoas cumpriram aquilo que lhes havia sido pedido. Às 17 horas começaram a chegar, ao Centro Cívico, as 14 panelas de sopa que as pessoas, previamente, confeccionaram nas suas casas. De imediato foram distribuídas as tijelas e as colheres para dar início às provas.
As cerca de 70 pessoas que se dignaram comparecer certamente que não deram o tempo por mal empregue.
Depois da prova das sopas o Presidente da Junta usou da palavra para agradecer a todas as pessoas que se dignaram ter participado neste convívio com particular destaque para quem de mais longe se deslocou como foi o caso do Sr. Rui, proprietário do restaurante «O Esquila» sedeado em Sabugal.
De seguida usou da palavra o Sr. Governador Civil do Distrito da Guarda, Dr. Santinho Pacheco. Agradeceu o convite que lhe havia sido dirigido tendo dito que era sempre com muito gosto que participa em iniciativas de índole popular quer em Foios ou em qualquer outra localidade do distrito que representa.
Lançou um repto à Associação de Freguesias da Raia Sabugalense para que pegue a sério no festival de sopas, em sistema de rotatividade, pelas dez freguesias que integram a A.F.R.S.
Ainda se estava entretido nas sopas quando a equipa de sapadores colocou lume às carquejas que haviam de assar os 30 quilos de castanhas que, no final, foram degustadas e acompanhadas por uns copitos de jeropiga.
Após o magusto e já com a malta bem animada, deu-se início à ronda pelas capelinhas da localidade. Antes, porém, a animadora do convívio a Prof.ª Ilda Manso, distribuiu uma dezena de instrumentos musicais, por alguns elementos do grupo e com a sua concertina toca todos a marchar até às já referidas capelinhas.
A música popular e algumas espanholadas, que a maioria das pessoas sabem cantar, estiveram sempre presentes.
Pretendo agradecer a colaboração que nos foi prestada pela Empresa Municipal Sabugal+ que se fez representar pelo Sr. Victor Proença, membro do Conselho de Administração da mesma.
Também um agradecimento especial à acordeonista Ilda Manso que, apesar de ter sido contratada para actuar apenas uma hora, teve que nos aturar cinco ou seis tendo ido ainda tocar umas modinhas ao Lar da 3.ª Idade que é sempre um gesto digno do reconhecimento de todos.
Ela já nos habituou a bons serões e nós também temos plena consciência de que ela se sente muito bem neste ambiente fojeiro. O pedido das janeiras já está combinado.
Foi uma tarde e uma noite bem passadas a fazer esquecer a tão badalada crise de que tanto se tem falado mas que, felizmente, por estas bandas pouco ou nada se faz sentir.
A nossa crise reside, como todos sabemos, na desertificação. As populações cada vez mais envelhecidas e os novos partem para os grandes centros à procura dos empregos que por cá escasseiam e que por lá também não abundam.
Mas como somos um concelho com enormes potencialidades, em muitos sectores, temos que ser ambiciosos, imaginativos, ter fé e esperança para que o nosso concelho possa dar o salto que sinceramente ambicionamos e merecemos.
«Dar Vida à Vida»
«Nascente do Côa», opinião de José Manuel Campos
(Presidente da Junta de Freguesia de Foios)
jmncampos@gmail.com
No sábado, 4 de Dezembro, todos os caminhos vão dar às adegas de Ruivós. A «Rota das Adegas 2010» vai proporcionar aos participantes a prova do vinho novo em 16 produtores locais.

Ruivós foi terra de agricultores. Ruivós foi terra de agricultura de subsistência. Em Ruivós, terra com cerca de 100 eleitores, resistem, ainda, mais de 20 adegas onde de forma artesanal e ancestral é produzido vinho. Pela primeira vez vai ser dinamizada a «Rota das Adegas» nas ruas e ruelas da velha aldeia proporcionando a visita a 16 adegas que vão estar todo o dia de porta aberta para os forasteiros provarem o vinho novo.
A «Rota das Adegas 2010» em Ruivós vai servir para prestar homenagem aos antepassados da terra e aos mais de 20 produtores de vinho «à moda antiga».
A ideia surgiu numa conversa entre dois naturais de Ruivós e foi desde logo apadrinhada por Manuel Leitão, presidente da Junta de Freguesia local.
No sábado, 4 de Dezembro, todos os caminhos vão dar ao Salão de Festas e Sede da Associação dos Amigos de Ruivós. Os participantes devem adquirir uma caneca em inox (5 euros) – pessoal e intransmissível – para colocar ao pescoço e que vem acompanhada por um passaporte para «carimbar» nas 16 adegas participantes.
A concentração de cavaleiros está marcada para o meio-dia e o almoço com grelhados de carne de porco para as 13 horas. Às 14.30 tem lugar um desfile rural com algumas surpresas e meia-hora mais tarde, às 15 horas é tempo de pegar no passaporte e iniciar a «Rota das Adegas» para prova do vinho novo. Ao final do dia (19 horas) é tempo de saborear um caldo verde acompanhado por alguns petiscos.
As terras do planalto do Côa têm um micro-clima propício à produção de vinho com bom sabor e grau moderado mesmo nos anos em que as geadas teimam em aparecer já fora de horas nos meses de Abril ou Maio.
Todos os anos os proprietários das vinhas (alguns a viver em Lisboa ou na França) cavam, descavam, podam, deitam as «caldas» e fazem a vindima nos primeiros dias de Outubro.
Na semana das vindimas durante a fermentação das uvas – em dornas de madeira que foram passando de pais para filhos – e antes de passar o mosto para os barris é feita a geropiga e algumas semanas mais tarde a aguardente de bagaço nas alquitarras caseiras ou nos lagares licenciados das redondezas.
Fazer vinho é uma arte nobre e intemporal e desde sempre o «néctar dos deuses» desempenha um papel relevante em quase todas as civilizações com Dionísio (deus grego) e Baco (deus latino) e em especial nos rituais cristãos onde simboliza o «sangue de Cristo».
Em Ruivós os antigos diziam que as vinhas gostam de ver a sombra e ouvir o assobio do dono mas, infelizmente, isso vai acontecendo cada vez menos.
Nas adegas da aldeia tem sido tempo de procurar as chaves e limpar as teias de aranha para receber todos os amigos que se vão encontrar e «beber para… recordar». Recordar com alegria episódios vividos em comum e onde acontecem sempre peripécias com piada para alegrar as conversas.
E já agora que o tempo ajude…
jcl
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