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Com organização de dois conterrâneos, a localidade raiana dos Fóios, no concelho do Sabugal, vai receber no dia 16 de Maio um convívio que juntará cavaleiros de diversas localidades.
O programa já está definido e prevê a realiação da concentração às 9h30 no largo da piscina, seguido de pequeno-almoço no mesmo local.
Pelas 10 horas terá Início um percurso a cavalo, o qual será relativamente curto e próximo da localidade.
De regresso aos Fóios, os convivas beberão, pelas 12h30, um porto de honra no Centro Cívico Nascente do Côa, oferecido pela Junta de Freguesia. Segue-se o almoço, pelas 13 horas, no pavilhão da Eira, juntando todos os participantes.
A organização do evento é de José António Galhano, contactável pelo telefone 963024460, e Armando Paulos, contactável pelo telefone 962319517. a inscrições mantêm-se abertas.
plb
Desde há uns anos que a política portuguesa se traduz numa espécie de novela à brasileira, de desfecho tão imprevisível quanto interminável. A instabilidade é a sua imagem de marca, uma espécie de fatalidade, de destino que nos está reservado enquanto povo. Não há governo que se aguente mais que um mandato e isso reflecte-se nas políticas públicas, as quais, mesmo quando ostentam algum virtuosismo, se vêm condenadas ao fracasso logo que o governo mude. Contra a fraqueza de quem governa, os lobbies corporativos foram, por sua vez, ganhando cada vez mais força, com claro prejuízo dos interesses colectivos de âmbito mais alargado.

Ninguém acredita que tal perturbação seja favorável ao progresso da nossa sociedade.
As fragilidades económicas e de desenvolvimento que nos afectam, têm as suas raízes mais profundas nesse estado de contínuo cozimento em lume brando.
A política portuguesa é uma espécie de zona sísmica, que vive em permanente sobressalto e onde não vale a pena erigir nada de substantivo, que logo cairá. O que conta é o imediato e o imediatismo. Somos avessos ao longo prazo!
O sucesso económico da nossa vizinha Espanha, que teve em 35 anos apenas 6 governantes (nós tivemos 4, nos últimos 10 anos!), também se poderá explicar pela sua maior estabilidade política.
Como se não bastasse a crise para gerar perplexidades e incertezas no futuro colectivo, a nossa classe política contribui decisivamente para acentuar a turbulência.
A telenovela diária em que se tornou a Comissão de Inquérito ao negócio PT/TVI, passada em directo pelas televisões, espectáculo deprimente e voyeurista que entretém um país afundado numa enorme crise de confiança, é disso o melhor exemplo.
Ninguém entende o que se quer apurar, quando todos, incluindo a opinião pública, já perceberam há muito o que se passou. Até adivinhamos as conclusões!
Se de um julgamento se trata, uma comissão parlamentar é o pior dos tribunais, onde o juiz é por natureza tendencioso. Nunca será um julgamento justo. Aprovados por votação, os resultados só poderão espelhar a própria composição da Comissão e do parlamento. É também certo e sabido que as partes sairão da comissão como entraram, sem alterar uma vírgula às conclusões previamente formuladas.
Ninguém duvida que o primeiro-ministro detestava o famigerado jornal de «estilo manuelino» da TVI. Nem sequer era o único. A mim também me causava asco. Aliás, Sócrates nem sequer foi cínico, apontou-o como travestido. Penso que o Primeiro-ministro fez mal em preocupar-se com ele, que de tão mau era inofensivo.
Um destacado ex-accionista da TVI assegura, que, de forma deliberada esta estação pretendia derrubar o Primeiro-ministro. Ficou-se também a saber que igual prática foi usada contra Santana Lopes. Só não sabemos o valor do contributo para a sua demissão. Ajudar a derrubar políticos e governos é uma prática comum em alguma comunicação social. Isso é feito de forma descarada.
Que o primeiro-ministro conhecia o tal negócio, parece óbvio, e que foi a barulheira da comunicação social que impediu a sua concretização, ainda é mais óbvio. Mas ainda ninguém percebeu que mal ele faria ao país. Que com tal negócio o governo controlaria a comunicação social, e que haveria um plano com esse objectivo, parece pura fantasia! O governo não controla coisa nenhuma no que respeita a grupos económicos e muito menos a comunicação social que é o mais poderoso! Seria até contraproducente, pois o governo que está hoje, não estará amanhã, virar-se-ia o feitiço contra o feiticeiro.
O cúmulo da futilidade é discutir-se um negócio que nem sequer existiu. Para que serve, então, todo este teatro? A resposta é clara, pretende-se destituir o primeiro-ministro e o governo: uma espécie de impeachment à portuguesa, porque ninguém tem coragem para uma moção de rejeição, pelo receio dos resultados eleitorais que poderiam vir a seguir.
Fica-se com a sensação de estarmos a caminhar para o abismo político, onde vingam os jogos de bastidores de curto prazo que apenas geram poder de curto prazo.
Que ganha o país com tudo isto? Nada. Pelo contrário, acentua-se a degradação da vida política, a desresponsabilização de quem governa, perdem-se reformas iniciadas anteriormente e agrava-se a crise económica e social. É tudo o que este país não precisava neste momento. Só um pacto de regime de amplo consenso, «a la longue», poderá tornar o país governável e permitirá a convergência com os parceiros da UE.
Exemplos não faltam na Europa.
«Terras do Lince», opinião de António Cabanas
(Vice-Presidente da Câmara Municipal de Penamacor)
kabanasa@sapo.pt
O rei D. Carlos passava longos períodos no Paço Ducal de Vila Viçosa, onde ia caçar nas vastas propriedades da Casa de Bragança. A caça era apenas uma das suas paixões, juntando-se ao prazer de viajar, de navegar e explorar o oceano, de pintar e de se bem alimentar.
Miguel Sousa Tavares descreve no início do seu romance «Equador» aspectos da vida de D. Carlos em Vila Viçosa, onde o intrépido Luís Bernardo acorreu, a pedido do rei, para receber o convite de se tornar governador de S. Tomé o Príncipe. O jovem jurista, que mal imaginava as peripécias que a vida lhe traria a partir desse passo, acompanhou o monarca e os seus demais convidados num almoço suculento que se seguiu a uma caçada.
D. Carlos desde logo o advertiu, quando o recebeu nos seus aposentos: «Espero que traga fome da sua viagem porque vai ver que se come muito bem por estas paragens». Isso mesmo pôde constar o herói do romance de Miguel Sousa Tavares, que degustou o «almoço de homens» com que o rei brindou nesse dia os seus convidados.
«Cada lugar tinha um menu colocado à frente e todos fizeram questão de o ler com interesse. D. Carlos era conhecido por dar muita importância àqueles menus e, às vezes até, em Vila Viçosa ou a bordo do iate real Amélia, era o próprio rei que os escrevia do seu punho, fazendo-os acompanhar de um desenho da sua autoria. Naquele dia o chef de Vila Viçosa propunha aos cavalheiros do andar de cima:
Potage de tomates
Oeufs à La Périgueux
Escalopes de foie de veau aux fines herbes
Filet de pore frai, roti
Langue et jambon froid
Epinards au velouté
Petit gateaux de plomb
Servida a sopa de tomate quente e o vinho branco da Vidigueira, os caçadores sacudiram o seu torpor e a conversa começou a animar-se (…).
Com o vinho tinto a conversa tornou-se mais séria e evoluiu para a situação internacional – todo um mundo de promessas. (…)
Com o café, serviu-se um Porto Delaforce de 1848, um e outro excelentes. Depois, D. Carlos levantou-se arrastadamente e toda a troupe o seguiu para o andar de baixo, para uma pequena sala, aquecida por duas lareiras e onde os esperavam uma mesa de cognacs e um caixa de charutos em prata, de que quase todos se foram servindo à vez.»
No romance a ficção tem por enquadramento factos históricos que se sucederam no início do século XX, correspondendo aos últimos anos da Monarquia portuguesa. A República estava anunciada face aos problemas que o rei sucessivamente enfrentava, não apenas em Portugal, como também nas colónias. «Equador» entra pela polémica do trabalho escravo, persistente nas nossas terra de além-mar, mesmo após a abolição da escravatura.
Luís Bernardo, homem culto e sedutor, interessado na questão colonial, viverá, após o banquete real servido em Vila Viçosa uma eloquente aventura em África, onde outros sabores o esperam.
«Sabores Literários», crónica de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
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