A «equipa» de Quadrazais, participante no Cortejo de Oferendas, no Sabugal, em 1947, é aquela que hoje é apresentada nesta crónica.
Na fotografia pode ver-se a frente da representação de Quadrazais, terra de grandes tradições.
Montado num cavalo, junto com uma quadrazenha, vestida com o traje típico da época, vai o Presidente da Junta de Freguesia, sr. Simão Salada. Este transporta numa das mãos o brasão da freguesia. O meu pai, que viveu na infância em Quadrazais, ainda hoje conta que as mulheres quadrazenhas usavam um traje muito semelhante às mulheres minhotas, inclusivamente com algum ouro que faziam questão de ostentar ao pescoço. Até nas danças eram parecidas com as mulheres do Minho. O seu traje era muito garrido, com cores berrantes (normalmente vermelho), tal como é uso e costume nas terras mais a norte de Portugal. Embora pareça estranho, por Quadrazais pertencer à Beira Alta, esta era a realidade.
Para evitar que o cavalo do Presidente da Junta de Freguesia se espante com a multidão presente, é puxado pela rédea por um habitante de Quadrazais.
Atrás do Presidente da Junta de Freguesia segue o desfile das moças de Quadrazais, com cestos à cabeça, certamente seguros por alguma sogra ou «molide».
Entre elas podem distinguir-se alguns homens de Quadrazais, vestidos com a moda da época (onde o chapéu era um adereço indispensável).
Entre o público presente (a foto foi tirada junto à tribuna) podem ver-se alguns agentes da autoridade e até um homem, à direita, com capacete (será um bombeiro?).
«Memória, Memórias…», opinião de João Aristides Duarte
akapunkrural@gmail.com
4 comentários
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Segunda-feira, 2 Novembro, 2009 às 15:08
joao valente
Tinha reparado nesse pormenor da quadrazenha, joão…
De facto usavam trajes garridos e ouro (menos as viúvas, que trajavam preto carregado) ostentando os proventos do contrabando. Do curto período da minha infância que vivi em Quadrazais, fiquei com essa imagem. Muito boa gente, de uma sinceridade de alma como em poucas terras vi e que tão bem Nuno Montemor sobre retratar.
Segunda-feira, 2 Novembro, 2009 às 21:00
João Duarte
Caro João Valente:
Como eu refiro na minha crónica, o meu pai viveu uns anos da sua adolescência em Quadrazais (andou, inclusive, lá na Escola Primária três anos). Ele sempre me disse isso que eu refiro sobre o facto de as quadrazenhas usarem umas roupas muito garridas e cordões de ouro ao pescoço. E até a maneira de dançar das quadrazenhas era parecida com a do Minho, segundo ele.
Embora falando em causa própria (e eu não gosto muito disso) direi que o meu pai sabe umas histórias fantásticas sobre o povo de Quadrazais. Pode ser que algum dia as conte, por escrito.
Segunda-feira, 2 Novembro, 2009 às 22:32
joao valente
Seria uma forma de preservar a memória!
Quarta-feira, 4 Novembro, 2009 às 23:49
AC
Há histórias de vida, e não só, fantásticas. No entanto muitas delas estão em vias de se sumirem para sempre porque são cada vez menos as pessoas que as conhecem. Assim acho que era uma grande ideia o seu pai, e muitas outras pessoas como ele, contarem essas histórias, por escrito, para que possam perdurar no tempo.
Pelo que tenho visto, também a sua colecção de fotografias merece não estar limitada a este blog, porque cada uma delas esconde, pelo menos, uma história que deveria ser recordada. Parabéns e obrigado por estar a partilhar essa colecção com todos nós. Pena que os comentários não ajudem a desvendar essas histórias. Mas, se me permite, aqui fica o desafio para todos, que é tentarem obter informações nas suas terras por forma a “legendar” e contar a história, ou histórias, de cada fotografia, principalmente em relação a estas das oferendas.