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Há anos namorei a filha de um conhecido magistrado do Supremo Tribunal de Justiça e Tribunal Constitucional. Nessa época, tinha em casa desse ilustre juiz conselheiro, acesso livre não só à filha, como à sua garrafeira e biblioteca onde li algumas coisas sobre a «Verdade» em Bertrand Russel.
Seria fastidioso enunciar aqui a teoria sobre as proposições e descrições russelianas, mas do que ainda me lembra, a verdade é a descrição das qualidades e circunstâncias de um objecto ou situação. E essa descrição é tanto mais real, quanto menos influenciada pelas crenças individuais, que subvertem a nossa apreciação.
Isto para dizer que falei com o António Robalo umas quatro vezes nos últimos vinte anos e não tenho qualquer afinidade política ou pessoal com qualquer dos candidatos, a não ser a partilha da cidadania e da condição humana; portanto nenhum interesse particular que influencie a minha análise sobre estas eleições, que é a seguinte:
O CDS candidata-se a duas freguesias de quarenta. Não se lhe conhece um Projecto. Não tem qualquer relevância.
Os candidatos do MPT e PS, afirmaram nas suas entrevistas à «Capeia» que não concorreriam, havendo uma recandidatura do Manuel Rito. Candidatando-se este, subentenda-se, aceitavam a continuação do seu actual modelo de desenvolvimento para o concelho. O António Robalo candidatou-se na vez de Manuel Rito e com a mesma política; Joaquim Ricardo e António Dionísio avançaram. A génese destas candidaturas não é portanto a discordância com o modelo de desenvolvimento seguido para o concelho, mas a oposição à candidatura do António Robalo. São candidaturas motivadas por antipatias e rivalidades pessoais. Como dizia Russel, «não vale a pena esconder evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.» Neste sentido, as respectivas entrevistas esclareceram o que os vagos programas disfarçam.
O José Monteiro na sua entrevista também à «Capeia», que vale a pena ser relida pela simplicidade pragmatismo, explicou o seu projecto centrado na revitalização do património histórico, cultural e natural; reabilitação dos núcleos urbanos mais importantes, com intervenções imediatas, de custos moderados e resultados visíveis a curto prazo, de que deu alguns exemplos.
O António Robalo, tem igualmente o seu projecto que é o da continuação das obras estruturantes, como as que têm sido feitas por todo o concelho, de alguma dimensão e custos, como âncoras de desenvolvimento e cujos resultados serão comprováveis apenas a médio e longo prazo.
Resumidamente, o verdadeiro desafio que se coloca aos sabugalenses nestas autárquicas, é o de escolherem entre os únicos dois modelos diferentes que os candidatos da CDU e do PSD apresentam para o concelho. Isto é, entre o património imaterial e as grandes obras.
O resto esqueçam, porque é produto das capelinhas, vaidades e rivalidades pessoais, que apenas dividem e nada trazem ao bem comum.
Se conseguirem discernir isto, já não é pouco!
«Arroz com Todos», opinião de João Valente
joaovalenteadvogado@gmail.com
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